segunda-feira, 13 de setembro de 2010

(Wally Salomão)



Exterior
  

     
Por que a poesia tem que se confinar?
     às paredes de dentro da vulva do poema?
     Por que proibir à poesia
     estourar os limites do grelo
     da greta
     da gruta
     e se espraiar além da grade
     do sol nascido quadrado?
     Por que a poesia tem que se sustentar
     de pé, cartesiana milícia enfileirada,
     obediente filha da pauta?
     Por que a poesia não pode ficar de quatro
     e se agachar e se esgueirar
     para gozarorigen_mundo_courbet.jpg
     - carpe diem! -
     fora da zona da página?
     Por que a poesia de rabo preso
     sem poder se operar
     e, operada,
     polimórfica e perversa,
     não pode travestir-se
     com os clitóris e balangandãs da lira
?

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