quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Quem escreve mente

Que não se engane o incauto leitor: o escritor é um mentiroso cínico, degenerado e freqüentemente, adicto nisso.
Não há na literatura senão mentira! Nós, que a fazemos, mentimos prazerosa e deliberadamente. Distorcem-se os fatos, mudam-se as datas, camuflam-se os nomes e pinta-se o quadro. Tornamo-los feios ou bonitos ao nosso
bel-prazer e com os instrumentos que temos, mas não é real. É um quadro. E que prazer nessa falta de realidade, nesse espectro de verdade que nos sobra da caneta!
Nada que não se faça o tempo todo, importante dizer. Afinal, que mais pode ser o homem além de um refrator do mundo? O mundo passa por ele e sai outro. As mentiras são parte constitutiva fundamental desta raça. Nada há sem ela: amor, governo, democracia, direito, música, arte, técnica, literatura.
Mente-se para ganhar e para não perder. Mentimos para não nos perdermos.
E mesmo a mais crua verdade passa pela hermenêutica mais íntima e esta, mesmo quando sofredora daquela sinceridade patológica de que sofrem as mulheres que ainda não aprenderam a malícia desta arte, mente.
Eu minto. Confesso. Menti e seguirei mentindo. Quando se tenta a descrição pura, a verdade crua, a literatura não sai. Minto por necessidade de mentir. Minto pra poder escrever, porque quem escreve mente. E ah! como mente!

7 comentários:

  1. qual arte q as mulheres nao a - prenderam??....
    ...souberam tao bem ...q estao ateh no topo..!!!

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  2. Classificar como patológico e intelectualmente inferior alguma tendência contrária é uma estratégia bem manjada para alguém tão... presunçosamente erudito. Além do que, não creio que a literatura seja feita de mentiras... como a vida, é feita de meias-verdades.

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  3. entre o advogado e o diabo existe um poço..xeio de Serpenti- nas joukerianas.......




    ................. anonimo

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  4. otra cousa...
    si o homem eh soh refrato...
    entao soh vive no vacuo...
    pq nem sombra tem..
    e nem luz reflete...
    heheheheheeheheh....................

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  5. E pra alguém tão presunçosamente crítico, me parece que você não entendeu patavinas, Jão.
    Vou repetir o que eu já te disse: o que eu faço é literatura. Nela, única e exclusivamente nela, eu sou livre. Eu sou quem eu quero, tenho a cara que imaginar, a coragem que gostaria e vivo o que eu bem entender.
    O Fernando Pessoa, ele próprio, era bem ele e mais uns três! O que se pode dizer? Que era um covarde? Que estava "entre o advogado e o diabo"? Que era maluco? Eu diria que era um literato, e que cada pseudônimo era um exercício de liberdade e mentira literária! Se você prefere o eufemismo das "meias-verdades", ok.
    Meu texto não se trata de um debate político, pra eu estar "classificando como patológico e intelectualmente inferior uma tendência contrária." Que tendência contrária? É de mim que eu falo. Da minha literatura.
    "Pra que mentir se tu ainda não tens
    Esse dom de saber iludir?
    Pra quê?! Pra que mentir
    Se não há necessidade de me trair?
    Pra que mentir, se tu ainda não tens
    A malícia de toda mulher?"
    Isso é Noel.

    Talvez você é que devesse começar a cogitar a hipótese de que não sou eu o seu contrário, a ponto de voce dispender energia à 1 da manhã pra me chamar de "presunçosamente erudita".
    De todos os modos, agradeço os elogios e passo a bola.

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  6. Ei, nega... te levaram a julgamento ou tu foi sozinha?? hauhauhauha... para alguém que não está no meio de um debate político, mas literario, vc parece meio exaltada... "Presunçosamente erudito" foi ótimo... vai dizer?? hauhauhauahuahua

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  7. Do outro lado do mundo, isso só pode significar amor mal resolvido... Cheers!

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