sábado, 25 de setembro de 2010

DEBATE: QUEM TEM MAIS MEDO, A BIENAL DOS PICHADORES, ou os PICHADORES DA BIENAL?

Após recusar convite da Bienal, pichadora presa em 2008 participa de mostra na rua

LIGIA MESQUITA
DA COLUNA MÔNICA BERGAMO
21/09/2010 - 22h01
Caroline Pivetta, a jovem que em 2008 pichou o prédio da Bienal e foi presa em flagrante pelo ato, será a madrinha da festa de abertura da Street Biennale na quarta-feira (22), em São Paulo.
A jovem, que recusou o convite para integrar o time de artistas da 29ª Bienal de Artes de São Paulo, topou participar da "bienal de rua", que propõe intervenções nas fachadas de prédios do centro.
Atualmente morando em Porto Alegre, Caroline desembarca em São Paulo amanhã com a filha e participa da festa de abertura em um apartamento na avenida São João.
Na quinta, ela vai pichar a própria assinatura em uma das obras da Street Biennale.


João Wainer/Folhapress
Caroline Pivetta
Caroline Pivetta, presa em 2008 por pichar o prédio da Bienal, que participa de mostra na rua


olha a entrevista com ela: agora



Convite revela medo da Bienal, diz pichadora presa em 2008

17/09/2010 - 16h26

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO


Para Caroline Pivetta, 25, presa em flagrante em 2008 por pintar com spray as paredes do pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no parque Ibirapuera, a Bienal tem medo dos pichadores e por isso aceitou a participação do grupo nesta edição. "Mesmo porque a gente é muito mais forte do que eles", afirma.
Carol Susto's, como assinava seus autos de prisão, foi condenada por formação de quadrilha e destruição de bem protegido por lei. Recorre em liberdade. Desde agosto deste ano vive em Alvorada (periferia da Grande Porto Alegre) com a filha Virgínia, de menos de 1 ano.
O pai da criança morreu aos 22 anos, ao tentar pichar um prédio da av. Rebouças (zona sul de SP).
"Ele foi, mas foi feliz por ter representado a cena paulistana da pichação tão bem", diz a jovem. Caroline planeja ir ao vernissage da Bienal, que acontece na terça-feira (21). Se não fosse mãe, "chutaria o balde novamente" na abertura do evento, explica.
Procurado pela reportagem, o curador-chefe Moacir dos Anjos disse que o objetivo da Bienal não é "se redimir". "Seria muito pequeno da nossa e da parte dos pichadores, não é essa a questão. Foi um erro a Bienal de 2008 ter reduzido aquele episódio a um caso de polícia." O evento começa no dia 25 deste mês.
Leia abaixo trechos da entrevista de Caroline Pivetta à Folha por telefone.
João Wainer/Folhapress


Caroline Pivetta, 25, posa para foto pouco tempo após sair da prisão pelo ataque à Bienal, em dezembro de 2008
Caroline Pivetta, 25, posa para foto pouco tempo após sair da prisão pelo ataque à Bienal, em dezembro de 2008




Folha - Você vem para a Bienal?
Caroline - Não tenho certeza ainda. Minha situação financeira não está legal. Estou esperando a resposta dos meninos [pichadores]. O Djan [Ivson] diz que vai bancar minha passagem. Mas também estou esperando uma resposta de um serviço para trabalhar como atendente de telemarketing, não queria perder essa oportunidade. De qualquer forma, estamos vendo passagem para a próxima segunda-feira [20], um dia antes da vernissage.
Folha - Por que você não está nesse coletivo "Pixação SP" que vai integrar a Bienal deste ano?
Caroline - Eu pensei muitas vezes --em ir, em não ir-- e algo me diz que não é para eu estar lá dessa forma. Pode ser um pingo de mágoa, não sei explicar.
Folha - Quando você estava na cadeia, me disse o seguinte: "Tanto grafite, quanto pixo são underground, coisa do fundão. Não são feitos para exposição em galeria. A parada que eu faço é na rua, é para o povo olhar e não gostar. Uma agressão visual". Isso explica?
Caroline - Olha, nem tanto por essa parada de ser corrompido ou não. Hoje em dia eu já cheguei à conclusão de que não há nada de mal em um cara ganhar dinheiro com isso, se ele for um cara que representou, que teve uma caminhada legal e se ele puder levantar a voz a respeito, entende? Mesmo porque, por mais que ele vá para dentro de uma galeria e ganhe dinheiro com isso, não é todo mundo que vai aceitar, não tem como isso ser domesticado. Por mais que algumas pessoas aceitem, por mais que se ganhe dinheiro, por mais que seja legalizado, ainda vai incomodar. Tenho certeza que nunca vai ser domesticado.
Folha - Tem muito pichador que não compartilha dessa opinião sobre ganhar dinheiro com o "pixo".
Caroline - Sim, o pessoal da antiga. Não é que eles batem de frente com a gente, mas não concordam. Eles estão sempre fazendo críticas, não entenderam e não vão entender. Na época deles pichar era bem mais difícil também. (ainda bem q existe o pessoal das ANTIGA, grifu meu..)
Folha - Voltando à Bienal, parece que nem pichadores, nem curadoria sabem bem o que vai acontecer e...
Caroline - E pode ser que tenha alguma surpresa no dia, né?
Folha - Sim, vários pichadores estão sendo convidados. Qual vai ser, na sua opinião, a reação deles neste retorno ao pavilhão do Ibirapuera?
Caroline - A gente não pode falar para eles faz ou não faz, entende? Quem vai tomar essa partida são eles mesmos. Só sei que, por tudo que passei... hoje em dia, se eu fosse eu sozinha, se eu não tivesse minha filha, talvez chutasse o balde novamente. Mas, hoje, eu tenho que pensar não só em mim, mas também na minha filha. Mesmo porque ela só tem eu, o pai dela morreu, então é complicado.
Folha - O que você acha da Bienal abrigar pichadores nesta edição, após o conflito que houve em 2008?
Caroline - Acho que eles tiveram um pouco de medo, sei lá, de receio, sabe? Do tipo, "vamos se juntar a eles, né". Mesmo porque eu acho que a gente [pichadores] é muito mais forte que eles [Bienal].
Folha - Você tem pichado?
Caroline - Não. Não tem como agora. Minha filha é muito pequena. Não vou sair varando a noite e deixar minha filha em casa para pichar. O mais importante para mim é ela. Antes, era a pichação. E neste mês fez um ano que eu não picho mais. Mas, mesmo assim, continuei colando nos "points" e frequentando as festas. Agora, eu tô parada, mas não posso dizer que larguei para sempre.
Depois bota lá no YouTube "Grilo 13 - Pixar É Humano" e ouve a letra da música. Ela diz exatamente o que é a pichação. É isso: a gente nunca vai ser valorizado, a gente faz porque a gente gosta. O pai da minha filha morreu fazendo o que gostava. E eu tenho certeza que ele foi, mas foi feliz por ter representado a cena paulistana da pichação tão bem.
Folha - Você colocou no seu fotolog imagens de pichações e disse que são dos "herdeiros". O que isso significa?
Caroline- Esses "pixos" são os nomes da minha filha e dos filhos de duas pessoas que faziam [pichação] comigo. Como forma de demonstrar amor por mim e pela minha filha eles jogam o nome dela também nos prédios.
Folha - Quando sua filha crescer, ela vai pichar também?
Caroline - Acho que a criação dela vai ser bem diferente da minha [Caroline não foi criada pelo pai]. Vou saber explicar melhor as coisas para ela.




PRA COMPLETAR : acesse o site ..e veja ..como anda o universo dos pichadores estrelinhas....ARTE MERCADO-lógica
....... reforçando mais una vez.............ainda bem que os das ANTIGAS estão na ativa ainda...

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