sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quinquilharias I - Sao Jorge-GO

Olá a todos, todas. Decidi utilizar o blog para compartilhar anotações que se encontravam dispersas por cadernos, folhas avulsas, ponto.docs etc – trechos inacabados que morreriam calados e que pra falar a verdade não tem mesmo muita serventia nem forma literária. Quem sabe se algum comentário, crítica, complemento de vocês não lhes dá um novo destino? Este é o primeiro número da série, uma página do caderno que levei quando fomos pro FSM de Belém ( - e aí Aurora! Tá lendo o blog!?) e passamos dois dias em São Jorge, em janeiro de 2009. Beijos.


“São Jorge, distrito de Alto Paraíso de Goiás, 540 habitantes. Vila na entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Garimpo de SiO2 ( para a indústria bélica [!!?]). Abandono da atividade mineradora, mão-de-obra convertida ao turismo. Notável invisibilidade da agricultura. O guia do Parque mencionou roças de subsistência (aipim, melancia, espécies de solos arenosos), mas eu não vi nada.
Terra com baixa aptidão agrícola, cerrado rupestre, altos do Planalto Central/ Escudo Brasileiro. Geologia complexa. Embasamento de rochas metamórficas (gnaisses, quartzitos), e demais rochas cristalinas. Rochas sedimentares nos vales e nas encostas. Conglomerados (Vale da Lua), arenitos, siltitos, e um tipo de folhelho marrom e branco, bandeado.
Vale da Lua: conglomerado de tonalidade esverdeada, a matriz se assemelhando a algum tipo de rocha cálcarea, impressão reforçada pelo tipo de erosão na calha do rio (que é um afluente do Rio Preto), formando arcos, concavidades arredondadas etc. Conferir fotos.


De uma forma muito particular, Goiás parece o coração cristalino misterioso da América do Sul. O coração cristalino do continente, aflorando em artérias de rocha, veias d`água, tudo esquece aqui do mar e de sua fúria selvagem salgada.
Rocha pura, água doce, Goiás.


Entendo melhor Brasília, o porque da capital ali. Antes, só com minha arrogância litorânea, era mais difícil. Confesso que, sem querer, secretamente, desdenhava um pouco da gente da terra da luta destes sertões, destas distâncias. Meu Brasil é o porto, o mercado, o oriente da América. Pois agora vejo que é preciso passar também pelo processo euclidiano (da Cunha, não confundir com o geômetra alexandrino...), processo euclidiano de descoberta do Brasil. Processo de deseuropeizar, interiorizar, processo de enraizar o Brasil.
Preciso entender melhor, Brasília.”

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