sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ode ao candango

Bem, já que voltamos ao meu sertão....



"Que maltratadas e tristes as miseráveis periferias do meu cerrado.

Já não bastasse o calor e a sequidão,
A cidade-monumento sobre a mal-feita migração,
Fez-se o “Dá-lhe um quadrado de terra e basta!”
Migração maldita! Promessa nefasta!
“Que se faça a Cidade!”
E operário baiano, sobre pernambucano, piauiense.
Mão-de-obra ludibriada, fosse acreana ou cearense.
Maldade!

Meu avô aqui chegou já casado, mas mamãe é já filha desta terra.
A vó plantava e vendia.
O vô levantava, alheio à utopia democrática, o congresso.
Recebia do próprio JK, se dizia.
Também foram chamados bandeirantes, estes.
Não à toa.
Foi desbravado a braço forte este mato seco!
Foi o suor mulato que tornou esta terra prosa e boa.
Foi sob o olhar do meu velho Isaías que o avião ganhou asas.
Ah! Avião nada! Corvo de bico sangrento e grave!
É ali, na ponta avante da cidade que se decide sobre mortes e pragas.
Avião não é que coisa assim não pulsa. De fato, é coisa de cruel ave.

Pois eis que findo o projeto do gênio,
Acharam os do norte que só por haverem construído a coisa,
Dela poderiam usufruir. Ah! Operário tolo! Nortista ingênuo!
Não sabia o tonto que a terra toda desse país imenso já tem dono?
E qual a novidade? Qual o porquê do espanto?
Já não era assim no sertão longínquo, todos os dias, do despertar ao sono?
Como poderia a capital sonhada fugir à regra, como que por encanto?

Não foi à margem que foi jogado meu avô.
Foi mais longe.
Em terra de secura assim, a margem do Lago é para os donos.
Donos do poder, do direito, da decisão, da paz e da guerra.
Pra quem detém, além da umidade rara do Paranoá, a fertilidade da sua terra.
Mas, ora! Não apontemos com tanto rancor os por nós escolhidos.
Cabendo-lhes o fardo enorme do poder e da riqueza que ostentam,
Não seriam eles, desta vez, os oprimidos?
A história lhes fará justiça, irrecorrível, nos autos do papel a que foram, pobrezinhos, impelidos.
E acaso não é o candango a mera e própria reencarnação da figura histórica do fodido?
O índio, o escravo, o imigrante, o operário, a mulher,
O capoeira, o sambista, o favelado, o pataxó-mendigo, o desempregado?

Agora os filhos desta figura disputam do Corvo as migalhas:
Pequeno poder, pequena propriedade, muita sujeira, muita navalha.
Um sub-emprego, quando não o tráfico, um carrinho, uma pequena.
O carro não foi nem será pago.
E a pequena do rapaz é puta.
Puta paga, puta mesmo.
(Não há relativismo quando a miséria é absoluta.)
É paga, mas paga pela metade.
A outra metade ela dá porque gosta.
Que não a julguem os filhos de quem a paga.
Do Senna* pra cá os prazeres são poucos, sabe?"




*Viaduto Ayrton Senna, saída do Plano Piloto e início da Via Estrutural que, além de abrigar a maior favela de Brasília, serve de saída do Plano Piloto para as Cidades-Satélite.

Um comentário:

  1. "Que não a julguem os filhos de quem a paga."

    julgo!!!(até pq deixa soh na mao dos eruditos fika mto no tamanco o jugalmento(ele:tista ou ela??????), e minha posição de réu ja está cansado de esquentar o banco) ..e julgo mto bem, como um bom FILHO DA PUTA.....minha mae soh me dava pq gostava, ou pq era uma puta?
    (complexo de EDIPO...- deixo prus fróidianuz)
    sei que ela me dava....
    dava pq gostava de dar...
    dava pra todo mundo ...
    em qualquer lugar...
    nao pedia nada entroca..
    soh queria saber de dar..
    mas como ela recebia pela metade..
    os pagamentos estavam atrasados..
    mamae passava fome...
    e agora a miseria nao era mais absoluta..
    pq que tinha que relativizar cumigo...
    ela mesmo queria que eu fugisse da
    "FILOSOFIA DA MISÈRIA",,,
    - mas tinha receio de eu cair na
    Miséria da FILOSOFIA...
    (e foi justamente o que aconteceu................
    foi com ela que começei a pagar as contas
    , ou melhor , acerta-las..
    pq de erros ja bastava os de mamae..
    nao q eu fosse melhor ou pior ..q ela..
    todos temo o Esquerdo de ERRAR....
    mas enfim,,
    foisso..
    quem paga as contas agora..
    era eu ...
    pagava as nossas contas..
    ..que ironia...do diztino-LIBERtino
    pagava as duas metades..
    pagava as contas q nao eram pagas por mamae..
    e ainda pagava as minhas contas..
    IN: logiko.."""
    estava claro..
    era só juntar as partes ..em uma unica conta..
    e agora nós poderiamos ..
    ser PUTAS por diversao..
    ...um PUTO e uma PUTA...
    dois PUTOS...estamos nulucro..
    duas putas...estamos literalmente fudidos..
    e ainda ressalto..
    ainda q por traz é mais gostoso..
    ...vai depender dos clientes!!!
    e olha q de clientela
    mamae entendia bem...
    na caderneta de polpansia...estava ele
    em primeiro lugar..
    Nosso querido MEIRELes do Banco CEntral..
    - nossa como esse gostava de mamae..
    mas quando ele fikou sabendo ..q agora
    era eu que a substituiria ..ele arregalou os
    olhos...
    veio ateh com a diz "culpa" que era HEtero e talz..
    mas mesmo assim nao tinha acordo..
    falei pra ele q enkanto estivesse esquetando o banco ...(dos réus)
    ele estava seguro..
    - mas o-ATENTEIÙ...
    mia'guarde -- quando eu puhmmm der
    JULGAR..!!!
    a merda sairá junto..
    aliaz ..
    a merda e o cogumelo..
    pq as coisas sempre estao dentro das coisas ..

    mas voltando a soma dos putos
    existe um erro ..pq 2+2=5 e nao 4
    Di 4 é como geralmente in:tendem os
    Má - tematicos..
    procuram em suas logikas de negação/OPUSição
    a letra q eu sempre US..................DEI...

    bastava só encarar a SOPA ...de letrinhas ...
    e desvendar o quebra CABEças..
    admito ..q essa sopa estava meio...- nao..
    totalmente rala...
    mas a dvirto
    que seus resultadus
    estao
    IN: PROVAVEL
    contra- diz SÃO SUB-objetivus
    e n em
    soluçõ de ações..

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