"Timochenko", um médico com 30 anos de luta assume liderança das Farc
EFEEFE – 39 minutos atrás
Roberto Rojas Monroy.
Bogotá, 15 nov (EFE).- O cardiologista Rodrigo Londoño Echeverry, conhecido como "Timochenko", tem 30 anos de experiência nas fileiras das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e se tornou o máximo comandante da guerrilha em substituição de "Alfonso Cano", morto no último dia 4 durante uma operação do Exército.
Os analistas concordam que o guerrilheiro, também conhecido como "Timoléon Jiménez", tem um perfil mais militar que "Cano" por seu treinamento na antiga Iugoslávia, enquanto o ex-líder era antropólogo, considerado um intelectual.
O novo chefe da principal guerrilha colombiana, que com quase 50 anos de história é a mais antiga da América, ingressou nas Farc em 1982, após retornar da Europa.
Segundo os serviços de inteligência, "Timochenko" nasceu em 22 de janeiro de 1959 na cidade de Calarcá, no departamento de Quindío, situado na região do Eixo Cafeicultor colombiano.
Seu povoado fica muito perto de Génova, cidade natal do fundador das Farc, Pedro Antonio Marín, conhecido como "Manuel Marulanda Vélez" e também como "Tirofijo", que morreu de infarto em março de 2008.
Estudou Medicina e Cardiologia na Universidade Patrício Lumumba, em Moscou, ampliou seus estudos em Cuba, recebeu treinamento militar na Iugoslávia do então marechal Tito e é considerado o chefe de inteligência e contra-inteligência das Farc.
"Timochenko" planejou a resistência militar nos anos em que ocorreu o grande avance paramilitar na Colômbia, na década de 1990 e início do novo milênio, destaca o analista Ariel Ávila, coordenador do Observatório de Conflito da ONG Corporación Nuevo Arco Iris.
Depois, foi responsável por implantar o plano de ação atual. As Farc passaram da guerra de movimentos à guerra de guerrilhas, à região do Norte de Santander - que faz fronteira com a Venezuela -, devido à campanha de investidas da Polícia, retornando assim ao estilo de confronto dos anos 1980.
Os cenários de ação de "Timochenko" se concentraram nos últimos anos na serra de Perijá, na zona fronteiriça entre Colômbia e Venezuela.
Antes tinha sido comandante na região de Magdalena Medio, um dos redutos das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), grupo de paramilitares que semeou o terror no país durante anos e que se desmobilizaram entre 2003 e 2006 em processo de paz.
Essas tarefas levaram-no a ter "muita força e prestígio entre as bases guerrilheiras", acrescenta Ávila, para quem esta foi, além disso, uma das características que diferenciavam "Timochenko" de "Alfonso Cano".
A proximidade de "Timochenko" com "Tirofijo" tornou-se evidente quando o fundador da guerrilha morreu em 2008 e o agora chefe máximo das Farc revelou essa notícia através de um vídeo no qual apareceu com uma toalha verde no pescoço, a mesma que o líder histórico utilizava.
Os antecedentes criminais do novo chefe registram 117 mandados de prisão por terrorismo, sequestro, rebelião, homicídio qualificado e desaparecimento forçado, além de estar em uma circular vermelha da Interpol (Polícia internacional). O governo colombiano oferece por uma recompensa milionária por ele, equivalente a cerca de US$ 5 milhões.
Junto a outros membros do Secretariado das Farc, ele foi condenado à revelia pelo sequestro do ex-governador do departamento de Meta Alan Jara (2001), pelo ataque a Mitú, capital do departamento de Vichada (1998) e pelo atentado ao Clube El Nogal de Bogotá, em 2003.
Essas ações guerrilheiras foram algumas das mais famosas das Farc. Em Mitú, mais de 60 policiais e soldados foram sequestrados e no Clube El Nogal, 32 pessoas morreram e quase 200 foram feridas.
Analistas indicavam que "Alfonso Cano" seria sucedido por "Timochenko" ou por "Ivan Márquez", este último com um perfil ainda mais militar.
O Secretariado-Maior das Farc decidiu, por fim, por um médico formado na antiga União Soviética, treinado militarmente na Iugoslávia de Tito e transformado em um grande estrategista durante seus 30 anos de luta armada. EFE
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