Mas não é sobre o Velho Lobo (que morreu antes que eu pudesse pagar-lhe uma garrafa de bom uísque em troca de algumas horas de conversa) que quero falar, e absolutamente sobre o Bonner, senão sobre a farsa da bolinha de papel.
Nossos amigos da editora Abril, de fato e em definitivo, são como o vinho...aberto! Avinagram diariamente. Não mantiveram sequer um mínimo de sutileza, aquela do jogo bem humorado de palavras, do uso inteligente de imagens, da moderação que a direita no Brasil soube usar algumas vezes, mesmo que poucas. Abraçaram a extrema-direita com todas as forças, e ao menos já não fazem questão de esconder. Ao contrário, esfregam o conservadorismo mais nojento e escabroso nas caras de todos nós semanalmente. Algumas capas são ainda mais emblemáticas que as outras:
Não interessa serem judeus os donos da editora. Serra é o seu Messias! Falso, mas Messias! É uma esperança de voltar à Canaã da mamata. Por outro lado, não mente a Veja quando descreve como “avançadas técnicas de guerrilha petistas” uma bolinha de papel. O PT hoje não ofecere à direita muito mais que esta ameaça.
Sim, meu povo, foi de fato uma bolinha de papel o que levou o nosso Drácula presidenciável a fazer tomografia computadorizada e deixar esperando uma enorme comitiva de militantes tucanos. Foi uma bolinha de papel que fez com que a Veja adicionasse à capa e à edição uma reportagem sobre a importância de tomografias computadorizadas no exame de danos causados por forte pancadas na cabeça. É este mesmo o jornalismo feito no Brasil: na medida que merece o debate político eleitoral, ou seja: chão, baixo, chulo, sem vergonha nem caráter.
Mas (e, neste aspecto, viva os sebos!) não podemos esquecer que o candidato já levou na careca uma pancada um pouco mais grave, e a revista Bundas, “A revista que é a cara do Brasil” e que, a propósito, tinha no editorial sujeitos como o Velho Lobo, o Jaguar e o Ziraldo, mandou ver na capa. Recorde-se: dez anos atrás o nosso Zé Funério levou um ovo na testa de um manifestante, ainda em 2000, quando era ministro de Vossa Majestade Dom Fernando Henrique, o Vaidoso, I e Único. Segue a capa:
O irônico é que na ocasião a Veja publicou: “Foi apenas um ovo, e isso aconselha não exagerar a importância do episódio.” É, pode ser que a ocasião não faça o ladrão; só faça o ladrão roubar.
Sei que não é homogênea a opinião a respeito, mas a minha é que o que falta a Serra é levar na cabeça um pouco mais que bolinhas de papel. Pelo jeito, nos tais porões da ditadura, Serra não demorou a abrir a boca.
O fato, afinal, é que para todas as profissões, ocupações ou situações, das nossas gerações e das que vierem, devemos colocar na lista de atividades: dar à direita brasileira motivos reais pra reclamar.
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