A Universidade deve ser um espaço de promoção de melhores condições de
vida
para a Sociedade. Não podemos, em seu interior, conviver com relações
de
trabalho ainda mais precárias do que observamos em seu redor.
A condição imposta aos/às bolsistas da nossa Universidade é, além de
degradante, insustentável. Ganhamos desde 2005 trezentos reais por mês
para
desempenhar, em quatro horas diárias, a função de servidores/as
contratados/as que recebem para um regime de oito horas diárias mais
de mil
e oitocentos reais (salário inicial do último concurso público feito)
agregados a direitos trabalhistas.
Com este valor irrisório temos ainda que arcar com transporte e
alimentação,
alguns de nós são convocados/as a trabalhar aos sábados e a maioria
trabalha
no recesso escolar.
Casos de assédio moral vêm se tornando corriqueiros, pois não há
estabilidade alguma garantida. Isso, num período em que há cada vez
mais
estudantes necessitando de auxílio financeiro, faz com que muitos/as
sejam
submetidos/as a condições humilhantes de trabalho e não denunciem.
Imaginem os/as trabalhadores/as na sociedade sem direito trabalhista
algum.
O que regularia o valor dos salários e os benefícios que seriam pagos?
A
selvageria do mercado.
Essa é a lógica de sistema que rege a política de bolsas na UFES. Com
programas de assistência estudantil insuficientes para garantia de
permanência, a submissão às condições impostas pelo sistema de bolsas
se
torna o único meio de ter um mínimo subsídio para exercermos nossos
afazeres
acadêmicos.
Isso tudo tem uma lógica conjuntural: atende a um modelo de
Universidade com
gestão empresarial, em que a lógica de redução de custos e
superexploração
do trabalho é a regra geral. A expansão via REUNI só agrava a
problemática e
as perspectivas que temos não são nada animadoras.
Frente a isso decretamos: ESTAMOS EM GREVE!
Temos plena consciência que nosso cruzar de braços acarretará em
prejuízos
na prestação de serviços pelos órgãos administrativos. Mas que fique
bem
explícito: a responsabilidade pela situação crítica a que chegamos é
unicamente da Administração Central da UFES e do Governo Federal.
Cansamos de nos sentir angustiados/as. Passamos à indignação e à ação
concreta e coletiva. Individualmente nossa voz não ecoa. Coletivamente
nossos braços construirão uma nova realidade para a educação na UFES
e,
esperamos, nas demais Universidades do país.
Nossas reivindicações:
1) O imediato reajuste no valor das bolsas para R$510 (quinhentos
e dez
reais) sem a diminuição na quantidade global de bolsas;
2) Início de um processo de substituição gradual das bolsas PAD
(administrativas) por bolsas de pesquisa, extensão e monitoria;
3) Que as atividades de estágio dentro da Universidade sejam
regulamentadas de acordo com o disposto na Lei de Estágio;
4) Intensa fiscalização sobre casos de assédio moral;
5) Liberação dos/as bolsistas em véspera de prova e para eventos
estudantis;
6) Proibição de ponto para estudantes bolsistas
7) Garantia de férias remuneradas para todos/as os/as bolsistas
da
Universidade;
8) Vale-transporte e gratuidade no RU para bolsistas;
9) Garantia de que não haja atrasos no pagamento das bolsas;
10) Política de assistência estudantil efetiva, articulada por uma
Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e Assuntos Comunitários;
11) Pagamento imediato dos benefícios da assistência estudantil deste
semestre e garantia de que estes sejam pagos no início de cada
período;
12) Contratação de mais servidores técnico-administrativos em
educação.
Vitória, 27 de outubro de 2010
*BOLSISTAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
DIRETÓRIO CENTRAL DOS/AS ESTUDANTES
*
--
Midiã Fraga - (27)98239357
Diretora de Organização do DCE UFES
Façamos Nós por Nossas Mãos
Coletivo Nacional Levante!
"E amanheça brilhando mais forte…"
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