Por Dj Cortecertu*, especial para o Blog Escrevinhador
Parafraseando a boçalidade, vou direto ao assunto. Sempre afirmaram
que ações afirmativas, cotas e o ensino da história da África nas
escolas eram “imposições” que dividiriam o povo brasileiro.
Essas medidas gerariam o “ódio racial”, pois criariam revisões
históricas e um certo revanchismo. Ali Kamel e Demétrio Magnoli, entre
outros ilustres, midiáticos e letrados arautos da harmonia social, são
os maiores defensores dessas ideias.
Nesta semana, no portal G1 (clique aqui para ler),
a antropóloga Yvonne Maggie afirma que “o Brasil reprime o racismo.
Para o brasileiro é mais ofensivo o crime de racismo do que a morte”. A
experiência cotidiana das pessoas simples deste país prova exatamente o
contrário.
Será que esses seres iluminados não percebem que a indiferença e a
impunidade que envolvem o tratamento dos casos de racismo no Brasil
podem gerar esse ódio que tanto temem?
Pelo que vejo na grande mídia e nas redes sociais, o protesto dos
negros não está agradando. O recado é: voltemos a falar que somos todos
iguais para anular as diferenças que provam que essa igualdade não
existe.
Os casos que rolam no futebol são o exemplo do tipo de racismo que é
mais frequente no Brasil: o racismo prático, inocente, que não se
pretende racista.
Pode isso? Sim, pode.
Essa prática está na tal experiência cotidiana citada acima, o
preconceito fabricado por “pessoas de bem”. Pessoas que cometem injúrias
raciais, mas afirmam que não são racistas. Afinal, é algo tão normal,
que o futebol só amplifica em suas arenas.
Em 2006, em um texto da Revista USP (leia aqui),
Rita Laura Segato, professora do Departamento de Antropologia da
Universidade de Brasília, abordou a reprodução deste racismo prático e
estrutural, algo que resiste à identificação de uma autoria ou
responsabilidade.
“Este tipo de racismo é automático, irrefletido, naturalizado,
culturalmente estabelecido e que não chega a ser reconhecido ou
explicitado como atribuição de valor ou ideologia”, afirma Rita.
É difícil combater algo invisível assim, né? Invisível pra quem?
A professora prossegue na argumentação. “O professor da escola que
simplesmente não acredita que o aluno negro possa ser inteligente, que
não o ouve quando fala nem o percebe na sala de aula. O porteiro do
edifício de classe média que não pode conceber que um dos proprietários
seja negro. A família que aposta sem duvidar nas virtudes do seu membro
de pele mais clara”.
Essas práticas “inocentes” são sementes que são plantadas e crescem
diariamente, são sementes que são levadas para o mundo escolar e
acadêmico. Sementes que são levadas para o mercado de trabalho, para os
campos de futebol.
As páginas dos jornais – que têm maioria branca em seus conselhos
editoriais e altos cargos – mostram como o grupo dos considerados
normais e superiores e o grupo dos considerados inferiores assimilam
toda essa construção.
No entanto, os tempos mudaram: o movimento negro atual e do passado cobra mudanças, parte consciente do hip-hop também.
Negros de diferentes afiliações ou sem nenhuma afiliação não ficarão
calados. Coitadismo? Não! Vamos celebrar o “revoltadismo”. A causa é
justa. Quem não for racista…não tem nada a temer.
* Editor do Portal Central Hip-Hop/BF Oficial e colunista do Brasil de Fato SP
MOVIMENTO CHEGUIDALI
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Armando Boito: Marina representa o casamento do Itaú com a WWF
Boito: Marina é síntese de rentismo e ambientalismo contra o crescimento
por Igor Felippe, no Escrevinhador
Armando Boito Jr, professor titular de Ciência Política da Unicamp, tem se dedicado a entender o movimento das frações de classes sociais nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Para isso, Boito acompanha o posicionamento dos diversos segmentos da classe trabalhadora e da burguesia para compreender as políticas econômicas e sociais do governo federal.
O estudo de quem ganha e quem perde com as políticas do governo é fundamental para entender os setores que sustentam, disputam e combatem a chamada frente neodesenvolvimentista, de acordo com Boito.
No livro Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000, organizado por Boito e Andréia Galvão, um artigo do professor da Unicamp analisa a disputa entre o neoliberalismo, representado pelo PSDB, e neodesenvolvimentismo, forjado sob os governos Lula e Dilma.
O fortalecimento da candidatura de Marina Silva, pelo PSB, é uma novidade, já que quebra a polarização entre os partidos que disputam o governo federal desde 1994 e representam os projetos que organizam as forças sociais e econômicas.
“O discurso de Marina é contra a polarização PT/PSDB. Mas, de fato, o que está ocorrendo é que ela está ocupando paulatinamente o lugar do PSDB e mantendo, portanto, a polarização”, afirma Boito.
Segundo ele, há uma convergência objetiva de interesses entre ambientalismo de tipo capitalista e a política econômica do rentismo neoliberal, contra o crescimento econômico que sustenta o neodesenvolvimentismo.
“Os ambientalistas porque imaginam que, assim, preservarão a natureza; os rentistas porque querem conter os gastos do Estado para aumentar o superávit primário e rolarem sem sobressaltos a dívida pública”, analisa.
Abaixo, leia trechos da entrevista de Armando Boito ao blog Escrevinhador.
Eleições e o extraordinário
O PSDB é um partido eleitoralmente declinante. O seu programa não fala, e não pode falar, às grandes massas. Como as pesquisas indicam, a disputa, salvo acontecimento extraordinário, está entre Dilma e Marina. Não podemos nos esquecer, contudo, que as manifestações de Junho de 2013 foram um acontecimento extraordinário e a queda do avião – de propriedade até hoje suspeita e desconhecida – que transportava Eduardo Campos em agosto, também. E foram acontecimentos que mudaram o processo eleitoral.
A queda do avião foi providencial para a direita. Impossibilitada de chegar ao poder com Aécio, a direita desembarcou na candidatura Marina. Ela está juntando tudo: o Clube Militar, banqueiros, ecologistas, pastores fundamentalistas, setores modernos da juventude de classe média, oposicionismo ao PT…
Tem um partido pequeno e fraco, por isso maleável, uma imagem flutuante, comportamento eleitoral oportunista e origem na centro-esquerda. É o que a direita precisava para reverter o declínio eleitoral.
Dilma, frente da burguesia interna e setores populares
A candidatura Dilma representa a grande burguesia interna e tem apoio na maior parte dos setores populares organizados – sindicatos, movimentos de moradia, movimentos pela terra – e desorganizados – a base dispersa de trabalhadores marginais beneficiária dos programas de transferência de rendas. Daí, a sua política neodesenvolvimentista acoplada a uma política social moderadamente distributivista.
Grande capital e Aécio
A candidatura Aécio representa o grande capital internacional, os setores da burguesia brasileira atrelados a esse capital e a alta classe média. Daí o seu programa neoliberal ortodoxo e a sua rejeição aos investimentos produtivos do Estado e às políticas sociais distributivistas.
Perspectivas para a cidadania
O neoliberalismo e o neodesenvolvimentismo entretém relações distintas com os movimentos de reconhecimento da cidadania de negros, mulheres e homossexuais. O campo neodesenvolvimentista é aberto à luta pelo reconhecimento de negros, de mulheres e do movimento LGBT, enquannto o campo neoliberal ortodoxo é mais fechado a essas lutas, principalmente à luta da população negra que ameaça os privilégios da alta classe média nas grandes universidades e no serviço público.
Efeito colateral do sistema político
Os campos neodesenvolvimentista e neoliberal e seus respectivos partidos guardam uma relação orgânica, isto é, mais sólidas – o que não significa que tudo esteja separado de maneira estanque como poderia sugerir a rápida síntese que fiz acima. São relações sedimentadas ao longo de anos. Com Marina Silva, a situação é mais complicada. A sua candidatura é resultado da complexidade da disputa política-eleitoral.
Marina, casamento do capital com o ambientalismo
Marina Silva não tinha, inicialmente, nenhuma relação orgânica com a classe dominante.
Ela representava o ecologismo de tipo capitalista de setores da classe média. Foi no jogo eleitoral que que a sua candidatura veio a se vincular com o grande capital internacional. Esse vínculo, contudo, não é aleatório. Há uma convergência objetiva de interesses entre ambientalismo de tipo capitalista e a política econômica do rentismo neoliberal.
Esse ambientalismo quer brecar o crescimento econômico e, por isso, a política do rentismo lhes é mais favorável. Ambos, ambientalismo e rentismo, elegeram o neodesenvolvimentismo como inimigo principal. Não querem saber de investimentos públicos em estradas, portos, hidrelétricas.
Os ambientalistas porque imaginam que, assim, preservarão a natureza; os rentistas porque querem conter os gastos do Estado para aumentar o superávit primário e rolarem sem sobressaltos a dívida pública. Essa é uma convergência objetiva de interesses, é algo mais profundo que o fato de a Marina Silva ser amiga política e pessoal da Neca Setúbal. O discurso de Marina é contra a polarização PT/PSDB. Mas, de fato, o que está ocorrendo é que ela está ocupando paulatinamente o lugar do PSDB e mantendo, portanto, a polarização.
Contradições de um eventual governo Marina
Uma coisa é a candidatura e outra é o governo. Para pedir votos, o candidato pode ser, pelo menos dentro de certos limites, uma “metamorfose ambulante”; para governar, não. Um governo Marina Silva teria de assumir posições mais firmes e tenderia, por isso, a entrar em conflito com uma parte ou outra dos que atualmente apoiam a sua candidatura. Seu apoio mais sólido é o grande capital internacional e o capital financeiro. Mas, provavelmente, seria um governo instável.
Obstáculos de um novo governo Dilma
A frente política neodesenvolvimentista está sim em crise. Mas estou falando de uma crise política e não de uma crise econômica, embora seja verdade que a queda do crescimento é um dos fatores que explicam a crise política da frente neodesenvolvimentista. A frente neodesenvolvimentista é muito heterogênea e sempre foi atravessada de contradições.
Na conjuntura atual, essas contradições internas se exacerbaram e, ademais, o campo neoliberal ortodoxo iniciou uma ofensiva restauradora. A queda do crescimento, a proximidade das eleições, o crescimento das demandas populares, as divisões no seio da grande burguesia interna e a pressão do imperialismo, tudo isso contribuiu para desestabilizar a frente neodesenvolvimentista e encorajar a ofensiva restauradora do grande capital internacional e de seus aliados internos.
Afastamento da burguesia do governo
O fato de o neodesenvolvimentismo ter surfado na onda do boom das commodities, abandonando a proposta inicial mais ambiciosa – e também mais complexa – de reindustrialização do país, afastou a burguesia industrial do governo e reduziu a capacidade de a economia gerar empregos de alta qualificação, decepcionando a juventude de classe média que cursou universidades – esse descontentamento apareceu em primeiro plano nas manifestações de junho de 2013.
Ofensiva do grande capital
As contradições ativas na crise política se desenvolveram de modo desigual. Enquanto as demandas do movimento popular expressam-se, ainda, em lutas reivindicativas, isto é, sem um programa político democrático-popular que os unifique, a ofensiva restauradora do grande capital internacional e de seus aliados internos é uma ofensiva política.
Eles têm programa, partido e, com Marina, uma candidatura viável. São eles, e não o movimento popular, que têm condição de substituir o neodesenvolvimentismo. E o que colocarão no seu lugar será um programa contrário aos interesses da população trabalhadora e aos interesses nacionais.
Limites do movimento popular
Atualmente, o movimento popular, como disse acima, está, enquanto movimento de massas, no nível da luta reivindicatória. Emprego, salário, moradia, terra: temos aí uma gama de reivindicações, cristalizadas em movimentos específicos e mais ou menos estanques. Esses movimentos não têm um projeto de poder. Falta aos movimentos populares consciência revolucionária e organização política. O que podem fazer agora é combater o inimigo principal: o grande capital internacional e seus aliados internos representados no PSDB e, cada vez mais, na candidatura Marina Silva. Se perderem essa batalha, até a luta reivindicatória poderá sofrer enorme retrocesso.
Campanha por uma Constituinte do sistema político
Essa campanha foi organizada pela parte da sociedade cujos interesses estão alijados do sistema político. O presidencialismo brasileiro é autoritário, a mídia é monopolizada e funciona como partido político da direita, temos o financiamento empresarial de partidos e candidatos, não há mecanismos de consulta e de participação popular nas decisões governamentais, enfim, temos um sistema politico fechado.
O plebiscito pela Constituinte exclusiva e soberana do sistema político visa a mudar esse sistema com participação popular. Se acumular força e lograr impor a convocação de uma Constituinte desse tipo, daremos um grande passo na superação da democracia atrasada e elitista que é a democracia brasileira. Aliás, diga-se: a única candidatura que demonstrou algum interesse em tal Constituinte foi a candidatura Dilma Rousseff.
PS do Viomundo: O título deste artigo é uma tradução livre do jornalista Igor Felippe a partir das considerações do professor Armando Boito, da Unicamp. O Itaú representa o rentismo. E a corporação ambiental WWF, o ambientalismo capitalista. Ambos são contra o Estado e o crescimento econômico.
por Igor Felippe, no Escrevinhador
Armando Boito Jr, professor titular de Ciência Política da Unicamp, tem se dedicado a entender o movimento das frações de classes sociais nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Para isso, Boito acompanha o posicionamento dos diversos segmentos da classe trabalhadora e da burguesia para compreender as políticas econômicas e sociais do governo federal.
O estudo de quem ganha e quem perde com as políticas do governo é fundamental para entender os setores que sustentam, disputam e combatem a chamada frente neodesenvolvimentista, de acordo com Boito.
No livro Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000, organizado por Boito e Andréia Galvão, um artigo do professor da Unicamp analisa a disputa entre o neoliberalismo, representado pelo PSDB, e neodesenvolvimentismo, forjado sob os governos Lula e Dilma.
O fortalecimento da candidatura de Marina Silva, pelo PSB, é uma novidade, já que quebra a polarização entre os partidos que disputam o governo federal desde 1994 e representam os projetos que organizam as forças sociais e econômicas.
“O discurso de Marina é contra a polarização PT/PSDB. Mas, de fato, o que está ocorrendo é que ela está ocupando paulatinamente o lugar do PSDB e mantendo, portanto, a polarização”, afirma Boito.
Segundo ele, há uma convergência objetiva de interesses entre ambientalismo de tipo capitalista e a política econômica do rentismo neoliberal, contra o crescimento econômico que sustenta o neodesenvolvimentismo.
“Os ambientalistas porque imaginam que, assim, preservarão a natureza; os rentistas porque querem conter os gastos do Estado para aumentar o superávit primário e rolarem sem sobressaltos a dívida pública”, analisa.
Abaixo, leia trechos da entrevista de Armando Boito ao blog Escrevinhador.
Eleições e o extraordinário
O PSDB é um partido eleitoralmente declinante. O seu programa não fala, e não pode falar, às grandes massas. Como as pesquisas indicam, a disputa, salvo acontecimento extraordinário, está entre Dilma e Marina. Não podemos nos esquecer, contudo, que as manifestações de Junho de 2013 foram um acontecimento extraordinário e a queda do avião – de propriedade até hoje suspeita e desconhecida – que transportava Eduardo Campos em agosto, também. E foram acontecimentos que mudaram o processo eleitoral.
A queda do avião foi providencial para a direita. Impossibilitada de chegar ao poder com Aécio, a direita desembarcou na candidatura Marina. Ela está juntando tudo: o Clube Militar, banqueiros, ecologistas, pastores fundamentalistas, setores modernos da juventude de classe média, oposicionismo ao PT…
Tem um partido pequeno e fraco, por isso maleável, uma imagem flutuante, comportamento eleitoral oportunista e origem na centro-esquerda. É o que a direita precisava para reverter o declínio eleitoral.
Dilma, frente da burguesia interna e setores populares
A candidatura Dilma representa a grande burguesia interna e tem apoio na maior parte dos setores populares organizados – sindicatos, movimentos de moradia, movimentos pela terra – e desorganizados – a base dispersa de trabalhadores marginais beneficiária dos programas de transferência de rendas. Daí, a sua política neodesenvolvimentista acoplada a uma política social moderadamente distributivista.
Grande capital e Aécio
A candidatura Aécio representa o grande capital internacional, os setores da burguesia brasileira atrelados a esse capital e a alta classe média. Daí o seu programa neoliberal ortodoxo e a sua rejeição aos investimentos produtivos do Estado e às políticas sociais distributivistas.
Perspectivas para a cidadania
O neoliberalismo e o neodesenvolvimentismo entretém relações distintas com os movimentos de reconhecimento da cidadania de negros, mulheres e homossexuais. O campo neodesenvolvimentista é aberto à luta pelo reconhecimento de negros, de mulheres e do movimento LGBT, enquannto o campo neoliberal ortodoxo é mais fechado a essas lutas, principalmente à luta da população negra que ameaça os privilégios da alta classe média nas grandes universidades e no serviço público.
Efeito colateral do sistema político
Os campos neodesenvolvimentista e neoliberal e seus respectivos partidos guardam uma relação orgânica, isto é, mais sólidas – o que não significa que tudo esteja separado de maneira estanque como poderia sugerir a rápida síntese que fiz acima. São relações sedimentadas ao longo de anos. Com Marina Silva, a situação é mais complicada. A sua candidatura é resultado da complexidade da disputa política-eleitoral.
Marina, casamento do capital com o ambientalismo
Marina Silva não tinha, inicialmente, nenhuma relação orgânica com a classe dominante.
Ela representava o ecologismo de tipo capitalista de setores da classe média. Foi no jogo eleitoral que que a sua candidatura veio a se vincular com o grande capital internacional. Esse vínculo, contudo, não é aleatório. Há uma convergência objetiva de interesses entre ambientalismo de tipo capitalista e a política econômica do rentismo neoliberal.
Esse ambientalismo quer brecar o crescimento econômico e, por isso, a política do rentismo lhes é mais favorável. Ambos, ambientalismo e rentismo, elegeram o neodesenvolvimentismo como inimigo principal. Não querem saber de investimentos públicos em estradas, portos, hidrelétricas.
Os ambientalistas porque imaginam que, assim, preservarão a natureza; os rentistas porque querem conter os gastos do Estado para aumentar o superávit primário e rolarem sem sobressaltos a dívida pública. Essa é uma convergência objetiva de interesses, é algo mais profundo que o fato de a Marina Silva ser amiga política e pessoal da Neca Setúbal. O discurso de Marina é contra a polarização PT/PSDB. Mas, de fato, o que está ocorrendo é que ela está ocupando paulatinamente o lugar do PSDB e mantendo, portanto, a polarização.
Contradições de um eventual governo Marina
Uma coisa é a candidatura e outra é o governo. Para pedir votos, o candidato pode ser, pelo menos dentro de certos limites, uma “metamorfose ambulante”; para governar, não. Um governo Marina Silva teria de assumir posições mais firmes e tenderia, por isso, a entrar em conflito com uma parte ou outra dos que atualmente apoiam a sua candidatura. Seu apoio mais sólido é o grande capital internacional e o capital financeiro. Mas, provavelmente, seria um governo instável.
Obstáculos de um novo governo Dilma
A frente política neodesenvolvimentista está sim em crise. Mas estou falando de uma crise política e não de uma crise econômica, embora seja verdade que a queda do crescimento é um dos fatores que explicam a crise política da frente neodesenvolvimentista. A frente neodesenvolvimentista é muito heterogênea e sempre foi atravessada de contradições.
Na conjuntura atual, essas contradições internas se exacerbaram e, ademais, o campo neoliberal ortodoxo iniciou uma ofensiva restauradora. A queda do crescimento, a proximidade das eleições, o crescimento das demandas populares, as divisões no seio da grande burguesia interna e a pressão do imperialismo, tudo isso contribuiu para desestabilizar a frente neodesenvolvimentista e encorajar a ofensiva restauradora do grande capital internacional e de seus aliados internos.
Afastamento da burguesia do governo
O fato de o neodesenvolvimentismo ter surfado na onda do boom das commodities, abandonando a proposta inicial mais ambiciosa – e também mais complexa – de reindustrialização do país, afastou a burguesia industrial do governo e reduziu a capacidade de a economia gerar empregos de alta qualificação, decepcionando a juventude de classe média que cursou universidades – esse descontentamento apareceu em primeiro plano nas manifestações de junho de 2013.
Ofensiva do grande capital
As contradições ativas na crise política se desenvolveram de modo desigual. Enquanto as demandas do movimento popular expressam-se, ainda, em lutas reivindicativas, isto é, sem um programa político democrático-popular que os unifique, a ofensiva restauradora do grande capital internacional e de seus aliados internos é uma ofensiva política.
Eles têm programa, partido e, com Marina, uma candidatura viável. São eles, e não o movimento popular, que têm condição de substituir o neodesenvolvimentismo. E o que colocarão no seu lugar será um programa contrário aos interesses da população trabalhadora e aos interesses nacionais.
Limites do movimento popular
Atualmente, o movimento popular, como disse acima, está, enquanto movimento de massas, no nível da luta reivindicatória. Emprego, salário, moradia, terra: temos aí uma gama de reivindicações, cristalizadas em movimentos específicos e mais ou menos estanques. Esses movimentos não têm um projeto de poder. Falta aos movimentos populares consciência revolucionária e organização política. O que podem fazer agora é combater o inimigo principal: o grande capital internacional e seus aliados internos representados no PSDB e, cada vez mais, na candidatura Marina Silva. Se perderem essa batalha, até a luta reivindicatória poderá sofrer enorme retrocesso.
Campanha por uma Constituinte do sistema político
Essa campanha foi organizada pela parte da sociedade cujos interesses estão alijados do sistema político. O presidencialismo brasileiro é autoritário, a mídia é monopolizada e funciona como partido político da direita, temos o financiamento empresarial de partidos e candidatos, não há mecanismos de consulta e de participação popular nas decisões governamentais, enfim, temos um sistema politico fechado.
O plebiscito pela Constituinte exclusiva e soberana do sistema político visa a mudar esse sistema com participação popular. Se acumular força e lograr impor a convocação de uma Constituinte desse tipo, daremos um grande passo na superação da democracia atrasada e elitista que é a democracia brasileira. Aliás, diga-se: a única candidatura que demonstrou algum interesse em tal Constituinte foi a candidatura Dilma Rousseff.
PS do Viomundo: O título deste artigo é uma tradução livre do jornalista Igor Felippe a partir das considerações do professor Armando Boito, da Unicamp. O Itaú representa o rentismo. E a corporação ambiental WWF, o ambientalismo capitalista. Ambos são contra o Estado e o crescimento econômico.
“Quem é contra o pré-sal é contra o futuro do Brasil”, diz Lula
Por Revista Forum (aqui)
Ex-presidente participou de ato em defesa do pré-sal no Rio de Janeiro. Políticos, ativistas sociais e estudantes se reuniram para um abraço simbólico na estatal
Por Redação
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira (15), de um ato em defesa do pré-sal e da Petrobras. O evento foi coordenado pelo Sindicato dos Bancários, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), com apoio de centrais sindicais, entidades estudantis e movimento sociais.
A multidão de manifestantes se reuniu na Cinelândia, região central do Rio de Janeiro, e desceu pela Avenida Chile em direção à sede da Petrobras, onde foi realizado um abraço simbólico à estatal. Lula vestiu um uniforme de petroleiro, para demonstrar orgulho do pré-sal, que considera “a maior descoberta do petróleo na história contemporânea do planeta Terra”. A cidade de Recife também organizou uma manifestação no mesmo horário.
O ex-presidente exaltou os números positivos do setor, que, segundo ele, produziu nos últimos oito anos um volume de petróleo equivalente a três décadas da história da companhia. E, mesmo sem citar diretamente a candidata à Presidência Marina Silva (PSB), fez críticas àqueles que não valorizam esse patrimônio da economia brasileira. Em declarações recentes, Marina se referiu ao petróleo como um “mal necessário” e dedicou apenas uma linha de seu plano de governo ao assunto. “Quem é contra o pré-sal é contra o futuro do Brasil”, enfatizou Lula.
O ato teve como um dos focos impulsionar a campanha da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), que foi apontada pelos participantes como a única capaz de levar à frente as conquistas realizadas até o momento na área petrolífera do País. Entre os políticos presentes, declararam apoio à presidenta o senador Lindbergh Farias (PT), candidato ao governo do estado, e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB) e Benedita da Silva (PT).
Ainda no Rio de Janeiro, a presença de Lula e Dilma está confirmada em um ato que reunirá, hoje, artistas e intelectuais no Teatro Casa Grande, às 19h. Personalidades como Chico Buarque, Beth Carvalho, Ângela Vieira, Marilena Chauí e Marieta Severo já tornaram público o apoio à candidata petista e assinaram uma carta em que expõem os motivos para votar em Dilma nas eleições deste ano.
Foto de capa: Muda Mais
Ex-presidente participou de ato em defesa do pré-sal no Rio de Janeiro. Políticos, ativistas sociais e estudantes se reuniram para um abraço simbólico na estatal
Por Redação
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira (15), de um ato em defesa do pré-sal e da Petrobras. O evento foi coordenado pelo Sindicato dos Bancários, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), com apoio de centrais sindicais, entidades estudantis e movimento sociais.
A multidão de manifestantes se reuniu na Cinelândia, região central do Rio de Janeiro, e desceu pela Avenida Chile em direção à sede da Petrobras, onde foi realizado um abraço simbólico à estatal. Lula vestiu um uniforme de petroleiro, para demonstrar orgulho do pré-sal, que considera “a maior descoberta do petróleo na história contemporânea do planeta Terra”. A cidade de Recife também organizou uma manifestação no mesmo horário.
O ex-presidente exaltou os números positivos do setor, que, segundo ele, produziu nos últimos oito anos um volume de petróleo equivalente a três décadas da história da companhia. E, mesmo sem citar diretamente a candidata à Presidência Marina Silva (PSB), fez críticas àqueles que não valorizam esse patrimônio da economia brasileira. Em declarações recentes, Marina se referiu ao petróleo como um “mal necessário” e dedicou apenas uma linha de seu plano de governo ao assunto. “Quem é contra o pré-sal é contra o futuro do Brasil”, enfatizou Lula.
O ato teve como um dos focos impulsionar a campanha da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), que foi apontada pelos participantes como a única capaz de levar à frente as conquistas realizadas até o momento na área petrolífera do País. Entre os políticos presentes, declararam apoio à presidenta o senador Lindbergh Farias (PT), candidato ao governo do estado, e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB) e Benedita da Silva (PT).
Ainda no Rio de Janeiro, a presença de Lula e Dilma está confirmada em um ato que reunirá, hoje, artistas e intelectuais no Teatro Casa Grande, às 19h. Personalidades como Chico Buarque, Beth Carvalho, Ângela Vieira, Marilena Chauí e Marieta Severo já tornaram público o apoio à candidata petista e assinaram uma carta em que expõem os motivos para votar em Dilma nas eleições deste ano.
Foto de capa: Muda Mais
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA - A soberania na corda bamba
O assunto dívida pública é censurado pela mídia mercantilista porque esta se alimenta do abjeto poder financeiro, constituído por abutres insaciáveis que devoram impiedosamente massas humanas em todo o mundo, gerando desemprego, fome e miséria. A abordagem desse assunto pelos órgãos de comunicação é parcial, distorcida e enganosa.
A Comunicação, sem qualquer escrúpulo com o seu fundamental papel para capacitar a população na tomada de decisões em benefício de todos, denomina a auditoria como calote, aceita e reforça o conceito de dívida líquida, subtraindo do valor real, bruto da nossa dívida, as reservas internacionais, que são aplicações do Brasil no exterior, a juros perto de zero.
Enquanto isso, pagamos juros acima da taxa SELIC, os maiores do mundo. É como subtrair de uma dívida com juros altíssimos o dinheiro parado dentro de um colchão.
A dívida total brasileira no ano de 2013 chegou ao valor aproximado de R$ 4 trilhões; o pagamento de juros e amortizações alcançou R$ 718 bilhões, o que corresponde a aproximadamente R$ 2 bilhões por dia; esse desembolso anual representa 40% do orçamento da nação.
Este filme contribuirá muito para ajudar na conscientização do povo brasileiro, única forma de libertar o nosso país dessa submissão ilegal, injusta e odiosa.
Direção, roteiro, câmera e entrevistas: Carlos Pronzato
Direção de Produção: Cristiane Paolinelli
Edição: Henrique Marques
Assistência de Direção/Pesquisa de imagens: Luiza Diniz
Ideia e argumento: Gisele Rodrigues
Assistência de produção/RJ: José Bernardes e Helena Reis
Assistência de produção/DF: Rodrigo Ávila
Assessoria de comunicação: Richardson Pontone
Produção: Instituto Rede Democrática/RJ, Núcleo RJ da Auditoria Cidadã da Dívida Publica e Sindipetro/RJ
Realização: La Mestiza Audiovisual
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
André Singer: “Com vitória de Marina Silva, governo será do PSDB”
Por Bruno Pavan, do Brasil de Fato
“Caso algo mude até a publicação, a gente pode marcar uma outra conversa”, disse o cientista político e professor da USP André Singer no começo da noite do dia 25 de agosto. 12 dias após a morte de Eduardo Campos, então candidato do PSB, a pesquisa mais recente que tínhamos em mãos mostrava Marina Silva com 21% dos votos no primeiro turno e o tucano Aécio Neves com 20%.
Dez dias depois, na segunda parte desta entrevista – esta entrevista foi feita em duas etapas –, Marina Silva já estava 19 pontos percentuais na frente do tucano no primeiro turno. Além disso, estava 7 pontos na frente da atual presidenta Dilma Rousseff no segundo. Mesmo assim, o professor é cuidadoso e não decreta pareceres categóricos sobre o instável cenário eleitoral brasileiro.
A prudência de Singer tem várias razões de ser. Na eleição que se projeta a mais embolada dos últimos tempos, desejo de mudança e antigos temores se misturam na cabeça dos eleitores brasileiros e em um mar de números e porcentagens, o professor tenta transformar o horizonte em algo mais palpável.
Para ele, os números mostram o que analistas políticos já esperavam: a junção de promessa de uma nova política, desejo de mudança e pouco crescimento econômico transformaria essa eleição na mais equilibrada dos últimos tempos. “Insatisfação de social, queda constante da aprovação do governo desde junho do ano passado são sempre indicativos de eleição difícil”, analisa.
Nessa entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Singer responsabiliza a “dificuldade em ganhar a confiança da camada mais baixa da população” como o principal desafio do PSDB nessas eleições. Além disso, aponta que o duelo de Marina e Dilma será pela maior faixa de eleitores com renda de dois a cinco salários mínimos mensais. “Você não tem chance nenhuma de ganhar a eleições no Brasil sem ter uma penetração importante nessa faixa de renda”.
Brasil de Fato – Na nossa última conversa (primeira parte desta entrevista), você disse que não acreditava na possibilidade de Marina Silva ganhar a eleição. Hoje, dez dias depois, Marina está empatada com Dilma no primeiro turno e quase 20 pontos percentuais à frente de Aécio Neves. É possível dizer que Marina tem chances de ser a próxima presidenta do Brasil e que Aécio está fora do segundo turno?
André Singer – As pesquisas divulgadas nos últimos dias mostram que sim, Marina Silva pode vir a ganhar a eleição e ser presidente. Isso confirma um prognóstico de que esta eleição seria difícil. Não era algo impossível de prever tendo em vista o fato de que a economia brasileira teve uma redução importante do nível de crescimento, e diante disso, existe um gradativo aumento da insatisfação social e uma queda constante da aprovação do governo desde junho do ano passado. O que houve até aqui foi um fenômeno previsível, a Marina já tinha 27% das intenções de voto em abril deste ano. Agora é que de certa forma começa o jogo. Uma vez que ela tenha se colocado na posição de que vá disputar com a presidente Dilma, começam a aparecer as perguntas pra ela: o que ela pensa em fazer? Qual é o seu projeto de país? O que ela representa? Já começaram a aparecer questionamentos sobre a consistência das propostas dela, tanto das outras campanhas como da própria imprensa. Eu acho que o eleitorado vai pensar nessas semanas que nos separam do primeiro e segundo turnos. Quanto ao Aécio Neves eu diria que hoje, com os dados que temos, é difícil imaginar que ele consiga reverter essa situação, mas não é impossível.
A Marina tem um histórico de lutas na esquerda, mas chamou pra ser vice um quadro mais pragmático, caso do Beto Albuquerque, ligado ao agronegócio. Essa nomeação é uma espécie de “carta aos brasileiros” de Marina?
Não chega a tanto, mas vai nessa direção. Ela faz uma série de movimentos para se colocar nitidamente ao centro do debate, e isso é uma tática eleitoral muito inteligente. Essa maior proximidade da Marina com a esquerda tem a ver com dois elementos: o histórico, pois ela foi uma importante militante e depois dirigente do PT durante muito tempo; e esse vínculo por meio da questão ecológica com os movimentos pela reforma agrária. Esses dois elementos, porém, são mais históricos do que presentes. O tipo de movimento que a Marina está fazendo hoje, de assinar esse tipo de compromisso com setores da direita, apenas reflete ou expressa de maneira mais clara a opção que ela já fez há um bom tempo, esses movimentos não são novos. Hoje eles têm maior visibilidade e impacto porque ela passa a ser uma peça muito importante no jogo eleitoral.
Marina se coloca como representante da nova política. Em notícia que saiu na semana passada, com possíveis nomes de seu ministério, existem nomes como Luiza Erundina, Eduardo Suplicy e José Serra. Qual a chance dessa formação ministerial dar certo?
Ela vai ter uma base partidária para um eventual governo muito frágil e vai ter que fazer enormes composições, que será bem difícil por conta que ela tem centrado a plataforma dela na fundação de uma nova política. Esse é um dos grandes problemas dessa abordagem. Na prática, as dificuldades pra ela serão enormes porque a governabilidade, em alguma medida, passa por uma maioria congressual. Sem isso, ela vai ter que negociar com os partidos que lá existem. Como ela se colocou no centro ideológico da disputa, a questão então será de saber pra que lado ela fará essa composição. Ela teria que ser muito pouco realista para entrar por um caminho de desconhecer as forças políticas representadas no Congresso nacional. Porém, eu não acredito num primeiro momento que o PT se disponha a participar de um governo Marina. O PT é uma grande máquina partidária e vai fazer uma política de oposição para voltar em 2018, caso perca as eleições. Por essa razão, eu acho que ela terá que se apoiar muito no PSDB. Ela pode tentar essa composição com forças heterogêneas que estejam em diversos partidos, mas me parece um caminho muito arriscado e pouco promissor. Se ela vencer, terá que partir pra uma composição partidária mais sólida do que essa de pegar nomes aqui e ali de maneira fragmentada.
Muito se reclama da bipolarização da disputa presidencial no Brasil. Marina aparece em 2010 e consegue quase 20 milhões de votos investindo no desejo da novidade para o eleitor brasileiro. Em 2014 ela conseguiu capturar os votos de Aécio Neves com muita rapidez. A polarização do Brasil era PT x PSDB ou petismo x o antipetismo?
Você tem esses dois fenômenos: o primeiro é o da polarização PT x PSDB, sobretudo porque são as duas grandes instituições partidárias brasileiras. Apesar de o sistema partidário ter dezenas de partidos registrados e representados na Câmara dos Deputados e de ser um sistema altamente fragmentado, ele tem três partidos relevantes: o PT, PSDB e PMDB. Esses são visivelmente os partidos que constantemente têm maior possibilidade de ocupação dos cargos executivos importantes e de representação parlamentar. Nesse contexto, o PMDB aparece como um partido que tem uma singularidade que é não apresentar candidatos a presidente e de ser o fiador da governabilidade no Brasil. Surpreendentemente, ele consegue se manter como um partido relevante. Isso significa que do ponto de vista partidário a polarização PT x PSDB vai continuar existindo mesmo que Aécio Neves não vá para o segundo turno. Eles continuarão sendo as duas grandes máquinas partidárias que disputam o poder central. Por outro lado, existe essa polarização também de pestismo x antipetismo e isso é bem forte. Eu diria que o antipetismo é um fenômeno social e político importante e que nesse momento está sendo canalizado para a candidatura Marina Silva, que está sendo o escoadouro dessa tendência e aparece como a pessoa que vai disputar palmo a palmo a presidência da república com o PT. Se ela vir a ganhar a eleição, é possível que faça um governo que, na prática, seja um governo do PSDB com ela à frente. Não tendo uma estrutura partidária e de aliança de classes, ela precisará desse suporte. Não sei como o PSDB reagiria a essa eventualidade, mas eu diria que pra ela é quase que uma alternativa única.
A campanha de Aécio Neves, quando Eduardo Campos era o candidato do PSB, não tinha sequer fôlego para levar a eleição ao segundo turno. Hoje, ele está 19 pontos atrás de Marina Silva e praticamente fora do segundo turno. O que o PSDB precisa fazer para “roubar” votos de Marina e se garantir no segundo turno da eleição?
O desafio do PSDB nesta eleição é o de adquirir um perfil mais popular. Não é muito diferente do que ele vem tendo em 2002 e, sobretudo, 2006. Hoje, o governo não é tão bem avaliado quanto era há algum tempo, a gente sabe também que há certo desejo de mudança, e isso é uma situação melhor pra oposição. O problema para o PSDB está em que ele tem muita dificuldade de convencer a população de baixa renda de que ele tem uma alternativa que pode favorecê-la. O desafio principal me parece ser tirar da Marina os votos dos setores mais populares porque dificilmente ele vai conseguir competir com ela na faixa dos jovens de classe média urbanos. Existe um sentimento nessa parcela de que é preciso uma nova política mais moderna, que eu tenho utilizado a categoria de pós-materialismo para caracterizar. Esse é um conceito formulado por um cientista político norte-americano chamado Ronald Inglehart em que ele explica que uma mudança ocorre na agenda política dos países que estão no centro do capitalismo mundial a partir da década de 1970. De fato, eu acho que ele capturou certa mudança ideológica que está em curso desde então, e acho que em certa medida ela se aplica a setores do eleitorado brasileiro, que são bem representados pela candidatura da Marina.
A ascensão do PT em 2002 se deu muito por aquilo que você muito bem definiu como Lulismo: um governo sem rupturas, e de mudanças graduais. Agora, Dilma se depara com uma estagnação econômica e com os eleitores querendo mudança. Esse ciclo acabou?
A situação que a gente está vivendo é ligada à mudança da conjuntura econômica internacional e essa dificuldade trazida pela baixa do crescimento que está se expressando nessa vontade de mudar. A partir de 2011, nós passamos a viver uma tendência de baixa geral da atividade econômica no mundo e isso impactou o Brasil de uma maneira que não tinha acontecido no auge da crise em 2008/09. Cabe lembrar que o Brasil é um país onde pra uma enorme fatia da população está tudo por fazer. Houve melhorias importantes, só que como eu procurei mostrar, elas foram pautadas por um gradualismo extremo, elas são melhoras incrementais e trouxeram as pessoas pra uma condição de vida superior a que elas tinham, mas que ainda está longe de uma situação que você possa dizer que o fundamental está resolvido e a partir de agora a gente vai pro complementar. Eu não concordo com a ideia de que o ciclo se esgotou, mas que ele se confrontou com uma situação bem mais difícil do que vinha enfrentado no período anterior, que a economia mundial estava crescendo e valorizando rapidamente as commodities brasileiras. Estamos passando por um período de impasse em que diante dessa nova situação a pergunta é: o que fazer? A presidente Dilma tentou na primeira metade do seu governo uma via mais à esquerda e procurou romper o impasse baixando juros, desvalorizando o real, fazendo certo controle dos capitais externos, criando marcos regulatórios que estimulavam atividade econômica para um modelo de desenvolvimento com distribuição de renda, cito, por exemplo, a questão da energia elétrica. Mas esse ensaio, que eu chamo de desenvolvimentista, não deu certo. Ele se interrompeu porque, pelo que dizem os economistas, faltou investimento privado. A partir daí a gente começa a viver uma espécie de patinação, os juros voltam a subir e a economia começou a enfraquecer ainda mais, resultando na situação que nós estamos hoje. Eu vejo muito mais perguntas do que respostas no horizonte sobre essa questão.
Críticos e membros do PT culpam o distanciamento que o partido teve dos movimentos sociais nos últimos anos por uma possível derrota da presidenta Dilma. Esse distanciamento pode ser responsável por essas dificuldades?
Não diretamente. Esse distanciamento é algo que diz respeito ao que eu chamo de passagem para o Lulismo, que é um modelo de formação que não passa pela mobilização social, é um modelo de transformação lenta e dentro da ordem, isso foi uma mudança que ocorreu na política brasileira e depois dentro do próprio PT. O que está acontecendo na eleição é que o eleitorado reage à piora da situação econômica. A diminuição do crescimento em um país como o nosso, em que boa parte da população ainda tem muito para melhorar para chegar num estágio de satisfação das suas necessidades básicas, faz com que a insatisfação aumente de maneira rápida. Estamos entrando no quarto ano de baixo crescimento, portanto existe um acúmulo na insatisfação, que se expressaram nas manifestações de junho e que de lá pra cá têm se mantido mais ou menos constantes. De tal forma que eu diria: são dois fenômenos reais, o distanciamento dos movimentos sociais e a dificuldade eleitoral em 2014, mas acho que eles não estão diretamente relacionados.
Observando a pesquisa completa do Ibope, se observa um número grande de entrevistados que consideram o governo regular (37%). Desses, 24% declararam voto na Dilma e 47% em Marina. Pra ganhar a eleição, o PT terá que ganhar votos de Marina necessariamente. Você acha que é essa parcela de eleitores que terá que ser convencida?
Essa é uma leitura possível: pegar quem avalia o governo de uma forma intermediária, que é um eleitor mais disponível de ser convencido a dar uma segunda chance ao governo Dilma. Mas você tem outras leituras possíveis, e a que eu prefiro é outra. A candidatura Marina já produziu uma novidade interessante que é uma divisão no campo popular, ela conseguiu puxar uma parcela importante que são os eleitores com ganhos mensais de 2 a 5 salários mínimos. De modo geral, você pode dividir as faixas de renda do Brasil em quem ganha até 5 salários mínimos e os que ganham acima disso, são duas partes bem diferentes do eleitorado. Não há chance nenhuma de ganhar eleição no Brasil se você não tem uma penetração importante nos eleitores dessa faixa que ganha até 5 salários mínimos, que são eleitores de renda baixa, mas que já superaram uma condição básica de pobreza. Eu acho uma maneira interessante de pensar o processo da tomada de decisão é que o fiel da balança esteja localizado entre esses eleitores. Eles podem ser recuperáveis uma vez que tiveram uma ascensão de classe patrocinada, direta ou indiretamente, por programas do governo. Essa é um elemento que joga a favor da candidata do PT. Se isso será suficiente para reverter o que as pessoas hoje indicam em relação ao segundo turno, não é possível dizer nesse momento, mas é uma possibilidade.
A ascensão do discurso conservador representa algum perigo para o Brasil? As questões morais têm ganhado mais espaço no debate político?
Existe uma situação complexa, porque as questões morais estão gradativamente ganhando maior peso na disputa eleitoral, mas eu não acho que seja numa mudança completa em que de uma hora para a outra elas vão passar ao centro do debate ou da decisão eleitoral. Elas vão de alguma maneira se combinar com os problemas centrais que na verdade continuam sendo da esfera econômica. A Marina Silva é evangélica, por isso ela exerce uma atração sob os evangélicos. Os membros dessas igrejas pentecostais e neopentecostais dão bastante importância a essa questão moral, portanto isso pode fortalecer a candidatura dela e ao mesmo tempo explica o motivo dela tomar a atitude de recuar na questão do casamento entre homossexuais. As confissões evangélicas estão bastante voltadas para a participação política e essa participação se dá em torno de eixos morais com posturas conservadoras. Na medida em que essas confissões crescem, sem dúvida há um ambiente mais conservador. Todo esse cenário tem influência sobre o conjunto da política brasileira porque essa posição está nitidamente crescendo e puxando a política pra uma configuração que antes ela não tinha, por exemplo, essas questões morais e a influência dela nas eleições majoritárias, mesmo sendo tímidas, começam a aparecer e impactar todos os atores, sobretudo os partidos majoritários. O PSDB visivelmente será impactado, mas também o PT será, como outros. Talvez eu não falasse em ascensão do conservadorismo, mas que há vários sinais de crescimento. Nas questões morais, que se ligam ao crescimento das confissões evangélicas; no plano da cultura também você observa uma proliferação de autores que já assumem uma posição mais clara abertamente de direita. Além disso, naqueles setores em que houve uma ascensão social, começa a ficar mais forte a defesa de posições meritocráticas, que deve ter mais sucesso aquele que faz mais esforço, e isso vem acompanhado de uma posição que é contraria a universalização de direitos, sobretudo direitos que sejam garantidos pelo estado e por investimentos públicos.
As manifestações de junho de 2013 tiveram uma temática muito variada. O primeiro ponto era a mobilidade urbana, passou pela condenação da violência policial e chegou à reforma política. Inclusive o assunto chamou atenção da presidenta Dilma que foi para rede nacional na TV defender um Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva do Sistema Político, que hoje foi encampada pelos movimentos sociais. É essencial hoje uma reforma política no Brasil? E com que fins?
O movimento pela reforma política é uma das novidades mais interessantes e promissoras desse último período. Acredito que ele aponta na direção de uma transformação necessária e muito positiva e que fundamentalmente passa pela questão de democratizar a democracia. A democracia é um regime político insuperável do ponto de vista dos interesses populares, mas ela está sempre em movimento, não é uma obra acabada e encerrada e tanto pode sofrer pressões tanto no sentido de ser colonizado pelo dinheiro quanto no sentido de ser reapropriado pela própria população. No caso brasileiro, a reforma me parece fundamental porque embora tenhamos aspectos democráticos muito interessantes, como o referendo, as conferências nacionais e essa proposta de formalização dos mecanismos de participação por meio dos conselhos, as campanhas eleitorais são das mais caras do mundo e o sistema de financiamento delas se transformou em um sistema empresarial. Evidentemente, quando as campanhas ficam tão caras e são praticamente todas financiadas por empresas, você está numa condição em que o capital tem muita influência sobre o processo eleitoral, e o cidadão comum e os movimentos populares muito pouca. Penso que daríamos um grande passo se conseguíssemos modificar a forma de fazer campanha. Elas têm que ser mais baratas e com teto de custos baixo e que, portanto, qualquer campanha mais cara fosse facilmente fiscalizável. Se estabelecesse obrigatoriedade de programas de televisão no horário gratuito em que os candidatos se apresentassem expondo seus programas, sem toda essa parafernália cinematográfica caríssima que acrescenta pouco à pedagogia democrática. O argumento contrário é o de que vão continuar existindo doações por baixo do pano e que se você promulgar uma legislação desse tipo você vai perder o controle sobre as doações em lugar de adquirir maior controle. Eu reconheço que esse não é um argumento trivial, pois toda a mudança de regra tem uma maneira de se burlar. Mas a sociedade tem que tentar se mexer na direção de encontrar um modelo que faça esse movimento de democratizar a democracia. No contrário, vai acontecer o que muitos observam em diversos países do mundo, sobretudo nos mais desenvolvidos, em que há um esvaziamento da democracia, uma percepção por parte dos eleitores que a política não tem nada a ver com ele, é uma estância que funciona descolada das aspirações da própria sociedade. Eu reconheço que mudar regras não é simples, e que a gente precisa ter uma postura cautelosa, mas ao mesmo tempo é preciso convir que a sociedade tem que se mexer, ela tem que tentar essas mudanças na direção daquilo que lhe interessa. Ela estando mobilizada em torno desse movimento é a maior garantia de que as novas regras poderão funcionar. É claro que haverá tentativas de fazer financiamento por baixo do pano se você mudar a regra que proíba, por exemplo, a doação de pessoa jurídica. Como você vai evitar isso? A mobilização da sociedade como fiscalizadora.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Divulgando. Nota de um PM indignado.
divulgando nota anonim@ de um PM indignado.
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Será que ninguém está vendo o que esta novamente ocorrendo na nossa capital?
Logo após a realização da operação sexto mandamento, os policiais que não foram presos na operação foram lotados no Grupo de Radio Patrulhamento Aéreo da PMGO - GRAER, local onde estavam lotados vários dos policias que foram presos, inclusive o Tenente Coronel Ricardo Rocha. Criou-se ali um feudo, comandado pelo Major Ricardo Mendes pelo Capitão Durvalino Câmara, este último conhecido pela liderança exercida sobre todo o grupo “sexto mandamento”.
Como todos estes estavam diretamente ligados ao poder executivo estadual que antecedeu o atual, leia-se Secretário Braga, Secretário Roler, e Governador Alcides, no início do atual governo não tiveram muito espaço. Porém utilizando de uma estratégia maquiavélica, lançaram por meio de convencimento do Secretário de Segurança Pública atual, João Furtado, o projeto de criação de um super comando, denominado de Comando de Missões Especiais - CME.
O Comandante Geral, Coronel Edson influenciado pelo Capitão Câmara e Major Ricardo Mendes, indicou o Tenente Coronel Urzeda para ser o Comandante do CME, função que por lei deveria ser ocupada por Coronel e não por Tenente Coronel. O Tenente Coronel Urzeda por sua vez, recentemente foi comandante do Capitão Câmara na ROTAM, e como ficou deslumbrado com a possibilidade de ser promovido precocemente a Coronel (é o Tenente Coronel mais novo e há menos tempo no cargo da Policia Militar de Goias), vem se submetendo aos mandos e desmandos do Capitão Câmara. Foi então criado neste ano o CME, que agrega as seguintesunidades, GRAER, Companhia de Operações Especiais, Comando de Divisas e o CME 2, serviço de inteligência onde estão lotados todos os assassinos da operação sexto mandamento comandados pelo Capitão Câmara.
O resultado deste quadro todos estão vendo, mortes violentas, morte de policiais, chacinas, supostos confrontos com mortes e a velha tática da prática de assassinatos com utilização de motos, ou seja, nada além do que ocorria antes da operação sexto mandamento.Vão aqui alguns fatos para que a Polícia Civil (que parece estar acovardada) tome providências e para que as demais autoridades tenham conhecimento (caso já não tenham):
• A chacina no Jardim Olímpico no final de 2011 onde foram assassinadas 6 pessoas inclusive uma criança de quatro anos, foi praticada porque um parente das vítimas envolvido com o mundo do crime, teria ameaçado de morte o soldado Osiris e o Sargento Diniz (CME2) por desacordo de extorsão de traficantes. A chacina foi promovida pelos seguintes militares: Subtenente Fritiz, Sargento Diniz, Sargento Da Silva, soldado Osiris e Soldado Figueiredo, sendo este último o autor da morte da criança. Os peritos repassaram para o Delegado que investigava o caso Dr. Anderson (que por pressão do grupo pediu afastamento recentemente), o laudo com cápsulas de cal. .40 com numeração específica, característica das munições usadas na PMGO. O Dr. Anderson sabe inclusive por meio de informações sobre o que está aqui escrito, respondão porque não foi tomada providencias aos responsáveis.
• A assassinato do Cabo Barbosa lotado no Batalhao rodoviario ocorrido no mês de junho, ocorreu em decorrência de um desentendimento entre integrantes do CME 2 e a vítima que era informante dos mesmos. O desentendimento deu-se em razão de uma apreensão de maconha vinda de Campo Grande MS, onde todosiriam extorquir o traficante. Algo deu errado, ocorreu então a prisão do traficante e apresentação do material apreendido. O Sargento Darcs que está preso no Presídio Militar sabe de tudo, pois teve participação ativa. O Sargento Antônio e o Soldado Sousa que faziam parte do serviço de inteligência do Batalhao rodoviario, também sabem, e foram afastados as função e ameaçados de morte pelo CME 2. O comandante geral, coronel Edson, que é ligado diretamente ao grupo de extermínio sabia de toda a ação, inclusive não permitiu nem que se noticiasse a morte no site da policia militar.
• A morte dos marginais Alexandro Marques de Sousa “sandrinho” e Wilian da Silva “Tripão” por integrantes do CME sem farda, do “melhor serviço de inteligência do Brasil”, como disse o Comandante Urzeda, na BR 153, foi uma execução clássica, onde as vítimas após rendidas foram friamente assassinadas.
• O assassinato do jornalista Valério Luis, filho do Mané de Oliveira tem relação direta com o Tenente Coronel (e se “deus” abençoar e o Governador assinar, futuro coronel) Urzeda que como todos sabem é intimamente ligado à diretoria do Atlético, uma das principais vítimas dos comentários da vítima. Quem executou o jornalista foi o SD Figueiredo do CME2, se houver um reconhecimento do mesmo pelas testemunhas não haverá dúvidas. Estão organizando uma acusação contra um menor de idade, que, ou irá assumir, ou irá morrer, e a arma do crime será plantada com esse indivíduo, podem anotar isso aí, se não der tempo dessa informação chegar no comandante Urzeda (viu serviço de inteligência da secretaria de segurança publica, que ao invés de investigar, informam o bandido.)
• A ocorrência no pátio do Carrefour Sudoeste recentemente onde a vítima, advogado, foi morto pelos agentes do CME 2, Sargento Diniz, Soldado Jordão e Tenente Adinailton, acusado de estar armado (o revolver foi colocado no carro com cápsulas deflagradas sem a vítima ter feito nenhum disparo, e ainda foi colocado no banco, onde depois de uma colisão nem saiu do lugar...), conta com uma verdadeira força tarefa para dissimular o que realmente ocorreu, execução clara. Recentemente um policial diz ter achado um tablete de maconha justamente onde o carro do advogado foi localizado, e pior, a delegada de Homicídio, Dra Adriana que tem ciência de vários fatos e esta com medo fez menção de que a droga era da vítima.
Que absurdo. Como alguém que estava com a mulher em trabalho de parto, estaria praticando tráfico de drogas, sem drogas e sem comprador, diga-se de passagem, e com a mulher no hospital em trabalho de parto. Tudo que está aqui é de conhecimento de vários seguimentos da sociedade e da polícia, e as ações são comandadas pelo Tenente coronel Urzeda (que vai ser coronel, podem anotar isso) e executadas pela tropa do CME conduzidas pelo Capitão Câmara. Caso o Governador, o Comandante da PMGO, o Ministério Público, a OAB, o Poder Judiciários dentre outras instituições tenham interesse em tomar providências, devem começar observando os policiais que estão lotados no CME2 e no GRAER, quase todos envolvidos direta e indiretamente no sexto mandamento.
A abrangência do comando desta organização criminosa e amplo está presente em praticamente todos os seguimentos da sociedade, motivo pelo qual estas denúncias são feitas de forma anônima, pois senão eu seria assassinado, e ainda me maculariam como traficante, colocariam uma arma em minhas mãos, nessas ocorrências manjadas que todos conhecemos, ou então uma moto passaria e... Autoridades tomem as providências cabíveis, pois esta carta foi enviada simultaneamente para o MPGO, OAB, canais de imprensa, Secretário de Segurança Pública e Comando da PMGO.Os últimos dois dificilmente tomarão providencias pois tem o Rabo preso.
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Será que ninguém está vendo o que esta novamente ocorrendo na nossa capital?
Logo após a realização da operação sexto mandamento, os policiais que não foram presos na operação foram lotados no Grupo de Radio Patrulhamento Aéreo da PMGO - GRAER, local onde estavam lotados vários dos policias que foram presos, inclusive o Tenente Coronel Ricardo Rocha. Criou-se ali um feudo, comandado pelo Major Ricardo Mendes pelo Capitão Durvalino Câmara, este último conhecido pela liderança exercida sobre todo o grupo “sexto mandamento”.
Como todos estes estavam diretamente ligados ao poder executivo estadual que antecedeu o atual, leia-se Secretário Braga, Secretário Roler, e Governador Alcides, no início do atual governo não tiveram muito espaço. Porém utilizando de uma estratégia maquiavélica, lançaram por meio de convencimento do Secretário de Segurança Pública atual, João Furtado, o projeto de criação de um super comando, denominado de Comando de Missões Especiais - CME.
O Comandante Geral, Coronel Edson influenciado pelo Capitão Câmara e Major Ricardo Mendes, indicou o Tenente Coronel Urzeda para ser o Comandante do CME, função que por lei deveria ser ocupada por Coronel e não por Tenente Coronel. O Tenente Coronel Urzeda por sua vez, recentemente foi comandante do Capitão Câmara na ROTAM, e como ficou deslumbrado com a possibilidade de ser promovido precocemente a Coronel (é o Tenente Coronel mais novo e há menos tempo no cargo da Policia Militar de Goias), vem se submetendo aos mandos e desmandos do Capitão Câmara. Foi então criado neste ano o CME, que agrega as seguintesunidades, GRAER, Companhia de Operações Especiais, Comando de Divisas e o CME 2, serviço de inteligência onde estão lotados todos os assassinos da operação sexto mandamento comandados pelo Capitão Câmara.
O resultado deste quadro todos estão vendo, mortes violentas, morte de policiais, chacinas, supostos confrontos com mortes e a velha tática da prática de assassinatos com utilização de motos, ou seja, nada além do que ocorria antes da operação sexto mandamento.Vão aqui alguns fatos para que a Polícia Civil (que parece estar acovardada) tome providências e para que as demais autoridades tenham conhecimento (caso já não tenham):
• A chacina no Jardim Olímpico no final de 2011 onde foram assassinadas 6 pessoas inclusive uma criança de quatro anos, foi praticada porque um parente das vítimas envolvido com o mundo do crime, teria ameaçado de morte o soldado Osiris e o Sargento Diniz (CME2) por desacordo de extorsão de traficantes. A chacina foi promovida pelos seguintes militares: Subtenente Fritiz, Sargento Diniz, Sargento Da Silva, soldado Osiris e Soldado Figueiredo, sendo este último o autor da morte da criança. Os peritos repassaram para o Delegado que investigava o caso Dr. Anderson (que por pressão do grupo pediu afastamento recentemente), o laudo com cápsulas de cal. .40 com numeração específica, característica das munições usadas na PMGO. O Dr. Anderson sabe inclusive por meio de informações sobre o que está aqui escrito, respondão porque não foi tomada providencias aos responsáveis.
• A assassinato do Cabo Barbosa lotado no Batalhao rodoviario ocorrido no mês de junho, ocorreu em decorrência de um desentendimento entre integrantes do CME 2 e a vítima que era informante dos mesmos. O desentendimento deu-se em razão de uma apreensão de maconha vinda de Campo Grande MS, onde todosiriam extorquir o traficante. Algo deu errado, ocorreu então a prisão do traficante e apresentação do material apreendido. O Sargento Darcs que está preso no Presídio Militar sabe de tudo, pois teve participação ativa. O Sargento Antônio e o Soldado Sousa que faziam parte do serviço de inteligência do Batalhao rodoviario, também sabem, e foram afastados as função e ameaçados de morte pelo CME 2. O comandante geral, coronel Edson, que é ligado diretamente ao grupo de extermínio sabia de toda a ação, inclusive não permitiu nem que se noticiasse a morte no site da policia militar.
• A morte dos marginais Alexandro Marques de Sousa “sandrinho” e Wilian da Silva “Tripão” por integrantes do CME sem farda, do “melhor serviço de inteligência do Brasil”, como disse o Comandante Urzeda, na BR 153, foi uma execução clássica, onde as vítimas após rendidas foram friamente assassinadas.
• O assassinato do jornalista Valério Luis, filho do Mané de Oliveira tem relação direta com o Tenente Coronel (e se “deus” abençoar e o Governador assinar, futuro coronel) Urzeda que como todos sabem é intimamente ligado à diretoria do Atlético, uma das principais vítimas dos comentários da vítima. Quem executou o jornalista foi o SD Figueiredo do CME2, se houver um reconhecimento do mesmo pelas testemunhas não haverá dúvidas. Estão organizando uma acusação contra um menor de idade, que, ou irá assumir, ou irá morrer, e a arma do crime será plantada com esse indivíduo, podem anotar isso aí, se não der tempo dessa informação chegar no comandante Urzeda (viu serviço de inteligência da secretaria de segurança publica, que ao invés de investigar, informam o bandido.)
• A ocorrência no pátio do Carrefour Sudoeste recentemente onde a vítima, advogado, foi morto pelos agentes do CME 2, Sargento Diniz, Soldado Jordão e Tenente Adinailton, acusado de estar armado (o revolver foi colocado no carro com cápsulas deflagradas sem a vítima ter feito nenhum disparo, e ainda foi colocado no banco, onde depois de uma colisão nem saiu do lugar...), conta com uma verdadeira força tarefa para dissimular o que realmente ocorreu, execução clara. Recentemente um policial diz ter achado um tablete de maconha justamente onde o carro do advogado foi localizado, e pior, a delegada de Homicídio, Dra Adriana que tem ciência de vários fatos e esta com medo fez menção de que a droga era da vítima.
Que absurdo. Como alguém que estava com a mulher em trabalho de parto, estaria praticando tráfico de drogas, sem drogas e sem comprador, diga-se de passagem, e com a mulher no hospital em trabalho de parto. Tudo que está aqui é de conhecimento de vários seguimentos da sociedade e da polícia, e as ações são comandadas pelo Tenente coronel Urzeda (que vai ser coronel, podem anotar isso) e executadas pela tropa do CME conduzidas pelo Capitão Câmara. Caso o Governador, o Comandante da PMGO, o Ministério Público, a OAB, o Poder Judiciários dentre outras instituições tenham interesse em tomar providências, devem começar observando os policiais que estão lotados no CME2 e no GRAER, quase todos envolvidos direta e indiretamente no sexto mandamento.
A abrangência do comando desta organização criminosa e amplo está presente em praticamente todos os seguimentos da sociedade, motivo pelo qual estas denúncias são feitas de forma anônima, pois senão eu seria assassinado, e ainda me maculariam como traficante, colocariam uma arma em minhas mãos, nessas ocorrências manjadas que todos conhecemos, ou então uma moto passaria e... Autoridades tomem as providências cabíveis, pois esta carta foi enviada simultaneamente para o MPGO, OAB, canais de imprensa, Secretário de Segurança Pública e Comando da PMGO.Os últimos dois dificilmente tomarão providencias pois tem o Rabo preso.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
A VERDADEIRAB HISTÓRIA DA QUEDA DO PRESIDENTE PARAGUAIO.
postagem inicialmente observada em: aqui
A Monsanto, os mortos de Curuguaty e o julgamento político de Lugo
Foram muitos os sinais que antecederam o golpe contra o presidente Fernando Lugo: a maneira como ocorreu o conflito em Curuguaty que deixou 17 mortos, a presença de franco-atiradores entre os camponeses, a campanha via jornal ABC Color contra os funcionários do governo que se opunham à liberação das sementes de algodão transgênico da Monsanto, a convocação de um tratoraço nacional com bloqueio de estradas para o dia 25. O jornalista paraguaio Idilio Méndez Grimaldi conta essa história e adverte: "os mortos de Curugaty carregam uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil".
Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os impulsionadores de uma ideologia que promove o lucro máximo a qualquer preço e quanto mais, melhor, agora e no futuro. No dia 15 de junho de 2012, um grupo de policiais que ia cumprir uma ordem de despejo no departamento de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados com camponeses que pediam terras para sobreviver. A ordem de despejo foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Resultado da ação: 17 mortos, 6 policiais e 11 camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o governo frouxo e tímido de Fernando Lugo caiu com debilidade ascendente e extrema, cada vez mais à direita, a ponto de ser levado a julgamento político por um Congresso dominado pela direita.
Trata-se de um duro revés para a esquerda e para as organizações sociais e campesinas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses. Representa ainda um avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, mediante a perseguição dos camponeses e a tomada de suas terras. Finalmente, implica a instalação de um cômodo palco para as oligarquias e os partidos de direita para seu retorno triunfal nas eleições de 2013 ao poder Executivo.
No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério da Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente a semente de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norteamericana de biotecnologia Monsanto, para seu plantio comercial no Paraguai. Os protestos de organizações camponesas e ambientalistas foram imediatos. O gene deste algodão está misturado com o gene do Bacillus thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do bicudo, um coleóptero que deposita seus ovos no botão da flor do algodão.
O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave), instituição do Estado paraguaio dirigida por Miguel Lovera, não inscreveu essa semente nos registros de cultivares pela falta de parecer do Ministério da Saúde e da Secretaria do Ambiente, como exige a legislação.
Campanha midiática
Nos meses posteriores, a Monsanto, por meio da União de Grêmios de Produção (UGP), estreitamente ligada ao grupo Zuccolillo, que publica o jornal ABC Color, lançou uma campanha contra o Senave e seu presidente por não liberar o uso comercial em todo o país da semente de algodão transgênico da Monsanto. A contagem regressiva decisiva parece ter iniciado com uma nova denúncia por parte de uma pseudosindicalista do Senave, chamada Silvia Martínez, que, no dia 7 de junho, acusou Lovera de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, nas páginas do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosan, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra transnacional, todas sócias da UGP.
No dia seguinte, 8 de junho, a UGP publicou no ABC uma nota em seis colunas: “Os 12 argumentos para destituir Lovera”. Estes supostos argumentos foram apresentados ao vice-presidente da República, correligionário do ministro da Agricultura, o liberal Federico Franco, que naquele momento era o presidente interino do Paraguai, em função de uma viagem de Lugo pela Ásia.
No dia 15, por ocasião de uma exposição anual organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o ministro Enzo Cardoso deixou escapar um comentário diante da imprensa que um suposto grupo de investidores da Índia, do setor de agroquímicos, cancelou um projeto de investimento no Paraguai por causa da suposta corrupção no Senave. Ele nunca esclareceu que grupo era esse. Aproximadamente na mesma hora daquele dia, ocorriam os trágicos eventos de Curuguaty.
No marco desta exposição preparada pelo citado Ministério, a Monsanto apresentou outra variedade de algodão, duplamente transgênica: BT e RR, ou Resistente ao Roundup, um herbicida fabricado e patenteado pela transnacional. A pretensão da Monsanto é a liberação desta semente transgênica no Paraguai, tal como ocorreu na Argentina e em outros países do mundo.
Antes desses fatos, o diário ABC Color denunciou sistematicamente, por supostos atos de corrupção, a ministra da Saúde, Esperanza Martínez, e o ministro do Ambiente, Oscar Rivas, dois funcionários do governo que não deram parecer favorável a Monsanto.
Em 2001, a Monsanto faturou 30 milhões de dólares, livre de impostos (porque não declara essa parte de sua renda), somente na cobrança de royalties pelo uso de sementes de soja transgênica no Paraguai. Toda a soja cultivada no país é transgênica, numa extensão de aproximadamente 3 milhões de hectares, com uma produção em torno de 7 milhões de toneladas em 2010.
Por outro lado, na Câmara de Deputados já se aprovou o projeto de Lei de Biossegurança, que cria um departamento de biossegurança dentro do Ministério da Agricultura, com amplos poderes para a aprovação para cultivo comercial de todas as sementes transgênicas, sejam de soja, de milho, de arroz, algodão e mesmo algumas hortaliças. O projeto prevê ainda a eliminação da Comissão de Biossegurança atual, que é um ente colegiado forma por funcionários técnicos do Estado paraguaio.
Enquanto transcorriam todos esses acontecimentos, a UGP preparava um ato de protesto nacional contra o governo de Fernando Lugo para o dia 25 de junho. Seria uma manifestação com máquinas agrícolas fechando estradas em distintos pontos do país. Uma das reivindicações do chamado “tratoraço” era a destituição de Miguel Lovera do Senave, assim como a liberalização de todas as sementes transgênicas para cultivo comercial.
As conexões
A UGP é dirigida por Héctor Cristaldo, apoiado por outros apóstolos como Ramón Sánchez – que tem negócios com o setor dos agroquímicos -, entre outros agentes das transnacionais do agronegócio. Cristaldo integra o staff de várias empresas do Grupo Zuccolillo, cujo principal acionista é Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do diário ABC Color, desde sua função sob o regime de Stroessner, em 1967. Zuccolillo é dirigente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
O grupo Zuccolillo é sócio principal no Paraguai da Cargill, uma das maiores transnacionais do agronegócio no mundo. A sociedade entre os dois grupos construiu um dos portos graneleiros mais importantes do Paraguai, denominado Porto União, a 500 metros da área de captação de água da empresa de abastecimento do Estado paraguaio, no Rio Paraguai, sem nenhuma restrição.
As transnacionais do agronegócio no Paraguai praticamente não pagam impostos, mediante a férrea proteção que tem no Congresso, dominado pela direita. A carga tributária no Paraguai é apenas de 13% sobre o PIB. Cerca de 60% do imposto arrecadado pelo Estado paraguaio é via Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Os latifundiários não pagam impostos. O imposto imobiliário representa apenas 0,04% da carga tributária, cerca de 5 milhões de dólares, segundo estudo do Banco Mundial, embora a renda do agronegócio seja de aproximadamente 30% do PIB, o que representa cerca de 6 bilhões de dólares anuais.
O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Cerca de 85% das terras, aproximadamente 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% de proprietários, que se dedicam à produção meramente para exportação ou, no pior dos casos, à especulação sobre a terra. A maioria desses oligarcas possui mansões em Punta del Este ou em Miami e mantém estreitas relações com transnacionais do setor financeiro, que guardam seus bens mal havidos nos paraísos fiscais ou tem investimentos facilitados no exterior. Todos eles, de uma ou outra maneira, estão ligados ao agronegócio e dominam o espectro político nacional, com amplas influências nos três poderes do Estado. Ali reina a UGP, apoiada pelas transnacionais do setor financeiro e do agronegócio.
Os fatos de Curugaty
Curuguaty é uma cidade na região oriental do Paraguai, a cerca de 200 quilômetros de Assunção, capital do país. A alguns quilômetros de Curuguaty encontra-se a fazenda Morombi, de propriedade do latifundiário Blas Riquelme, com mais de 70 mil hectares nesse lugar. Riquelme provém das entranhas da ditadura de Stroessner (1954-1989), sob cujo regime acumulou uma intensa fortuna. Depois, aliou-se ao general Andrés Rodríguez, que executou o golpe de Estado que derrubou o ditador Stroessner. Riquelme, que foi presidente do Partido Colorado por muitos anos e senador da República, dono de vários supermercados e estabelecimentos pecuários, apropriou-se mediante subterfúgios legais de aproximadamente 2 mil hectares que pertencem ao Estado paraguaio.
Esta parcela foi ocupada pelos camponeses sem terra que vinham solicitando ao governo de Fernando Lugo sua distribuição. Um juiz e uma promotora ordenaram o despejo dos camponeses, por meio do Grupo Especial de Operações (GEO), da Polícia Nacional, cujos membros de elite, em sua maioria, foram treinados na Colômbia, sob o governo de Uribe, para a luta contra as guerrilhas.
Só uma sabotagem interna dentro dos quadros de inteligência da polícia, com a cumplicidade da promotoria, explica a emboscada, na qual morreram seis policiais. Não se compreende como policiais altamente treinados, no marco do Plano Colômbia, puderam cair facilmente em uma suposta armadilha montada pelos camponeses, como quer fazer crer a imprensa dominada pela oligarquia. Seus camaradas reagiram e dispararam contra os camponeses, matando 11 e deixando uns 50 feridos. Entre os policiais mortos estava o chefe do GEO, comissário Erven Lovera, irmão do tenente coronel Alcides Lovera, chefe de segurança do presidente Lugo.
O plano consiste em criminalizar, levar até ao ódio extremo todas as organizações campesinas, para fazer os camponeses abandonarem o campo, deixando-o para uso exclusivo do agronegócio. É um processo doloroso, “descampesinização” do campo paraguaio, que atenta diretamente contra a soberania alimentar, a cultura alimentar do povo paraguaio, por serem os camponeses produtores e recriadores ancestrais de toda a cultura guarani.
Tanto o Ministério Público, como o Poder Judiciário e a Polícia Nacional, assim como diversos organismos do Estado paraguaio estão controlados mediante convênios de cooperação com a USAID, agência de cooperação dos Estados Unidos.
O assassinato do irmão do chefe de segurança do presidente da República obviamente foi uma mensagem direta a Fernando Lugo, cuja cabeça seria o próximo objetivo, provavelmente por meio de um julgamento político, mesmo que ele tenha levado seu governo mais para a direita, tratando de acalmar as oligarquias. O ocorrido em Curuguaty derrubou Carlos Filizzola do Ministério do Interior. Em seu lugar, foi nomeado Rubén Candia Amarilla, proveniente do opositor Partido Colorado, o qual Lugo derrotou nas urnas em 2008, após 60 anos de ditadura colorada, incluindo a tirania de Alfredo Stroessner.
Candia foi ministro da Justiça do governo colorado de Nicanor Duarte (2003-2008) e atuou como procurador geral do Estado por um período, até o ano passado, quando foi substituído por outro colorado, Javier Díaz Verón, por iniciativa do próprio Lugo. Candia é acusado de ter promovido a repressão contra dirigentes de organizações campesinas e de movimentos populares. Sua indicação como procurador geral do Estado em 2005 foi aprovada pelo então embaixador dos Estados Unidos, John F. Keen. Candia foi responsável por um maior controle do Ministério Público por parte da USAID e foi acusado por Lugo no início do governo de conspirar para tirá-lo do poder.
Após assumir como ministro político de Lugo, a primeira coisa que Candia fez foi anunciar o fim do protocolo de diálogo com os campesinos que ocupam propriedades. A mensagem foi clara: não haverá conversação, mas simplesmente a aplicação da lei, o que significa empregar a força policial repressiva sem contemplação. Dois dias depois de Candia assumir, os membros do UGP, encabeçados por Héctor Cristaldo, foram visitar o flamante ministro do Interior, a quem solicitaram garantias para a realização do tratoraço no dia 25. No entanto, Cristaldo disse que a medida de força poderia ser suspensa, em caso de sinais favoráveis para a UGP (leia-se: liberação das sementes transgênicas da Monsanto, destituição de Lovera e de outros ministros, entre outras vantagens para o grande capital e os oligarcas), levando o governo ainda mais para a direita.
Cristaldo é pré-candidato a deputado para as eleições de 2013 por um movimento interno do Partido Colorado, liderado por Horacio Cartes, um empresário investigado em passado recente nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e narcotráfico, segundo o próprio ABC Color, que foi ecoado por várias mensagens do Departamento de Estado dos EUA, conforme divulgado por Wikileaks. Entre elas, uma se referia diretamente a Cartes, no dia 15 de novembro de 2011.
Julgamento político de Lugo
Enquanto escrevia esse artigo, a UGP (4), alguns integrantes do Partido Colorado e os próprios integrantes do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), dirigido pelo senador Blas Llano e aliado do governo até então, começaram a ameaçar com a abertura de um processo de impeachment de Fernando Lugo para destituí-lo do cargo de presidente da República. Lugo passou a depender do humor dos colorados para seguir como presidente do país, assim como do de seus aliados liberais, que passaram a ameaçá-lo com um julgamento político, seguramente buscando mais espaços de poder (dinheiro) como condição para a paz. O Partido Colorado, aliado a outros partidos minoritários de oposição tinha a maioria necessária para destituir o presidente de suas funções.
Talvez esperassem “os sinais favoráveis” de Lugo que a UGP – em nome da Monsanto, da pátria financeira e dos oligarcas – estava exigindo do governo. Caso contrário se passaria à fase seguinte, de interrupção deste governo que nasceu como progressista e lentamente foi terminando como conservador, controlado pelos poderes da oposição.
Entre outras coisas, Lugo é responsável pela aprovação da Lei Antiterrorista, patrocinada pelos EUA em todo o mundo depois do 11 de setembro. Em 2010, ele autorizou a implementação da Iniciativa Zona Norte, que consiste na instalação e deslocamento de tropas e civis norteamericanos no norte da região oriental – no nariz do Brasil – supostamente para desenvolver atividades a favor das comunidades campesinas.
A Frente Guazú, coalizão das esquerdas que apoia Lugo, não conseguiu unificar seu discurso e seus integrantes acabaram perdendo a perspectiva na análise do poder real, ficando presos nos jogos eleitorais imediatistas. Infiltrados pelo USAID, muitos integrantes da Frente Guazú, que participavam da administração do Estado, sucumbiram ao canto de sereia do consumismo galopante do neoliberalismo. Se corromperam até os ossos, convertendo-se em cópias vaidosas de novos ricos que integravam os recentes governos do direitista Partido Colorado.
Curuguaty também engloba uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil, em cuja fronteira se produziram esses fatos sangrentos, claramente dirigidos pelos senhores da guerra, cujos teatros de operações estão montados no Iraque, Líbia, Afeganistão e, agora, Síria. O Brasil está construindo um processo de hegemonia mundial junto com a Rússia, Índia e China, denominado BRIC. No entanto, os EUA não recuam na tentativa de manter seu poder de influência na região. Já está em marcha o novo eixo comercial integrado por México, Panamá, Colômbia, Peru e Chile. É um muro de contenção aos desejos expansionistas do Brasil na direção do Pacífico.
Enquanto isso, Washington segue sua ofensiva diplomática em Brasília, tratando de convencer o governo de Dilma Rousseff a estreitar vínculos comerciais, tecnológicos e militares. Além disso, a IV Frota dos EUA, reativada há alguns anos após estar fora de serviço desde o fim da Segunda Guerra Mundial, vigia todo o Atlântico Sul, caracterizando um outro cerco ao Brasil, caso a persuasão diplomática não funcione.
E o Paraguai é um país em disputa entre ambos países hegemônicos, sendo ainda amplamente dominado pelos EUA. Por isso, os eventos de Curuguaty representam também um pequeno sinal para o Brasil, no sentido de que o Paraguai pode se converter em um obstáculo para o desenvolvimento do sudoeste do Brasil.
Mas, acima de tudo, os mortos de Curuguaty representam um sinal do grande capital, do extrativismo explorador que assola o planeta e aplasta a vida em todos os rincões da Terra em nome da civilização e do desenvolvimento. Felizmente, os povos do mundo também vêm dando respostas a estes sinais da morte, com sinais de resistência, de dignidade e de respeito a todas as formas de vida no planeta.
(Por Idilio Méndez Grimaldi (*), Carta Maior, 25/06/2012)
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
(*) Jornalista, pesquisador e analista. Membro da Sociedade de Economia Política do Paraguai (SEPPY). Autor do livro “Lor Herederos de Stroessner”.
(**) Esse artigo foi escrito dias antes da aprovação, no Senado paraguaio, da abertura do processo de impeachment de Fernando Lugo.
domingo, 20 de maio de 2012
domingo, 13 de maio de 2012
Perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das Universidades Federais Brasileiras
O Coordenador Nacional do FONAPRACE, Prof. Valberes Bernardo do Nascimento, lançou ontem em Brasília, no Seminário Andifes “Assistência Estudantil e Política de Expansão”, o resultado da pesquisa nacional do “Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras”, realizada pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) com apoio da ANDIFES. O seminário contou com a presença do Secretário de Educação da SESu_MEC, Prof. Luiz Claudio Costa, do Presidente da Andifes, Prof. João Luiz Martins (Reitor da UFOP), dos Reitores das Universidades Federais e Pró-Reitores de Assuntos Estudantis de todo país, além de convidados e da imprensa nacional.
Perfil dos Estudantes das Federais:
Classes C, D e E (renda familiar de até três salários mínimos) representam 44% dos estudantes das Federais. Este percentual sobe para 69% e 52% nas regiões Norte e Nordeste, respectivamente.
Segundo o Coordenador Nacional do FONAPRACE, Prof. Valberes Nascimento, se considerarmos a significativa migração ascendente ocorrida entre as classes sociais nestes últimos oito anos, verificamos claramente que a manutenção do índice de 44% de estudantes das classes C, D e E nas Universidades Federais de 1996 a 2011 revela a importância das ações afirmativas de inclusão e permanência, resultantes dos maciços investimentos em Assistência Estudantil nos dois mandatos do governo Lula. Note-se que “se considerarmos que os estudantes pertencentes à classe B2 (renda familiar de até cinco salários mínimos) também se incluem no público alvo da Assistência Estudantil, este percentual sobe para 67%, quebrando o mito de que nas federais os estudantes são, em sua maioria, os mais ricos.
O estudante das Universidades Federais é jovem, tendo em média 23 anos de idade, sendo que o maior percentual situa-se na faixa de 21 anos de idade.
As mulheres são maioria (7% a mais do que os homens).
O percentual de estudantes de raça/cor/etnia preta aumentou quase 50% (8,7% contra 5,9% em 2004) com destaque para as regiões Norte e Nordeste.
Os estudantes egressos de escola pública representam quase 50% do alunado.
Clique aqui para baixar o relatório completo.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Informações retiradas daqui:
Depois de anos tramitando no Congresso Nacional, deputados aprovam com louvor novo texto que modifica principal lei florestal do Brasil. O texto mais brando do Senado foi rejeitado por 274 deputados, enquanto a seu favor votaram 184.
Isso significa que foi aprovado o relatório Piau, que flexibiliza ainda mais o Código Florestal.
Entenda o “sim” e o “não”
A votação teve uma pegadinha. Os deputados que votaram “sim” desejavam a manutenção do texto aprovado pelo Senado, apoiado pelo governo e que garantia faixas mínimas de proteção e recomposição florestal. Os deputados que votaram “não” votaram pelo relatório do deputado Paulo Piau, que anulou essas obrigações. Ganharam por 90 votos e reformaram a principal lei florestal brasileira.
Resultado da votação
Sim: 184
Não: 274
Abstenção: 2
Total da Votação: 460
Total Quorum: 461
Orientação
PT:Sim
PMDB:Não
PSDB:Não
PSD: Não
PrPtdobPrpPhsPtcPslPrtb:Não
PsbPcdob: Liberado
PP: Liberado
DEM: Não
PDT:Não
PvPps:Sim
PTB:Não
PSC:Não
PRB:Sim
PSOL:Sim
Minoria:Liberado
GOV.:Sim
Depois de anos tramitando no Congresso Nacional, deputados aprovam com louvor novo texto que modifica principal lei florestal do Brasil. O texto mais brando do Senado foi rejeitado por 274 deputados, enquanto a seu favor votaram 184.
Isso significa que foi aprovado o relatório Piau, que flexibiliza ainda mais o Código Florestal.
Entenda o “sim” e o “não”
A votação teve uma pegadinha. Os deputados que votaram “sim” desejavam a manutenção do texto aprovado pelo Senado, apoiado pelo governo e que garantia faixas mínimas de proteção e recomposição florestal. Os deputados que votaram “não” votaram pelo relatório do deputado Paulo Piau, que anulou essas obrigações. Ganharam por 90 votos e reformaram a principal lei florestal brasileira.
Resultado da votação
Sim: 184
Não: 274
Abstenção: 2
Total da Votação: 460
Total Quorum: 461
Orientação
PT:Sim
PMDB:Não
PSDB:Não
PSD: Não
PrPtdobPrpPhsPtcPslPrtb:Não
PsbPcdob: Liberado
PP: Liberado
DEM: Não
PDT:Não
PvPps:Sim
PTB:Não
PSC:Não
PRB:Sim
PSOL:Sim
Minoria:Liberado
GOV.:Sim
Parlamentar
|
UF
|
Voto
|
DEM
|
||
Abelardo Lupion | PR | Não |
Alexandre Leite | SP | Não |
Antonio Carlos Magalhães Neto | BA | Não |
Augusto Coutinho | PE | Não |
Claudio Cajado | BA | Não |
Davi Alcolumbre | AP | Não |
Efraim Filho | PB | Não |
Eli Correa Filho | SP | Não |
Fábio Souto | BA | Não |
Felipe Maia | RN | Não |
Jairo Ataide | MG | Não |
João Bittar | MG | Não |
Jorge Tadeu Mudalen | SP | Não |
Júlio Campos | MT | Não |
Lira Maia | PA | Não |
Luiz Carlos Setim | PR | Não |
Mandetta | MS | Não |
Mendonça Filho | PE | Não |
Mendonça Prado | SE | Sim |
Onyx Lorenzoni | RS | Não |
Pauderney Avelino | AM | Não |
Paulo Cesar Quartiero | RR | Não |
Professora Dorinha Seabra Rezende | TO | Não |
Rodrigo Maia | RJ | Sim |
Ronaldo Caiado | GO | Não |
Vitor Penido | MG | Não |
Total DEM: 26
|
||
PCdoB
|
||
Alice Portugal | BA | Sim |
Assis Melo | RS | Não |
Chico Lopes | CE | Não |
Daniel Almeida | BA | Sim |
Delegado Protógenes | SP | Sim |
Evandro Milhomen | AP | Não |
Jandira Feghali | RJ | Sim |
Jô Moraes | MG | Sim |
João Ananias | CE | Não |
Luciana Santos | PE | Não |
Manuela D`ávila | RS | Sim |
Osmar Júnior | PI | Não |
Total PCdoB: 12
|
||
PDT
|
||
André Figueiredo | CE | Não |
Ângelo Agnolin | TO | Não |
Brizola Neto | RJ | Sim |
Dr. Jorge Silva | ES | Não |
Enio Bacci | RS | Sim |
Felix Mendonça Júnior | BA | Não |
Flávia Morais | GO | Não |
Giovani Cherini | RS | Não |
Giovanni Queiroz | PA | Não |
João Dado | SP | Não |
Manato | ES | Não |
Marcelo Matos | RJ | Sim |
Marcos Medrado | BA | Não |
Marcos Rogério | RO | Não |
Miro Teixeira | RJ | Sim |
Oziel Oliveira | BA | Não |
Paulo Pereira da Silva | SP | Não |
Reguffe | DF | Sim |
Salvador Zimbaldi | SP | Não |
Sebastião Bala Rocha | AP | Sim |
Sueli Vidigal | ES | Não |
Vieira da Cunha | RS | Sim |
Wolney Queiroz | PE | Não |
Zé Silva | MG | Não |
Total PDT: 24
|
||
PHS
|
||
José Humberto | MG | Não |
Total PHS: 1
|
||
PMDB
|
||
Adrian | RJ | Não |
Alberto Filho | MA | Não |
Alceu Moreira | RS | Não |
Alexandre Santos | RJ | Não |
Antônio Andrade | MG | Não |
Arthur Oliveira Maia | BA | Não |
Asdrubal Bentes | PA | Não |
Benjamin Maranhão | PB | Não |
Carlos Bezerra | MT | Não |
Celso Maldaner | SC | Não |
Danilo Forte | CE | Não |
Darcísio Perondi | RS | Não |
Edinho Araújo | SP | Não |
Edinho Bez | SC | Não |
Edio Lopes | RR | Não |
Edson Ezequiel | RJ | Não |
Eduardo Cunha | RJ | Não |
Elcione Barbalho | PA | Sim |
Eliseu Padilha | RS | Não |
Fabio Trad | MS | Não |
Fátima Pelaes | AP | Não |
Fernando Jordão | RJ | Não |
Flaviano Melo | AC | Não |
Francisco Escórcio | MA | Não |
Gabriel Chalita | SP | Não |
Genecias Noronha | CE | Não |
Gera Arruda | CE | Não |
Geraldo Resende | MS | Sim |
Giroto | MS | Não |
Henrique Eduardo Alves | RN | Não |
Hermes Parcianello | PR | Não |
Hugo Motta | PB | Não |
Íris de Araújo | GO | Não |
João Arruda | PR | Não |
João Magalhães | MG | Não |
Joaquim Beltrão | AL | Não |
José Priante | PA | Não |
Júnior Coimbra | TO | Não |
Leandro Vilela | GO | Não |
Lelo Coimbra | ES | Não |
Leonardo Picciani | RJ | Não |
Leonardo Quintão | MG | Não |
Lucio Vieira Lima | BA | Não |
Luiz Pitiman | DF | Não |
Manoel Junior | PB | Não |
Marçal Filho | MS | Não |
Marcelo Castro | PI | Não |
Marinha Raupp | RO | Não |
Marllos Sampaio | PI | Não |
Mauro Benevides | CE | Não |
Mauro Lopes | MG | Não |
Mauro Mariani | SC | Não |
Natan Donadon | RO | Não |
Newton Cardoso | MG | Não |
Nilda Gondim | PB | Não |
Odílio Balbinotti | PR | Não |
Osmar Serraglio | PR | Não |
Osmar Terra | RS | Não |
Paulo Piau | MG | Não |
Pedro Chaves | GO | Não |
Pedro Novais | MA | Não |
Professor Setimo | MA | Não |
Raul Henry | PE | Sim |
Renan Filho | AL | Não |
Rogério Peninha Mendonça | SC | Não |
Ronaldo Benedet | SC | Não |
Rose de Freitas | ES | Não |
Sandro Mabel | GO | Não |
Saraiva Felipe | MG | Não |
Teresa Surita | RR | Não |
Valdir Colatto | SC | Não |
Washington Reis | RJ | Não |
Wilson Filho | PB | Não |
Wladimir Costa | PA | Não |
Total PMDB: 74
|
||
PMN
|
||
Jaqueline Roriz | DF | Não |
Total PMN: 1
|
||
PP
|
||
Afonso Hamm | RS | Não |
Aline Corrêa | SP | Sim |
Arthur Lira | AL | Sim |
Beto Mansur | SP | Não |
Carlos Magno | RO | Não |
Cida Borghetti | PR | Não |
Dilceu Sperafico | PR | Não |
Dimas Fabiano | MG | Não |
Eduardo da Fonte | PE | Sim |
Esperidião Amin | SC | Não |
Gladson Cameli | AC | Não |
Iracema Portella | PI | Sim |
Jair Bolsonaro | RJ | Não |
Jeronimo Goergen | RS | Não |
João Pizzolatti | SC | Não |
José Linhares | CE | Não |
Lázaro Botelho | TO | Não |
Luis Carlos Heinze | RS | Não |
Luiz Argôlo | BA | Não |
Luiz Fernando Faria | MG | Não |
Márcio Reinaldo Moreira | MG | Não |
Mário Negromonte | BA | Não |
Missionário José Olimpio | SP | Não |
Nelson Meurer | PR | Não |
Paulo Maluf | SP | Não |
Pedro Henry | MT | Não |
Rebecca Garcia | AM | Sim |
Renato Molling | RS | Não |
Roberto Britto | BA | Sim |
Roberto Teixeira | PE | Não |
Sandes Júnior | GO | Não |
Simão Sessim | RJ | Sim |
Toninho Pinheiro | MG | Não |
Vilson Covatti | RS | Não |
Waldir Maranhão | MA | Sim |
Total PP: 35
|
||
PPS
|
||
Arnaldo Jardim | SP | Não |
Arnaldo Jordy | PA | Sim |
Augusto Carvalho | DF | Sim |
Carmen Zanotto | SC | Não |
Dimas Ramalho | SP | Sim |
Roberto Freire | SP | Sim |
Rubens Bueno | PR | Sim |
Sandro Alex | PR | Não |
Stepan Nercessian | RJ | Sim |
Total PPS: 9
|
||
PR
|
||
Aelton Freitas | MG | Não |
Anderson Ferreira | PE | Não |
Anthony Garotinho | RJ | Abstenção |
Aracely de Paula | MG | Não |
Bernardo Santana de Vasconcellos | MG | Não |
Davi Alves Silva Júnior | MA | Não |
Dr. Adilson Soares | RJ | Não |
Francisco Floriano | RJ | Não |
Giacobo | PR | Não |
Inocêncio Oliveira | PE | Não |
Izalci | DF | Não |
João Carlos Bacelar | BA | Não |
Lúcio Vale | PA | Não |
Maurício Quintella Lessa | AL | Não |
Maurício Trindade | BA | Não |
Milton Monti | SP | Não |
Neilton Mulim | RJ | Sim |
Paulo Feijó | RJ | Não |
Paulo Freire | SP | Não |
Tiririca | SP | Não |
Valdemar Costa Neto | SP | Não |
Vicente Arruda | CE | Não |
Vinicius Gurgel | AP | Não |
Wellington Fagundes | MT | Não |
Wellington Roberto | PB | Não |
Zoinho | RJ | Não |
Total PR: 26
|
||
PRB
|
||
Acelino Popó | BA | Sim |
Antonio Bulhões | SP | Sim |
Cleber Verde | MA | Sim |
George Hilton | MG | Sim |
Heleno Silva | SE | Sim |
Jhonatan de Jesus | RR | Sim |
Márcio Marinho | BA | Sim |
Otoniel Lima | SP | Sim |
Vilalba | PE | Sim |
Vitor Paulo | RJ | Sim |
Total PRB: 10/p>
|
||
PRP
|
||
Jânio Natal | BA | Não |
Total PRP: 1
|
||
PSB
|
||
Abelardo Camarinha | SP | Não |
Alexandre Roso | RS | Não |
Antonio Balhmann | CE | Não |
Ariosto Holanda | CE | Sim |
Audifax | ES | Sim |
Domingos Neto | CE | Não |
Dr. Ubiali | SP | Sim |
Fernando Coelho Filho | PE | Sim |
Givaldo Carimbão | AL | Sim |
Glauber Braga | RJ | Sim |
Janete Capiberibe | AP | Sim |
Jonas Donizette | SP | Sim |
José Stédile | RS | Sim |
Júlio Delgado | MG | Sim |
Keiko Ota | SP | Sim |
Laurez Moreira | TO | Não |
Leopoldo Meyer | PR | Sim |
Luiz Noé | RS | Sim |
Luiza Erundina | SP | Sim |
Mauro Nazif | RO | Não |
Paulo Foletto | ES | Sim |
Romário | RJ | Não |
Sandra Rosado | RN | Não |
Severino Ninho | PE | Sim |
Valtenir Pereira | MT | Não |
Total PSB: 25
|
||
PSC
|
||
Andre Moura | SE | Não |
Antônia Lúcia | AC | Não |
Carlos Eduardo Cadoca | PE | Não |
Costa Ferreira | MA | Não |
Deley | RJ | Abstenção |
Edmar Arruda | PR | Não |
Hugo Leal | RJ | Sim |
Lauriete | ES | Não |
Leonardo Gadelha | PB | Não |
Mário de Oliveira | MG | Não |
Nelson Padovani | PR | Não |
Pastor Marco Feliciano | SP | Não |
Ratinho Junior | PR | Não |
Zequinha Marinho | PA | Não |
Total PSC: 14
|
||
PSD
|
||
Ademir Camilo | MG | Não |
Armando Vergílio | GO | Não |
Arolde de Oliveira | RJ | Não |
Átila Lins | AM | Não |
Carlos Souza | AM | Não |
César Halum | TO | Não |
Danrlei De Deus Hinterholz | RS | Não |
Diego Andrade | MG | Não |
Dr. Paulo César | RJ | Sim |
Edson Pimenta | BA | Não |
Eleuses Paiva | SP | Não |
Eliene Lima | MT | Não |
Fábio Faria | RN | Não |
Felipe Bornier | RJ | Sim |
Fernando Torres | BA | Não |
Francisco Araújo | RR | Não |
Geraldo Thadeu | MG | Não |
Guilherme Campos | SP | Não |
Guilherme Mussi | SP | Sim |
Hélio Santos | MA | Não |
Heuler Cruvinel | GO | Não |
Homero Pereira | MT | Não |
Hugo Napoleão | PI | Não |
Irajá Abreu | TO | Não |
Jefferson Campos | SP | Não |
Jorge Boeira | SC | Não |
José Carlos Araújo | BA | Não |
José Nunes | BA | Não |
Júlio Cesar | PI | Não |
Junji Abe | SP | Não |
Liliam Sá | RJ | Sim |
Manoel Salviano | CE | Não |
Moreira Mendes | RO | Não |
Nice Lobão | MA | Não |
Onofre Santo Agostini | SC | Não |
Paulo Magalhães | BA | Não |
Raul Lima | RR | Não |
Reinhold Stephanes | PR | Não |
Ricardo Izar | SP | Sim |
Roberto Santiago | SP | Sim |
Sérgio Brito | BA | Não |
Silas Câmara | AM | Sim |
Walter Tosta | MG | Sim |
Total PSD: 43
|
||
PSDB
|
||
Alberto Mourão | SP | Sim |
Alfredo Kaefer | PR | Não |
Andreia Zito | RJ | Sim |
Antonio Carlos Mendes Thame | SP | Não |
Antonio Imbassahy | BA | Sim |
Berinho Bantim | RR | Não |
Bonifácio de Andrada | MG | Não |
Bruno Araújo | PE | Não |
Carlos Alberto Leréia | GO | Não |
Carlos Brandão | MA | Não |
Carlos Sampaio | SP | Sim |
Cesar Colnago | ES | Sim |
Domingos Sávio | MG | Não |
Duarte Nogueira | SP | Não |
Dudimar Paxiúba | PA | Não |
Eduardo Barbosa | MG | Sim |
Emanuel Fernandes | SP | Sim |
Fernando Francischini | PR | Não |
João Campos | GO | Não |
Jorginho Mello | SC | Não |
Jutahy Junior | BA | Sim |
Leonardo Vilela | GO | Não |
Luiz Carlos | AP | Não |
Luiz Fernando Machado | SP | Sim |
Luiz Nishimori | PR | Não |
Mara Gabrilli | SP | Sim |
Marcio Bittar | AC | Não |
Marco Tebaldi | SC | Não |
Marcus Pestana | MG | Sim |
Nelson Marchezan Junior | RS | Não |
Nilson Leitão | MT | Não |
Otavio Leite | RJ | Sim |
Paulo Abi-Ackel | MG | Não |
Raimundo Gomes de Matos | CE | Não |
Reinaldo Azambuja | MS | Não |
Ricardo Tripoli | SP | Sim |
Rodrigo de Castro | MG | Sim |
Rogério Marinho | RN | Não |
Romero Rodrigues | PB | Sim |
Rui Palmeira | AL | Sim |
Ruy Carneiro | PB | Sim |
Sergio Guerra | PE | Não |
Vanderlei Macris | SP | Sim |
Vaz de Lima | SP | Sim |
Walter Feldman | SP | Sim |
Wandenkolk Gonçalves | PA | Não |
William Dib | SP | Sim |
Zenaldo Coutinho | PA | Sim |
Total PSDB: 48
|
||
PSL
|
||
Dr. Grilo | MG | Sim |
Total PSL: 1
|
||
PSOL
|
||
Chico Alencar | RJ | Sim |
Ivan Valente | SP | Sim |
Jean Wyllys | RJ | Sim |
Total PSOL: 3
|
||
PT
|
||
Afonso Florence | BA | Sim |
Alessandro Molon | RJ | Sim |
Amauri Teixeira | BA | Sim |
André Vargas | PR | Sim |
Angelo Vanhoni | PR | Sim |
Antônio Carlos Biffi | MS | Sim |
Arlindo Chinaglia | SP | Sim |
Artur Bruno | CE | Sim |
Assis Carvalho | PI | Sim |
Assis do Couto | PR | Sim |
Benedita da Silva | RJ | Sim |
Beto Faro | PA | Sim |
Bohn Gass | RS | Sim |
Cândido Vaccarezza | SP | Sim |
Carlinhos Almeida | SP | Sim |
Carlos Zarattini | SP | Sim |
Chico D`Angelo | RJ | Sim |
Cláudio Puty | PA | Sim |
Dalva Figueiredo | AP | Sim |
Décio Lima | SC | Sim |
Devanir Ribeiro | SP | Sim |
Domingos Dutra | MA | Sim |
Dr. Rosinha | PR | Sim |
Edson Santos | RJ | Sim |
Erika Kokay | DF | Sim |
Eudes Xavier | CE | Sim |
Fátima Bezerra | RN | Sim |
Fernando Ferro | PE | Sim |
Fernando Marroni | RS | Sim |
Francisco Praciano | AM | Sim |
Gabriel Guimarães | MG | Sim |
Geraldo Simões | BA | Sim |
Henrique Fontana | RS | Sim |
Iriny Lopes | ES | Sim |
Jesus Rodrigues | PI | Sim |
Jilmar Tatto | SP | Sim |
João Paulo Lima | PE | Sim |
João Paulo Cunha | SP | Sim |
José Airton | CE | Sim |
José De Filippi | SP | Sim |
José Guimarães | CE | Sim |
José Mentor | SP | Sim |
Josias Gomes | BA | Sim |
Leonardo Monteiro | MG | Sim |
Luci Choinacki | SC | Sim |
Luiz Alberto | BA | Sim |
Luiz Couto | PB | Sim |
Luiz Sérgio | RJ | Sim |
Márcio Macêdo | SE | Sim |
Marco Maia | RS | Art. 17 |
Marcon | RS | Sim |
Marina Santanna | GO | Sim |
Miguel Corrêa | MG | Sim |
Miriquinho Batista | PA | Sim |
Nazareno Fonteles | PI | Sim |
Nelson Pellegrino | BA | Sim |
Newton Lima | SP | Sim |
Odair Cunha | MG | Sim |
Padre João | MG | Sim |
Padre Ton | RO | Sim |
Paulo Ferreira | RS | Sim |
Paulo Pimenta | RS | Sim |
Paulo Teixeira | SP | Sim |
Pedro Eugênio | PE | Sim |
Pedro Uczai | SC | Sim |
Policarpo | DF | Sim |
Reginaldo Lopes | MG | Sim |
Ricardo Berzoini | SP | Sim |
Rogério Carvalho | SE | Sim |
Ronaldo Zulke | RS | Sim |
Rubens Otoni | GO | Sim |
Sibá Machado | AC | Sim |
Taumaturgo Lima | AC | Sim |
Valmir Assunção | BA | Sim |
Vander Loubet | MS | Não |
Vanderlei Siraque | SP | Sim |
Vicente Candido | SP | Sim |
Vicentinho | SP | Sim |
Waldenor Pereira | BA | Sim |
Zé Geraldo | PA | Sim |
Total PT: 80
|
||
PTB
|
||
Alex Canziani | PR | Não |
Antonio Brito | BA | Não |
Arnaldo Faria de Sá | SP | Não |
Arnon Bezerra | CE | Não |
Celia Rocha | AL | Não |
Jorge Corte Real | PE | Não |
José Augusto Maia | PE | Sim |
Josué Bengtson | PA | Não |
Magda Mofatto | GO | Não |
Nelson Marquezelli | SP | Não |
Nilton Capixaba | RO | Não |
Ronaldo Nogueira | RS | Não |
Sérgio Moraes | RS | Não |
Silvio Costa | PE | Não |
Walney Rocha | RJ | Não |
Total PTB: 15
|
||
PTC
|
||
Edivaldo Holanda Junior | MA | Sim |
Total PTC: 1
|
||
PTdoB
|
||
Lourival Mendes | MA | Não |
Luis Tibé | MG | Não |
Rosinha da Adefal | AL | Sim |
Total PTdoB: 3
|
||
PV
|
||
Alfredo Sirkis | RJ | Sim |
Antônio Roberto | MG | Sim |
Dr. Aluizio | RJ | Sim |
Henrique Afonso | AC | Sim |
Paulo Wagner | RN | Sim |
Penna | SP | Sim |
Roberto de Lucena | SP | Sim |
Rosane Ferreira | PR | Sim |
Sarney Filho | MA | Sim |
Total PV: 9
|
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