segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Tempo do “coitadismo” passou e jogou no lixo “teses raciais” de Magnoli e Kamel

Por Dj Cortecertu*, especial para o Blog Escrevinhador
Parafraseando a boçalidade, vou direto ao assunto. Sempre afirmaram que ações afirmativas, cotas e o ensino da história da África nas escolas eram “imposições” que dividiriam o povo brasileiro.
Essas medidas gerariam o “ódio racial”, pois criariam revisões históricas e um certo revanchismo. Ali Kamel e Demétrio Magnoli, entre outros ilustres, midiáticos e letrados arautos da harmonia social, são os maiores defensores dessas ideias.
Nesta semana, no portal G1 (clique aqui para ler), a antropóloga Yvonne Maggie afirma que “o Brasil reprime o racismo. Para o brasileiro é mais ofensivo o crime de racismo do que a morte”. A experiência cotidiana das pessoas simples deste país prova exatamente o contrário.
Será que esses seres iluminados não percebem que a indiferença e a impunidade que envolvem o tratamento dos casos de racismo no Brasil podem gerar esse ódio que tanto temem?
Pelo que vejo na grande mídia e nas redes sociais, o protesto dos negros não está agradando. O recado é: voltemos a falar que somos todos iguais para anular as diferenças que provam que essa igualdade não existe.
Os casos que rolam no futebol são o exemplo do tipo de racismo que é mais frequente no Brasil: o racismo prático, inocente, que não se pretende racista.
Pode isso? Sim, pode.
Essa prática está na tal experiência cotidiana citada acima, o preconceito fabricado por “pessoas de bem”. Pessoas que cometem injúrias raciais, mas afirmam que não são racistas. Afinal, é algo tão normal, que o futebol só amplifica em suas arenas.
Em 2006,  em um texto da Revista USP (leia aqui), Rita Laura Segato, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, abordou a reprodução deste racismo prático e estrutural, algo que resiste à identificação de uma autoria ou responsabilidade.
“Este tipo de racismo é automático, irrefletido, naturalizado, culturalmente estabelecido e que não chega a ser reconhecido ou explicitado como atribuição de valor ou ideologia”, afirma Rita.
É difícil combater algo invisível assim, né? Invisível pra quem?
A professora prossegue na argumentação. “O professor da escola que simplesmente não acredita que o aluno negro possa ser inteligente, que não o ouve quando fala nem o percebe na sala de aula. O porteiro do edifício de classe média que não pode conceber que um dos proprietários seja negro. A família que aposta sem duvidar nas virtudes do seu membro de pele mais clara”.
Essas práticas “inocentes” são sementes que são plantadas e crescem diariamente, são sementes que são levadas para o mundo escolar e acadêmico. Sementes que são levadas para o mercado de trabalho, para os campos de futebol.
As páginas dos jornais – que têm maioria branca em seus conselhos editoriais e altos cargos – mostram como o grupo dos considerados normais e superiores e o grupo dos considerados inferiores assimilam toda essa construção.
No entanto, os tempos mudaram: o movimento negro atual e do passado cobra mudanças, parte consciente do hip-hop também.
Negros de diferentes afiliações ou sem nenhuma afiliação não ficarão calados. Coitadismo? Não! Vamos celebrar o “revoltadismo”. A causa é justa. Quem não for racista…não tem nada a temer.
* Editor do Portal Central Hip-Hop/BF Oficial e colunista do Brasil de Fato SP

Armando Boito: Marina representa o casamento do Itaú com a WWF

Boito: Marina é síntese de rentismo e ambientalismo contra o crescimento
por Igor Felippe, no Escrevinhador
Armando Boito Jr, professor titular de Ciência Política da Unicamp, tem se dedicado a entender o movimento das frações de classes sociais nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Para isso, Boito acompanha o posicionamento dos diversos segmentos da classe trabalhadora e da burguesia para compreender as políticas econômicas e sociais do governo federal.
O estudo de quem ganha e quem perde com as políticas do governo é fundamental para entender os setores que sustentam, disputam e combatem a chamada frente neodesenvolvimentista, de acordo com Boito.
No livro Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000, organizado por Boito e Andréia Galvão, um artigo do professor da Unicamp analisa a disputa entre o neoliberalismo, representado pelo PSDB, e neodesenvolvimentismo, forjado sob os governos Lula e Dilma.
O fortalecimento da candidatura de Marina Silva, pelo PSB, é uma novidade, já que quebra a polarização entre os partidos que disputam o governo federal desde 1994 e representam os projetos que organizam as forças sociais e econômicas.
“O discurso de Marina é contra a polarização PT/PSDB. Mas, de fato, o que está ocorrendo é que ela está ocupando paulatinamente o lugar do PSDB e mantendo, portanto, a polarização”, afirma Boito.
Segundo ele, há uma convergência objetiva de interesses entre ambientalismo de tipo capitalista e a política econômica do rentismo neoliberal, contra o crescimento econômico que sustenta o neodesenvolvimentismo.
“Os ambientalistas porque imaginam que, assim, preservarão a natureza; os rentistas porque querem conter os gastos do Estado para aumentar o superávit primário e rolarem sem sobressaltos a dívida pública”, analisa.
Abaixo, leia trechos da entrevista de Armando Boito ao blog Escrevinhador.
Eleições e o extraordinário
O PSDB é um partido eleitoralmente declinante. O seu programa não fala, e não pode falar, às grandes massas. Como as pesquisas indicam, a disputa, salvo acontecimento extraordinário, está entre Dilma e Marina. Não podemos nos esquecer, contudo, que as manifestações de Junho de 2013 foram um acontecimento extraordinário e a queda do avião – de propriedade até hoje suspeita e desconhecida – que transportava Eduardo Campos em agosto, também. E foram acontecimentos que mudaram o processo eleitoral.
A queda do avião foi providencial para a direita. Impossibilitada de chegar ao poder com Aécio, a direita desembarcou na candidatura Marina. Ela está juntando tudo: o Clube Militar, banqueiros, ecologistas, pastores fundamentalistas, setores modernos da juventude de classe média, oposicionismo ao PT…
Tem um partido pequeno e fraco, por isso maleável, uma imagem flutuante, comportamento eleitoral oportunista e origem na centro-esquerda. É o que a direita precisava para reverter o declínio eleitoral.
Dilma, frente da burguesia interna e setores populares
A candidatura Dilma representa a grande burguesia interna e tem apoio na maior parte dos setores populares organizados – sindicatos, movimentos de moradia, movimentos pela terra – e desorganizados – a base dispersa de trabalhadores marginais beneficiária dos programas de transferência de rendas. Daí, a sua política neodesenvolvimentista acoplada a uma política social moderadamente distributivista.
Grande capital e Aécio
A candidatura Aécio representa o grande capital internacional, os setores da burguesia brasileira atrelados a esse capital e a alta classe média. Daí o seu programa neoliberal ortodoxo e a sua rejeição aos investimentos produtivos do Estado e às políticas sociais distributivistas.
Perspectivas para a cidadania
O neoliberalismo e o neodesenvolvimentismo entretém relações distintas com os movimentos de reconhecimento da cidadania de negros, mulheres e homossexuais. O campo neodesenvolvimentista é aberto à luta pelo reconhecimento de negros, de mulheres e do movimento LGBT, enquannto o campo neoliberal ortodoxo é mais fechado a essas lutas, principalmente à luta da população negra que ameaça os privilégios da alta classe média nas grandes universidades e no serviço público.
Efeito colateral do sistema político
Os campos neodesenvolvimentista e neoliberal e seus respectivos partidos guardam uma relação orgânica, isto é, mais sólidas – o que não significa que tudo esteja separado de maneira estanque como poderia sugerir a rápida síntese que fiz acima. São relações sedimentadas ao longo de anos. Com Marina Silva, a situação é mais complicada. A sua candidatura é resultado da complexidade da disputa política-eleitoral.
Marina, casamento do capital com o ambientalismo
Marina Silva não tinha, inicialmente, nenhuma relação orgânica com a classe dominante.
Ela representava o ecologismo de tipo capitalista de setores da classe média. Foi no jogo eleitoral que que a sua candidatura veio a se vincular com o grande capital internacional. Esse vínculo, contudo, não é aleatório. Há uma convergência objetiva de interesses entre ambientalismo de tipo capitalista e a política econômica do rentismo neoliberal.
Esse ambientalismo quer brecar o crescimento econômico e, por isso, a política do rentismo lhes é mais favorável. Ambos, ambientalismo e rentismo, elegeram o neodesenvolvimentismo como inimigo principal. Não querem saber de investimentos públicos em estradas, portos, hidrelétricas.
Os ambientalistas porque imaginam que, assim, preservarão a natureza; os rentistas porque querem conter os gastos do Estado para aumentar o superávit primário e rolarem sem sobressaltos a dívida pública. Essa é uma convergência objetiva de interesses, é algo mais profundo que o fato de a Marina Silva ser amiga política e pessoal da Neca Setúbal. O discurso de Marina é contra a polarização PT/PSDB. Mas, de fato, o que está ocorrendo é que ela está ocupando paulatinamente o lugar do PSDB e mantendo, portanto, a polarização.
Contradições de um eventual governo Marina
Uma coisa é a candidatura e outra é o governo. Para pedir votos, o candidato pode ser, pelo menos dentro de certos limites, uma “metamorfose ambulante”; para governar, não. Um governo Marina Silva teria de assumir posições mais firmes e tenderia, por isso, a entrar em conflito com uma parte ou outra dos que atualmente apoiam a sua candidatura. Seu apoio mais sólido é o grande capital internacional e o capital financeiro. Mas, provavelmente, seria um governo instável.
Obstáculos de um novo governo Dilma
A frente política neodesenvolvimentista está sim em crise. Mas estou falando de uma crise política e não de uma crise econômica, embora seja verdade que a queda do crescimento é um dos fatores que explicam a crise política da frente neodesenvolvimentista. A frente neodesenvolvimentista é muito heterogênea e sempre foi atravessada de contradições.
Na conjuntura atual, essas contradições internas se exacerbaram e, ademais, o campo neoliberal ortodoxo iniciou uma ofensiva restauradora. A queda do crescimento, a proximidade das eleições, o crescimento das demandas populares, as divisões no seio da grande burguesia interna e a pressão do imperialismo, tudo isso contribuiu para desestabilizar a frente neodesenvolvimentista e encorajar a ofensiva restauradora do grande capital internacional e de seus aliados internos.
Afastamento da burguesia do governo
O fato de o neodesenvolvimentismo ter surfado na onda do boom das commodities, abandonando a proposta inicial mais ambiciosa – e também mais complexa – de reindustrialização do país, afastou a burguesia industrial do governo e reduziu a capacidade de a economia gerar empregos de alta qualificação, decepcionando a juventude de classe média que cursou universidades – esse descontentamento apareceu em primeiro plano nas manifestações de junho de 2013.
Ofensiva do grande capital
As contradições ativas na crise política se desenvolveram de modo desigual. Enquanto as demandas do movimento popular expressam-se, ainda, em lutas reivindicativas, isto é, sem um programa político democrático-popular que os unifique, a ofensiva restauradora do grande capital internacional e de seus aliados internos é uma ofensiva política.
Eles têm programa, partido e, com Marina, uma candidatura viável. São eles, e não o movimento popular, que têm condição de substituir o neodesenvolvimentismo. E o que colocarão no seu lugar será um programa contrário aos interesses da população trabalhadora e aos interesses nacionais.
Limites do movimento popular
Atualmente, o movimento popular, como disse acima, está, enquanto movimento de massas, no nível da luta reivindicatória. Emprego, salário, moradia, terra: temos aí uma gama de reivindicações, cristalizadas em movimentos específicos e mais ou menos estanques. Esses movimentos não têm um projeto de poder. Falta aos movimentos populares consciência revolucionária e organização política. O que podem fazer agora é combater o inimigo principal: o grande capital internacional e seus aliados internos representados no PSDB e, cada vez mais, na candidatura Marina Silva. Se perderem essa batalha, até a luta reivindicatória poderá sofrer enorme retrocesso.
Campanha por uma Constituinte do sistema político
Essa campanha foi organizada pela parte da sociedade cujos interesses estão alijados do sistema político. O presidencialismo brasileiro é autoritário, a mídia é monopolizada e funciona como partido político da direita, temos o financiamento empresarial de partidos e candidatos, não há mecanismos de consulta e de participação popular nas decisões governamentais, enfim, temos um sistema politico fechado.
O plebiscito pela Constituinte exclusiva e soberana do sistema político visa a mudar esse sistema com participação popular. Se acumular força e lograr impor a convocação de uma Constituinte desse tipo, daremos um grande passo na superação da democracia atrasada e elitista que é a democracia brasileira. Aliás, diga-se: a única candidatura que demonstrou algum interesse em tal Constituinte foi a candidatura Dilma Rousseff.
PS do Viomundo:  O título  deste artigo é uma tradução livre do jornalista Igor Felippe a partir das considerações do professor Armando Boito, da Unicamp. O Itaú representa o rentismo. E a  corporação ambiental WWF, o ambientalismo capitalista. Ambos são contra o Estado e o crescimento econômico.

“Quem é contra o pré-sal é contra o futuro do Brasil”, diz Lula

 Por Revista Forum (aqui)

Ex-presidente participou de ato em defesa do pré-sal no Rio de Janeiro. Políticos, ativistas sociais e estudantes se reuniram para um abraço simbólico na estatal
Por Redação
pré-sal dilma
Manifestantes destacam reeleição de Dilma Rousseff como uma forma de garantir avanços na área petrolífera
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira (15), de um ato em defesa do pré-sal e da Petrobras. O evento foi coordenado pelo Sindicato dos Bancários, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), com apoio de centrais sindicais, entidades estudantis e movimento sociais.
A multidão de manifestantes se reuniu na Cinelândia, região central do Rio de Janeiro, e desceu pela Avenida Chile em direção à sede da Petrobras, onde foi realizado um abraço simbólico à estatal. Lula vestiu um uniforme de petroleiro, para demonstrar orgulho do pré-sal, que considera “a maior descoberta do petróleo na história contemporânea do planeta Terra”. A cidade de Recife também organizou uma manifestação no mesmo horário.
O ex-presidente exaltou os números positivos do setor, que, segundo ele, produziu nos últimos oito anos um volume de petróleo equivalente a três décadas da história da companhia. E, mesmo sem citar diretamente a candidata à Presidência Marina Silva (PSB), fez críticas àqueles que não valorizam esse patrimônio da economia brasileira. Em declarações recentes, Marina se referiu ao petróleo como um “mal necessário” e dedicou apenas uma linha de seu plano de governo ao assunto. “Quem é contra o pré-sal é contra o futuro do Brasil”, enfatizou Lula.
pré-sal recife
Atos no Rio de Janeiro e Recife marcam apoio ao pré-sal
O ato teve como um dos focos impulsionar a campanha da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), que foi apontada pelos participantes como a única capaz de levar à frente as conquistas realizadas até o momento na área petrolífera do País. Entre os políticos presentes, declararam apoio à presidenta o senador Lindbergh Farias (PT), candidato ao governo do estado, e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB) e Benedita da Silva (PT).
Ainda no Rio de Janeiro, a presença de Lula e Dilma está confirmada em um ato que reunirá, hoje, artistas e intelectuais no Teatro Casa Grande, às 19h. Personalidades como Chico Buarque, Beth Carvalho, Ângela Vieira, Marilena Chauí e Marieta Severo já tornaram público o apoio à candidata petista e assinaram uma carta em que expõem os motivos para votar em Dilma nas eleições deste ano.

Foto de capa: Muda Mais

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA - A soberania na corda bamba



O assunto dívida pública é censurado pela mídia mercantilista porque esta se alimenta do abjeto poder financeiro, constituído por abutres insaciáveis que devoram impiedosamente massas humanas em todo o mundo, gerando desemprego, fome e miséria. A abordagem desse assunto pelos órgãos de comunicação é parcial, distorcida e enganosa. 

A Comunicação, sem qualquer escrúpulo com o seu fundamental papel para capacitar a população na tomada de decisões em benefício de todos, denomina a auditoria como calote, aceita e reforça o conceito de dívida líquida, subtraindo do valor real, bruto da nossa dívida, as reservas internacionais, que são aplicações do Brasil no exterior, a juros perto de zero.

Enquanto isso, pagamos juros acima da taxa SELIC, os maiores do mundo. É como subtrair de uma dívida com juros altíssimos o dinheiro parado dentro de um colchão.

A dívida total brasileira no ano de 2013 chegou ao valor aproximado de R$ 4 trilhões; o pagamento de juros e amortizações alcançou R$ 718 bilhões, o que corresponde a aproximadamente R$ 2 bilhões por dia; esse desembolso anual representa 40% do orçamento da nação.

Este filme contribuirá muito para ajudar na conscientização do povo brasileiro, única forma de libertar o nosso país dessa submissão ilegal, injusta e odiosa.

Direção, roteiro, câmera e entrevistas: Carlos Pronzato
Direção de Produção: Cristiane Paolinelli
Edição: Henrique Marques
Assistência de Direção/Pesquisa de imagens: Luiza Diniz
Ideia e argumento: Gisele Rodrigues
Assistência de produção/RJ: José Bernardes e Helena Reis
Assistência de produção/DF: Rodrigo Ávila
Assessoria de comunicação: Richardson Pontone
Produção: Instituto Rede Democrática/RJ, Núcleo RJ da Auditoria Cidadã da Dívida Publica e Sindipetro/RJ
Realização: La Mestiza Audiovisual

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

André Singer: “Com vitória de Marina Silva, governo será do PSDB”

Por Bruno Pavan, do Brasil de Fato
“Caso algo mude até a publicação, a gente pode marcar uma outra conver­sa”, disse o cientista político e professor da USP André Singer no começo da noite do dia 25 de agosto. 12 dias após a mor­te de Eduardo Campos, então candidato do PSB, a pesquisa mais recente que tí­nhamos em mãos mostrava Marina Silva com 21% dos votos no primeiro turno e o tucano Aécio Neves com 20%.
Dez dias depois, na segunda parte des­ta entrevista – esta entrevista foi feita em duas etapas –, Marina Silva já estava 19 pontos percentuais na frente do tucano no primeiro turno. Além disso, estava 7 pontos na frente da atual presidenta Dil­ma Rousseff no segundo. Mesmo assim, o professor é cuidadoso e não decreta pa­receres categóricos sobre o instável cená­rio eleitoral brasileiro.
A prudência de Singer tem várias ra­zões de ser. Na eleição que se projeta a mais embolada dos últimos tempos, de­sejo de mudança e antigos temores se misturam na cabeça dos eleitores brasi­leiros e em um mar de números e por­centagens, o professor tenta transformar o horizonte em algo mais palpável.
Para ele, os números mostram o que analistas políticos já esperavam: a jun­ção de promessa de uma nova política, desejo de mudança e pouco crescimen­to econômico transformaria essa eleição na mais equilibrada dos últimos tempos. “Insatisfação de social, queda constante da aprovação do governo desde junho do ano passado são sempre indicativos de eleição difícil”, analisa.
Nessa entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Singer responsabiliza a “difi­culdade em ganhar a confiança da ca­mada mais baixa da população” como o principal desafio do PSDB nessas elei­ções. Além disso, aponta que o duelo de Marina e Dilma será pela maior faixa de eleitores com renda de dois a cinco sa­lários mínimos mensais. “Você não tem chance nenhuma de ganhar a eleições no Brasil sem ter uma penetração importan­te nessa faixa de renda”.
Brasil de Fato – Na nossa última conversa (primeira parte desta entrevista), você disse que não acreditava na possibilidade de Marina Silva ganhar a eleição. Hoje, dez dias depois, Marina está empatada com Dilma no primeiro turno e quase 20 pontos percentuais à frente de Aécio Neves. É possível dizer que Marina tem chances de ser a próxima presidenta do Brasil e que Aécio está fora do segundo turno?
André Singer – As pesquisas divulga­das nos últimos dias mostram que sim, Marina Silva pode vir a ganhar a eleição e ser presidente. Isso confirma um prog­nóstico de que esta eleição seria difícil. Não era algo impossível de prever tendo em vista o fato de que a economia brasi­leira teve uma redução importante do ní­vel de crescimento, e diante disso, exis­te um gradativo aumento da insatisfação social e uma queda constante da aprova­ção do governo desde junho do ano pas­sado. O que houve até aqui foi um fenô­meno previsível, a Marina já tinha 27% das intenções de voto em abril deste ano. Agora é que de certa forma começa o jo­go. Uma vez que ela tenha se colocado na posição de que vá disputar com a pre­sidente Dilma, começam a aparecer as perguntas pra ela: o que ela pensa em fa­zer? Qual é o seu projeto de país? O que ela representa? Já começaram a apare­cer questionamentos sobre a consistên­cia das propostas dela, tanto das outras campanhas como da própria impren­sa. Eu acho que o eleitorado vai pensar nessas semanas que nos separam do pri­meiro e segundo turnos. Quanto ao Aé­cio Neves eu diria que hoje, com os da­dos que temos, é difícil imaginar que ele consiga reverter essa situação, mas não é impossível.
A Marina tem um histórico de lutas na esquerda, mas chamou pra ser vice um quadro mais pragmático, caso do Beto Albuquerque, ligado ao agronegócio. Essa nomeação é uma espécie de “carta aos brasileiros” de Marina?
Não chega a tanto, mas vai nessa di­reção. Ela faz uma série de movimentos para se colocar nitidamente ao centro do debate, e isso é uma tática eleitoral mui­to inteligente. Essa maior proximidade da Marina com a esquerda tem a ver com dois elementos: o histórico, pois ela foi uma importante militante e depois diri­gente do PT durante muito tempo; e es­se vínculo por meio da questão ecológica com os movimentos pela reforma agrá­ria. Esses dois elementos, porém, são mais históricos do que presentes. O tipo de movimento que a Marina está fazendo hoje, de assinar esse tipo de compromis­so com setores da direita, apenas reflete ou expressa de maneira mais clara a op­ção que ela já fez há um bom tempo, es­ses movimentos não são novos. Hoje eles têm maior visibilidade e impacto porque ela passa a ser uma peça muito impor­tante no jogo eleitoral.
Marina se coloca como representante da nova política. Em notícia que saiu na semana passada, com possíveis nomes de seu ministério, existem nomes como Luiza Erundina, Eduardo Suplicy e José Serra. Qual a chance dessa formação ministerial dar certo?
Ela vai ter uma base partidária para um eventual governo muito frágil e vai ter que fazer enormes composições, que será bem difícil por conta que ela tem centra­do a plataforma dela na fundação de uma nova política. Esse é um dos grandes pro­blemas dessa abordagem. Na prática, as dificuldades pra ela serão enormes por­que a governabilidade, em alguma medi­da, passa por uma maioria congressual. Sem isso, ela vai ter que negociar com os partidos que lá existem. Como ela se co­locou no centro ideológico da disputa, a questão então será de saber pra que la­do ela fará essa composição. Ela teria que ser muito pouco realista para entrar por um caminho de desconhecer as forças políticas representadas no Congresso na­cional. Porém, eu não acredito num pri­meiro momento que o PT se disponha a participar de um governo Marina. O PT é uma grande máquina partidária e vai fazer uma política de oposição para vol­tar em 2018, caso perca as eleições. Por essa razão, eu acho que ela terá que se apoiar muito no PSDB. Ela pode tentar essa composição com forças heterogêne­as que estejam em diversos partidos, mas me parece um caminho muito arriscado e pouco promissor. Se ela vencer, terá que partir pra uma composição partidá­ria mais sólida do que essa de pegar no­mes aqui e ali de maneira fragmentada.
Muito se reclama da bipolarização da disputa presidencial no Brasil. Marina aparece em 2010 e consegue quase 20 milhões de votos investindo no desejo da novidade para o eleitor brasileiro. Em 2014 ela conseguiu capturar os votos de Aécio Neves com muita rapidez. A polarização do Brasil era PT x PSDB ou petismo x o antipetismo?
Você tem esses dois fenômenos: o pri­meiro é o da polarização PT x PSDB, so­bretudo porque são as duas grandes ins­tituições partidárias brasileiras. Apesar de o sistema partidário ter dezenas de partidos registrados e representados na Câmara dos Deputados e de ser um siste­ma altamente fragmentado, ele tem três partidos relevantes: o PT, PSDB e PM­DB. Esses são visivelmente os partidos que constantemente têm maior possibi­lidade de ocupação dos cargos executivos importantes e de representação parla­mentar. Nesse contexto, o PMDB apare­ce como um partido que tem uma singu­laridade que é não apresentar candidatos a presidente e de ser o fiador da governa­bilidade no Brasil. Surpreendentemente, ele consegue se manter como um partido relevante. Isso significa que do ponto de vista partidário a polarização PT x PSDB vai continuar existindo mesmo que Aécio Neves não vá para o segundo turno. Eles continuarão sendo as duas grandes má­quinas partidárias que disputam o poder central. Por outro lado, existe essa pola­rização também de pestismo x antipetis­mo e isso é bem forte. Eu diria que o an­tipetismo é um fenômeno social e políti­co importante e que nesse momento está sendo canalizado para a candidatura Ma­rina Silva, que está sendo o escoadouro dessa tendência e aparece como a pessoa que vai disputar palmo a palmo a presi­dência da república com o PT. Se ela vir a ganhar a eleição, é possível que faça um governo que, na prática, seja um gover­no do PSDB com ela à frente. Não tendo uma estrutura partidária e de aliança de classes, ela precisará desse suporte. Não sei como o PSDB reagiria a essa eventu­alidade, mas eu diria que pra ela é quase que uma alternativa única.
A campanha de Aécio Neves, quando Eduardo Campos era o candidato do PSB, não tinha sequer fôlego para levar a eleição ao segundo turno. Hoje, ele está 19 pontos atrás de Marina Silva e praticamente fora do segundo turno. O que o PSDB precisa fazer para “roubar” votos de Marina e se garantir no segundo turno da eleição?
O desafio do PSDB nesta eleição é o de adquirir um perfil mais popular. Não é muito diferente do que ele vem tendo em 2002 e, sobretudo, 2006. Hoje, o gover­no não é tão bem avaliado quanto era há algum tempo, a gente sabe também que há certo desejo de mudança, e isso é uma situação melhor pra oposição. O proble­ma para o PSDB está em que ele tem mui­ta dificuldade de convencer a população de baixa renda de que ele tem uma alter­nativa que pode favorecê-la. O desafio principal me parece ser tirar da Marina os votos dos setores mais populares por­que dificilmente ele vai conseguir com­petir com ela na faixa dos jovens de clas­se média urbanos. Existe um sentimen­to nessa parcela de que é preciso uma nova política mais moderna, que eu te­nho utilizado a categoria de pós-materia­lismo para caracterizar. Esse é um con­ceito formulado por um cientista políti­co norte-americano chamado Ronald In­glehart em que ele explica que uma mu­dança ocorre na agenda política dos paí­ses que estão no centro do capitalismo mundial a partir da década de 1970. De fato, eu acho que ele capturou certa mu­dança ideológica que está em curso des­de então, e acho que em certa medida ela se aplica a setores do eleitorado brasilei­ro, que são bem representados pela can­didatura da Marina.
A ascensão do PT em 2002 se deu muito por aquilo que você muito bem definiu como Lulismo: um governo sem rupturas, e de mudanças graduais. Agora, Dilma se depara com uma estagnação econômica e com os eleitores querendo mudança. Esse ciclo acabou?
A situação que a gente está vivendo é ligada à mudança da conjuntura eco­nômica internacional e essa dificuldade trazida pela baixa do crescimento que está se expressando nessa vontade de mudar. A partir de 2011, nós passamos a viver uma tendência de baixa geral da atividade econômica no mundo e isso impactou o Brasil de uma maneira que não tinha acontecido no auge da crise em 2008/09. Cabe lembrar que o Bra­sil é um país onde pra uma enorme fatia da população está tudo por fazer. Hou­ve melhorias importantes, só que como eu procurei mostrar, elas foram pauta­das por um gradualismo extremo, elas são melhoras incrementais e trouxeram as pessoas pra uma condição de vida su­perior a que elas tinham, mas que ain­da está longe de uma situação que vo­cê possa dizer que o fundamental es­tá resolvido e a partir de agora a gente vai pro complementar. Eu não concor­do com a ideia de que o ciclo se esgotou, mas que ele se confrontou com uma si­tuação bem mais difícil do que vinha en­frentado no período anterior, que a eco­nomia mundial estava crescendo e va­lorizando rapidamente as commodities brasileiras. Estamos passando por um período de impasse em que diante des­sa nova situação a pergunta é: o que fa­zer? A presidente Dilma tentou na pri­meira metade do seu governo uma via mais à esquerda e procurou romper o impasse baixando juros, desvalorizan­do o real, fazendo certo controle dos ca­pitais externos, criando marcos regula­tórios que estimulavam atividade eco­nômica para um modelo de desenvolvi­mento com distribuição de renda, cito, por exemplo, a questão da energia elé­trica. Mas esse ensaio, que eu chamo de desenvolvimentista, não deu certo. Ele se interrompeu porque, pelo que dizem os economistas, faltou investimento pri­vado. A partir daí a gente começa a vi­ver uma espécie de patinação, os juros voltam a subir e a economia começou a enfraquecer ainda mais, resultando na situação que nós estamos hoje. Eu vejo muito mais perguntas do que respostas no horizonte sobre essa questão.
Críticos e membros do PT culpam o distanciamento que o partido teve dos movimentos sociais nos últimos anos por uma possível derrota da presidenta Dilma. Esse distanciamento pode ser responsável por essas dificuldades?
Não diretamente. Esse distanciamen­to é algo que diz respeito ao que eu cha­mo de passagem para o Lulismo, que é um modelo de formação que não pas­sa pela mobilização social, é um mode­lo de transformação lenta e dentro da ordem, isso foi uma mudança que ocor­reu na política brasileira e depois den­tro do próprio PT. O que está aconte­cendo na eleição é que o eleitorado rea­ge à piora da situação econômica. A di­minuição do crescimento em um país co­mo o nosso, em que boa parte da popula­ção ainda tem muito para melhorar pa­ra chegar num estágio de satisfação das suas necessidades básicas, faz com que a insatisfação aumente de maneira rápida. Estamos entrando no quarto ano de bai­xo crescimento, portanto existe um acú­mulo na insatisfação, que se expressa­ram nas manifestações de junho e que de lá pra cá têm se mantido mais ou menos constantes. De tal forma que eu diria: são dois fenômenos reais, o distanciamento dos movimentos sociais e a dificuldade eleitoral em 2014, mas acho que eles não estão diretamente relacionados.
Observando a pesquisa completa do Ibope, se observa um número grande de entrevistados que consideram o gover­no regular (37%). Desses, 24% declara­ram voto na Dilma e 47% em Marina. Pra ganhar a eleição, o PT terá que ganhar votos de Marina necessariamente. Você acha que é essa parcela de eleitores que terá que ser convencida?
Essa é uma leitura possível: pegar quem avalia o governo de uma forma in­termediária, que é um eleitor mais dis­ponível de ser convencido a dar uma se­gunda chance ao governo Dilma. Mas vo­cê tem outras leituras possíveis, e a que eu prefiro é outra. A candidatura Marina já produziu uma novidade interessante que é uma divisão no campo popular, ela conseguiu puxar uma parcela importante que são os eleitores com ganhos mensais de 2 a 5 salários mínimos. De modo ge­ral, você pode dividir as faixas de renda do Brasil em quem ganha até 5 salários mínimos e os que ganham acima disso, são duas partes bem diferentes do eleito­rado. Não há chance nenhuma de ganhar eleição no Brasil se você não tem uma pe­netração importante nos eleitores dessa faixa que ganha até 5 salários mínimos, que são eleitores de renda baixa, mas que já superaram uma condição básica de pobreza. Eu acho uma maneira inte­ressante de pensar o processo da toma­da de decisão é que o fiel da balança es­teja localizado entre esses eleitores. Eles podem ser recuperáveis uma vez que ti­veram uma ascensão de classe patrocina­da, direta ou indiretamente, por progra­mas do governo. Essa é um elemento que joga a favor da candidata do PT. Se isso será suficiente para reverter o que as pes­soas hoje indicam em relação ao segundo turno, não é possível dizer nesse momen­to, mas é uma possibilidade.
A ascensão do discurso conservador representa algum perigo para o Brasil? As questões morais têm ganhado mais espaço no debate político?
Existe uma situação complexa, porque as questões morais estão gradativamente ganhando maior peso na disputa eleito­ral, mas eu não acho que seja numa mu­dança completa em que de uma hora pa­ra a outra elas vão passar ao centro do debate ou da decisão eleitoral. Elas vão de alguma maneira se combinar com os problemas centrais que na verdade con­tinuam sendo da esfera econômica. A Marina Silva é evangélica, por isso ela exerce uma atração sob os evangélicos. Os membros dessas igrejas pentecostais e neopentecostais dão bastante impor­tância a essa questão moral, portanto is­so pode fortalecer a candidatura dela e ao mesmo tempo explica o motivo dela to­mar a atitude de recuar na questão do ca­samento entre homossexuais. As confis­sões evangélicas estão bastante voltadas para a participação política e essa parti­cipação se dá em torno de eixos morais com posturas conservadoras. Na medi­da em que essas confissões crescem, sem dúvida há um ambiente mais conserva­dor. Todo esse cenário tem influência so­bre o conjunto da política brasileira por­que essa posição está nitidamente cres­cendo e puxando a política pra uma con­figuração que antes ela não tinha, por exemplo, essas questões morais e a in­fluência dela nas eleições majoritárias, mesmo sendo tímidas, começam a apa­recer e impactar todos os atores, sobre­tudo os partidos majoritários. O PSDB visivelmente será impactado, mas tam­bém o PT será, como outros. Talvez eu não falasse em ascensão do conservado­rismo, mas que há vários sinais de cres­cimento. Nas questões morais, que se li­gam ao crescimento das confissões evan­gélicas; no plano da cultura também vo­cê observa uma proliferação de autores que já assumem uma posição mais clara abertamente de direita. Além disso, na­queles setores em que houve uma ascen­são social, começa a ficar mais forte a de­fesa de posições meritocráticas, que deve ter mais sucesso aquele que faz mais es­forço, e isso vem acompanhado de uma posição que é contraria a universalização de direitos, sobretudo direitos que sejam garantidos pelo estado e por investimen­tos públicos.
As manifestações de junho de 2013 tiveram uma temática muito variada. O primeiro ponto era a mobilidade urbana, passou pela condenação da violência policial e chegou à reforma política. Inclusive o assunto chamou atenção da presidenta Dilma que foi para rede nacional na TV defender um Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva do Sistema Político, que hoje foi encampada pelos movimentos sociais. É essencial hoje uma reforma política no Brasil? E com que fins?
O movimento pela reforma política é uma das novidades mais interessantes e promissoras desse último período. Acre­dito que ele aponta na direção de uma transformação necessária e muito posi­tiva e que fundamentalmente passa pela questão de democratizar a democracia. A democracia é um regime político insu­perável do ponto de vista dos interesses populares, mas ela está sempre em mo­vimento, não é uma obra acabada e en­cerrada e tanto pode sofrer pressões tan­to no sentido de ser colonizado pelo di­nheiro quanto no sentido de ser reapro­priado pela própria população. No ca­so brasileiro, a reforma me parece fun­damental porque embora tenhamos as­pectos democráticos muito interessan­tes, como o referendo, as conferências nacionais e essa proposta de formaliza­ção dos mecanismos de participação por meio dos conselhos, as campanhas elei­torais são das mais caras do mundo e o sistema de financiamento delas se trans­formou em um sistema empresarial. Evidentemente, quando as campanhas ficam tão caras e são praticamente to­das financiadas por empresas, você es­tá numa condição em que o capital tem muita influência sobre o processo eleito­ral, e o cidadão comum e os movimentos populares muito pouca. Penso que da­ríamos um grande passo se conseguís­semos modificar a forma de fazer cam­panha. Elas têm que ser mais baratas e com teto de custos baixo e que, portan­to, qualquer campanha mais cara fosse facilmente fiscalizável. Se estabelecesse obrigatoriedade de programas de televi­são no horário gratuito em que os can­didatos se apresentassem expondo seus programas, sem toda essa parafernália cinematográfica caríssima que acrescen­ta pouco à pedagogia democrática. O ar­gumento contrário é o de que vão conti­nuar existindo doações por baixo do pa­no e que se você promulgar uma legisla­ção desse tipo você vai perder o contro­le sobre as doações em lugar de adqui­rir maior controle. Eu reconheço que es­se não é um argumento trivial, pois toda a mudança de regra tem uma maneira de se burlar. Mas a sociedade tem que ten­tar se mexer na direção de encontrar um modelo que faça esse movimento de de­mocratizar a democracia. No contrário, vai acontecer o que muitos observam em diversos países do mundo, sobretudo nos mais desenvolvidos, em que há um esvaziamento da democracia, uma per­cepção por parte dos eleitores que a po­lítica não tem nada a ver com ele, é uma estância que funciona descolada das as­pirações da própria sociedade. Eu reco­nheço que mudar regras não é simples, e que a gente precisa ter uma postura cautelosa, mas ao mesmo tempo é pre­ciso convir que a sociedade tem que se mexer, ela tem que tentar essas mudan­ças na direção daquilo que lhe interessa. Ela estando mobilizada em torno desse movimento é a maior garantia de que as novas regras poderão funcionar. É claro que haverá tentativas de fazer financia­mento por baixo do pano se você mudar a regra que proíba, por exemplo, a do­ação de pessoa jurídica. Como você vai evitar isso? A mobilização da sociedade como fiscalizadora.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Divulgando. Nota de um PM indignado.

divulgando nota anonim@ de um PM indignado.
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Será que nin­guém está vendo o que esta no­va­mente ocor­rendo na nossa ca­pital?

Logo após a re­a­li­zação da ope­ração sexto man­da­mento, os po­li­ciais que não foram presos na ope­ração foram lo­tados no Grupo de Radio Pa­tru­lha­mento Aéreo da PMGO - GRAER, local onde es­tavam lo­tados vá­rios dos po­li­cias que foram presos, in­clu­sive o Te­nente Co­ronel Ri­cardo Rocha. Criou-se ali um feudo, co­man­dado pelo Major Ri­cardo Mendes pelo Ca­pitão Dur­va­lino Câ­mara, este úl­timo co­nhe­cido pela li­de­rança exer­cida sobre todo o grupo “sexto man­da­mento”.

Como todos estes es­tavam di­re­ta­mente li­gados ao poder exe­cu­tivo es­ta­dual que an­te­cedeu o atual, leia-se Se­cre­tário Braga, Se­cre­tário Roler, e Go­ver­nador Al­cides, no início do atual go­verno não ti­veram muito es­paço. Porém uti­li­zando de uma es­tra­tégia ma­qui­a­vé­lica, lan­çaram por meio de con­ven­ci­mento do Se­cre­tário de Se­gu­rança Pú­blica atual, João Fur­tado, o pro­jeto de cri­ação de um super co­mando, de­no­mi­nado de Co­mando de Mis­sões Es­pe­ciais - CME.

O Co­man­dante Geral, Co­ronel Edson in­flu­en­ciado pelo Ca­pitão Câ­mara e Major Ri­cardo Mendes, in­dicou o Te­nente Co­ronel Ur­zeda para ser o Co­man­dante do CME, função que por lei de­veria ser ocu­pada por Co­ronel e não por Te­nente Co­ronel. O Te­nente Co­ronel Ur­zeda por sua vez, re­cen­te­mente foi co­man­dante do Ca­pitão Câ­mara na ROTAM, e como ficou des­lum­brado com a pos­si­bi­li­dade de ser pro­mo­vido pre­co­ce­mente a Co­ronel (é o Te­nente Co­ronel mais novo e há menos tempo no cargo da Po­licia Mi­litar de Goias), vem se sub­me­tendo aos mandos e des­mandos do Ca­pitão Câ­mara. Foi então criado neste ano o CME, que agrega as se­guintesuni­dades, GRAER, Com­pa­nhia de Ope­ra­ções Es­pe­ciais, Co­mando de Di­visas e o CME 2, ser­viço de in­te­li­gência onde estão lo­tados todos os as­sas­sinos da ope­ração sexto man­da­mento co­man­dados pelo Ca­pitão Câ­mara.

O re­sul­tado deste quadro todos estão vendo, mortes vi­o­lentas, morte de po­li­ciais, cha­cinas, su­postos con­frontos com mortes e a velha tá­tica da prá­tica de as­sas­si­natos com uti­li­zação de motos, ou seja, nada além do que ocorria antes da ope­ração sexto man­da­mento.Vão aqui al­guns fatos para que a Po­lícia Civil (que pa­rece estar aco­var­dada) tome pro­vi­dên­cias e para que as de­mais au­to­ri­dades te­nham co­nhe­ci­mento (caso já não te­nham):

• A cha­cina no Jardim Olím­pico no final de 2011 onde foram as­sas­si­nadas 6 pes­soas in­clu­sive uma cri­ança de quatro anos, foi pra­ti­cada porque um pa­rente das ví­timas en­vol­vido com o mundo do crime, teria ame­a­çado de morte o sol­dado Osiris e o Sar­gento Diniz (CME2) por de­sa­cordo de ex­torsão de tra­fi­cantes. A cha­cina foi pro­mo­vida pelos se­guintes mi­li­tares: Sub­te­nente Fritiz, Sar­gento Diniz, Sar­gento Da Silva, sol­dado Osiris e Sol­dado Fi­guei­redo, sendo este úl­timo o autor da morte da cri­ança. Os pe­ritos re­pas­saram para o De­le­gado que in­ves­ti­gava o caso Dr. An­derson (que por pressão do grupo pediu afas­ta­mento re­cen­te­mente), o laudo com cáp­sulas de cal. .40 com nu­me­ração es­pe­cí­fica, ca­rac­te­rís­tica das mu­ni­ções usadas na PMGO. O Dr. An­derson sabe in­clu­sive por meio de in­for­ma­ções sobre o que está aqui es­crito, res­pondão porque não foi to­mada pro­vi­den­cias aos res­pon­sá­veis.

• A as­sas­si­nato do Cabo Bar­bosa lo­tado no Ba­ta­lhao ro­do­vi­ario ocor­rido no mês de junho, ocorreu em de­cor­rência de um de­sen­ten­di­mento entre in­te­grantes do CME 2 e a ví­tima que era in­for­mante dos mesmos. O de­sen­ten­di­mento deu-se em razão de uma apre­ensão de ma­conha vinda de Campo Grande MS, onde todosiriam ex­tor­quir o tra­fi­cante. Algo deu er­rado, ocorreu então a prisão do tra­fi­cante e apre­sen­tação do ma­te­rial apre­en­dido. O Sar­gento Darcs que está preso no Pre­sídio Mi­litar sabe de tudo, pois teve par­ti­ci­pação ativa. O Sar­gento Antônio e o Sol­dado Sousa que fa­ziam parte do ser­viço de in­te­li­gência do Ba­ta­lhao ro­do­vi­ario, também sabem, e foram afas­tados as função e ame­a­çados de morte pelo CME 2. O co­man­dante geral, co­ronel Edson, que é li­gado di­re­ta­mente ao grupo de ex­ter­mínio sabia de toda a ação, in­clu­sive não per­mitiu nem que se no­ti­ci­asse a morte no site da po­licia mi­litar.

• A morte dos mar­gi­nais Ale­xandro Mar­ques de Sousa “san­drinho” e Wi­lian da Silva “Tripão” por in­te­grantes do CME sem farda, do “me­lhor ser­viço de in­te­li­gência do Brasil”, como disse o Co­man­dante Ur­zeda, na BR 153, foi uma exe­cução clás­sica, onde as ví­timas após ren­didas foram fri­a­mente as­sas­si­nadas.

• O as­sas­si­nato do jor­na­lista Va­lério Luis, filho do Mané de Oli­veira tem re­lação di­reta com o Te­nente Co­ronel (e se “deus” aben­çoar e o Go­ver­nador as­sinar, fu­turo co­ronel) Ur­zeda que como todos sabem é in­ti­ma­mente li­gado à di­re­toria do Atlé­tico, uma das prin­ci­pais ví­timas dos co­men­tá­rios da ví­tima. Quem exe­cutou o jor­na­lista foi o SD Fi­guei­redo do CME2, se houver um re­co­nhe­ci­mento do mesmo pelas tes­te­mu­nhas não ha­verá dú­vidas. Estão or­ga­ni­zando uma acu­sação contra um menor de idade, que, ou irá as­sumir, ou irá morrer, e a arma do crime será plan­tada com esse in­di­víduo, podem anotar isso aí, se não der tempo dessa in­for­mação chegar no co­man­dante Ur­zeda (viu ser­viço de in­te­li­gência da se­cre­taria de se­gu­rança pu­blica, que ao invés de in­ves­tigar, in­formam o ban­dido.)

• A ocor­rência no pátio do Car­re­four Su­do­este re­cen­te­mente onde a ví­tima, ad­vo­gado, foi morto pelos agentes do CME 2, Sar­gento Diniz, Sol­dado Jordão e Te­nente Adi­nailton, acu­sado de estar ar­mado (o re­volver foi co­lo­cado no carro com cáp­sulas de­fla­gradas sem a ví­tima ter feito ne­nhum dis­paro, e ainda foi co­lo­cado no banco, onde de­pois de uma co­lisão nem saiu do lugar...), conta com uma ver­da­deira força ta­refa para dis­si­mular o que re­al­mente ocorreu, exe­cução clara. Re­cen­te­mente um po­li­cial diz ter achado um ta­blete de ma­conha jus­ta­mente onde o carro do ad­vo­gado foi lo­ca­li­zado, e pior, a de­le­gada de Ho­mi­cídio, Dra Adriana que tem ci­ência de vá­rios fatos e esta com medo fez menção de que a droga era da ví­tima.

Que ab­surdo. Como al­guém que es­tava com a mu­lher em tra­balho de parto, es­taria pra­ti­cando trá­fico de drogas, sem drogas e sem com­prador, diga-se de pas­sagem, e com a mu­lher no hos­pital em tra­balho de parto. Tudo que está aqui é de co­nhe­ci­mento de vá­rios se­gui­mentos da so­ci­e­dade e da po­lícia, e as ações são co­man­dadas pelo Te­nente co­ronel Ur­zeda (que vai ser co­ronel, podem anotar isso) e exe­cu­tadas pela tropa do CME con­du­zidas pelo Ca­pitão Câ­mara. Caso o Go­ver­nador, o Co­man­dante da PMGO, o Mi­nis­tério Pú­blico, a OAB, o Poder Ju­di­ciá­rios dentre ou­tras ins­ti­tui­ções te­nham in­te­resse em tomar pro­vi­dên­cias, devem co­meçar ob­ser­vando os po­li­ciais que estão lo­tados no CME2 e no GRAER, quase todos en­vol­vidos di­reta e in­di­re­ta­mente no sexto man­da­mento.

 A abran­gência do co­mando desta or­ga­ni­zação cri­mi­nosa e amplo está pre­sente em pra­ti­ca­mente todos os se­gui­mentos da so­ci­e­dade, mo­tivo pelo qual estas de­nún­cias são feitas de forma anô­nima, pois senão eu seria as­sas­si­nado, e ainda me ma­cu­la­riam como tra­fi­cante, co­lo­ca­riam uma arma em mi­nhas mãos, nessas ocor­rên­cias man­jadas que todos co­nhe­cemos, ou então uma moto pas­saria e... Au­to­ri­dades tomem as pro­vi­dên­cias ca­bí­veis, pois esta carta foi en­viada si­mul­ta­ne­a­mente para o MPGO, OAB, ca­nais de im­prensa, Se­cre­tário de Se­gu­rança Pú­blica e Co­mando da PMGO.Os úl­timos dois di­fi­cil­mente to­marão pro­vi­den­cias pois tem o Rabo preso.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A VERDADEIRAB HISTÓRIA DA QUEDA DO PRESIDENTE PARAGUAIO.

postagem inicialmente observada em: aqui

A Monsanto, os mortos de Curuguaty e o julgamento político de Lugo

 

Foram muitos os sinais que antecederam o golpe contra o presidente Fernando Lugo: a maneira como ocorreu o conflito em Curuguaty que deixou 17 mortos, a presença de franco-atiradores entre os camponeses, a campanha via jornal ABC Color contra os funcionários do governo que se opunham à liberação das sementes de algodão transgênico da Monsanto, a convocação de um tratoraço nacional com bloqueio de estradas para o dia 25. O jornalista paraguaio Idilio Méndez Grimaldi conta essa história e adverte: "os mortos de Curugaty carregam uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil".

 

Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os impulsionadores de uma ideologia que promove o lucro máximo a qualquer preço e quanto mais, melhor, agora e no futuro. No dia 15 de junho de 2012, um grupo de policiais que ia cumprir uma ordem de despejo no departamento de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados com camponeses que pediam terras para sobreviver. A ordem de despejo foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Resultado da ação: 17 mortos, 6 policiais e 11 camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o governo frouxo e tímido de Fernando Lugo caiu com debilidade ascendente e extrema, cada vez mais à direita, a ponto de ser levado a julgamento político por um Congresso dominado pela direita.

 

Trata-se de um duro revés para a esquerda e para as organizações sociais e campesinas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses. Representa ainda um avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, mediante a perseguição dos camponeses e a tomada de suas terras. Finalmente, implica a instalação de um cômodo palco para as oligarquias e os partidos de direita para seu retorno triunfal nas eleições de 2013 ao poder Executivo.

 

No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério da Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente a semente de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norteamericana de biotecnologia Monsanto, para seu plantio comercial no Paraguai. Os protestos de organizações camponesas e ambientalistas foram imediatos. O gene deste algodão está misturado com o gene do Bacillus thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do bicudo, um coleóptero que deposita seus ovos no botão da flor do algodão.

 

O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave), instituição do Estado paraguaio dirigida por Miguel Lovera, não inscreveu essa semente nos registros de cultivares pela falta de parecer do Ministério da Saúde e da Secretaria do Ambiente, como exige a legislação.

 

Campanha midiática

Nos meses posteriores, a Monsanto, por meio da União de Grêmios de Produção (UGP), estreitamente ligada ao grupo Zuccolillo, que publica o jornal ABC Color, lançou uma campanha contra o Senave e seu presidente por não liberar o uso comercial em todo o país da semente de algodão transgênico da Monsanto. A contagem regressiva decisiva parece ter iniciado com uma nova denúncia por parte de uma pseudosindicalista do Senave, chamada Silvia Martínez, que, no dia 7 de junho, acusou Lovera de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, nas páginas do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosan, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra transnacional, todas sócias da UGP.

 

No dia seguinte, 8 de junho, a UGP publicou no ABC uma nota em seis colunas: “Os 12 argumentos para destituir Lovera”. Estes supostos argumentos foram apresentados ao vice-presidente da República, correligionário do ministro da Agricultura, o liberal Federico Franco, que naquele momento era o presidente interino do Paraguai, em função de uma viagem de Lugo pela Ásia.

 

No dia 15, por ocasião de uma exposição anual organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o ministro Enzo Cardoso deixou escapar um comentário diante da imprensa que um suposto grupo de investidores da Índia, do setor de agroquímicos, cancelou um projeto de investimento no Paraguai por causa da suposta corrupção no Senave. Ele nunca esclareceu que grupo era esse. Aproximadamente na mesma hora daquele dia, ocorriam os trágicos eventos de Curuguaty.

 

No marco desta exposição preparada pelo citado Ministério, a Monsanto apresentou outra variedade de algodão, duplamente transgênica: BT e RR, ou Resistente ao Roundup, um herbicida fabricado e patenteado pela transnacional. A pretensão da Monsanto é a liberação desta semente transgênica no Paraguai, tal como ocorreu na Argentina e em outros países do mundo.

 

Antes desses fatos, o diário ABC Color denunciou sistematicamente, por supostos atos de corrupção, a ministra da Saúde, Esperanza Martínez, e o ministro do Ambiente, Oscar Rivas, dois funcionários do governo que não deram parecer favorável a Monsanto.

 

Em 2001, a Monsanto faturou 30 milhões de dólares, livre de impostos (porque não declara essa parte de sua renda), somente na cobrança de royalties pelo uso de sementes de soja transgênica no Paraguai. Toda a soja cultivada no país é transgênica, numa extensão de aproximadamente 3 milhões de hectares, com uma produção em torno de 7 milhões de toneladas em 2010.

 

Por outro lado, na Câmara de Deputados já se aprovou o projeto de Lei de Biossegurança, que cria um departamento de biossegurança dentro do Ministério da Agricultura, com amplos poderes para a aprovação para cultivo comercial de todas as sementes transgênicas, sejam de soja, de milho, de arroz, algodão e mesmo algumas hortaliças. O projeto prevê ainda a eliminação da Comissão de Biossegurança atual, que é um ente colegiado forma por funcionários técnicos do Estado paraguaio.

 

Enquanto transcorriam todos esses acontecimentos, a UGP preparava um ato de protesto nacional contra o governo de Fernando Lugo para o dia 25 de junho. Seria uma manifestação com máquinas agrícolas fechando estradas em distintos pontos do país. Uma das reivindicações do chamado “tratoraço” era a destituição de Miguel Lovera do Senave, assim como a liberalização de todas as sementes transgênicas para cultivo comercial.

 

As conexões

A UGP é dirigida por Héctor Cristaldo, apoiado por outros apóstolos como Ramón Sánchez – que tem negócios com o setor dos agroquímicos -, entre outros agentes das transnacionais do agronegócio. Cristaldo integra o staff de várias empresas do Grupo Zuccolillo, cujo principal acionista é Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do diário ABC Color, desde sua função sob o regime de Stroessner, em 1967. Zuccolillo é dirigente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

 

O grupo Zuccolillo é sócio principal no Paraguai da Cargill, uma das maiores transnacionais do agronegócio no mundo. A sociedade entre os dois grupos construiu um dos portos graneleiros mais importantes do Paraguai, denominado Porto União, a 500 metros da área de captação de água da empresa de abastecimento do Estado paraguaio, no Rio Paraguai, sem nenhuma restrição.

 

As transnacionais do agronegócio no Paraguai praticamente não pagam impostos, mediante a férrea proteção que tem no Congresso, dominado pela direita. A carga tributária no Paraguai é apenas de 13% sobre o PIB. Cerca de 60% do imposto arrecadado pelo Estado paraguaio é via Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Os latifundiários não pagam impostos. O imposto imobiliário representa apenas 0,04% da carga tributária, cerca de 5 milhões de dólares, segundo estudo do Banco Mundial, embora a renda do agronegócio seja de aproximadamente 30% do PIB, o que representa cerca de 6 bilhões de dólares anuais.

 

O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Cerca de 85% das terras, aproximadamente 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% de proprietários, que se dedicam à produção meramente para exportação ou, no pior dos casos, à especulação sobre a terra. A maioria desses oligarcas possui mansões em Punta del Este ou em Miami e mantém estreitas relações com transnacionais do setor financeiro, que guardam seus bens mal havidos nos paraísos fiscais ou tem investimentos facilitados no exterior. Todos eles, de uma ou outra maneira, estão ligados ao agronegócio e dominam o espectro político nacional, com amplas influências nos três poderes do Estado. Ali reina a UGP, apoiada pelas transnacionais do setor financeiro e do agronegócio.

 

Os fatos de Curugaty

Curuguaty é uma cidade na região oriental do Paraguai, a cerca de 200 quilômetros de Assunção, capital do país. A alguns quilômetros de Curuguaty encontra-se a fazenda Morombi, de propriedade do latifundiário Blas Riquelme, com mais de 70 mil hectares nesse lugar. Riquelme provém das entranhas da ditadura de Stroessner (1954-1989), sob cujo regime acumulou uma intensa fortuna. Depois, aliou-se ao general Andrés Rodríguez, que executou o golpe de Estado que derrubou o ditador Stroessner. Riquelme, que foi presidente do Partido Colorado por muitos anos e senador da República, dono de vários supermercados e estabelecimentos pecuários, apropriou-se mediante subterfúgios legais de aproximadamente 2 mil hectares que pertencem ao Estado paraguaio.

 

Esta parcela foi ocupada pelos camponeses sem terra que vinham solicitando ao governo de Fernando Lugo sua distribuição. Um juiz e uma promotora ordenaram o despejo dos camponeses, por meio do Grupo Especial de Operações (GEO), da Polícia Nacional, cujos membros de elite, em sua maioria, foram treinados na Colômbia, sob o governo de Uribe, para a luta contra as guerrilhas.

 

Só uma sabotagem interna dentro dos quadros de inteligência da polícia, com a cumplicidade da promotoria, explica a emboscada, na qual morreram seis policiais. Não se compreende como policiais altamente treinados, no marco do Plano Colômbia, puderam cair facilmente em uma suposta armadilha montada pelos camponeses, como quer fazer crer a imprensa dominada pela oligarquia. Seus camaradas reagiram e dispararam contra os camponeses, matando 11 e deixando uns 50 feridos. Entre os policiais mortos estava o chefe do GEO, comissário Erven Lovera, irmão do tenente coronel Alcides Lovera, chefe de segurança do presidente Lugo.

 

O plano consiste em criminalizar, levar até ao ódio extremo todas as organizações campesinas, para fazer os camponeses abandonarem o campo, deixando-o para uso exclusivo do agronegócio. É um processo doloroso, “descampesinização” do campo paraguaio, que atenta diretamente contra a soberania alimentar, a cultura alimentar do povo paraguaio, por serem os camponeses produtores e recriadores ancestrais de toda a cultura guarani.

 

Tanto o Ministério Público, como o Poder Judiciário e a Polícia Nacional, assim como diversos organismos do Estado paraguaio estão controlados mediante convênios de cooperação com a USAID, agência de cooperação dos Estados Unidos.

 

O assassinato do irmão do chefe de segurança do presidente da República obviamente foi uma mensagem direta a Fernando Lugo, cuja cabeça seria o próximo objetivo, provavelmente por meio de um julgamento político, mesmo que ele tenha levado seu governo mais para a direita, tratando de acalmar as oligarquias. O ocorrido em Curuguaty derrubou Carlos Filizzola do Ministério do Interior. Em seu lugar, foi nomeado Rubén Candia Amarilla, proveniente do opositor Partido Colorado, o qual Lugo derrotou nas urnas em 2008, após 60 anos de ditadura colorada, incluindo a tirania de Alfredo Stroessner.

 

Candia foi ministro da Justiça do governo colorado de Nicanor Duarte (2003-2008) e atuou como procurador geral do Estado por um período, até o ano passado, quando foi substituído por outro colorado, Javier Díaz Verón, por iniciativa do próprio Lugo. Candia é acusado de ter promovido a repressão contra dirigentes de organizações campesinas e de movimentos populares. Sua indicação como procurador geral do Estado em 2005 foi aprovada pelo então embaixador dos Estados Unidos, John F. Keen. Candia foi responsável por um maior controle do Ministério Público por parte da USAID e foi acusado por Lugo no início do governo de conspirar para tirá-lo do poder.

 

Após assumir como ministro político de Lugo, a primeira coisa que Candia fez foi anunciar o fim do protocolo de diálogo com os campesinos que ocupam propriedades. A mensagem foi clara: não haverá conversação, mas simplesmente a aplicação da lei, o que significa empregar a força policial repressiva sem contemplação. Dois dias depois de Candia assumir, os membros do UGP, encabeçados por Héctor Cristaldo, foram visitar o flamante ministro do Interior, a quem solicitaram garantias para a realização do tratoraço no dia 25. No entanto, Cristaldo disse que a medida de força poderia ser suspensa, em caso de sinais favoráveis para a UGP (leia-se: liberação das sementes transgênicas da Monsanto, destituição de Lovera e de outros ministros, entre outras vantagens para o grande capital e os oligarcas), levando o governo ainda mais para a direita.

 

Cristaldo é pré-candidato a deputado para as eleições de 2013 por um movimento interno do Partido Colorado, liderado por Horacio Cartes, um empresário investigado em passado recente nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e narcotráfico, segundo o próprio ABC Color, que foi ecoado por várias mensagens do Departamento de Estado dos EUA, conforme divulgado por Wikileaks. Entre elas, uma se referia diretamente a Cartes, no dia 15 de novembro de 2011.

 

Julgamento político de Lugo

Enquanto escrevia esse artigo, a UGP (4), alguns integrantes do Partido Colorado e os próprios integrantes do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), dirigido pelo senador Blas Llano e aliado do governo até então, começaram a ameaçar com a abertura de um processo de impeachment de Fernando Lugo para destituí-lo do cargo de presidente da República. Lugo passou a depender do humor dos colorados para seguir como presidente do país, assim como do de seus aliados liberais, que passaram a ameaçá-lo com um julgamento político, seguramente buscando mais espaços de poder (dinheiro) como condição para a paz. O Partido Colorado, aliado a outros partidos minoritários de oposição tinha a maioria necessária para destituir o presidente de suas funções.

 

Talvez esperassem “os sinais favoráveis” de Lugo que a UGP – em nome da Monsanto, da pátria financeira e dos oligarcas – estava exigindo do governo. Caso contrário se passaria à fase seguinte, de interrupção deste governo que nasceu como progressista e lentamente foi terminando como conservador, controlado pelos poderes da oposição.

 

Entre outras coisas, Lugo é responsável pela aprovação da Lei Antiterrorista, patrocinada pelos EUA em todo o mundo depois do 11 de setembro. Em 2010, ele autorizou a implementação da Iniciativa Zona Norte, que consiste na instalação e deslocamento de tropas e civis norteamericanos no norte da região oriental – no nariz do Brasil – supostamente para desenvolver atividades a favor das comunidades campesinas.

 

A Frente Guazú, coalizão das esquerdas que apoia Lugo, não conseguiu unificar seu discurso e seus integrantes acabaram perdendo a perspectiva na análise do poder real, ficando presos nos jogos eleitorais imediatistas. Infiltrados pelo USAID, muitos integrantes da Frente Guazú, que participavam da administração do Estado, sucumbiram ao canto de sereia do consumismo galopante do neoliberalismo. Se corromperam até os ossos, convertendo-se em cópias vaidosas de novos ricos que integravam os recentes governos do direitista Partido Colorado.

 

Curuguaty também engloba uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil, em cuja fronteira se produziram esses fatos sangrentos, claramente dirigidos pelos senhores da guerra, cujos teatros de operações estão montados no Iraque, Líbia, Afeganistão e, agora, Síria. O Brasil está construindo um processo de hegemonia mundial junto com a Rússia, Índia e China, denominado BRIC. No entanto, os EUA não recuam na tentativa de manter seu poder de influência na região. Já está em marcha o novo eixo comercial integrado por México, Panamá, Colômbia, Peru e Chile. É um muro de contenção aos desejos expansionistas do Brasil na direção do Pacífico.

 

Enquanto isso, Washington segue sua ofensiva diplomática em Brasília, tratando de convencer o governo de Dilma Rousseff a estreitar vínculos comerciais, tecnológicos e militares. Além disso, a IV Frota dos EUA, reativada há alguns anos após estar fora de serviço desde o fim da Segunda Guerra Mundial, vigia todo o Atlântico Sul, caracterizando um outro cerco ao Brasil, caso a persuasão diplomática não funcione.

 

E o Paraguai é um país em disputa entre ambos países hegemônicos, sendo ainda amplamente dominado pelos EUA. Por isso, os eventos de Curuguaty representam também um pequeno sinal para o Brasil, no sentido de que o Paraguai pode se converter em um obstáculo para o desenvolvimento do sudoeste do Brasil.

 

Mas, acima de tudo, os mortos de Curuguaty representam um sinal do grande capital, do extrativismo explorador que assola o planeta e aplasta a vida em todos os rincões da Terra em nome da civilização e do desenvolvimento. Felizmente, os povos do mundo também vêm dando respostas a estes sinais da morte, com sinais de resistência, de dignidade e de respeito a todas as formas de vida no planeta.

 

(Por Idilio Méndez Grimaldi (*), Carta Maior, 25/06/2012)

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

 

(*) Jornalista, pesquisador e analista. Membro da Sociedade de Economia Política do Paraguai (SEPPY). Autor do livro “Lor Herederos de Stroessner”.

(**) Esse artigo foi escrito dias antes da aprovação, no Senado paraguaio, da abertura do processo de impeachment de Fernando Lugo.

 

domingo, 13 de maio de 2012

Perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das Universidades Federais Brasileiras


fonte: Andifes (aqui)

Pesquisa Perfil
O Coordenador Nacional do FONAPRACE, Prof. Valberes Bernardo do Nascimento, lançou ontem em Brasília, no Seminário Andifes “Assistência Estudantil e Política de Expansão”, o resultado da pesquisa nacional do “Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras”, realizada pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) com apoio da ANDIFES. O seminário contou com a presença do Secretário de Educação da SESu_MEC, Prof. Luiz Claudio Costa, do Presidente da Andifes, Prof. João Luiz Martins (Reitor da UFOP), dos Reitores das Universidades Federais e Pró-Reitores de Assuntos Estudantis de todo país, além de convidados e da imprensa nacional.
Perfil dos Estudantes das Federais:
Classes C, D e E (renda familiar de até três salários mínimos) representam 44% dos estudantes das Federais. Este percentual sobe para 69% e 52% nas regiões Norte e Nordeste, respectivamente.

Segundo o Coordenador Nacional do FONAPRACE, Prof. Valberes Nascimento, se considerarmos a significativa migração ascendente ocorrida entre as classes sociais nestes últimos oito anos, verificamos claramente que a manutenção do índice de 44% de estudantes das classes C, D e E nas Universidades Federais de 1996 a 2011 revela a importância das ações afirmativas de inclusão e permanência, resultantes dos maciços investimentos em Assistência Estudantil nos dois mandatos do governo Lula. Note-se que “se considerarmos que os estudantes pertencentes à classe B2 (renda familiar de até cinco salários mínimos) também se incluem no público alvo da Assistência Estudantil, este percentual sobe para 67%, quebrando o mito de que nas federais os estudantes são, em sua maioria, os mais ricos.
O estudante das Universidades Federais é jovem, tendo em média 23 anos de idade, sendo que o maior percentual situa-se na faixa de 21 anos de idade.
As mulheres são maioria (7% a mais do que os homens).
O percentual de estudantes de raça/cor/etnia preta aumentou quase 50% (8,7% contra 5,9% em 2004) com destaque para as regiões Norte e Nordeste.
Os estudantes egressos de escola pública representam quase 50% do alunado.
Clique aqui  para baixar o relatório completo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Informações retiradas daqui:
Depois de anos tramitando no Congresso Nacional, deputados aprovam com louvor novo texto que modifica principal lei florestal do Brasil. O texto mais brando do Senado foi rejeitado por 274 deputados, enquanto a seu favor votaram 184.
Isso significa que foi aprovado o relatório Piau, que flexibiliza ainda mais o Código Florestal.
Entenda o “sim” e o “não”
A votação teve uma pegadinha. Os deputados que votaram “sim” desejavam a manutenção do texto aprovado pelo Senado, apoiado pelo governo e que garantia faixas mínimas de proteção e recomposição florestal. Os deputados que votaram “não” votaram pelo relatório do deputado Paulo Piau, que anulou essas obrigações. Ganharam por 90 votos e reformaram a principal lei florestal brasileira.
Resultado da votação
Sim: 184
Não: 274
Abstenção: 2
Total da Votação: 460
Total Quorum: 461
Orientação
PT:Sim
PMDB:Não
PSDB:Não
PSD: Não
PrPtdobPrpPhsPtcPslPrtb:Não
PsbPcdob: Liberado
PP: Liberado
DEM: Não
PDT:Não
PvPps:Sim
PTB:Não
PSC:Não
PRB:Sim
PSOL:Sim
Minoria:Liberado
GOV.:Sim

Parlamentar
UF
Voto
DEM
Abelardo Lupion PR Não
Alexandre Leite SP Não
Antonio Carlos Magalhães Neto BA Não
Augusto Coutinho PE Não
Claudio Cajado BA Não
Davi Alcolumbre AP Não
Efraim Filho PB Não
Eli Correa Filho SP Não
Fábio Souto BA Não
Felipe Maia RN Não
Jairo Ataide MG Não
João Bittar MG Não
Jorge Tadeu Mudalen SP Não
Júlio Campos MT Não
Lira Maia PA Não
Luiz Carlos Setim PR Não
Mandetta MS Não
Mendonça Filho PE Não
Mendonça Prado SE Sim
Onyx Lorenzoni RS Não
Pauderney Avelino AM Não
Paulo Cesar Quartiero RR Não
Professora Dorinha Seabra Rezende TO Não
Rodrigo Maia RJ Sim
Ronaldo Caiado GO Não
Vitor Penido MG Não
Total DEM: 26
PCdoB
Alice Portugal BA Sim
Assis Melo RS Não
Chico Lopes CE Não
Daniel Almeida BA Sim
Delegado Protógenes SP Sim
Evandro Milhomen AP Não
Jandira Feghali RJ Sim
Jô Moraes MG Sim
João Ananias CE Não
Luciana Santos PE Não
Manuela D`ávila RS Sim
Osmar Júnior PI Não
Total PCdoB: 12
PDT
André Figueiredo CE Não
Ângelo Agnolin TO Não
Brizola Neto RJ Sim
Dr. Jorge Silva ES Não
Enio Bacci RS Sim
Felix Mendonça Júnior BA Não
Flávia Morais GO Não
Giovani Cherini RS Não
Giovanni Queiroz PA Não
João Dado SP Não
Manato ES Não
Marcelo Matos RJ Sim
Marcos Medrado BA Não
Marcos Rogério RO Não
Miro Teixeira RJ Sim
Oziel Oliveira BA Não
Paulo Pereira da Silva SP Não
Reguffe DF Sim
Salvador Zimbaldi SP Não
Sebastião Bala Rocha AP Sim
Sueli Vidigal ES Não
Vieira da Cunha RS Sim
Wolney Queiroz PE Não
Zé Silva MG Não
Total PDT: 24
PHS
José Humberto MG Não
Total PHS: 1
PMDB
Adrian RJ Não
Alberto Filho MA Não
Alceu Moreira RS Não
Alexandre Santos RJ Não
Antônio Andrade MG Não
Arthur Oliveira Maia BA Não
Asdrubal Bentes PA Não
Benjamin Maranhão PB Não
Carlos Bezerra MT Não
Celso Maldaner SC Não
Danilo Forte CE Não
Darcísio Perondi RS Não
Edinho Araújo SP Não
Edinho Bez SC Não
Edio Lopes RR Não
Edson Ezequiel RJ Não
Eduardo Cunha RJ Não
Elcione Barbalho PA Sim
Eliseu Padilha RS Não
Fabio Trad MS Não
Fátima Pelaes AP Não
Fernando Jordão RJ Não
Flaviano Melo AC Não
Francisco Escórcio MA Não
Gabriel Chalita SP Não
Genecias Noronha CE Não
Gera Arruda CE Não
Geraldo Resende MS Sim
Giroto MS Não
Henrique Eduardo Alves RN Não
Hermes Parcianello PR Não
Hugo Motta PB Não
Íris de Araújo GO Não
João Arruda PR Não
João Magalhães MG Não
Joaquim Beltrão AL Não
José Priante PA Não
Júnior Coimbra TO Não
Leandro Vilela GO Não
Lelo Coimbra ES Não
Leonardo Picciani RJ Não
Leonardo Quintão MG Não
Lucio Vieira Lima BA Não
Luiz Pitiman DF Não
Manoel Junior PB Não
Marçal Filho MS Não
Marcelo Castro PI Não
Marinha Raupp RO Não
Marllos Sampaio PI Não
Mauro Benevides CE Não
Mauro Lopes MG Não
Mauro Mariani SC Não
Natan Donadon RO Não
Newton Cardoso MG Não
Nilda Gondim PB Não
Odílio Balbinotti PR Não
Osmar Serraglio PR Não
Osmar Terra RS Não
Paulo Piau MG Não
Pedro Chaves GO Não
Pedro Novais MA Não
Professor Setimo MA Não
Raul Henry PE Sim
Renan Filho AL Não
Rogério Peninha Mendonça SC Não
Ronaldo Benedet SC Não
Rose de Freitas ES Não
Sandro Mabel GO Não
Saraiva Felipe MG Não
Teresa Surita RR Não
Valdir Colatto SC Não
Washington Reis RJ Não
Wilson Filho PB Não
Wladimir Costa PA Não
Total PMDB: 74
PMN
Jaqueline Roriz DF Não
Total PMN: 1
PP
Afonso Hamm RS Não
Aline Corrêa SP Sim
Arthur Lira AL Sim
Beto Mansur SP Não
Carlos Magno RO Não
Cida Borghetti PR Não
Dilceu Sperafico PR Não
Dimas Fabiano MG Não
Eduardo da Fonte PE Sim
Esperidião Amin SC Não
Gladson Cameli AC Não
Iracema Portella PI Sim
Jair Bolsonaro RJ Não
Jeronimo Goergen RS Não
João Pizzolatti SC Não
José Linhares CE Não
Lázaro Botelho TO Não
Luis Carlos Heinze RS Não
Luiz Argôlo BA Não
Luiz Fernando Faria MG Não
Márcio Reinaldo Moreira MG Não
Mário Negromonte BA Não
Missionário José Olimpio SP Não
Nelson Meurer PR Não
Paulo Maluf SP Não
Pedro Henry MT Não
Rebecca Garcia AM Sim
Renato Molling RS Não
Roberto Britto BA Sim
Roberto Teixeira PE Não
Sandes Júnior GO Não
Simão Sessim RJ Sim
Toninho Pinheiro MG Não
Vilson Covatti RS Não
Waldir Maranhão MA Sim
Total PP: 35
PPS
Arnaldo Jardim SP Não
Arnaldo Jordy PA Sim
Augusto Carvalho DF Sim
Carmen Zanotto SC Não
Dimas Ramalho SP Sim
Roberto Freire SP Sim
Rubens Bueno PR Sim
Sandro Alex PR Não
Stepan Nercessian RJ Sim
Total PPS: 9
PR
Aelton Freitas MG Não
Anderson Ferreira PE Não
Anthony Garotinho RJ Abstenção
Aracely de Paula MG Não
Bernardo Santana de Vasconcellos MG Não
Davi Alves Silva Júnior MA Não
Dr. Adilson Soares RJ Não
Francisco Floriano RJ Não
Giacobo PR Não
Inocêncio Oliveira PE Não
Izalci DF Não
João Carlos Bacelar BA Não
Lúcio Vale PA Não
Maurício Quintella Lessa AL Não
Maurício Trindade BA Não
Milton Monti SP Não
Neilton Mulim RJ Sim
Paulo Feijó RJ Não
Paulo Freire SP Não
Tiririca SP Não
Valdemar Costa Neto SP Não
Vicente Arruda CE Não
Vinicius Gurgel AP Não
Wellington Fagundes MT Não
Wellington Roberto PB Não
Zoinho RJ Não
Total PR: 26
PRB
Acelino Popó BA Sim
Antonio Bulhões SP Sim
Cleber Verde MA Sim
George Hilton MG Sim
Heleno Silva SE Sim
Jhonatan de Jesus RR Sim
Márcio Marinho BA Sim
Otoniel Lima SP Sim
Vilalba PE Sim
Vitor Paulo RJ Sim
Total PRB: 10/p>
PRP
Jânio Natal BA Não
Total PRP: 1
PSB
Abelardo Camarinha SP Não
Alexandre Roso RS Não
Antonio Balhmann CE Não
Ariosto Holanda CE Sim
Audifax ES Sim
Domingos Neto CE Não
Dr. Ubiali SP Sim
Fernando Coelho Filho PE Sim
Givaldo Carimbão AL Sim
Glauber Braga RJ Sim
Janete Capiberibe AP Sim
Jonas Donizette SP Sim
José Stédile RS Sim
Júlio Delgado MG Sim
Keiko Ota SP Sim
Laurez Moreira TO Não
Leopoldo Meyer PR Sim
Luiz Noé RS Sim
Luiza Erundina SP Sim
Mauro Nazif RO Não
Paulo Foletto ES Sim
Romário RJ Não
Sandra Rosado RN Não
Severino Ninho PE Sim
Valtenir Pereira MT Não
Total PSB: 25
PSC
Andre Moura SE Não
Antônia Lúcia AC Não
Carlos Eduardo Cadoca PE Não
Costa Ferreira MA Não
Deley RJ Abstenção
Edmar Arruda PR Não
Hugo Leal RJ Sim
Lauriete ES Não
Leonardo Gadelha PB Não
Mário de Oliveira MG Não
Nelson Padovani PR Não
Pastor Marco Feliciano SP Não
Ratinho Junior PR Não
Zequinha Marinho PA Não
Total PSC: 14
PSD
Ademir Camilo MG Não
Armando Vergílio GO Não
Arolde de Oliveira RJ Não
Átila Lins AM Não
Carlos Souza AM Não
César Halum TO Não
Danrlei De Deus Hinterholz RS Não
Diego Andrade MG Não
Dr. Paulo César RJ Sim
Edson Pimenta BA Não
Eleuses Paiva SP Não
Eliene Lima MT Não
Fábio Faria RN Não
Felipe Bornier RJ Sim
Fernando Torres BA Não
Francisco Araújo RR Não
Geraldo Thadeu MG Não
Guilherme Campos SP Não
Guilherme Mussi SP Sim
Hélio Santos MA Não
Heuler Cruvinel GO Não
Homero Pereira MT Não
Hugo Napoleão PI Não
Irajá Abreu TO Não
Jefferson Campos SP Não
Jorge Boeira SC Não
José Carlos Araújo BA Não
José Nunes BA Não
Júlio Cesar PI Não
Junji Abe SP Não
Liliam Sá RJ Sim
Manoel Salviano CE Não
Moreira Mendes RO Não
Nice Lobão MA Não
Onofre Santo Agostini SC Não
Paulo Magalhães BA Não
Raul Lima RR Não
Reinhold Stephanes PR Não
Ricardo Izar SP Sim
Roberto Santiago SP Sim
Sérgio Brito BA Não
Silas Câmara AM Sim
Walter Tosta MG Sim
Total PSD: 43
PSDB
Alberto Mourão SP Sim
Alfredo Kaefer PR Não
Andreia Zito RJ Sim
Antonio Carlos Mendes Thame SP Não
Antonio Imbassahy BA Sim
Berinho Bantim RR Não
Bonifácio de Andrada MG Não
Bruno Araújo PE Não
Carlos Alberto Leréia GO Não
Carlos Brandão MA Não
Carlos Sampaio SP Sim
Cesar Colnago ES Sim
Domingos Sávio MG Não
Duarte Nogueira SP Não
Dudimar Paxiúba PA Não
Eduardo Barbosa MG Sim
Emanuel Fernandes SP Sim
Fernando Francischini PR Não
João Campos GO Não
Jorginho Mello SC Não
Jutahy Junior BA Sim
Leonardo Vilela GO Não
Luiz Carlos AP Não
Luiz Fernando Machado SP Sim
Luiz Nishimori PR Não
Mara Gabrilli SP Sim
Marcio Bittar AC Não
Marco Tebaldi SC Não
Marcus Pestana MG Sim
Nelson Marchezan Junior RS Não
Nilson Leitão MT Não
Otavio Leite RJ Sim
Paulo Abi-Ackel MG Não
Raimundo Gomes de Matos CE Não
Reinaldo Azambuja MS Não
Ricardo Tripoli SP Sim
Rodrigo de Castro MG Sim
Rogério Marinho RN Não
Romero Rodrigues PB Sim
Rui Palmeira AL Sim
Ruy Carneiro PB Sim
Sergio Guerra PE Não
Vanderlei Macris SP Sim
Vaz de Lima SP Sim
Walter Feldman SP Sim
Wandenkolk Gonçalves PA Não
William Dib SP Sim
Zenaldo Coutinho PA Sim
Total PSDB: 48
PSL
Dr. Grilo MG Sim
Total PSL: 1
PSOL
Chico Alencar RJ Sim
Ivan Valente SP Sim
Jean Wyllys RJ Sim
Total PSOL: 3
PT
Afonso Florence BA Sim
Alessandro Molon RJ Sim
Amauri Teixeira BA Sim
André Vargas PR Sim
Angelo Vanhoni PR Sim
Antônio Carlos Biffi MS Sim
Arlindo Chinaglia SP Sim
Artur Bruno CE Sim
Assis Carvalho PI Sim
Assis do Couto PR Sim
Benedita da Silva RJ Sim
Beto Faro PA Sim
Bohn Gass RS Sim
Cândido Vaccarezza SP Sim
Carlinhos Almeida SP Sim
Carlos Zarattini SP Sim
Chico D`Angelo RJ Sim
Cláudio Puty PA Sim
Dalva Figueiredo AP Sim
Décio Lima SC Sim
Devanir Ribeiro SP Sim
Domingos Dutra MA Sim
Dr. Rosinha PR Sim
Edson Santos RJ Sim
Erika Kokay DF Sim
Eudes Xavier CE Sim
Fátima Bezerra RN Sim
Fernando Ferro PE Sim
Fernando Marroni RS Sim
Francisco Praciano AM Sim
Gabriel Guimarães MG Sim
Geraldo Simões BA Sim
Henrique Fontana RS Sim
Iriny Lopes ES Sim
Jesus Rodrigues PI Sim
Jilmar Tatto SP Sim
João Paulo Lima PE Sim
João Paulo Cunha SP Sim
José Airton CE Sim
José De Filippi SP Sim
José Guimarães CE Sim
José Mentor SP Sim
Josias Gomes BA Sim
Leonardo Monteiro MG Sim
Luci Choinacki SC Sim
Luiz Alberto BA Sim
Luiz Couto PB Sim
Luiz Sérgio RJ Sim
Márcio Macêdo SE Sim
Marco Maia RS Art. 17
Marcon RS Sim
Marina Santanna GO Sim
Miguel Corrêa MG Sim
Miriquinho Batista PA Sim
Nazareno Fonteles PI Sim
Nelson Pellegrino BA Sim
Newton Lima SP Sim
Odair Cunha MG Sim
Padre João MG Sim
Padre Ton RO Sim
Paulo Ferreira RS Sim
Paulo Pimenta RS Sim
Paulo Teixeira SP Sim
Pedro Eugênio PE Sim
Pedro Uczai SC Sim
Policarpo DF Sim
Reginaldo Lopes MG Sim
Ricardo Berzoini SP Sim
Rogério Carvalho SE Sim
Ronaldo Zulke RS Sim
Rubens Otoni GO Sim
Sibá Machado AC Sim
Taumaturgo Lima AC Sim
Valmir Assunção BA Sim
Vander Loubet MS Não
Vanderlei Siraque SP Sim
Vicente Candido SP Sim
Vicentinho SP Sim
Waldenor Pereira BA Sim
Zé Geraldo PA Sim
Total PT: 80
PTB
Alex Canziani PR Não
Antonio Brito BA Não
Arnaldo Faria de Sá SP Não
Arnon Bezerra CE Não
Celia Rocha AL Não
Jorge Corte Real PE Não
José Augusto Maia PE Sim
Josué Bengtson PA Não
Magda Mofatto GO Não
Nelson Marquezelli SP Não
Nilton Capixaba RO Não
Ronaldo Nogueira RS Não
Sérgio Moraes RS Não
Silvio Costa PE Não
Walney Rocha RJ Não
Total PTB: 15
PTC
Edivaldo Holanda Junior MA Sim
Total PTC: 1
PTdoB
Lourival Mendes MA Não
Luis Tibé MG Não
Rosinha da Adefal AL Sim
Total PTdoB: 3
PV
Alfredo Sirkis RJ Sim
Antônio Roberto MG Sim
Dr. Aluizio RJ Sim
Henrique Afonso AC Sim
Paulo Wagner RN Sim
Penna SP Sim
Roberto de Lucena SP Sim
Rosane Ferreira PR Sim
Sarney Filho MA Sim
Total PV: 9