sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Hugo Chávez e aquela pílula alucinógena do Kadafi



A farinha estatal faz parte da cesta básica vendida por uma fração do preço na rede de mercados do governo
por Luiz Carlos Azenha (post do blog clique aqui
Quando a gente acha que já ouviu de tudo na vida, aparece o Muammar Kadafi dizendo que a Al Qaeda e pílulas alucinógenas são as razões para a revolução na Líbia. As pílulas, pelo que entendi, teriam sido distribuídas aos jovens rebeldes (será que ele está falando do ecstasy?).
De acordo com Fidel Castro, haveria por trás da revolta o interesse da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de controlar a Líbia. Será que o comandante também tomou a pílula?
Bem, a teoria de Fidel não é completamente inverossímil, se considerarmos que a Líbia é um importante fornecedor de petróleo para a União Europeia e os Estados Unidos.
Porém, tenho comigo que estava todo mundo feliz com o Kadafi no mundo. O ditador líbio tinha se dedicado em anos recentes a restabelecer suas relações políticas e comercias com o Ocidente. Como integrante da OPEP, jogava pesado em defesa do valor do petróleo (nesse campo, em aliança estratégica com a Venezuela). A Líbia fez investimentos em vários países da África, rompendo o isolamento geográfico do Saara e, com isso, Kadafi fez muitos amigos no continente.
Aparentemente quem não estava contente com ele era uma parcela considerável dos próprios líbios.
Em um texto anterior, a respeito de minha recente viagem à Venezuela (clique aqui para ler), relatei que existem críticas consistentes de esquerda ao governo Chávez.
Pergunta frequente dos que conversam comigo: mas ele ganha as eleições de 2012?
Sou péssimo para fazer prognósticos eleitorais. Se tivesse que apostar, apostaria que sim, que Chávez será reeleito para mais um mandato.
Apesar da inflação, da criminalidade e de problemas de abastecimento.
A economia venezuelana, como escrevi anteriormente, continua basicamente dependente do petróleo. A produção agrícola, por exemplo, representa hoje apenas 5% do PIB, pouco acima do que representava quando Chávez assumiu há 12 anos.
Isso significa que a economia venezuelana flutua de acordo com os preços internacionais do petróleo.
Quando eles desabam, ela vai junto. Quando sobem, a injeção de dinheiro dá um ânimo nas coisas.
Desde a crise no Egito os preços internacionais do petróleo começaram a subir. Mas, com a revolução na Líbia, eles realmente dispararam. E a agitação no Oriente Médio, que está apenas começando, é garantia de que o preço do barril não vai ficar abaixo dos 100 dólares por um bom período. Talvez um, dois anos.
Ou seja, se o preço dos alimentos — que estão em alta no mundo — afeta enormemente a Venezuela, um país que importa quase tudo do Brasil, o preço do petróleo dá uma imensa folga de caixa a Hugo Chávez. Aquela pílula alucinógena do Kadafi acaba, ironicamente, colaborando com a campanha dele.

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