sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Newsletter Nômade

Caras e Caros,
mais uma edição da Newsletter Nômade
Tinhamos previsto para hoje o texto de Miguel Lanzellotti Baldez AUTO DE NATAL.
O enviamos aqui embaixo (3)

Contudo, recebemos um e-mail hoje de manhâ da urbanista Fatima Tardin (1), com um texto de denuncia (2)da Pastoral de Favelas de mais uma ação "natalina" da Prefeitura Municipal do Rio: Segue aqui:

(1) Aqui no Rio, está difícil deixar o espírito natalino prevalecer!!
Segue mais um depoimento, agora, de um companheiro da
Pastoral de Favelas
Os governantes não dão trégua!
Fátima Tardin
Arquiteta e Urbanista
Mestre em Direito da Cidade

(2) Assunto: Mais uma remoção sumária, arfbitrária e ilegal.
De:      "Luiz severino da silva Silva"
Data:    Qui, Dezembro 23, 2010 3:42 pm
Para:
     Representando a Pastoral de Favelas, estive, nesta última 3a. feira,às
20:00h., juntamente com companheiros do Conselho Popular,Movimento União
Popular (MUP), Rede contra a Violência, lideranças comunitárias e defensores
públilcos do núcleo de terra e habitação, em reunião com moradores de
uma comunidade
em Guaratiba, Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, onde está ocorrendo
mais uma remoção de famílias com demolição de casas, sem um mínimo de diálogo e
informação às pessoas que ali moram. Ouvimos dos moradores, barbaridades
praticadas por agentes da prefeitura, comandados pelo subprefeito da Região.
Esses agentes chegam de surpresa aterrorizando os moradores dizendo em tom
arrogante e assustador que desocupem imediatamente a casa porqaue a draga já
está chegando e não tem tempo a perder pois a casa deve ser logo demolida
para desocupar a área. As famílias que, atônitas viram suas casas pixada com a
sigla SMH e um número, no feitio das marcas feitas pelo Hitler, durante a 2a.
guerra, sentiam-se acuadas e diante de rara truculência, muitas
acabaram aceitando a
oferta do dito" bondoso" prefeito que segundo os "jagunços", oferece de
graça, uma casa em Cosmos. Os poucos que resistiram à oferta não
cederam e estão se
reunindo na tentativa de uma solução que venha manatê-los no local onde
moram por décadas. A reunião foi mobilizada por um morador da comunidade,
na Av. das Américas e foi iniciada às 21 horas, após a chegada da defensoria e
terminou às 22:30h. O caso está entregue aos devfensores para uma ação
judicial mas a comunidade conta com o apoio de todos para o fortaleciment o da
resitência.
     Assim está a relação do prefeito com os pobres que o elegeram e agora
são recompensados com esta maldição.


(3) Auto de Natal
Miguel Lanzellotti Baldez

Natal e Direitos Humanos, universalmente celebrados, não tem qualquer significação para os governos do Estado e do Município do Rio de Janeiro. Inclua-se a União Federal, aqui representada por importantes figuras do partido dos trabalhadores, ora servindo com afinco e gosto às administrações de Sergio Cabral e Eduardo Paes. É dezembro, senhores, mês em que, tradicionalmente, se festeja, ano a ano, o natal, tanto os de fé religiosa, como estes que, não sendo religiosos veem em Deus a grande utopia do homem comprometido com a vida. Mas, ao falar de utopia, a mim me lembra o grande José Saramago, quando, no Foro Social Mundial de Porto Alegre, disse que a utopia começa hoje com práticas transformadoras desta sociedade injusta. Mas não é só o nascimento de Jesus o que se guarda e comemora em dezembro. Entre sinos e papais noeis de aluguel, um consumismo de espetáculo apaga da lembrança do povo trabalhador a data também universal consagrada à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Mas que bom seria se o dez e o vinte e cinco de dezembro fossem levados a sério pelas autoridades públicas, e se o Presidente da República lembrasse de si mesmo como Lula e descesse de seu pedestal dos 90% de aprovação para certificar-se do comportamento de seus parceiros no Rio de Janeiro cuja fé religiosa e compromisso humano com o povo esgota-se numa desastrada árvore plantada em delirante mau gosto no meio da Lagoa com o significativo patrocínio de um grande banco. Bata-lhes à indecorosa paz consigo mesmos.
Sob a regência ideológica do Complexo Globo (vocês imaginavam que os Complexos do Rio de Janeiro limitavam-se ao complexo do Alemão e ao Complexo da Penha?) Governador e Prefeito com seus comandados fazem do extermínio das comunidades pobres e do caos social uma opção de política pública. Cada Complexo cumpre o seu papel...
Com a ocupação do Complexo do Alemão, o Complexo da Globo, principalmente TV e jornal, configura uma guerra de conquista de território inimigo com direito à fixação da bandeira do Brasil na terra conquistada, enquanto na outra ponta da conquista não foi possível esconder o vergonhoso butim, militares brasileiros saqueando indefesos cidadãos.
Na verdade o poderes civil e militar do Rio de Janeiro transformaram, na sortida bélica, uma imanente luta de classes inscrita na dialética de qualquer sociedade em guerra de conquista de território perdido para hipotéticos invasores, construindo na subjetividade coletiva que assim, daquela forma violenta, devem ser tratados todos, como “invasores”. Na leitura ideológica do Complexo da Globo, de seus bem mandados articulista e repórteres, são “invasores” todos, ou quase todos, os moradores de comunidades pobres em áreas reservadas aos usos e lazer das camadas economicamente privilegiadas deste Município. E como invasores são tratados os moradores do Horto Florestal, da Barra e do Recreio, tanto pelo Complexo da Globo, como pelas autoridades estaduais e municipais.
Pois agora, sem qualquer respeito ao princípio fundante da Constituição, o princípio do respeito à dignidade do homem e mostrando absoluto desprezo pelas datas maiores da civilização ocidental, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, comemorada no dia 10º de dezembro, e o natal, consagrado no dia 25 de dezembro, Estado e Município, valendo-se de suas forças policiais, vem ameaçando de remoção e invadindo de fato, varias comunidades no Centro do Rio, o Horto Florestal e a numerosa população pobre da Barra e do Recreio.
Relativamente ao Horto, além do Complexo da Globo, principalmente o jornal, com destaque para o articulista incumbido de qualificar como “invasores” ocupantes da área, e do loquaz e trêfego representante da suspeita AMAJB, sempre estranhamente interessado na intimidade desses ditos ocupantes, dois ilustres magistrados somam-se à pressão a ponto de não admitirem o novo e legítimo tratamento dado pela União Federal, dona da área, às ocupações lá constituídas no passar da história. Insistem eles na execução de sentenças vazias de conteúdo pela alteração do fato: a regularização das áreas ocupadas, mesmo que tal insistência implique, no caso, no despejo de uma senhora de 90 anos, além de significar, no campo jurídico, injustificada intromissão do Judiciário na competência constitucional do Poder Executivo.
Pois toda essa pressão sobre as comunidades pobres do Rio de Janeiro, se lida sem o encobrimento de véus ideológicos, lembra em cores fortes a tortura dos tempos da ditadura militar posta numa dimensão coletiva e em pleno Natal, e praticadas entre beijos e abraços de boas festas.
Que lhes caia sobre a cabeça, no legítimo rogo dessa pobreza covardemente torturada, a merecida maldição.

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