Por Bruno Pavan, do Brasil de Fato
“Caso algo mude até a publicação, a gente pode marcar uma outra conversa”, disse o cientista político e professor da USP André Singer no começo da noite do dia 25 de agosto. 12 dias após a morte de Eduardo Campos, então candidato do PSB, a pesquisa mais recente que tínhamos em mãos mostrava Marina Silva com 21% dos votos no primeiro turno e o tucano Aécio Neves com 20%.
Dez dias depois, na segunda parte desta entrevista – esta entrevista foi feita em duas etapas –, Marina Silva já estava 19 pontos percentuais na frente do tucano no primeiro turno. Além disso, estava 7 pontos na frente da atual presidenta Dilma Rousseff no segundo. Mesmo assim, o professor é cuidadoso e não decreta pareceres categóricos sobre o instável cenário eleitoral brasileiro.
A prudência de Singer tem várias razões de ser. Na eleição que se projeta a mais embolada dos últimos tempos, desejo de mudança e antigos temores se misturam na cabeça dos eleitores brasileiros e em um mar de números e porcentagens, o professor tenta transformar o horizonte em algo mais palpável.
Para ele, os números mostram o que analistas políticos já esperavam: a junção de promessa de uma nova política, desejo de mudança e pouco crescimento econômico transformaria essa eleição na mais equilibrada dos últimos tempos. “Insatisfação de social, queda constante da aprovação do governo desde junho do ano passado são sempre indicativos de eleição difícil”, analisa.
Nessa entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Singer responsabiliza a “dificuldade em ganhar a confiança da camada mais baixa da população” como o principal desafio do PSDB nessas eleições. Além disso, aponta que o duelo de Marina e Dilma será pela maior faixa de eleitores com renda de dois a cinco salários mínimos mensais. “Você não tem chance nenhuma de ganhar a eleições no Brasil sem ter uma penetração importante nessa faixa de renda”.
Brasil de Fato – Na nossa última conversa (primeira parte desta entrevista), você disse que não acreditava na possibilidade de Marina Silva ganhar a eleição. Hoje, dez dias depois, Marina está empatada com Dilma no primeiro turno e quase 20 pontos percentuais à frente de Aécio Neves. É possível dizer que Marina tem chances de ser a próxima presidenta do Brasil e que Aécio está fora do segundo turno?
André Singer – As pesquisas divulgadas nos últimos dias mostram que sim, Marina Silva pode vir a ganhar a eleição e ser presidente. Isso confirma um prognóstico de que esta eleição seria difícil. Não era algo impossível de prever tendo em vista o fato de que a economia brasileira teve uma redução importante do nível de crescimento, e diante disso, existe um gradativo aumento da insatisfação social e uma queda constante da aprovação do governo desde junho do ano passado. O que houve até aqui foi um fenômeno previsível, a Marina já tinha 27% das intenções de voto em abril deste ano. Agora é que de certa forma começa o jogo. Uma vez que ela tenha se colocado na posição de que vá disputar com a presidente Dilma, começam a aparecer as perguntas pra ela: o que ela pensa em fazer? Qual é o seu projeto de país? O que ela representa? Já começaram a aparecer questionamentos sobre a consistência das propostas dela, tanto das outras campanhas como da própria imprensa. Eu acho que o eleitorado vai pensar nessas semanas que nos separam do primeiro e segundo turnos. Quanto ao Aécio Neves eu diria que hoje, com os dados que temos, é difícil imaginar que ele consiga reverter essa situação, mas não é impossível.
A Marina tem um histórico de lutas na esquerda, mas chamou pra ser vice um quadro mais pragmático, caso do Beto Albuquerque, ligado ao agronegócio. Essa nomeação é uma espécie de “carta aos brasileiros” de Marina?
Não chega a tanto, mas vai nessa direção. Ela faz uma série de movimentos para se colocar nitidamente ao centro do debate, e isso é uma tática eleitoral muito inteligente. Essa maior proximidade da Marina com a esquerda tem a ver com dois elementos: o histórico, pois ela foi uma importante militante e depois dirigente do PT durante muito tempo; e esse vínculo por meio da questão ecológica com os movimentos pela reforma agrária. Esses dois elementos, porém, são mais históricos do que presentes. O tipo de movimento que a Marina está fazendo hoje, de assinar esse tipo de compromisso com setores da direita, apenas reflete ou expressa de maneira mais clara a opção que ela já fez há um bom tempo, esses movimentos não são novos. Hoje eles têm maior visibilidade e impacto porque ela passa a ser uma peça muito importante no jogo eleitoral.
Marina se coloca como representante da nova política. Em notícia que saiu na semana passada, com possíveis nomes de seu ministério, existem nomes como Luiza Erundina, Eduardo Suplicy e José Serra. Qual a chance dessa formação ministerial dar certo?
Ela vai ter uma base partidária para um eventual governo muito frágil e vai ter que fazer enormes composições, que será bem difícil por conta que ela tem centrado a plataforma dela na fundação de uma nova política. Esse é um dos grandes problemas dessa abordagem. Na prática, as dificuldades pra ela serão enormes porque a governabilidade, em alguma medida, passa por uma maioria congressual. Sem isso, ela vai ter que negociar com os partidos que lá existem. Como ela se colocou no centro ideológico da disputa, a questão então será de saber pra que lado ela fará essa composição. Ela teria que ser muito pouco realista para entrar por um caminho de desconhecer as forças políticas representadas no Congresso nacional. Porém, eu não acredito num primeiro momento que o PT se disponha a participar de um governo Marina. O PT é uma grande máquina partidária e vai fazer uma política de oposição para voltar em 2018, caso perca as eleições. Por essa razão, eu acho que ela terá que se apoiar muito no PSDB. Ela pode tentar essa composição com forças heterogêneas que estejam em diversos partidos, mas me parece um caminho muito arriscado e pouco promissor. Se ela vencer, terá que partir pra uma composição partidária mais sólida do que essa de pegar nomes aqui e ali de maneira fragmentada.
Muito se reclama da bipolarização da disputa presidencial no Brasil. Marina aparece em 2010 e consegue quase 20 milhões de votos investindo no desejo da novidade para o eleitor brasileiro. Em 2014 ela conseguiu capturar os votos de Aécio Neves com muita rapidez. A polarização do Brasil era PT x PSDB ou petismo x o antipetismo?
Você tem esses dois fenômenos: o primeiro é o da polarização PT x PSDB, sobretudo porque são as duas grandes instituições partidárias brasileiras. Apesar de o sistema partidário ter dezenas de partidos registrados e representados na Câmara dos Deputados e de ser um sistema altamente fragmentado, ele tem três partidos relevantes: o PT, PSDB e PMDB. Esses são visivelmente os partidos que constantemente têm maior possibilidade de ocupação dos cargos executivos importantes e de representação parlamentar. Nesse contexto, o PMDB aparece como um partido que tem uma singularidade que é não apresentar candidatos a presidente e de ser o fiador da governabilidade no Brasil. Surpreendentemente, ele consegue se manter como um partido relevante. Isso significa que do ponto de vista partidário a polarização PT x PSDB vai continuar existindo mesmo que Aécio Neves não vá para o segundo turno. Eles continuarão sendo as duas grandes máquinas partidárias que disputam o poder central. Por outro lado, existe essa polarização também de pestismo x antipetismo e isso é bem forte. Eu diria que o antipetismo é um fenômeno social e político importante e que nesse momento está sendo canalizado para a candidatura Marina Silva, que está sendo o escoadouro dessa tendência e aparece como a pessoa que vai disputar palmo a palmo a presidência da república com o PT. Se ela vir a ganhar a eleição, é possível que faça um governo que, na prática, seja um governo do PSDB com ela à frente. Não tendo uma estrutura partidária e de aliança de classes, ela precisará desse suporte. Não sei como o PSDB reagiria a essa eventualidade, mas eu diria que pra ela é quase que uma alternativa única.
A campanha de Aécio Neves, quando Eduardo Campos era o candidato do PSB, não tinha sequer fôlego para levar a eleição ao segundo turno. Hoje, ele está 19 pontos atrás de Marina Silva e praticamente fora do segundo turno. O que o PSDB precisa fazer para “roubar” votos de Marina e se garantir no segundo turno da eleição?
O desafio do PSDB nesta eleição é o de adquirir um perfil mais popular. Não é muito diferente do que ele vem tendo em 2002 e, sobretudo, 2006. Hoje, o governo não é tão bem avaliado quanto era há algum tempo, a gente sabe também que há certo desejo de mudança, e isso é uma situação melhor pra oposição. O problema para o PSDB está em que ele tem muita dificuldade de convencer a população de baixa renda de que ele tem uma alternativa que pode favorecê-la. O desafio principal me parece ser tirar da Marina os votos dos setores mais populares porque dificilmente ele vai conseguir competir com ela na faixa dos jovens de classe média urbanos. Existe um sentimento nessa parcela de que é preciso uma nova política mais moderna, que eu tenho utilizado a categoria de pós-materialismo para caracterizar. Esse é um conceito formulado por um cientista político norte-americano chamado Ronald Inglehart em que ele explica que uma mudança ocorre na agenda política dos países que estão no centro do capitalismo mundial a partir da década de 1970. De fato, eu acho que ele capturou certa mudança ideológica que está em curso desde então, e acho que em certa medida ela se aplica a setores do eleitorado brasileiro, que são bem representados pela candidatura da Marina.
A ascensão do PT em 2002 se deu muito por aquilo que você muito bem definiu como Lulismo: um governo sem rupturas, e de mudanças graduais. Agora, Dilma se depara com uma estagnação econômica e com os eleitores querendo mudança. Esse ciclo acabou?
A situação que a gente está vivendo é ligada à mudança da conjuntura econômica internacional e essa dificuldade trazida pela baixa do crescimento que está se expressando nessa vontade de mudar. A partir de 2011, nós passamos a viver uma tendência de baixa geral da atividade econômica no mundo e isso impactou o Brasil de uma maneira que não tinha acontecido no auge da crise em 2008/09. Cabe lembrar que o Brasil é um país onde pra uma enorme fatia da população está tudo por fazer. Houve melhorias importantes, só que como eu procurei mostrar, elas foram pautadas por um gradualismo extremo, elas são melhoras incrementais e trouxeram as pessoas pra uma condição de vida superior a que elas tinham, mas que ainda está longe de uma situação que você possa dizer que o fundamental está resolvido e a partir de agora a gente vai pro complementar. Eu não concordo com a ideia de que o ciclo se esgotou, mas que ele se confrontou com uma situação bem mais difícil do que vinha enfrentado no período anterior, que a economia mundial estava crescendo e valorizando rapidamente as commodities brasileiras. Estamos passando por um período de impasse em que diante dessa nova situação a pergunta é: o que fazer? A presidente Dilma tentou na primeira metade do seu governo uma via mais à esquerda e procurou romper o impasse baixando juros, desvalorizando o real, fazendo certo controle dos capitais externos, criando marcos regulatórios que estimulavam atividade econômica para um modelo de desenvolvimento com distribuição de renda, cito, por exemplo, a questão da energia elétrica. Mas esse ensaio, que eu chamo de desenvolvimentista, não deu certo. Ele se interrompeu porque, pelo que dizem os economistas, faltou investimento privado. A partir daí a gente começa a viver uma espécie de patinação, os juros voltam a subir e a economia começou a enfraquecer ainda mais, resultando na situação que nós estamos hoje. Eu vejo muito mais perguntas do que respostas no horizonte sobre essa questão.
Críticos e membros do PT culpam o distanciamento que o partido teve dos movimentos sociais nos últimos anos por uma possível derrota da presidenta Dilma. Esse distanciamento pode ser responsável por essas dificuldades?
Não diretamente. Esse distanciamento é algo que diz respeito ao que eu chamo de passagem para o Lulismo, que é um modelo de formação que não passa pela mobilização social, é um modelo de transformação lenta e dentro da ordem, isso foi uma mudança que ocorreu na política brasileira e depois dentro do próprio PT. O que está acontecendo na eleição é que o eleitorado reage à piora da situação econômica. A diminuição do crescimento em um país como o nosso, em que boa parte da população ainda tem muito para melhorar para chegar num estágio de satisfação das suas necessidades básicas, faz com que a insatisfação aumente de maneira rápida. Estamos entrando no quarto ano de baixo crescimento, portanto existe um acúmulo na insatisfação, que se expressaram nas manifestações de junho e que de lá pra cá têm se mantido mais ou menos constantes. De tal forma que eu diria: são dois fenômenos reais, o distanciamento dos movimentos sociais e a dificuldade eleitoral em 2014, mas acho que eles não estão diretamente relacionados.
Observando a pesquisa completa do Ibope, se observa um número grande de entrevistados que consideram o governo regular (37%). Desses, 24% declararam voto na Dilma e 47% em Marina. Pra ganhar a eleição, o PT terá que ganhar votos de Marina necessariamente. Você acha que é essa parcela de eleitores que terá que ser convencida?
Essa é uma leitura possível: pegar quem avalia o governo de uma forma intermediária, que é um eleitor mais disponível de ser convencido a dar uma segunda chance ao governo Dilma. Mas você tem outras leituras possíveis, e a que eu prefiro é outra. A candidatura Marina já produziu uma novidade interessante que é uma divisão no campo popular, ela conseguiu puxar uma parcela importante que são os eleitores com ganhos mensais de 2 a 5 salários mínimos. De modo geral, você pode dividir as faixas de renda do Brasil em quem ganha até 5 salários mínimos e os que ganham acima disso, são duas partes bem diferentes do eleitorado. Não há chance nenhuma de ganhar eleição no Brasil se você não tem uma penetração importante nos eleitores dessa faixa que ganha até 5 salários mínimos, que são eleitores de renda baixa, mas que já superaram uma condição básica de pobreza. Eu acho uma maneira interessante de pensar o processo da tomada de decisão é que o fiel da balança esteja localizado entre esses eleitores. Eles podem ser recuperáveis uma vez que tiveram uma ascensão de classe patrocinada, direta ou indiretamente, por programas do governo. Essa é um elemento que joga a favor da candidata do PT. Se isso será suficiente para reverter o que as pessoas hoje indicam em relação ao segundo turno, não é possível dizer nesse momento, mas é uma possibilidade.
A ascensão do discurso conservador representa algum perigo para o Brasil? As questões morais têm ganhado mais espaço no debate político?
Existe uma situação complexa, porque as questões morais estão gradativamente ganhando maior peso na disputa eleitoral, mas eu não acho que seja numa mudança completa em que de uma hora para a outra elas vão passar ao centro do debate ou da decisão eleitoral. Elas vão de alguma maneira se combinar com os problemas centrais que na verdade continuam sendo da esfera econômica. A Marina Silva é evangélica, por isso ela exerce uma atração sob os evangélicos. Os membros dessas igrejas pentecostais e neopentecostais dão bastante importância a essa questão moral, portanto isso pode fortalecer a candidatura dela e ao mesmo tempo explica o motivo dela tomar a atitude de recuar na questão do casamento entre homossexuais. As confissões evangélicas estão bastante voltadas para a participação política e essa participação se dá em torno de eixos morais com posturas conservadoras. Na medida em que essas confissões crescem, sem dúvida há um ambiente mais conservador. Todo esse cenário tem influência sobre o conjunto da política brasileira porque essa posição está nitidamente crescendo e puxando a política pra uma configuração que antes ela não tinha, por exemplo, essas questões morais e a influência dela nas eleições majoritárias, mesmo sendo tímidas, começam a aparecer e impactar todos os atores, sobretudo os partidos majoritários. O PSDB visivelmente será impactado, mas também o PT será, como outros. Talvez eu não falasse em ascensão do conservadorismo, mas que há vários sinais de crescimento. Nas questões morais, que se ligam ao crescimento das confissões evangélicas; no plano da cultura também você observa uma proliferação de autores que já assumem uma posição mais clara abertamente de direita. Além disso, naqueles setores em que houve uma ascensão social, começa a ficar mais forte a defesa de posições meritocráticas, que deve ter mais sucesso aquele que faz mais esforço, e isso vem acompanhado de uma posição que é contraria a universalização de direitos, sobretudo direitos que sejam garantidos pelo estado e por investimentos públicos.
As manifestações de junho de 2013 tiveram uma temática muito variada. O primeiro ponto era a mobilidade urbana, passou pela condenação da violência policial e chegou à reforma política. Inclusive o assunto chamou atenção da presidenta Dilma que foi para rede nacional na TV defender um Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva do Sistema Político, que hoje foi encampada pelos movimentos sociais. É essencial hoje uma reforma política no Brasil? E com que fins?
O movimento pela reforma política é uma das novidades mais interessantes e promissoras desse último período. Acredito que ele aponta na direção de uma transformação necessária e muito positiva e que fundamentalmente passa pela questão de democratizar a democracia. A democracia é um regime político insuperável do ponto de vista dos interesses populares, mas ela está sempre em movimento, não é uma obra acabada e encerrada e tanto pode sofrer pressões tanto no sentido de ser colonizado pelo dinheiro quanto no sentido de ser reapropriado pela própria população. No caso brasileiro, a reforma me parece fundamental porque embora tenhamos aspectos democráticos muito interessantes, como o referendo, as conferências nacionais e essa proposta de formalização dos mecanismos de participação por meio dos conselhos, as campanhas eleitorais são das mais caras do mundo e o sistema de financiamento delas se transformou em um sistema empresarial. Evidentemente, quando as campanhas ficam tão caras e são praticamente todas financiadas por empresas, você está numa condição em que o capital tem muita influência sobre o processo eleitoral, e o cidadão comum e os movimentos populares muito pouca. Penso que daríamos um grande passo se conseguíssemos modificar a forma de fazer campanha. Elas têm que ser mais baratas e com teto de custos baixo e que, portanto, qualquer campanha mais cara fosse facilmente fiscalizável. Se estabelecesse obrigatoriedade de programas de televisão no horário gratuito em que os candidatos se apresentassem expondo seus programas, sem toda essa parafernália cinematográfica caríssima que acrescenta pouco à pedagogia democrática. O argumento contrário é o de que vão continuar existindo doações por baixo do pano e que se você promulgar uma legislação desse tipo você vai perder o controle sobre as doações em lugar de adquirir maior controle. Eu reconheço que esse não é um argumento trivial, pois toda a mudança de regra tem uma maneira de se burlar. Mas a sociedade tem que tentar se mexer na direção de encontrar um modelo que faça esse movimento de democratizar a democracia. No contrário, vai acontecer o que muitos observam em diversos países do mundo, sobretudo nos mais desenvolvidos, em que há um esvaziamento da democracia, uma percepção por parte dos eleitores que a política não tem nada a ver com ele, é uma estância que funciona descolada das aspirações da própria sociedade. Eu reconheço que mudar regras não é simples, e que a gente precisa ter uma postura cautelosa, mas ao mesmo tempo é preciso convir que a sociedade tem que se mexer, ela tem que tentar essas mudanças na direção daquilo que lhe interessa. Ela estando mobilizada em torno desse movimento é a maior garantia de que as novas regras poderão funcionar. É claro que haverá tentativas de fazer financiamento por baixo do pano se você mudar a regra que proíba, por exemplo, a doação de pessoa jurídica. Como você vai evitar isso? A mobilização da sociedade como fiscalizadora.
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