sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PUC-SP Fecha Campus por evento sobre Cannabis

Reitor diz que fechou PUC por causa de 'ousadia preocupante' de alunos
Festival sobre maconha foi pivô da suspensão das aulas em SP nesta sexta.
Associação de professores critica falta de diálogo entre reitor e comunidade.

Ana Carolina Moreno Do G1, em São Paulo*
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O reitor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) afirmou, em entrevista ao SPTV nesta sexta-feira (16), que decidiu fechar o campus Perdizes porque "a ousadia [dos estudantes] foi crescendo de uma forma que criou situação sumamente preocupante". Ele disse ainda que permite festas "evidentemente dentro daqueles padrões razoáveis".

A medida foi tomada após estudantes divulgarem a realização do 1º Festival de Cultura Canábica. Por intermédio do ato nº 127/2011, publicado no portal de internet da PUC, o reitor proibiu a circulação de pessoas não autorizadas pelos edifícios Cardeal Motta e Bandeira de Mello.
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* Alunos marcam ato após PUC fechar campus contra festa sobre maconha

A Associação de Professores da PUC (Apropuc) criticou a forma como o reitor Dirceu de Mello suspendeu as aulas no campus Perdizes. Para a entidade, ele deveria ter conversado com os estudantes antes de tomar a decisão.

"Qualquer medida que tem que ser tomada na universidade tem que ser dialogada”, afirmou ao G1 a presidente da Apropuc, Maria Beatriz Abramides. “Ela é um espaço democrático, os professores, os alunos e os funcionários fazem parte da universidade”, disse.
Mulher lê comunicado colado na porta de entrada da PUC-SP na manhã desta sexta-feira (16) explicando as razões do fechamento do campus Monte Alegre (Foto: Paulo Guilherme/G1)Mulher lê comunicado colado na porta de entrada da PUC-SP na manhã desta sexta-feira (16) explicando as razões do fechamento do campus Monte Alegre (Foto: Paulo Guilherme/G1)

A professora citou a ex-reitora da PUC, Nadir Kfouri, que morreu na noite da terça-feira (13), ao afirmar que “numa universidade, o que deve prevalecer é justamente o aspecto educacional”.

Segundo Maria Beatriz, Nadir, que foi reitora da universidade entre 1977 e 1964, durante a ditadura militar, defendia que os professores sempre reagissem de forma pedagógica quando a juventude tentasse “enfrentar determinadas normas estabelecidas”.

A presidente da Apropuc afirmou que, segundo Nadir, só assim seria possível “contribuir para o crescimento e para a afirmação de nossa juventude. E não é pela repressão que vai se alcançar esses objetivos”.

Nadir Kfouri foi a primeira reitora mulher do Brasil. Antes de morrer, ela ainda era professora da Faculdade de Ciências Sociais da PUC. Na quinta-feira (15), apenas as aulas dessa faculdade haviam sido suspensas em homenagem à ex-reitora. Ela foi enterrada na quarta-feira (14).
1º Festival de Cultura Canábica (Foto: Reprodução)Página na internet sobre o 1º Festival da Cultura Canábia na PUC-SP (Foto: Reprodução)

Ato pela liberdade
Em protesto contra a decisão da reitoria, os estudantes que organizavam o evento decidiram realizar um ato pela liberdade. O protesto está marcado para as 16h20 também desta sexta-feira na Rua Monte Alegre, em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo, onde fica o principal campus da universidade.

A entrada do campus está fechada. Estudantes e funcionários que não sabiam da determinação da reitoria e foram para a PUC-SP encontraram os portões fechados e um comunicado da reitoria colado na entrada explicando as razões do fechamento.

Apesar de os portões do campus estarem fechados, alguns serviços seguem funcionando normalmente. Entre eles estão a Clínica Psicológica "Ana Maria Poppovic" e o Núcleo de Prática Jurídica Escritório Modelo “D. Paulo Evaristo Arns”, onde alunos de diversas carreiras, supervisionados por professores, oferecem serviço gratuito à população.

‘Condutas reprováveis’
A medida foi tomada pelo reitor Dirceu de Mello após estudantes divulgarem a realização do 1º Festival de Cultura Canábica.

Por intermédio do ato nº 127/2011, publicado no portal de internet da PUC, o reitor proibiu a circulação de pessoas não autorizadas pelos edifícios Cardeal Motta e Bandeira de Mello. O reitor cita em sua decisão uma série de determinações que visam combater o consumo de álcool e drogas.

Dirceu de Mello alega que as festas nas noites de sexta-feira na PUC ganharam “proporções inadmissíveis” por causa do barulho, do “não dissimulado uso de bebidas alcoólicas e entorpecentes, afora outras condutas reprováveis”.

(*) Com informações do SPTV

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