quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Estudantes chilenos invadem Ministério da Educação



Cerca de 50 estudantes secundários invadiram nesta quarta-feira o prédio do Ministério da Educação do Chile, ocupando suas dependências por cerca de duas horas e causando danos, antes de serem retirados pela polícia, constatou a AFP.

Os manifestantes entraram de surpresa no edifício localizado ao lado do palácio presidencial de La Moneda, no centro de Santiago, e subiram ao sétimo andar - onde se encontra o gabinete ministerial - em meio a conflitos com guardas, e causando danos em vidros e portas, constatou um jornalista da AFP.

Os estudantes conseguiram chegar até o gabinete do ministro Felipe Bulnes, que estava na sede do Congresso, tramitando um projeto de lei. Os manifestantes causaram danos no escritório de Bulnes, o qual ocuparam ilegalmente por alguns minutos.

"Pelas janelas, os estudantes estenderam um cartaz no qual se lia: 'da sala de aula para a luta de classes'."

Após cerca de duas horas, o grupo deixou o edifício em meio a uma forte mobilização policial, e sem que detenções ocorressem, segundo veículos da imprensa local.

De acordo com os estudantes, a ocupação foi feita em rejeição a um diálogo que o governo iniciará no próximo sábado com líderes da Confederação de Estudantes do Chile (Confech), para tratar de suas demandas por educação de qualidade e gratuita que há três meses mantêm estudantes e professores mobilizados em todo o Chile.

"A Confech é liderada por partidos políticos e pretende pôr fim ao conflito dando as mãos aos políticos, enquanto os colégios que estão mobilizados na periferia não têm nem voz nem voto nas decisões", disse à imprensa local Anadiela Villarroel, porta-voz da ocupação desta quarta-feira.

O movimento estudantil protestou durante três meses por reformas na educação pública, o que forçou o presidente Sebastián Piñera a convocar para o próximo sábado uma reunião com os estudantes.

Líderes estudantis disseram que a reunião proposta por Piñera é "uma primeira aproximação" para conseguir as condições mínimas que permitam instalar uma mesa de diálogo com o governo para resolver o conflito.

"Diremos ao presidente quais são os requisitos para o diálogo", declarou anteriormente Giorgio Jackson, um dos líderes mais visíveis do movimento estudantil.

As exigências dos estudantes passam pela eliminação dos bancos privados no sistema de créditos para financiar a educação superior, o fim da obtenção de lucros por parte das universidades privadas - proibido por lei, mas burlado através de brechas - e garantir a qualidade da educação pública.

O governo fez três propostas desde que explodiu o conflito estudantil, nas quais propôs uma mudança constitucional para que o Estado garanta a educação de qualidade e a desmunicipalização dos colégios públicos, duas propostas que foram qualificadas de "insuficientes" pelos estudantes.

Os protestos estudantis chilenos tiveram eco no nível internacional, e inspiraram protestos por melhoras na educação em outros países, como no Brasil, onde 2.500 estudantes saíram nesta quarta-feira às ruas de Brasília para pedir um maior apoio econômico estatal.

A mobilização em Brasília contou com a participação de Camila Vallejo, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, e uma das líderes mais visíveis das mobilizações estudantis chilenas.

Os protestos estudantis no Chile reuniram mais de 80.000 pessoas em cada um dos dias, além de greves de fome de dezenas de estudantes secundários, e a ocupação de centenas de colégios.

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