quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Estudantes chilenos invadem Ministério da Educação
Cerca de 50 estudantes secundários invadiram nesta quarta-feira o prédio do Ministério da Educação do Chile, ocupando suas dependências por cerca de duas horas e causando danos, antes de serem retirados pela polícia, constatou a AFP.
Os manifestantes entraram de surpresa no edifício localizado ao lado do palácio presidencial de La Moneda, no centro de Santiago, e subiram ao sétimo andar - onde se encontra o gabinete ministerial - em meio a conflitos com guardas, e causando danos em vidros e portas, constatou um jornalista da AFP.
Os estudantes conseguiram chegar até o gabinete do ministro Felipe Bulnes, que estava na sede do Congresso, tramitando um projeto de lei. Os manifestantes causaram danos no escritório de Bulnes, o qual ocuparam ilegalmente por alguns minutos.
"Pelas janelas, os estudantes estenderam um cartaz no qual se lia: 'da sala de aula para a luta de classes'."
Após cerca de duas horas, o grupo deixou o edifício em meio a uma forte mobilização policial, e sem que detenções ocorressem, segundo veículos da imprensa local.
De acordo com os estudantes, a ocupação foi feita em rejeição a um diálogo que o governo iniciará no próximo sábado com líderes da Confederação de Estudantes do Chile (Confech), para tratar de suas demandas por educação de qualidade e gratuita que há três meses mantêm estudantes e professores mobilizados em todo o Chile.
"A Confech é liderada por partidos políticos e pretende pôr fim ao conflito dando as mãos aos políticos, enquanto os colégios que estão mobilizados na periferia não têm nem voz nem voto nas decisões", disse à imprensa local Anadiela Villarroel, porta-voz da ocupação desta quarta-feira.
O movimento estudantil protestou durante três meses por reformas na educação pública, o que forçou o presidente Sebastián Piñera a convocar para o próximo sábado uma reunião com os estudantes.
Líderes estudantis disseram que a reunião proposta por Piñera é "uma primeira aproximação" para conseguir as condições mínimas que permitam instalar uma mesa de diálogo com o governo para resolver o conflito.
"Diremos ao presidente quais são os requisitos para o diálogo", declarou anteriormente Giorgio Jackson, um dos líderes mais visíveis do movimento estudantil.
As exigências dos estudantes passam pela eliminação dos bancos privados no sistema de créditos para financiar a educação superior, o fim da obtenção de lucros por parte das universidades privadas - proibido por lei, mas burlado através de brechas - e garantir a qualidade da educação pública.
O governo fez três propostas desde que explodiu o conflito estudantil, nas quais propôs uma mudança constitucional para que o Estado garanta a educação de qualidade e a desmunicipalização dos colégios públicos, duas propostas que foram qualificadas de "insuficientes" pelos estudantes.
Os protestos estudantis chilenos tiveram eco no nível internacional, e inspiraram protestos por melhoras na educação em outros países, como no Brasil, onde 2.500 estudantes saíram nesta quarta-feira às ruas de Brasília para pedir um maior apoio econômico estatal.
A mobilização em Brasília contou com a participação de Camila Vallejo, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, e uma das líderes mais visíveis das mobilizações estudantis chilenas.
Os protestos estudantis no Chile reuniram mais de 80.000 pessoas em cada um dos dias, além de greves de fome de dezenas de estudantes secundários, e a ocupação de centenas de colégios.
Mais uma dinastia que nunca se acaba
Deputados absolvem Jaqueline Roriz
Agência EstadoPor Eduardo Bresciani | Agência Estado – 16 horas atrás
dos Deputados absolveu na noite desta terça-feira (30) a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) no processo de cassação do seu mandato. Foram 265 votos favoráveis a ela, 166 pela cassação e 20 abstenções. Eram necessários 257 votos para tirar o mandato de Jaqueline. Para os parlamentares, o vídeo de 2006 no qual ela aparece recebendo um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, não representou quebra de decoro parlamentar. O principal argumento usado é que, naquela época, ela ainda não era deputada.
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A gravação em que Jaqueline aparece recebendo um pacote de dinheiro foi divulgada em março em primeira mão pelo portal Estadão.com.br. Com base nisso, o PSOL pediu ao Conselho de Ética a abertura de investigação contra a deputada. Aquele colegiado decidiu por 11 votos a 3 recomendar a cassação da parlamentar. No plenário, porém, o voto secreto e o quórum baixo ajudaram a salvar o mandato da deputada.
Durante o dia, dezenas de manifestantes protestaram pela cassação da deputada. Faixas foram espalhadas por Brasília para tentar sensibilizar os deputados. Jaqueline chegou à Câmara pouco antes das 17 horas e utilizou uma entrada em um túnel no anexo I da Câmara para evitar dar declarações aos jornalistas.
A sessão foi iniciada às 17h30, com uma hora e meia de atraso. Mesmo assim, somente 310 deputados tinham registrado presença e menos de 100 estavam presentes quando o relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), foi ao plenário explicar aos colegas seu parecer. Outra amostra da pouca atenção dispensada pelos deputados ao caso é que somente seis se inscreveram para falar sobre o tema.
Entre os parlamentares, prevaleceu o discurso do medo espalhado pela defesa de Jaqueline. Os deputados acabaram absolvendo a colega para se proteger do futuro por enxergarem em uma eventual condenação a possibilidade de virem a ser alvos de processos por fatos cometidos antes do mandato. Apesar das poucas defesas públicas, a maioria da Casa preferiu enfrentar a opinião pública a correr riscos.
O advogado de Jaqueline, José Eduardo Alckmin, foi o responsável pela aposta nesta tese da impossibilidade de se punir fatos anteriores ao mandato. "O que se quer é que todos os fatos da vida de um parlamentar possam ser julgados", disse o advogado.
A própria deputada usou a sessão que definiu seu futuro para falar na Casa pela primeira vez sobre o episódio. Frustrando as expectativas, porém, ela não entrou no mérito do caso. Jaqueline preferiu atacar a imprensa. "Lamentavelmente vivemos um período em que parcela da mídia devora a honra de qualquer pessoa". Fez ataques também ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que a denunciou na semana passada. Para ela, o processo que enfrentou na Câmara deveu-se a "absoluto interesse político".
Em seu pronunciamento, Jaqueline tentou dar um tom emocional ao caso. Ela afirmou ter sofrido muito junto com sua família e citou até o problema de um filho que sofre de hemofilia. Terminou seu discurso pedindo aos colegas que não a condenassem de forma "sumária".
O relator do processo tentou rebater a defesa argumentando que o fato só foi conhecido em 2011 e, portanto, teria de ser encarado como novo. "O ato indecoroso existe para que possamos extirpar do parlamento aquele que praticou ato contra o parlamento. Isso só pode ser discutido no momento em que o fato veio a luz", disse o relator.
Sampaio citou que a própria Jaqueline já tinha pedido a condenação de uma colega quando esteve diante de uma situação similar. Em 2009, a Câmara Legislativa da Distrito Federal cassou Eurides Brito por ter aparecido em vídeo recebendo dinheiro de Durval. Na ocasião, Jaqueline foi à tribuna e chamou a colega de "cara de pau" e "mau caráter".
Os argumentos do relator, porém, foram poucos para demover os deputados a proteger um dos seus e, com isso, Jaqueline Roriz foi absolvida e poderá agora "resgatar plenamente" sua capacidade política, como ela afirmou.
A última vez que a Câmara cassou um deputado foi no escândalo do mensalão. Naquela ocasião, foram cassados Roberto Jefferson (PTB), José Dirceu (PT) e Pedro Correa (PP). Naquele escândalo, outros seis deputados foram absolvidos em plenário.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Até que enfim! Justiça Federal condena Dário Berger por superfaturamento na Beira-Mar de São José
Justiça Federal condena Dário Berger por superfaturamento na Beira-Mar de São José
Político terá de devolver R$ 465 mil à União; ele pode recorrer da sentença
Criada 13:22 de 17 DE AGOSTO DE 2011
A Justiça Federal condenou o ex-prefeito de São José e atual prefeito de Florianópolis, Dario Berger, "por atos de improbidade administrativa" referentes à Avenida Beira-Mar de São José.
Em nota, a assessoria da Justiça Federal informou que o juiz Osni Cardoso Filho, da 3ª Vara Federal de Florianópolis, aplicou a Berger as penas de "perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por cinco anos e pagamento de multa de R$ 50 mil". O político pode recorrer no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
A sentença destaca que "foi verificada a ocorrência de diversas irregularidades", como "projeto básico que não cumpria requisitos, superfaturamento de valores e ofensa à publicidade". Para o juiz, as práticas causaram "inúmeros transtornos de adequação do projeto, com diversos e, provavelmente, desnecessários aditivos contratuais".
Berger também foi condenado a restituir à União cerca de R$ 465 mil. A sentença atinge também o ex-secretário de Transportes e Obras do município e irmão de Berger, Djalma Berger. Ele recebeu as mesmas penas do ex-prefeito de São José.
A reportagem está tentando contado com os irmãos Berger. Mas os celulares estão desligados. Os advogados ainda não falaram sobre o caso.
EM OUTRA NOTÍCIA DO MESMO SITE, O AINDA PREFEITO DÁ A SUA VERSÃO DOS FATOS :
Criada 20:08 de 17 DE AGOSTO DE 2011
"Tenho a consciência tranquila, pois não roubei e nem matei. Acho que tudo depende de interpretação. É que nem um vestido. Você pode achar perfeito. Eu posso encontrar defeito. Com relação à Beira-Mar, eu achei que ficou perfeito."
QUANDO QUESTIONADO SOBRE A POSSIBILIDADE DE RECORRER NA JUSTIÇA E SE MANTER NO CARGO DE PREFEITO DESTA CIDADE:
"Eu sempre sou condenado. Mas depois acabo ganhando."
A JUSTIÇA O CONDENOU POR ROUBO (SUPERFATURAMENTO É EUFEMISMO, NÃO SE ENGANEM!) E A RBS ESTÁ PROTEGENDO-O.
O SITE DA RBS SC NÃO ESTÁ ANUNCIANDO NA SUA PÁGINA PRINCIPAL A CONDENAÇÃO DE DÁRIO BERGER. REPITO: O SITE DA RBS NÃO APRESENTA EM SUA PÁGINA PÁGINA PRINCIPAL A NOTÍCIA DA CONDENAÇÃO DE DÁRIO BERGER QUE FOI NOTICIADA HOJE A TARDE. QUEM PROCURAR ESTA NOTÍCIA ENCONTRARÁ EM SEU LUGAR "A VERSÃO DÁRIO BERGER" DA CONDENAÇÃO DO MESMO.
POR FAVOR, REPASSEM ESSE E-MAIL PARA SEUS CONTATOS. EU ESTOU FAZENDO A MINHA PARTE E REPASSANDO ESTE E-MAIL. O RESTO É COM VOCÊS!
SABE O QUE É NIÓBIO???
Enc: Fwd: urgente!!!!!
SABE O QUE É NIÓBIO?
Nióbio, o metal que só o Brasil fornece ao mundo. Uma riqueza que o povo brasileiro desconhece, e tudo fazem para que isso continue assim.
Como é possível o fato do Brasil ser o único fornecedor mundial de nióbio (98% das jazidas desse metal estão aqui), sem o qual não se fabricam turbinas, naves espaciais, aviões, mísseis, centrais elétricas e super aços; e seu preço para a venda, além de muito baixo, seja fixado pela Inglaterra, que não tem nióbio algum?
EUA, Europa e Japão são 100% dependentes do nióbio brasileiro. Como é possível em não havendo outro fornecedor, que nos sejam atribuídos apenas 55% dessa produção, e os 45% restantes saíndo extra-oficialmente, não sendo assim computados.
Estamos perdendo cerca de14 bilhões de dólares anuais, e vendendo o nosso nióbio na mesma proporção como se a Opep vendesse a 1 dólar o barril de petróleo. Mas petróleo existe em outras fontes, e o nióbio só no Brasil; podendo ser uma outra moeda nossa. Não é uma descalabro alarmante?
O publicitário Marcos Valério, na CPI dos Correios, revelou na TV para todo o Brasil, dizendo: O dinheiro do mensalão não é nada, o grosso do dinheiro vem do contrabando do nióbio. E ainda: O ministro José Dirceu estava negociando com bancos, uma mina de nióbio na Amazônia.
Ninguém teve coragem de investigar… Ou estarão todos ganhando com isso? Soma-se a esse fato o que foi publicado na Folha de S. Paulo em 2002: Lula ficou hospedado na casa do dono da CMN (produtora de nióbio) em Araxá-MG, cuja ONG financiou o programa Fome Zero.
As maiores jazidas mundiais de nióbio estão em Roraima e Amazonas (São Gabriel da Cachoeira e Raposa Serra do Sol), sendo esse o real motivo da demarcação contínua da reserva, sem a presença do povo brasileiro não-índio para a total liberdade das ONGs internacionais e mineradoras estrangeiras.
Há fortes indícios que a própria Funai esteja envolvida no contrabando do nióbio, usando índios para envio do minério à Guiana Inglesa, e dali aos EUA e Europa. A maior reserva de nióbio do mundo, a do Morro dos Seis Lagos, em São Gabriel da Cachoeira (AM), é conhecida desde os anos 80, mas o governo federal nunca a explorou oficialmente, deixando assim o contrabando fluir livremente, num acordo entre a presidência da República e os países consumidores, oficializando assim o roubo de divisas do Brasil.
Todos viram recentemente Lula em foto oficial, assentado em destaque, ao lado da rainha da Inglaterra. Nação que é a mais beneficiada com a demarcação em Roraima, e a maior intermediária na venda do nióbio brasileiro ao mundo todo. Pelo visto, sua alteza real Elizabeth II demonstra total gratidão para com nossos traíras a serviço da Coroa Britânica. Mas, no andar dessa carruagem, esse escândalo está por pouco para estourar, afinal, o segredo sobre o nióbio como moeda de troca, não está resistindo às pressões da mídia esclarecida e patriótica.
Cadê a OAB, o MFP, o Congresso Nacional ???
Os bandidos são mais honestos.
O nióbio apresenta numerosas aplicações. É usado em alguns aços inoxidáveis e em outras ligas de metais não ferrosos. Estas ligas devido à resistência são geralmente usadas para a fabricação de tubos transportadores de água e petróleo a longas distâncias.
* Usado em indústrias nucleares devido a sua baixa captura de nêutrons termais.
* Usado em soldas elétricas.
* Devido a sua coloração é utilizado, geralmente na forma de liga metálica, para a produção de jóias como, por exemplo, os piercings.
* Quantidades apreciáveis de nióbio são utilizados em superligas para fabricação de componentes de motores de jatos , subconjuntos de foguetes , ou seja, equipamentos que necessitem altas resistências a combustão. Pesquisas avançadas com este metal foram utilizados no programa Gemini.
* O nióbio está sendo avaliado como uma alternativa ao tântalo para a utilização em capacitores.
O nióbio se converte num supercondutor quando reduzido a temperaturas criogênicas. Na pressão atmosférica, tem a mais alta temperatura crítica entre os elementos supercondutores, 9,3 K. Além disso, é um dos três elementos supercondutores que são do tipo II ( os outros são o vanádio e o tecnécio ), significando que continuam sendo supercondutores quando submetidos a elevados campos magnéticos.
URGENTE!
Muitos que receberão este e-mail simplesmente dirão;"o que eu tenho a ver com Nióbio?"e esquecem de ver o LADO PODRE desta questão: gente do Governo envolvida com desvios desse mineral e "comendo por fora".
Gente graúda, lá da "cabeceira" do Governo federal e órgãos como a FUNAI.Leia e repasse, vamos tentar acabar com mais essa fonte de roubalheira.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
A insurreição urbana britânica
reproduzido do coletivo passa palavra (aqui)
Não é preciso ser um gênio para prever que os motins hão-de regressar periodicamente se não ocorrerem transformações nesta sociedade fundamentalmente desigual e racista. Por Paul Tiyambe Zeleza
Recentemente, durante quatro dias e quatro noites, as cidades britânicas, de Londres até Manchester, Birmingham e outras cidades menores, foram atravessadas pelas chamas da raiva. Os motins urbanos lançaram fogo a bairros e lojas, transformaram ruas em zonas de guerra, levaram a centenas de prisões e deixaram este ex-império em declínio profundamente abalado e em busca de respostas, de reparações, de culpados. Os políticos proferiram as banalidades previsíveis de líderes desligados da realidade, chamando aos motins, nas palavras do primeiro-ministroDavid Cameron, de “criminalidade pura e simples”. Especialistas pretenciosos afadigam-se em dar explicações e lançar insultos contra os manifestantes e os revoltosos, enquanto o público aturdido busca desesperadamente a restauração da ordem.
Como é comum em momentos de perturbação nacional, posições ideológicas e discursos de longa data são frequentemente ressuscitados e reforçados. Previsivelmente, especialistas de direita fazem-se eco das posições do governo, condenando os manifestantes. The Telegraphrecusa-se mesmo a chamá-los de “manifestantes”, preferindo taxá-los de “saqueadores, vândalos e ladrões”. Indo além dos “marginais” e dos “gangues”, lançam as culpas sobre os pais por abdicarem dos valores da família, da disciplina e da responsabilidade. Gostam de chamar a atenção para a juventude dos revoltosos. Nas palavras de um comentaristado jornal, “os pais ausentes têm grandes responsabilidades”. Outro acha que a polícia perdeu o controleporque “ficou tão sensível à questão racial que isso a impede de fazer o seu trabalho”; preocupam-se “mais em ter boas relações com a comunidade do que em impor a lei.” Lançam-se as culpas sobre o multiculturalismo por criar um clima permissivo para a cultura de gangues que se desenvolve na comunidade negra, uma cultura “que rejeita todos os princípios da sociedade liberal. É violenta, sexista, homofóbica e racista.” Um que tem o telhado de vidro e que lança pedras no do vizinho!
Quanto aos liberais, eles se equivocam quando, por um lado, condenam a violência e, por outro, sentem pena dos manifestantes e apontam as condições que os levaram à explosão de fúria. Esta ambiguidade pode encontrar-se em The Guardian. Em um editorial o jornal foi inequívoco: “Os motins britânicos de 2011 tornaram-se um confronto definidor entre a desordem e a ordem. Neste confronto, e apesar de importantes ressalvas, só se deve estar de um dos lados. Tem de se pôr cobro aos ataques, à destruição, à criminalidade e ao reino do medo […] Pode discutir-se depois questões mais vastas. Hoje, neste momento de perigo, é necessário apoiar a polícia.” Enquanto isso, os colunistas do jornal atribuem os motins, diversamente, ao aumento da desigualdade e à implementação de drásticas medidas de austeridade; à brutalidade da pobreza e à psicologia explosiva de aspirações consumistas não realizadas entre os pobres; à cultura de exercício de direito e irresponsabilidade que perdeu as estribeiras entre os jovens; e ao resultado perverso de comunidades estimuladas a preencher vazios deixados pelo Estado.
Em momentos de insurreição nacional também é tentadora a busca de analogias. The Independentpretende que a Grã Bretanha experimentou seu momento Katrina. Tal como sucedeu em Nova Orleans, rebentaram os diques destinados a manter a ordem social e, do mesmo modo que a administração republicana do presidente Bush, o governo de coligação parece não saber o que há-de fazer, além de ameaçar com ações policiais ainda mais severas. Tal como com o furacão Katrina, este tem sido um momento angustiante para a Grã-Bretanha, fazendo as atenções incidirem nas classes subalternas, frequentemente invisíveis tanto para o Estado quanto para a elite. “Muito pouco tem sido feito por gerações sucessivas de políticos e servidores públicos para integrar estes indivíduos na sociedade normal. O rastilho desta explosão tem estado a arder desde há anos, talvez mesmo desde há décadas. Se algo bom pode emergir dos horrores dos últimos dias será que nós finalmente enfrentaremos a escandalosa exclusão de nossas classes subalternas.”
Alguns procedem a comparações mais evidentes. O caso dos motins franceses de 2005 é especialmente sedutor. Ambas estas explosões de fúria urbana foram desencadeadas por policiais matando homens negros em comunidades relativamente pobres, com uma vasta população minoritária e uma longa tradição de violência policial, de discriminação política e econômica e de privação de direitos. Os motins de Londres são ainda mais assustadores, afirma um observador, por conta de sua geografia social expansiva e de seu impacto. Enquanto as revoltas francesas estavam confinadas às banlieues [periferias], aos subúrbios remotos da linda Paris das elites e dos turistas, os motins britânicas estão “a chegar à porta das confortáveis residências das classes médias e médias-altas.” Isto é facilitado pelo fato de Londres ser uma cidade que se alastra e pelo fato de a demografia dos bairros pobres se caracterizar por uma mistura sócio-económico-étnica.
Outra analogia européia intrigante é a Grécia, onde a morte a tiro de um jovem em dezembro de 2008 desencadeou manifestações generalizadas, que agitaram Atenas ao longo de uma semana e pressagiaram os motins anti-austeridade dos meses recentes. Um autor que presenciou os dois conjuntos de manifestações observa que “ambos ocorreram sob governos conservadores que se recusaram até mesmo a reconhecer, e muito menos a tentar responder, às razões da insatisfação.” Como deveria ser desnecessário dizer, “uma violência urbana de tamanha intensidade não pode ser meramente atribuída a motivos oportunistas […] Se a Inglaterra quiser aprender com a violência urbana de outras cidades européias, deverá incidir a atenção nas motivações e nas razões de queixa dos participantes. Se não o fizer, na próxima vez as coisas serão piores e mais dolorosas, como sucedeu em Atenas.”
Todas estas comparações ajudam a esclarecer a insurreição britânica de 2011. Ainda mais pertinente é situar os recentes motins generalizados no contexto da história britânica. Nos séculos XVIII e XIX abundaram na Grã-Bretanha os motins desencadeados pela insatisfação política, econômica ou social. No século XX, a questão racial cada vez mais juntou a sua dinâmica incendiária aos surtos periódicos de perturbações e de insatisfação pública. No pós-guerra, o grande número de imigrantes oriundos do Caribe, da África e da Ásia, todos eles chamados “negros”, quebrou os elos de caráter inglês e branco, de caráter britânico e europeu, e reorganizou as relações e as tensões entre raça e classe.
Raça e classe sempre estiveram entrelaçadas no contexto da Grã-Bretanha imperial, a principal nação comerciante de escravos no século XVIII e a principal potência colonial nos séculos XIX e XX. Isto só para chamar a atenção para a circulação permanente das ideologias de raça e de classe entre a Grã-Bretanha e o seu império, que marcou as relações sociais tanto nas periferias coloniais como no centro metropolitano durante o apogeu do império e posteriormente. Em resumo, a Grã-Bretanha tem um problema persistente de desigualdade e exclusão raciais e de classe, que leva ocasionalmente à eclosão de motins. No pós-guerra irromperam motins raciais com uma frequência previsível: os motins de Notting Hill em 1958, os motins de Brixton em 1981, os motins de Handsworth e Broadwater Farm em 1985 e os motins de Brixton e Bradford em 1995.
É claro que variam os contextos específicos de cada uma destas revoltas, mas a situação subjacente, as condições estruturais, permanecem profundamente enraizadas nas hierarquias e marginalizações raciais e de classe da sociedade britânica, sustentada por uma classe política cada vez mais incompetente. Quanto aos motins de 2011, importa especialmente considerar dois contextos: primeiro, a redução das oportunidades econômicas e, segundo, a decadência da democracia. Tal como boa parte da Euro-América, a Grã-Bretanha foi devastada pela Grande Recessão e a economia está mancando desde que foi declarado oficialmente o termo da recessão. Na última estimativa, o Banco da Inglaterra “reduziu para 1,5% sua estimativa de crescimento em 2011 no Reino Unido, quando a previsão anterior fora de aproximadamente 1,8%, e baixou a sua estimativa para 2012 de 2,5% para cerca de 2%.”
A adoção de um programa drástico de austeridade pelo governo de coligação, envolvendo cortes massivos nos setores sociais e de serviços, incluindo a educação, ameaça converter a prolongada recessão, sentida pela classe trabalhadora e pela classe média inferior, numa depressão permanente. Em consequência, aumentou o nível de desemprego para essas classes, em que as minorias raciais jovens têm uma participação muito superior à média. Assim, em grande medida os motins representam uma irrupção dos marginalizados, numa altura em que os seus dirigentes políticos gozavam férias no estrangeiro, das quais ignominiosamente regressaram a um país em chamas. Não há dúvida de que estes motins britânicos são mais multi-raciais do que os motins de 1981 ou 1985, e muito mais ainda do que os motins franceses de 2005. Isto os torna potencialmente mais ameaçadores e é mais difícil para o Estado contê-los com ataques baratos contra os “hooligans negros” ou contra as promessas vazias do multiculturalismo.
No fundo, este é um país falido liderado por uma classe política falida, apesar da retórica barata de “Grande Sociedade” do primeiro-ministro Cameron ou da extravagante encenação das núpcias reais. O Estado e seus funcionários policiais estão amplamente desacreditados. A capacidade da classe política para administrar a economia em benefício da maioria mais do que da minoria foi severamente danificada pela Grande Recessão e evaporou-se com o brutal regime de austeridade. Enquanto isso, políticos, policiais e a imprensa ficaram desacreditados pelo escândalo de escutas telefônicas envolvendo o império midiático de Murdoch. Os imperadores da classe política britânica nunca apareceram tão nus.
Muitas pessoas comuns não se deixaram impressionar, e menos do que todos as minorias marginalizadas e os trabalhadores mal pagos e subempregados. Alguns perguntam abertamente por que seus saques são piores do que os das elites. Para citar um escritor, “Enquanto os banqueiros saquearam publicamente as riquezas do país e não lhes sucedeu mal nenhum, não custa a entender o motivo por que aqueles que são excluídos do trem da alegria podem pensar que têm direito a meter no bolso um celular [telemóvel]. Alguns dos amotinados são explícitos. ‘Os políticos dizem que nós saqueamos e roubamos, mas eles são os verdadeiros gangsters,’ disse um deles a um repórter.”
Nas palavras pungentes de um comentarista, “Os amotinados de Londres são o produto de uma nação que se desmorona e de uma classe política insensível que lhes virou as costas.” A amplitude do desastre social é surpreendente. “Na bolha da década de 1920, os 5% mais ricos apoderaram-se de 1/3 da renda pessoal. Hoje, na Grã-Bretanha, a desigualdade em salários, riqueza e oportunidades de vida é a maior desde então. Só no ano passado, a fortuna conjunta dos 1.000 mais ricos da Grã-Bretanha subiu 30%, atingindo 333,5 bilhões [milhares de milhões] de libras.” O autor lamenta que “sucessivos governos britânicos conspiraram para gerar pobreza, desigualdade e desumanidade, exacerbadas agora pela perturbação financeira” e alerta, “Olhem para os bandos de jovens destruidores nas ruas das cidades e chorem todo o nosso futuro. A ‘geração perdida’ está a juntar-se para a guerra.”
O segundo contexto é a decadência da democracia britânica, a desestabilização ou desmobilização da participação popular em nível local e a centralização do poder manifestada pelo crescimento da vigilância eletrônica para a população como um todo e da vigilância policial contra os grupos marginalizados. Como observou um jornalista veterano, “Compreende-se que forasteiros presenciando os motins urbanos nesta semana pudessem pensar que as cidades britânicas sejam comandadas pela polícia e pelo ministro do Interior. É certo que existem conselhos municipais e que Londres tem um prefeito eleito, mas em lugar nenhum os vemos nos postos de comando. Não têm poder real e, portanto, gozam de pouco ou nenhumstatus como líderes cívicos. Na linha de frente está a polícia, e por trás dela apenas o poder central do Estado […] Não existe nada que em qualquer nível de governo substitua uma democracia adequada, aberta, receptiva.”
O crescimento da vigilância eletrônica foi estimulado pelos atentados terroristas do dia 7 de julho de 2005. Por ocasião de uma visita a Oxford e Londres, há três semanas atrás, eu estava atônito ao ver quão extensa a vigilância eletrônica se tornou neste país. Em 2009, um jornal conservador, The Daily Mail, mostrou-se chocado: “A Big Brother Grã-Bretanha tem mais câmeras de vídeo de circuito fechado do que a China.” Segundo este jornal, “Existem aqui 4,2 milhões de câmeras de vídeo de circuito fechado, uma para cada 14 pessoas. Mas no Estado policial da China, com uma população de 1,3 bilhões [milhares de milhões], há apenas 2,75 milhões de câmeras, o equivalente a uma para cada 472.000 cidadãos.”
Tal como sucedeu nos Estados Unidos, as medidas antiterroristas adotadas pelo governo britânico ameaçaram corroer a liberdade interna. Os suspeitos de sempre nos Estados de vigilância policial são as minorias pobres e raciais. As relações entre a polícia e essas comunidades, particularmente a juventude, se tornaram mais intromissoras e repressivas. Tão flagrante é o fichamento racial que “As pessoas negras têm 26 vezes mais probabilidades do que as brancas de ser abordadas pela polícia e sujeitas a buscas na Inglaterra e no País de Gales” (em comparação, há apenas 50 professores universitários negros num total de 14.000 professores nas universidades britânicas). E, assim, as lições dos motins das décadas de 1980 e 1990 ficaram perdidas na demência da vigilância antiterrorista e da centralização do poder de Estado.
Viu-se que a conjugação da austeridade econômica e da brutalidade policial é uma mistura combustível que tem alimentado as chamas da fúria nas cidades britânicas e agitado o país. Não é preciso ser um gênio para prever que os motins hão-de regressar periodicamente se não ocorrerem transformações nesta sociedade fundamentalmente desigual e racista. Como consequência desta insurreição, o modelo de austeridade britânico perdeu sua aura e agora serve como alerta para os limites da paciência popular perante as devastações selvagens do neoliberalismo, que levou à Grande Recessão e está desesperadamente tentando renascer das cinzas.
Este artigo foi publicado originalmente em The Zeleza Post.
Acerca do autor, veja aqui.
Traduzido para o Passa Palavra por Lucas Morais.
Acerca do autor, veja aqui.
Traduzido para o Passa Palavra por Lucas Morais.
Espanha: Paros parciales el 18 de Agosto en Metro de Madrid
¿Por qué convocamos paros?
* Incumplimiento del convenio colectivo (no aplicarse la subida salarial del 2011...).
* Cambio unilateral de las condiciones laborales de los trabajadores de Metro para atender la gira del Papa.
* Nefasta gestión económica: Despilfarro de miles de euros del erario público en proyectos mal ejecutados, exceder límites presupuestarios, reparación de obras recién realizadas, etc.
* Incumplimiento de compromisos adquiridos por falta de fondos, mientras se dilapidan enormes sumas de dinero en publicidad y fastos para la visita del Papa.
* Subida de tarifas sin justificación.
Paros Parciales.
Jueves 18 de Agosto.
Noche: De 3:00h. a 5:00h
Mañana: De 11:30h a 13:30h
Tarde: De 18:30h a 20:30h
Jueves 18 de Agosto.
Noche: De 3:00h. a 5:00h
Mañana: De 11:30h a 13:30h
Tarde: De 18:30h a 20:30h
¿¿ VAS A HACER ALGO PARA DEFENDER TÚ CONVENIO??
¡¡AHORA ES TU OPORTUNIDAD!!
¡¡AHORA ES TU OPORTUNIDAD!!
En otro orden de cosas ,Solidaridad Obrera exige billetes semanales para trabajadores y parados:
Con motivo de la “celebración” de la Jornada Mundial de la Juventud del 16 al 21 de agosto, la Comunidad de Madrid ha puesto en marcha dos tipos de billetes igual que los turísticos de 3 y 7 días al precio de 4 y 10 euros (en vez de 25 y 50 euros que cuestan los turísticos). El Partido Popular financia este espectáculo religioso con dinero público.
Con motivo de la “celebración” de la Jornada Mundial de la Juventud del 16 al 21 de agosto, la Comunidad de Madrid ha puesto en marcha dos tipos de billetes igual que los turísticos de 3 y 7 días al precio de 4 y 10 euros (en vez de 25 y 50 euros que cuestan los turísticos). El Partido Popular financia este espectáculo religioso con dinero público.
Ese tipo de billetaje sí nos ayudaría a todos, si se diese a trabajadores en activo o en paro: billetes semanales, de lunes a viernes, a cinco o seis euros y sin número máximo de viajes, permitiría dar una oportunidad a quienes realmente estamos pagando la actual crisis capitalista, los trabajadores.
Brasil: Lulismo fora do eixo
Os defensores da política "pós-rancor" combinam a "mais pérfida prática reacionária com um discurso aparentemente libertário".
José Arbex Jr.
"Imaginem um liquidificador em que se possa colocar as ramificações da esquerda, com estratégias e lógicas de mercado das agências de publicidade, misturando rock, rap, artes visuais, teatro, um bando de sonhadores e outro de pragmáticos, o artista, o produtor, o empresário e o público. Tudo junto e misturado. O caldo dessa batida é uma nova tecnologia de participação e engajamento que funciona de forma exemplar para a circulação e produção musical, mas que, acima de tudo, é um grande projeto de formação política. O Fora do Eixo cria, portanto, uma geração que se utiliza sem a menor preocupação ideológica de aspectos positivos da organização dos movimentos de esquerda e de ações de marketing típicas dos liberais. Ë, como disse o teórico da contracultura Cláudio Prado, a construção da geração pós-rancor, que não fica presa à questões filosóficas e mergulha radicalmente na utilização da cultura digital para fazer o que tem que ser feito."
O fantástico liquidificador das ideologias é assim descrito por Alexandre Youssef, articulista da revista Trip (de onde foi extraído o trecho acima citado, publicado em 12 de maio de 2011), membro do Partido Verde e coordenador do setor de Juventude durante a gestão de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo. Ele tem o mérito indiscutível da franqueza. Não é todo dia que alguém reúne graça e entusiasmo para cantar as virtudes de um "projeto de formação política" que combina, sem qualquer pudor ideológico, métodos or-ganizativos da esquerda com "ações de marketing típicas dos liberais". Claro: tudo isso é feito sem rancor, sentimento ultrapassado e cultivado pelas pessoas que teimam em se prender a "questões filosóficas" antigas, incapazes de perceber que a cultura digital mudou o mundo. Minai, não foi o FaceBook que provocou a revolução árabe?
Não. Não foi a mais moderna tecnologia que provocou a revolução árabe, mas os mais arcaicos entre os problemas enfrentados pela humanidade: a fome e a pobreza. A imensa maioria dos árabes nunca teve acesso à Internet, ao FaceBook e a nada que se pareça com "cultura digital". Nem teve acesso a mesas fartas e empregos dignos. Seria melan-cômico presenciar o resultado de uma preleção contra o rancor endereçada aos milhões de manifestantes que, colocando em risco as próprias vidas, foram às ruas para derrubar ditadores em algumas das principais capitais árabes. Em contrapartida, os soldados e oficiais da Otan que, historicamente, lançaram e ainda lançam milhares de toneladas de bombas sobre uma população civil indefesa, esses não agem movidos pelo rancor, mas subordinados a frios interesses geopolí-ticos, e estão perfeitamente integrados à "cultura digital". Os seus brinquedinhos de guerra são produtos da tecnologia de ponta, e incluem robôs e bombardeiros não pilotados. Tudo muito avançado.
O texto de Youssef não teria a menor importância, se ele não fosse expressão de um processo em curso, no Brasil e em todo o planeta, de coop-tação de amplos setores da juventude e da esquerda para políticas de conciliação e abandono da guerra ao capital. Toda essa conversa de "superação do rancor" está a serviço de uma ideologia (embora, obviamente, Youssef afirme o contrário) segundo a qual já não é mais possível falar em luta de classes. Os grandes cenários de embates, agora, são os circuitos culturais, não mais o chão de fábrica, o campo e as praças públicas. Ou melhor: todos servem de palco para a grande guerra simbólica.
E como isso aconteceu? É simples. O capitalismo pós-fordista, desenvolvido no pós-guerra, teria superado a divisão entre trabalho intelectual e manual, para integrar funcionários cada vez mais qualificados a funções que combinam gerência e produção. Além do mais, o vasto acesso ao ensino superior, franqueado às populações de baixa renda, teria mudado radicalmente o perfil da força de trabalho, em particular nos países de capitalismo mais desenvolvido. Essas transformações teriam sido fundamentais para a "culturalização" das classes médias urbanas, para o surgimento da contracultura (incluindo o movimento hippie, entre outros) e de novas demandas, que não se limitam mais a emprego, salário e conquistas sociais. Do ponto de vista dos novos "setores urbanos mé-' dios", nas palavras do ativista Pablo Ortellado, "as demandas são crescentemente 'pós-materiais' para usar um jargão sociológico."
Desgraçadamente, as manifestações de centenas de milhares de jovens e trabalhadores desempregados na Grécia, Portugal, Espanha e, mais recentemente, Itália mostram que as reivindicações são bastante "materiais". Assim como são "materiais" as demandas de trabalhadores franceses, que não aceitam os contínuos ataques promovidos pelo capital às suas conquistas históricas ou as de alguns setores do movimento sindical estadunidense, que começa a dar crescentes sinais de vida. E mais "materiais" ainda as necessidades de cerca de l bilhão de seres humanos famintos (segundo dados da própria ONU) e outro tanto de subnutridos. Alguém teria que avisá-los de que eles poderiam saciar a própria fome a carência de nutrientes com bus virtuais. É fantástico o show da vida.
POLÍTICA "PÓS-RANCOR"
Para outros advogados da política "pós-rancor", o proletariado teria sido substituído pelo "precaria-do", uma massa difusa, formada pêlos milhões de trabalhadores e jovens que habitam as imensas favelas e bairros da periferia. Tais "multidões" (para usar um conceito proposto pelo italiano Toni Negri, segundo quem não existe mais imperialismo, embora haja império) já não se identificariam como classe, mas como grupos que defendem interesses específicos (género, raça, opção sexual, sujeitos de direitos difusos etc.), e que ganham força a partir do momento em que adquirem visibilidade social. Para tanto, podem e devem se valer das novas tec-nologias de comunicação e produção de bens simbólicos e culturais. A "antiga" e "superada" luta de classes passaria a ser travada nos circuitos midiáti-cos, em que mesmo os protestos de rua viram espe-táculo e "performance". A "vanguarda", agora, seria formada pêlos "gestores culturais", justamente os mais capacitados a articular os esquemas destinados a dar visibilidade a determinados eventos e grupos (e a captação de recursos e patrocínios, obviamente, ganha um papel estratégico e, como tal, regiamente remunerado nesse processo).
No Brasü, especificamente, a política "pós-rancor" ganhou um impulso formidável em 2002, com a campanha do "Lulinha paz e amor". O sindicalista barbudo foi substituído por um senhor moderado e sorridente, trajando terno e gravata e jurando respeito ao capital, mediante o compromisso firmado pela Carta ao Povo Brasileiro. Com a servil capitulação ideológica petista, a avenida para o "vale tudo" estava escancarada.
No admirável novo mundo do lulismo, tornou-se particularmente emblemática a história do grupo Fora do Eixo (FDE), mencionada por Yous-sef como um exemplo fulgurante de como se faz política nos novos tempos. O FDE foi criado em 2005, pelo publicitário cuiabano Pablo Santiago Capilé, como um "coletivo de gestores da produção cultural", inicialmente com pólos em Cuiabá, Rio Branco, Uberlândia e Londrina (portanto, fora do eixo tradicional formado por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília). Com a proposta de revelar novos valores culturais "independentes", e adotan-do o modelo organizativo baseado na formação de "coletivos" (núcleos orgânicos sem patrões nem empregados), o FDE conseguiu o apoio do programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, durante a gestão de Gilberto Gil e depois sob Jucá Ferreira. Ao mesmo tempo, trabalhou com o patrocínio de empresas e grupos privados vinculados aos circuitos cultural e digital, espelhando-se na experiência de grupos semelhantes, como o Creative Com-mons estadunidense.
Como resultado, hoje, segundo os dados da própria organização, o FDE é uma próspera empresa de gestão cultural que agrega 57 coletivos em todo o país, com capacidade para realizar 5 mil shows em 112 cidades. Teoricamente, os "gestores" não são assalariados, mas, claro, recebem pelo seu trabalho, o que transforma a participação nos "coletivos" em meio de vida (os "coletivos" adotam moedas próprias e normas internas de distribuição de recursos). A retórica dos "gestores" é, aparentemente, combativa, com alguns vernizes de rebeldia: evoca o estímulo à arte independente, o direito de usar drogas, a luta contra o racismo e todo tipo de discriminação etc etc etc. Seu "público alvo", portanto, são os milhões que formam o "precaria-do". Coerente com tal retórica, o FDE, em contato com outros grupos assemelhados, participa da organização de atos e manifestações, mas tudo devidamente "enquadrado" e delimitado pela conveniência política.
Um exemplo foi a sua atuação na organização da "Marcha da Liberdade", realizada no dia 28 de maio, em protesto contra a repressão feroz que se abatera sobre a "Marcha da Maconha", no começo do mês. Capilé, um dos organizadores, agora nega, mas durante a reunião que preparou o ato de 28 de maio mencionou a possibilidade de patrocínio da Coca-Cola à marcha, sem necessariamente ter que expor a marca (a empresa estaria apenas cultivando "boas relações" com os ativistas). A proposta foi vetada pelo coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR) e Movimento Passe Livre, segundo relatos divulgados pelo coletivo Passa Palavra. Além disso, o FDE e grupos congéneres posicionaram-se contra a proposta de incluir, como pauta da marcha, a reivindicação de proibir aos policiais o uso de armas de fogo para reprimir manifestações. Não haveria mesmo razão para uma proposta tão rancorosa: liberdade é apenas uma calça velha, azul e desbotada, certo?
A experiência do FDE é o próprio retraio do lulismo: combina a mais pérfida prática reacionária com um discurso aparentemente "libertário". Suas ações são motivadas por interesses pecuniários próprios, mas apresentadas como se fossem gestos de altruísmo. Na lógica mercantüista tão bem apresentada por Yousseff, mesmo as manifestações são transformadas em happenings e oportunidades de bons negócios com patrocinadores interessados em vender uma imagem dinâmica e "progressista". As "antigas" e "rancorosas" reivindicações dos trabalhadores e jovens pelo acesso real e material ao mundo da cultura e das artes são açambarcadas, administradas e domesticadas por um vasto empreendimento, que envolve fundos públicos, patrocínios de corporações e de empresas privadas e "gestores culturais" que se encarregam de encontrar os artistas e promover os eventos. Finalmente, a técnica da "gestão cultural" é transportada para o ativismo militante e justificada com um discurso "pós-rancoroso", o mais adequado ao mundo das reivindicações "pós-materiais". O FDE e con-gêres constituem a expressão Mista do movimento "cansei".
Se existe algo de real nas alegações dos "pós-rancorosos", incluindo os "lulinhas paz e amor", é a afirmação de que a batalha ideológica travada nos "circuitos culturais" adquiriu importância muito maior e central do que à época de Karl Marx. Isso é óbvio, já que as tecnologias de comunicação experimentaram um desenvolvimento vertiginoso no século 20. E, além disso, a humanidade sofreu as experiências de génios do mal da comunicação, como é o conhecido caso de Joseph Goebbels, cujas técnicas de propaganda passaram a ser ado-tadas e aprimoradas por Hollywood e outros centros produtivos da indústria cultural (outro conceito "rancoroso" e ultrapassado, aliás).
Mas nada disso autoriza a afirmação de que o proletariado foi dissolvido no "precariado" e que desapareceu a luta de classes, agora substituída por uma difusa batalha cultural, se tanto. A ex-tração da mais valia continua sendo o "segredo" do capital, e o imperativo do crescimento da taxa de lucro a sua lei compulsória. Isto é, não há reprodução do capital sem a exploração cada vez maior do trabalho humano livre. Mudaram os parâmetros que condicionam a luta de classes, as circunstâncias culturais e ideológicas em que ela se desenvolve, assim como as formas de articulação entre as várias classes exploradas e oprimidas. Mas nenhum "circuito cultural" aboliu as classes, que não podem ser sociologicamente quantificadas (classes não constituem um mero dado estatístico), mas que dão o ar da graça em momentos de crise e de ameaças às conquistas sociais, como demonstram a revolução árabe e a Zona do Euro.
Bastaram duas semanas de mobilizações em Barcelona e Madri para desarticular três décadas de retórica conciliadora de Luiz Zapatero e companhia. Os "precariados" do Oriente Médio, Norte da África e Zona da Euro mostram que não é nos circuitos digitais que se trava a guerra contra o capital, mas nas ruas. Nas barricadas. Estas sim, são as mesmas que se erguiam nos tempos de Marx, assim como é o mesmo rancor que se expressa nas palavras de ordem contra a miséria e os gestores do neoliberalismo.
Nenhum liquidificador abolirá a luta de classes.
José Arbex Jr. é jornalista.
Fonte: Caros Amigos -aqui
Cuba: Respuesta al dr Enrique Ubieta de un anarquista del Observatorio Crítico
fonte: periodico El Libertario (aqui)Por Marcelo “Liberato” Salinas 1. El doctor Enrique Ubieta ha asumido un atendible interés en polemizar con miembros de la Red Observatorio Crítico a partir de acusar de “anarco-capitalista” a uno de sus miembros, nuestro compañero Erasmo Calzadilla, activo ambientalista local en el Reparto Eléctrico y asiduo articulista en el sitio Habana Times. Esto puede ser una buena oportunidad para abrir un necesario debate de ideas que de otra forma no ocurriría La impresión que deja Ubieta en su texto es que descubrió un juego de palabras, una pirueta escritural, al acusar a Erasmo de “anarco capitalista”, perdiendo de vista que esta es una corriente de pensamiento, menos pública que otras, pero que forma parte orgánica de la frondosa familia intelectual del neoliberalismo. Pero esto no es algo relevante para él, que en su cortedad de empeños, ni siquiera pudo regalarnos un solo argumento que fundamentara la ubicación del pensamiento de Erasmo en las coordenadas de esa corriente de pensamiento, sus autores, sus tesis y sus conceptos. Eso para él no hacía falta. Todo parece indicar que el objetivo central de Ubieta ha sido menos que polemizar analíticamente, sencillamente establecer asociaciones superficiales torcidas y corrosivas, tales como que Erasmo está vinculado al reaccionario Grupo PRISA, por usar en común a ellos el manoseado término de “régimen” cubano, todo para echarle tierra encima a una persona que forma parte de un pequeño colectivo, casi todos nacidos y todos socializadas en el marco del orden estatal post revolucionario cubano y que consideran que la única manera de desarrollar los contenidos liberadores y populares que un día dieron vida a este gobierno, es asumiendo la revolución como acción directa, cotidiana, autónoma y liberadora, sin pedir permiso a los que se han apropiado de ella y de ella viven, viajan, vacacionan, mantienen estilos de consumo… y ahora pretenden hacerla una empresa eficiente. Esos son los que conforman la gran familia de lo que Ubieta festinadamente llama el “contrapoder” en Cuba, un eufemismo con tufo progre que denomina a un gran entramado de individuos cooptados por la gerencia central, algunos provenientes de las capas más humildes de Cuba, que un día fueron llamados a ser cuadros profesionales y a convertirse en incondicionales a temporada de "la Revolución" hasta que la máquina devoradora de cuadros los defenestra deshonrosamente de la morada, después de comprobarse que tomaron algunos cientos de miles de dólares y algunos viáticos de descanso, como los que se dieron los imponderables Roberto Robaina- Carlos Lage-Otto Rivero- Felipe Pérez Roque- Yadira García-Juan Carlos Robinson… por sólo citar a la última camada de echados de esta serie. 2. Para aquellos que quieran acusar a Ubieta de asalariado del aparato ideológico del sistema, creo que pueden hacerlo, pero eso no agota el análisis de su caso y no es justo que respondamos con las mismas cartas. Es preciso comprender la lógica del otro, no para quedarnos en la estética de la tolerancia, sino para juzgarlo mejor. Ubieta además de director del oxigenante periódico La calle del medio es autor de un libro publicado en el álgido 1993, con el cual dio una de las primeras señales de la reorientación ideológica del discurso oficial en Cuba, luego de la evaporación histórica del marxismo-leninismo: Ensayos de Identidad, texto que como su nombre lo indica tuvo por centro lo que a partir de ese momento se le llamará “la identidad”, una instancia a través de la cual los agentes culturales del orden estatal cubano gestionaron el recambio de la fenecida “moral comunista”. Una operación que involucró la designación de un nuevo ministro de cultura, la reorganización de la enseñanza de la historia de Cuba y el entramado institucional de la cultura, con la recuperación de figuras como Fernando Ortiz (y su noción de la integración nacional a partir del mestizaje), Cintio Vitier (y su teleología post-origenista del devenir simbólico de la nación) o la adjudicación de un nuevo estatus a la figura de José Martí, con la creación de una instancia cuasi ministerial como la Oficina Nacional del Programa Martiano, con la decorosa figura de Armando Hart Dávalos en calidad de su presidente. Miembro activo de la “última promoción de filósofos que comienzan a emerger con vigor”, según la contraportada de la edición de su libro de 1993, de la cual formaron parte Paul Ravelo Estrade, desaparecido en el torbellino de “parados” en España, Emilio Ichikawa Morín, devenido exitoso intelectual orgánico de la centro derecha cubana en Miami o Rubén Zardoya Loureda, defenestrado intelectual –también orgánico- del “partido único” cuando ejercía funciones de Rector de la Universidad de La Habana; así como el excelente filósofo Alexis Jardines, probablemente el integrante más original e interesante de la camada, capaz de profundas reflexiones, sistematizaciones y contestaciones, que, sin embargo, se tornaron en lamentable y trivial mediación para un nada original traslado a EE.UU. De ese grupo aún más amplio ha sido Ubieta uno de los más visibles promotores de la posterior avalancha de “la identidad cultural”, eso que la periodista Alina Perera Robbio, compañera de ideas de Ubieta, alguna vez denominó “el hilo invisible en el collar de perlas de la nacionalidad cubana”. Han sido los intelectuales orgánicos de la nacionalidad (o los nacionalistas burgueses, como se decía antes de la nueva ola marxista gramsciana) los promotores más activos de ese “hilo invisible”, que no es otra cosa que una metáfora para nombrar la reconstrucción histórica de una identidad nacional que ha permitido sublimar y echar una eficaz cortina de humo sobre el caudillismo, el verticalismo, el desarrollismo y la lucha de clases y sus expresiones culturales que han atravesado a la sociedad cubana, como a cualquier otra sociedad asolada por la dictadura de la modernidad capitalista y sus variantes coloniales. Esos empeños por la “búsqueda de la cubanidad”, expresión acuñada por el gran historiador Eduardo Torres Cuevas, referente intelectual insoslayable en esos laboreos, ha logrado ir vaciando de contenido popular, periférico y proletario a la historia del pensamiento sobre los destinos del país, así como poner la producción de “pensamiento trascendente” en manos exclusivas de los versados en la cultura libresca oficial, por lo que no es extraño que nada de la rica prensa obrera producida en Cuba sea pasto de interés de estos cultores de las olímpicas grandezas nacionales. Así, en 1902 mientras los grandes intelectuales del estado nacional cubano rumiaban teorías para explicarse como Varona el “imperialismo a la luz de la sociología” y todavía no había arribado a las costas cubanas la iluminadora teoría marxista que explicara el rol de la dominación económica, ni había madurado Villena, ni Ramiro Guerra, adalides del pensamiento económico de la nación cubana, según los estudiosos oficiales del tema, un intrascendente “periodiquillo” anarquista como ¡Tierra!, (pero uno de los empeños periodísticos proletarios de más hondura intelectual, más sólidos y duraderos, a nivel de toda América, durante casi 20 años, sólo comparable a su homólogo argentino La Protesta) en un artículo del 5 de julio de 1902 señalaba: “La revolución pasada […] obra fue del proletariado que arrastró con su ejemplo y por la fuerza de la clase media ilustrada (…) Hora es ya de terminar esa alianza inmovilizadora. Concluida la Revolución por la independencia con el grillete de la Enmienda Platt, remachado por los Asambleístas Constituyentes a nombre del pueblo, el obrero cubano debe ahora dedicar todas sus energías a la conquista de la emancipación económica, pues la revolución por la independencia no lo va redimir de esa esclavitud, al contrario la va a acentuar, por la misma razón que ha dado un vigoroso impulso a la concentración del capital.” Ese vaciamiento de contenidos populares de la historia que han estado haciendo los historiógrafos de la nación cubana ha ido creando las condiciones para que hoy no nos asombremos de un cartel gigante que este año ubicaron en el set de la plaza de la revolución el pasado 1 de mayo: “socialismo es soberanía nacional”, una definitiva declaración del achatamiento de la idea del socialismo en manos de los promotores de los Lineamientos y una demostración de la inquietante capacidad de reproducción universal de la lógica gubernamental que dio lugar hace casi un siglo a los nacional-socialismos europeos. Pero para los intelectuales orgánicos de la identidad nacional esto no es un peligro, sino una oportunidad, una coartada insuperable para salvar su función de rectores de la alta cultura nacional y receptores de las prebendas en status social que ello implica, pero también de algo más determinante: un recurso para conservar su incapacidad, conscientemente asumida, de no poder imaginar un orden social sin la existencia de una elite que destruya toda forma de gestión horizontal colectiva de la sociedad. Casi viente años después del inicio de aquel programa de fortalecimiento de la identidad nacional como política delEstado, sus frutos se han hecho cada vez más palpables: más que el amor a la patria, hecho popular, hondamente sentido y no necesitado de subsidios estatales para su existencia, se ha reforzado aún más el culto al Estado que nació a partir de la instrumentalización de las conquistas populares de la revolución de 1959, hecho que confirma la tesis del encuadernador anarcosindicalista alemán Rudolf Rocker, autor de la monumental obra, quemada por la maquinaria cultural nazi, Nacionalismo y cultura (1933), donde propone como idea central de su libro que la cultura nacional donde quiera que se organiza es el conjunto de los hábitos, normas y estilos de hacer de la sociedad, que reproducen la lógica del estado a su imagen y semejanza o que no afectan su existencia; hábitos, normas y estilos que son elevados a la categoría de reliquias y fuentes depositarias del orden jerárquico establecido. De esta definición se pueden derivar las razones que pueden explicar el colosal equívoco que produjeron los socialismos del siglo XX, al confundir propiedad social con propiedad estatal, pues si la expresión más palpable del fermento de existencia de una sociedad es su cultura y esta es convertida en un engranaje del régimen de la gobernabilidad estatal nacional, la sociedad misma es propiedad del Estado y por medio de una inversión ya indolora, la sociedad deja de ser condición para la existencia del Estado y el Estado se convierte en condición de existencia de la sociedad… Es que el nacionalismo, sea de los grandes o las pequeñas naciones no ha ido más allá de reproducir a distintas escalas los procederes de los grandes Estados opresores que los movimientos de liberación nacional decían combatir, como lo han demostrado en su libro Anarquismo en África Mbá e Igariwey, en el caso de los socialismo africanos, en general los llamados estudios subalternos y como ya lo venían denunciando desde un siglo anarquistas como Enrique Roig San Martin en La Habana frente a las elites empresariales separatistas, Arrigo Malatesta en la Italia arrebatada por los nacionalistas mazzinnianos o los marinos revolucionarios de Kronstadt, cuando sufrieron la arremetida armada del Ejército Rojo en marzo de 1921. 3. A Erasmo Calzadilla y a muchísimas otras personas acá les da risa que existan “ideólogos de la subversión” no porque no sepan que los haya y que estén además bien pagados, sino porque lo que ha quedado demostrado es que esos ideólogos de la subversión no son tan efectivos en su labor como los ideólogos de la disolución de la revolución desde adentro y un ejemplo sencillo, claro y a mano de esto último es la ya célebre oración : “…revolución es cambiar todo lo que debe ser cambiado…” ¿Quién es el sujeto de esta oración? ¿Quién decide que es lo que debe ser cambiado? ¿Quién va a ejecutar ese cambio? Esta frase -de la autoría del máximo ideólogo de este proceso- deja un jugoso espacio a la indefinición de los roles y, más importante aún, a la parálisis social administrada desde las cúpulas dirigentes, esas que ahora están siendo convocadas a protagonizar un “cambio de mentalidad” de forma tal que los que aprietan el acelerador son los mismos que, automáticos, pisan el freno. Si los ideólogos de la contrarrevolución tuvieran este nivel de eficacia disociadora, lo que queda de esta revolución hace tiempo no hubiera existido. 4. Asociar a Observatorio Crítico con Yoani Sánchez es una intención muy marcada en el equipo de trabajo del doctor Ubieta, confieso que no conozco en detalle las intimidades de las relaciones de Yoani Sánchez con Erasmo, ella y él tienen derecho de conocerse y estudiarse. Y si de posiciones claras del OC frente a los defensores del capitalismo en Cuba se trata, tomen nota que cuando en 2010 se realizaron en Casa Gaia –espacio privado/público habanero bajo auspicios del MinCult y de la Oficina del Historiador- los encuentros del 1er Estado de SATS -un evento que ha sido la más seria plataforma de discusión para el demo-liberalismo en Cuba desde la perspectiva teórica de la complejidad-, los únicos que estuvieron ahí presentes y activos para defender abiertamente el socialismo (en su auténtico carácter socializador, libertario, proletario y popular) fuimos los activistas del Observatorio Crítico; y por allí no vimos pasar ni al doctor Ubieta, ni a ningún otro “ideólogo” “profesional” “de la revolución”. Si el doctor Ubieta se siente atacado en su condición de defensor del socialismo, mi pregunta es ¿qué es lo que dice cuando afirma lo de socialismo?, porque a cualquiera mínimamente respetuoso de su propia dignidad intelectual, le puede quedar claro con una sola ojeada que la machacona y desembozadamente tecnocrática promoción en los “Lineamientos” de los campos de golf, los contubernios cada vez mas públicos con Monsanto y el conglomerado agro-tóxico mundial (felicísimo de poder echar abajo un referente latinoamericano de agricultura orgánica y ecológica como Cuba, crecido en menos de 10 años ), la destrucción y momificación folclórica de todas las instancias de supuesto poder popular y de los trabajadores en Cuba (Sindicatos, Comités de Defensa de la Revolución, Brigadas de Producción y Defensa, Asambleas locales del Poder Popular y un escueto etcétera), el traspaso al ámbito policial de proyectos socioculturales autónomos anteriormente “atendidos” por el Ministerio de Cultura, los reiterativos llamados a la eficiencia, al orden y la disciplina, no son pasos en función de encaminar las prácticas socio-políticas cubanas hacia un renovado proyecto socialista y al protagonismo de los trabajadores en sus trabajos y en sus vidas, sino maneras de conectarlas de manera suave, “soberana” y sin traumas transitivos a ese Poder Global que Ubieta dice combatir. 5. Llegado a este punto me gustaría aclarar que no conozco una declaración explícita de Erasmo de su condición de anarquista, aunque él ha leído con interés materiales libertarios que nos hemos circulado. En el Observatorio Crítico hay anarquistas activos trabajando, pero no es condición esencial ser tal para formar parte de esta red de aprendices rezagados de militantes sociales, por lo que tal vez Erasmo deba tomar nota de los señalamientos del doctor Ubieta para mejorar su condición libertaria porque en verdad es muy poco edificante ser un anarquista de centro, aunque creo que Erasmo a lo que se refiere es a Havana Times como “centro” no en el sentido político sino en el sentido de espacio. Yo sí le pudiera decir a Ubieta que su identidad de izquierdista es tanto o más precaria que la que le señala a Erasmo, pues las reglas del capital han convertido a los gobiernos “de izquierda”, en los más eficaces gestores del capitalismo global, como hoy lo están demostrando los socialistas Papandreu en Grecia, los socialistas Zapateros en España, el ex guerrillero Tupamaro don Pepe Mujica en Uruguay o los vendedores de petróleo “bolivariano” a la mega maquinaria industrial mundial, que creen que el socialismo es sólo un asunto de repartir más… Igual que los gestores de los nuevos capitalismos bajo banderas rojas, en China y Vietnam. 6.Después de todo esto viene lo crucial que nos plantea a todos el doctor Ubieta: ¿qué hacer con el gobierno cubano? Como militante social, anarquista, anticapitalista digo que “apoyar” o “combatir” al gobierno cubano son dos caras de una misma moneda llamada “la gobernabilidad”, ese exitoso concepto y programa de factura “made in FMI” que sólo ha tenido por propósito definir las condiciones que permitan la reproducción ampliada, en círculo vicioso, de la alienación disciplinada y masiva de toda una sociedad, para que sus castas mandantes y capitalistas, en cualquier variante, puedan seguir cómodamente donde están. La política del pueblo trabajador debe enfrascarse en una labor mucho más ardua, profunda y duradera que apoyar o combatir a un gobierno, que ha hecho más por “nosotros” que ningún anterior en Cuba, pero que también ha generado según uno de sus voceros oficiales “…una casta parasitaria que por años se ha venido alimentando de los dineros y las urgencias del pueblo” (“La mentalidad frente al espejo” En: Granma, viernes 22 de julio de 2011). Nuestra política, como anarquista en Cuba hoy entiendo que debe dirigirse a hacer realidad una frase tirada al viento por Fidel en Cuba hace mas de 40 años: aquella referida a que “algún día desaparecerá de la sociedad cubana la ominosa función de cuadro dirigente…” para dar paso a un pueblo consciente de sus potencialidades y destinos y con las armas en la mano para la producción, la defensa, la cultura y el goce de la creación y el ocio libre defienda y profundice su socialismo.Si nos dicen que eso no se ha realizado en todo este tiempo porque es difícil, por la cercanía del sabotaje y la agresividad imperialista, hay una respuesta que es sencilla y clara: ¡¡no hubieran hecho la revolución!!, ya que otra cosa no se podía esperar del imperio. Lo lamentable no es eso, sino que ahora, medio siglo después que el gobierno que encarnó la revolución y destruyó todas las barreras de lo posible, según se entendía en las tres cuartas partes del mundo en los años 50, pesen aún más las mismas consideraciones geopolíticas (basadas en el famoso fatalismo geográfico que nos enseñaron a refutar en el pre, padre del “destino manifiesto”, de la doctrina Monroe y de todos los anexionismos) que ese mismo gobierno combatiera. El imperialismo yanqui no va a financiar revoluciones, ese es el error de fondo de toda la campaña internacional contra el bloqueo. La única forma efectiva de hacer avanzar la revolución es convertir en posibilidades de otro desarrollo la circunstancia que nos ha tocado vivir, como lo ha demostrado el repunte de la agricultura orgánica en los últimos años y que hoy las elites tecnocráticas y militares pretenden desmantelar, porque ese desarrollo haría ociosos departamentos ministeriales enteros y le confiere más autonomía y libertad al pueblo trabajador como mismo lo pudieron hacer 20 años antes las Milicias de Tropas Territoriales. Ningún cuerpo especializado en Servicios Empresariales de Protección Socialista Antimperialista (S.E.P.S.A??) con sus tanques y sus camiones de guerra para desfiles, sus casas de descanso, sus compras subsidiadas y sus teléfonos móviles a cuenta abierta, está en condiciones de defender la propiedad social, si la hubiera en Cuba, porque los intereses de tal casta militar están al servicio, no del eufemístico y abstracto “interés del pueblo”, sino de cualquier poder nacional o foráneo, socialista o capitalista que mantenga con vida su existencia, sus jerarquías de mando y sus privilegios, como mismo las poderosísimas Fuerzas Armadas de la difunta URSS, cruciales para disuadir la fuerza opresora de la otra potencia mundial, fueron inútiles para defender las bases legales de la supuesta renovación del socialismo, cuando este –tornado ya un mero vocablo- fue echado abajo por la confabulación de sus propios cuadros dirigentes, insatisfechos con la falta de “libertad de empresa” y los (ya despampanantes) privilegios de consumo bajo aquel régimen. Y recordemos: el glorioso pueblo “soviético” no disparó ni un solo tiro en defensa de ese (el ya tan opresivo, formal y ajeno) “socialismo”. Las nefastas consecuencias de un giro capitalista estatal de la revolución de 1959 fueron intuidas muy tempranamente por compañeros anarquistas de Cuba y el exterior. Textos enterrados por la historia contada por los liberales y los izquierdistas progres como un Manifiesto de los anarquistas de Chile sobre la revolución cubana ante los imperialismos yanqui y ruso (1960); el Testimonios sobre la revolución cubana (1960) de Agustín Souchy, anarcosindicalista polaco-alemán y prestigioso especialista en temas de reformas agrarias, quien estudió sobre el terreno el primer plan de cooperativización del gobierno cubano; las últimas ediciones antes de ser clausurado del periódico Solidaridad Gastronómica, órgano del sindicato gastronómico de La Habana; o el folleto Revolución y contrarrevolución en Cuba, de 1960, de los compañeros Carlos Ferro y Abelardo Iglesias -dos trabajadores, militantes anarquistas consecuentes, de la más joven generación de esa época-, son una pequeña muestra de una labor de esclarecimiento de perspectivas que halló resistencia incluso en los propios medios libertarios de la época. Pero el tiempo les ha dado reverdecidas razones. Así, en el escueto folleto antes citado plantearon con claridad meridiana lo que recién estamos redescubriendo tardíamente hoy: “Expropiar empresas capitalistas, entregándolas a los obreros y técnicos, ESO ES REVOLUCIÓN. Convertirlas en monopolios estatales en los que el único derecho del productor es obedecer, ESTO ES CONTRARREVOLUCIÓN.” Si fuésemos unos anarquistas trasnochados diríamos que sólo alguien como el doctor Enrique Ubieta, junto a toda la casta social que ha vivido del monopolio estatal puede no entender estos planteamientos, por pura conveniencia clasista, pero no nos llamamos al autoengaño, toda una maquinaria de adoctrinamiento estatal dirigida, en el mejor de los casos a producir pasividad, irresponsabilidad, abulia (tanta, que los que la fomentaron hoy quieren combatirla), además del consabido miedo, han convertido estos posicionamientos en peligrosos extremismos sin lugar casi en este mundo... A esto hay que agregar razones de más densidad histórica y estructural: el gobierno existente en Cuba ha sido expresión concentrada de las propias manquedades de la cultura política de los trabajadores y el pueblo cubano que hace mas de 50 años, con las tasas de explotación por vía salarial más alta del continente (sólo superadas por Chile en 1953), exigió mayoritariamente a “su” Estado revolucionario, salvo raras y expurgadas excepciones, que se convirtiera en un gran monopolio empresarial nacional, que los librara de la responsabilidad de la libertad y la autogestión, que los librara de las molestias del trabajo libremente asociado y les diera acceso masivo a la vida urbana, a la industrialización de la agricultura y a lo más depurado de la cultura para masas del capitalismo, en nombre del socialismo y el anti imperialismo. Los trabajadores rurales cañeros, símbolos de las más duras luchas sindicales en Cuba, no pidieron tierra para ser libres, sino simplemente mejores salarios del Estado. Nada de esto fue únicamente una imposición exclusiva de la “unidad revolucionaria”/“dictadura castrista”. Como se desprende del libro Ideología y revolución. Cuba 1959-1962 de la rigurosa historiadora Pilar Díaz Castañón, buena parte de la sociedad cubana, en masa, regaló sus derechos al Estado para que diseñara la ‘magia del cambio’. El llamado “fidelismo”/“castrismo” ha sido también un pacto tácito de “no democracia” a cambio de “modernización acelerada”, en el cual el pueblo trabajador no fue una víctima inocente, sino un protagonista muy activo. Pacto social que condujo casi mecánicamente es a la alianza geopolítica-geoeconómica-geoestratégica-geoideológica con la URSS, incluyendo sus nefastos efectos culturales locales… Y en ese contexto el Estado revolucionario pudo acallar, sin contestación social alguna, voces como las de los compañeros Iglesias, Ferro, Marcelo Salinas y otros tantos libertarios, quienes ya conocían (desde mucho de 1959), como otros tantos actores de la sociedad cubana, la naturaleza del régimen “soviético”. 7. Si los pasos actuales que se derivan de los Lineamientos se relacionaran, no con los postulados de estos olvidados compañeros, que sería mucho pedir, sino con los pasos que se dieron en el Ministerio de Industria dirigido por el Che Guevara, con discutibles herramientas socializadoras como los “Comités de Industrias Locales” o los “Planes Especiales de Integración”, tuviéramos algún motivo para prestarle atención a las supuestas intenciones socialistas del gobierno que dirige el país. Pero no es así, el camino al que se nos exige avanzar es hacia un perfeccionamiento del Estado como empresario “colectivo” anónimo, asociado con negocios privados de diversa envergadura (desde timbiriches cuentapropistas donde es obligatoria por decreto la contratación salarial y ya se habla de una sindicalización “vertical” estilo fascista de patrones y empleados en la misma sección sindical, hasta corporaciones transnacionales), y enfrascado en un disciplinamiento de sus masas asalariadas y un etéreo “cambio de mentalidad” en los dirigentes para arribar a algo que inevitablemente pasará por parecerse cada vez más al capitalismo y que generará algo muy parecido a la pura, dura y clásica lucha de clases… ¿De qué lado de las barricadas volveremos a encontrarnos al doctor Enrique Ubieta y sus colegas? Es él quien tendrá que definirlo. Nosotros estamos aquí donde han estado siempre los anarquistas, los comunistas libertarios, sin amo, sin gobierno, en la lucha, solidarios, en el pueblo, en la calle…
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