segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Lado Escuro da Comida *

Comida - Seu Prato pode poluir mais que seu carro .... !!!
Enviado por: "PAHL Pau Brasil" pahlpaubrasil@gmail.com
Sáb, 2 de Abr de 2011 6:33 pm



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*O Lado Escuro da Comida *

*[image: 11020904a]** Por Claudia Carmello, Barbara Axt, Eduardo Sklarz
e Alexandre
Versignassi*

A indústria da comida nunca produziu tanta tranqueira. Seu prato polui mais
que o seu carro. E estamos sendo envenenados por pesticidas. Ou não?
Descubra o que é verdade e o que é mentira nas intrigas que rondam os
alimentos

Frango. Água. Maisena modificada. Soda para cozimento. Sal. Glicose. Ácido
cítrico. Caldo de galinha. Fosfato de sódio. Antiespumante
dimetilpolissiloxan o. Óleo hidrogenado de soja com antioxidante TBHQ. Isso
agregado a mais 26 ingredientes é o que conhecemos pelo nome de nugget. A
receita é produto de um sistema que faz de lasanha congelada a tomates mais
ou menos do mesmo jeito que se fabricam canetas, ventiladores ou motos. É a
agropecuária industrial. Ela começa nos combustíveis fósseis. Petróleo
carvão ou, mais comum hoje, gás natural são a matéria-prima dos
fertilizantes. E os fertilizantes são a matéria-prima de tudo o que você
come hoje, seja alface, seja dois hambúrgueres, alface, queijo e molho
especial - no pão com gergelim.

Verdade - Fertilizante mata

Mata peixes, não pes-soas. Mas mata. Resíduos de fertilizante vão parar em
rios, e daí para o mar. Lá eles fertilizam algas e elas crescem. Mas isso
não é bom: quando elas morrem, sua decomposição rouba oxigênio da água. E os
peixes sufocam. São as chamadas zonas mortas. Existem quase 400 delas nos
mares.

Sem eles para anabolizar as plantações, não haveria comida para todo mundo.
O problema é que, com eles, podemos ficar sem mundo. "Na porteira da
fazenda, ainda antes do uso, um saco de 100 quilos de fertilizante químico
já emitiu 4 vezes esse peso em CO2 para ser fabricado. Depois que aplicam no
solo, pelo menos 1 quilo daquele nitrogênio (elemento principal do
fertilizante) é liberado para o ar em forma de óxido nitroso, um gás quase
300 vezes pior para o aquecimento global do que o CO2", diz o agrônomo
Segundo Urquiaga, da Embrapa. Nessa toada, a agropecuária consegue emitir
sozinha 33% dos gases-estufa do mundo, mais do que todos os carros, trens,
navios e aviões juntos, que somam 14%.

Além disso, os fertilizantes deixam resíduos debaixo da terra que chegam aos
lençóis freáticos e acabam no mar. Mas isso é pouco comparado ao que a
comida moderna pode fazer ao seu corpo. Voltemos ao nugget.

VOCÊ É FEITO DE MILHO E SOJA

Os empanados de frango são um dos ícones da indústria de alimentos, baseada,
como qualquer outra, em mecanização, uniformização, produtividade. Essas
exigências levam a um fato curioso: há quase 40 ingredientes diferentes em
um nugget, mas 56% dele é milho.

A maisena é farinha de amido de milho - o ácido cítrico, a dextrose, a
lecitina, tudo é feito com moléculas desse grão. Ou com grãos de soja,
dependendo do que estiver mais em conta no mercado de commodities agrícolas
(pensando bem, até a galinha é feita de milho e soja - é isso que ela come
de ração. Metade da área plantada no Brasil é dominada pela soja, que
aparece em 70% dos alimentos processados. E um terço das plantações
americanas são lavouras de milho Isso acontece porque soja e milho produzem
mais calorias que a maioria das plantas; são resistentes ao transporte e a
anos de estocagem, entre outras vantagens competitivas.

Mas qual é o problema de chegar a essa variedade de comida com apenas dois
grãos? Os bois podem dar uma primeira resposta.

No mundo desenvolvido, praticamente toda a carne sai das fazendas de
confinamento - galpões onde os bois passam a vida praticamente empilhados
uns nos outros, só engordando. Nesses galpões, a comida do boi não é capim,
mas ração à base de milho e soja. O inconveniente é que ele não come grãos.
Industrialmente falando, um boi é uma máquina que transforma celulose de
capim (algo que o nosso organismo não digere) em proteína comestível - a
carne dele. Mas capim é bem menos calórico que milho e soja. Para ele
crescer rápido e ir logo para o corte, tem que ser ração mesmo. Só que o
metabolismo do bicho pena para processar tanta comida indigesta. A
fermentação dos grãos no sistema digestivo dele pode causar um inchaço do
rúmen (o estômago do boi) que pressiona os pulmões e pode matar o animal.
Para combater isso, os criadores enchem os bois de antibiótico: 70% dos
antimicrobiais usados nos EUA são misturados às rações de animais. O
problema é que isso cria superbactérias resistentes a antibióticos. É Darwin
em ação: os antibióticos nem sempre matam todas as bactérias. Às vezes
sobram algumas que, por mutação genética, nasceram imunes ao remédio. Sem a
concorrência de outras bactérias, elas se reproduzem à vontade. Nasce uma
cepa de micro-organismo mais resistente a qualquer antibiótico. Ela podem
ser letal. Ainda mais se for parar na prateleira do supermercado.

Foi o que aconteceu com uma variedade agressiva de Escherichia coli. Em
2001, o garoto americano Kevin Kowalcyk, de 2 anos de idade, comeu um
hambúrguer contaminado por essa bactéria e morreu 12 dias depois. O caso
produziu algo inusitado: um recall de hambúrguer.

No Brasil isso não é um problema. Só 6% do nosso abate vem de confinamentos,
contra 99% nos EUA. Aqui os bois ficam soltos. Bom para eles, pior para as
bactérias. Mas pior também para as florestas. Nossos pastos são formados à
custa de desmatamento da Amazônia e do cerrado. E isso leva o Brasil ao
posto de 5º maior emissor de CO2 do mundo. Quase 52% dos nossos gases-estufa
vêm do desmatamento. Para frear isso de forma realista (porque parar de
criar bois e de exportar carne não tem nada de realista), a solução é o
confinamento. Só que essa modalidade de criação também não é a panaceia para
o ambiente. Os galpões de gado causam tantos impactos quanto uma cidade
grande: lixo, esgoto, rios poluídos... Até mais, na verdade. Só os animais
confinados que existem hoje nos EUA produzem 130 vezes mais dejetos do que
todos os americanos juntos.

Todo esse cocô vai para grandes lagos de esterco, que servem de parque
aquático para bactérias: elas podem passar desses lagos para o solo de uma
lavoura. Podem e conseguem. Só de recalls de vegetais contaminados por E.
coli já foram 20 na última década nos EUA. Em 2009, um surto de salmonela
matou 8 pessoas e adoeceu 600 por lá. Grave. Mas não deixam de ser casos
isolados. O maior problema da comida hoje é outro: o fator Roberto Carlos.

IMORAL E ENGORDA

O Rei estava certo quando disse que tudo o que ele gosta é imoral, ilegal ou
engorda. Comida gostosa, mas gostosa mesmo, viciante, só é boa porque é
calórica - os aspargos que nos perdoem, mas gordura e açúcar são
fundamentais. Não para a saúde, mas para o cérebro. Ele gosta mesmo é de
porcaria. Nosso cérebro nos recompensa com doses de dopamina cada vez que
comemos algo bem calórico, energético. É que no passado isso era questão de
sobrevivência - havia pouca comida disponível, então quanto mais calórica
ela fosse, melhor. A massa cinzenta dá essa mesma recompensa dopamínica
depois do sexo ou de drogas pesadas. Por isso mesmo basta experimentar
qualquer uma dessas coisas uma única vez para ter vontade de repetir. Com
comidas energéticas, recheadas de carboidratos ou gorduras, não é diferente,
você sabe. É impossível comer um só.

Mito - Frango com hormônio

Uma das lendas mais persistentes é a de que o frango é entupido de
hormônios. E que esse hormônio pode ser letal para nós. Não. Não rola
hormônio. "O segredo para o frango crescer tão rápido está na genética", diz
o engenheiro agrônomo Gerson Neudí Cheuermann, da Embrapa. A fórmula da
ração do frango não é segredo: além de milho, soja e minerais, entram
aminoácidos produzidos em laboratório (metionina e lisina), que servem de
fato para bombar o galináceo, mas não fazem mal para quem come.

E a indústria dos alimentos se formou justamente em torno das comidas que
mais liberam dopamina. Isso começou no final do século 19, com o início da
produção em massa de açúcar e farinha de trigo refinada. Refinar uma planta
significa estirpá-la de suas fibras, proteínas, minerais e deixar só o que
interessa (pelo menos do ponto de vista do cérebro): carboidrato puro,
energia hiperconcentrada. Depois vieram conservantes mais potentes (como o
antiespumante e o antioxidante lá do nugget) e o processamento artificial,
com máquinas que transformam carcaças de bichos e um monte de subprodutos de
milho e de soja em coisas bonitas e de sabor viciante. Começava a era da
comida industrializada. A nossa era.

E a produção de alimentos nunca mais seria a mesma. O cérebro do consumidor
guia a indústria dos alimentos. Esse cérebro prefere comida turbinada por
açúcar e gordura, certo? Então a seleção natural age de novo, mas dessa vez
no mercado: só sobrevive quem produz comida mais gostosa. E a mais gostosa é
a gorda (olha o Robertão aí de novo!). Natural, então, que o mercado de
comida processada acabasse dominado por bombas calóricas. Nosso amigo
nugget, por exemplo, recebe doses extras de gordura (óleo hidrogenado de
soja) e também de açúcar (a glicose). Mais do que alimentar, a função dele é
dar prazer.

Mas é um prazer que pode custar caro. Um "suco natural" industrializado, por
exemplo, pode ter até duas colheres de açúcar para cada 200 mililitros.
Nosso corpo não é adaptado para suportar doses cavalares como essa o tempo
todo. A produção de insulina, por exemplo, pode sobrecarregar e dar pau - e
sem esse hormônio, que gerencia o processamento de acúcar no organismo, você
se torna diabético.

Nos EUA, 1 em cada 10 adultos tem diabetes - duas vezes mais do que em 1995.
E a perspectiva é que essa proporção triplique nas próximas décadas, agora
que 1,6 milhão de novos casos são diagnosticados por ano. Para completar,
70% da população é considerada acima do peso. E nós aqui no Brasil estamos
indo por esse caminho. Quanto mais a economia cresce, maior fica a nossa
cintura. No meio dos anos 70, quando o IBGE mediu pela primeira vez o peso
da população, 24% dos brasileiros estavam acima do peso. Hoje são 50%.

O aumento de peso pode ser o resultado mais visível de uma dieta inadequada.
Mas quem está na parcela sem pneuzinhos da população também corre riscos.
Principalmente por causa de outro ingrediente- chefe da comida
industrializada: o sal. "A maior parte do sal que a gente consome não está
nos saleiros, mas nos alimentos processados" diz Michael Klag, diretor da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade John Hopkins, nos EUA. O sal é
adicionado para ajudar a preservar o produto e, principalmente, reforçar o
sabor. E ele acaba onde você menos espera. Está nos cereais de café da manhã
e até nos achocolatados - para deixar o chocolate menos enjoativo.

A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de, no máximo, 6 gramas
de sal por dia para evitar pressão alta - e as doenças que ela causa. Os
brasileiros comem o dobro disso. De acordo com a Ação Mundial pelo Sal e
pela Saúde, uma organização que reúne membros em 81 países para tentar
diminuir o consumo global de sal, se a população mundial comesse apenas os
tais 6 gramas de sal por dia, haveria 24% menos casos de ataques cardíacos
pelo mundo e 18% menos derrames.

Os hábitos alimentares de hoje podem estar contribuindo também para um
aumento em alergias alimentares e doenças intestinais. Para você ter uma
ideia, o número de pessoas internadas em hospitais por causa de alergias nos
EUA quadruplicou entre 2000 e 2006 (de 2 600 para 9 500 pessoas por ano). O
maior suspeito aí é a falta de fibras da comida industrializada.

Uma pesquisa liderada por Paolo Lionetti, da Universidade de Florença,
analisou a flora intestinal de crianças italianas e comparou com a de
garotos de Burkina Fasso, na África, que têm uma dieta rica em fibras e
nunca viram comida processada. Então descobriu que as crianças africanas
tinham uma flora intestinal mais variada, capaz de protegê-las de uma série
de doenças. "Acredito que a dieta dos países ocidentais tem um papel
importante no aumento das alergias e infecções intestinais" , diz Paolo.

Os nuggets, pizzas congeladas e cia. não são o único problema. A comida
reconhecidamente saudável também tem seus pontos fracos. Dados dos governos
americano e inglês mostram quedas nas quantidades de ferro, vitamina C,
riboflavina, cálcio, zinco, selênio e outros nutrientes em dezenas de
colheitas monitoradas desde os anos 50. Hoje, você tem que comer 3 maçãs
para ingerir a mesma quantidade de ferro, por exemplo, que uma maçã
fornecia. São várias as razões que poderiam justificar esse fenômeno. Parte
da explicação pode vir dos critérios que usamos no melhoramento genético,
selecionando variedades de milho, soja e outras plantas segundo a
produtividade, não a qualidade nutricional. Pior: nossas plantas criadas à
base de fertilizantes, como crescem mais rápido, têm raízes menores e menos
tempo para acumular nutrientes além daqueles que vêm no próprio
fertilizante. Mais: poupadas de lutar contra insetos pelo uso de pesticidas,
estariam produzindo menos polifenóis - substâncias que usam como mecanismo
de defesa e que nos beneficiam por suas ações anti-inflamató rias e
antialérgicas.

*[image: 11020904b]VENENO NA FEIRA*

Tão fundamentais para a agricultura moderna quanto os fertilizantes são os
pesticidas. Ainda mais com as monoculturas sem fim de hoje. Imagine o que
acontece quando um inseto que tem na raiz da soja seu prato preferido topa
com hectares e mais hectares onde só existe essa planta? Ele não arreda mais
o pé dali, se reproduz vertiginosamente e traça tudo o que vê pela frente:
eis uma praga agrícola. Elas não são novidade. Mas claro que, com a demanda
por alimentos que existe hoje, seja ou não comida industrializada, não dá
para abrir mão deles.

Verdade - Dá para se proteger dos agrotóxicos veja como:
1. Prefira produtos locais
Frutas importadas, por exemplo, terão mais químicos para suportar a viagem e
chegar em bom estado ao Brasil.

2. Lave as frutas com esponja
Só água pode não ser o bastante para tirar os resíduos de pesticida.

3. Compre produtos da época
As frutas que não são da estação recebem mais agrotóxicos para durar além da
conta.

4. Evite a beleza exagerada
Desconfie da fruta que parece obra de arte. Ela pode ter recebido mais
agrotóxicos.

No Brasil, menos ainda. O surgimento de novas pragas, como a ferrugem de
soja (um fungo nocivo), transformou o país no maior consumidor de
agrotóxicos do mundo. Superamos os EUA nesse quesito em 2008, quando o
mercado de defensivos agrícolas movimentou mais de US$ 7 bilhões no país. A
façanha tem consequências. Em junho passado, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou o relatório anual sobre a presença de
resíduos de agrotóxicos nas frutas, verduras, legumes e grãos que o
brasileiro consome. Das 3 130 amostras de 20 culturas de alimentos estudadas
pela agência em 2009, 29% apresentaram alguma irregularidade. Mas não é
motivo para pânico. "O fato de um alimento apresentar resíduos de pesticida
além do limite estabelecido não indica necessariamente risco para a saúde",
diz a toxicologista Eloisa Caldas, da Universidade de Brasília. O ponto,
segundo ela, é evitar uma dieta monótona. Quanto mais variada sua
alimentação, menos chance você tem de comer o mesmo pesticida. E isso
diminui o risco de intoxicação.

Mais seguro ainda é comprar alimentos orgânicos. Eles não recebem veneno em
nenhum momento, desde o plantio até a gôndola do supermercado. Nem veneno
nem fertilizante químico. Então são mais saudáveis para o ambiente. E a
quantidade de nutrientes por centímetro cúbico é maior. O problema é que a
produção da lavoura orgânica é, em média, 30% menor que a convencional - e
os vegetais que saem dela acabam 30% mais caros.

Estudos mostram que, mesmo assim, daria para alimentar o mundo só com
orgânicos. Mas só se o consumo de carne diminuir. O que uma coisa tem a ver
com a outra? É que boa parte do que plantamos é para alimentar animais de
criação. Uma peça de picanha, por exemplo, exige 75 quilos de vegetais para
ser produzida. Só que o mundo está cada vez mais carnívoro - a China, depois
de ter virado a 2ª maior economia do mundo, passou a comer 25% de toda a
carne do planeta. Hoje temos 20 bilhões de animais de criação, e a
perspectiva da ONU é que esse número vá dobrar até 2050.

Até existe um tipo de carne que não depende nada das plantações: os peixes
selvagens. Mas eles não são a alternativa. Primeiro, porque os mais nobres
estão acabando. Algumas espécies de atum e de bacalhau não devem escapar da
extinção. Segundo, porque existe o perigo da contaminação por mercúrio, pelo
menos para quem come certos peixes com frequência.

Cuidado: até os peixes mais saudáveis podem estar contaminados.
Nível de mercúrio
Quanto mais alta a concentração, maior o perigo para quem come com
frequência*

Moderado
Atum em lata
Bacalhau

Alto
Atum DE SUSHI
Anchova

Muito alto
Cação
Peixe-espada

Funciona assim: embora o metal possa ser encontrado em todos os ambientes, é
no meio aquático que mora o perigo. Graças à ação de bactérias, sobretudo em
zonas alagáveis, o mercúrio é transformado em sua forma orgânica e mais
perigosa: o metilmercúrio. Nessa versão, ele penetra nas algas. As plantas
aquáticas têm baixo teor de mercúrio, mas os peixes herbívoros (que se
alimentam dessas plantas) têm um pouco mais. E os predadores (que comem os
herbívoros) acabam com um índice bem maior. Quanto mais perto do topo da
cadeia alimentar, mais contaminado tende a ser o peixe. Não significa que
todo peixe grande esteja contaminado. Se ele vive numa região livre de
mercúrio, o que é comum, não tem problema. Mas claro: quem vê cara não vê
contaminação. Você só tem como saber o estado dos peixes que comeu se acabar
intoxicado - os sintomas são tremores, vertigem, perda de memória, problemas
digestivos e renais, entre outros. Não, não precisa parar de comer esses
peixes, só ter alguma moderação (veja no quadro). Mas o risco não deve
diminuir - o mercúrio é um resíduo das termelétricas. E a maior parte do
mundo ainda é movida a carvão...

*[image: 11020904c]*Peixes contaminados, overdose de gordura e açúcar,
fertilizantes que dependem de combustíveis fósseis e destroem
ecossistemas. .. Estamos no fim da linha, então? Sim.

Mas já estivemos antes. Ontem mesmo era 1960, o mundo tinha 3 bilhões de
habitantes e uma certeza: estávamos à beira de um colapso. Mais um pouco e
não teria comida para todo mundo. Mas não. Chegamos a 6,5 bilhões de pessoas
graças justamente à globalização dos fertilizantes e da comida
industrializada - a produção em massa barateou os alimentos. Esse boom
alimentício ficou conhecido como Revolução Verde. Agora, precisamos de mais
revoluções. Uma, a da conscientizaçã o sobre os perigos do fast food e da
comida processada, já começou. E a ciência tem feito seu papel também,
pesquisando alternativas que vão de plantas geneticamente modificadas que
dispensam fertilizantes e pesticidas até carne de laboratório - um meio de
entregar proteínas sem o intermédio de animais. Seria uma espécie de segunda
Revolução Industrial da comida. Não sabemos como nem quando ela vai
acontecer. Mas há uma certeza: não podemos ser bestas de esperar pelo
colapso.

Mito - Salmão com corante
O salmão é um peixe branco por natureza. O rosa vem da astaxantina, um
pigmento que existe em algas microscópicas. Primeiro o camarão come essas
algas, depois o salmão come o camarão e fica rosado. Só que os peixes
criados em tanques não comem camarão. Deveriam ficar brancos a vida toda.
Mas não. Eles são rosa também (menos, mas são). Corante? Não exatamente: o
que fazem é colocar astaxantina na ração dos peixes - ela pode ser sintética
ou vir daquelas microalgas mesmo.

• Cada 100 quilos de fertilizante químico emite 540 quilos de Co2 para ser
fabricado.

• 1/3 das emissões de gases-estufa vem da agropecuária.

• Em 1940, gastávamos 0,5 caloria de combustível fóssil para produzir 1
caloria de comida, hoje gastamos 20 vezes mais.

• Hoje, A área desmatada na Amazônia para criar GADO equivale à de 100
cidades de São Paulo.

• 2/3 de todos os antibióticos fabricados nos EUA vão para a alimentação do
gado. Isso cria superbactérias.

• 80% do pimentão vendido no Brasil tem mais agrotóxico que o permitido.

• Depois vêm: 56,4% - UVA / 54,8% - PEPINO / 50,8% - MORANGO

• As frutas anabolizadas por fertilizantes têm menos nutrientes como ferro,
vitamina C, cálcio e zinco que as orgânicas.

* Mesmo o consumo diário pode não trazer riscos. Mas, se alguns desses
peixes formam a base da sua alimentação, vale conversar com um médico sobre
os perigos. ** Os mais usados nos restaurantes japoneses são o atum-branco e
atum-amarelo. O de lata costuma ser da espécie skipjack, menor (e menos
suscetível ao mercúrio).

Para saber mais

O Dilema do Onívoro
Michael Pollan, Intrínseca, 2007.

Uma História Comestível da Humanidade

Tom Standage, Zahar, 2010.

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