Fonte : http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0410201116.htm
Presidente da Funai é mantido refém em reserva indígena
Márcio Meira foi à comunidade no RS para discutir com índios guarani demarcação de terras na região
Segundo Ministério da Justiça, presidente está bem e 'tudo indica que situação se resolverá' de maneira pacífica
Roosewelt Pinheiro -11.ago.09 / Agencia Brasil
Presidente da Funai, Márcio Meira em audiência no Senado
FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Freitas de Meira, foi feito refém e impedido de deixar uma comunidade indígena que visitava ontem na região metropolitana de Porto Alegre (RS).
Meira foi ao Rio Grande do Sul participar de um encontro na reserva Estiva, habitada por guaranis e caingangues em Viamão, cidade vizinha à capital gaúcha.
Os índios discutiram com ele sobre a demarcação de terras na região, mas não chegaram a um acordo e decidiram mantê-lo refém.
A Polícia Federal foi informada sobre o caso na noite de ontem e mandou uma equipe ao local para verificar a situação. Ao menos 200 moradores de origem indígena vivem na região.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que acompanha o caso, junto à Polícia Federal. A fundação é subordinada à pasta.
"Tudo indica que a situação se resolverá pacificamente, segundo informações da própria assessoria da Funai."
A Funai informou ao ministro que Meira está bem e que os índios pediram a presença de veículos de comunicação no local para soltá-lo.
Ele é presidente do órgão desde 2007. Paraense, trabalhou na demarcação de terras indígenas e foi secretário de Patrimônio no Ministério da Cultura.
CARTA ABERTA
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), divulgou ontem uma "carta aberta" de líderes guaranis da aldeia Estiva.
Na carta, eles reclamam da suposta falta de políticas públicas e da situação de miséria que vivem. Dizem ainda que Meira é mantido refém pacificamente.
Os índios afirmam que não estão praticando um ato de violência, mas de "repúdio", com o qual pretendem "dar visibilidade à gravíssima condição social que vivemos no Brasil".
"Nossas crianças passam fome, e não têm perspectivas de futuro; nossas comunidades estão na mais plena invisibilidade, sem perspectivas de acesso ao mercado de trabalho e sem as mínimas condições de alcançar uma condição de vida minimamente digna", diz a carta.
No texto, os líderes indígenas reivindicam "uma política justa" de demarcação de terras, além de políticas de habitação, saúde, educação e agricultura familiar.
Colaborou SÍLVIA FREIRE, de São Paulo, e a Sucursal de Brasília
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