terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Hospital da cidade grega de Kilkis agora em autogestão

De acordo com uma declaração divulgada pela assembleia dos trabalhadores no Hospital Geral de Kilkis, os médicos, enfermeiros e
 outro pessoal declaram que os problemas de longa duração do Sistema Nacional de Saúde (SNS) no país não podem ser resolvidos através de reivindicações limitadas do sector dos serviços de saúde.


Desta forma, os trabalhadores do Hospital Geral respondem à aceleração do fascismo do regime,ocupando este hospital geral público e colocando-o sob seu controle direto e completo. A tomada de decisão sobre as questões administrativas será feita em assembleia geral dos trabalhadores. Também salientam que o Governo grego não será desresponsabilizado das obrigações financeiras para com o hospital. Os trabalhadores vão denunciar todas as autoridades competentes à opinião pública e, se suas exigências não forem atendidas, voltar-se-ão para os municípios, o local e toda a comunidade, para apoio de toda a forma possível aos seus esforços: para salvar o hospital e defender a saúde pública livre, para derrubar o governo e toda a política neo-liberal.

A partir de 6 de Fevereiro os trabalhadores só atenderão as urgências hospitalares até ao pagamento integral dos seus salários e recuperação dos seus recursos ao nível pré-Troika. No entanto, estando plenamente conscientes da sua missão social e compromissos morais associados às suas profissões, irão proteger a saúde das pessoas que recorrem ao hospital, oferecendo atendimento gratuito aos necessitados.
A próxima Assembléia Geral de todos os funcionários será realizada na manhã de 13 de Fevereiro. A sua assembleia será realizada diariamente e será o principal órgão para qualquer decisão relativa aos trabalhadores e funcionamento do hospital.

Os trabalhadores fazem uma chamada à solidariedade factual das pessoas e dos trabalhadores em todos os setores, para o envolvimento dos sindicatos e organizações progressistas, e para apoio pelos meios de comunicação de informação real. Darão uma conferência de imprensa sobre este assunto em 15 de Fevereiro, às 12h30. Entre outros, convidam os seus colegas noutros hospitais para tomar as decisões adequadas, bem como aos funcionários do setor público e privado para agir da mesma forma.



Comunicado dos trabalhadores do Hospital de Kilkis:

 1. Reconhecemos que os actuais e recorrentes problemas do Ε.Σ.Υ (sistema nacional de saúde) e organizações relacionadas, não podem ser resolvidos com reivindicações específicas e isoladas, ou reivindicações que sirvam os nossos interesses específicos, uma vez que estes problemas são um produto de políticas governamentais anti-populares mais gerais e do devastador capitalismo neoliberal.

 2. Reconhecemos, também, que ao insistir na promoção desse tipo de reivindicações estaremos a colaborar no implacável jogo das autoridades. A mesma autoridade que, de forma a enfrentar o seu inimigo - ou seja, as pessoas - enfraquecido e fragmentado, espera evitar a criação de uma frente popular e laboral universal, a um nível nacional e global, com interesses e reivindicações comuns contra o empobrecimento social que as políticas das autoridades provocam.

 3. Por esta razão, situamos os nossos interesses específicos dentro de um quadro geral de reivindicações políticas e económicas que são colocadas por uma enorme parcela do povo grego, que está hoje sob o mais brutal ataque capitalista; reivindicações que para serem frutíferas devem ser promovidas até ao fim em cooperação com as classes média e baixa da nossa sociedade.

 4. A única maneira de alcançar isto é questionar, com acções, não só a sua legitimidade política, mas também a legalidade do autoritarismo arbitrário e do poder e hierarquia anti-populares, que caminham a passos largos para o totalitarismo.

 5. Os trabalhadores do Hospital Geral de Kilkis respondem a este totalitarismo com democracia. Ocupamos o hospital público e colocámo-lo sob nosso controlo directo e absoluto. O Γ.N. de Kilkis passará a ser auto-gerido e a única forma legítima de decisão administrativa será a Assembleia Geral dos seus trabalhadores.

 6. O governo não fica liberado das suas obrigações económicas com o pessoal e o fornecimento do hospital, mas se continuam a ignorar essas obrigações, seremos forçados a informar o público e a recorrer ao governo local, mas mais importante que isso, a pedir à sociedade que nos apoie dentro do possível para: (a) a sobrevivência do nosso hospital (b) um apoio total ao direito a uma saúde pública e gratuita (c) o derrube, através de uma luta popular colectiva, do actual governo e de qualquer outra política neoliberal, não importa de onde venha (d) uma democratização profunda e substancial, isto é, que torne a sociedade a responsável por tomar decisões relativas ao seu próprio futuro, em vez de uma terceira parte.

 7. O sindicato do Γ.N. de Kilkis começará, a partir de 6 de Fevereiro, a retenção do trabalho, servindo apenas emergências no nosso hospital até que haja o pagamento completo das horas trabalhadas, e o aumento do nosso rendimento para os níveis que tinham antes da chegada da troika (UE-BCE-FMI). Entretanto, sabendo perfeitamente bem qual a nossa missão social e obrigação moral, protegeremos a saúde dos cidadãos que venham ao hospital providenciando cuidados de saúde gratuitos a quem necessite, tolerando e pedindo ao governo para que finalmente aceite as suas responsabilidades, superando, mesmo que no último minuto, a sua imoderada crueldade social.

 8. Decidimos que uma nova assembleia geral será realizada na segunda-feira 13 de fevereiro, na sala de reuniões do novo edifício do hospital, às 11 horas, a fim de decidir os procedimentos necessários para implementar eficazmente a ocupação dos serviços administrativos e realizar com sucesso a auto-gestão do hospital, que terá início a partir daquele dia. As assembleias gerais terão lugar diariamente e serão o instrumento fundamental para a tomada de decisão em relação aos funcionários e ao funcionamento do hospital.

Pedimos a solidariedade do povo e dos trabalhadores de todas áreas, a colaboração de todos os sindicatos e organizações progressistas, bem como o apoio de qualquer organização de comunicação social que escolha dizer a verdade. Estamos determinados a prosseguir até que os traidores que vendem o nosso país e o nosso povo saiam. São eles ou nós!

As decisões acima serão tornadas públicas através de uma conferência de imprensa para a qual todos os meios de comunicação (local e nacional) serão convidados, na quarta-feira 15/2/2012, às 12h30. As nossas assembleias diárias começam a 13 de Fevereiro. Informaremos os cidadãos sobre todos os eventos importantes que ocorram no nosso hospital por meio de comunicados de imprensa e conferências. Além disso, vamos utilizar todos os meios disponíveis para divulgar esses eventos, a fim de fazer dessa mobilização um sucesso.


Convocamos

 a) Os nossos concidadãos a mostrar solidariedade para com o nosso esforço, 
 b) Todos os cidadãos injustamente tratados do nosso país, a contestarem e a oporem-se, com ações, contra os seus opressores, 
 c) Os nossos colegas de outros hospitais a tomarem decisões semelhantes, 
 d) Os funcionários de outras áreas do sector público e privado e os membros de sindicatos e organizações progressistas a agirem da mesma forma, a fim de ajudar a nossa mobilização a assumir a forma de uma resistência e revolta laboral e popular universal, até à nossa vitória final contra a elite económica e política que hoje oprime o nosso país e o mundo inteiro.

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