terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ontem foi o dia internacional de solidariedade ao povo palestino, que há 63 anos resiste heroicamente ante todas as arbitrariedades (bombas, humilhações, perseguições políticas, torturas legalizadas...) cometidas pelo Estado terrorista de Israel. Território onde havia uma sociedade construída por árabes, e que a partir daí passaram a ser vítimas da limpeza étnica promovida pelas milícias sionistas. No ano de 1948, quase a totalidade das terras palestinas (cerca de 94%) foram tomadas militarmente pelo Estado de Israel. Hoje mais de seis milhões de palestinos vivem em campos de refugiados espalhadas pelos países árabe e no mundo. Ainda hoje, Israel controla 65% da Cisjordânia e 40% da Faixa de Gaza, com seu exército e sua força paramilitar (os colonos) implementando um regime de terror cujos métodos de crueldade se assemelham aos dos nazistas alemães. Até quando ficaremos indiferentes aos veículos militares e tratores invadindo bairros e destruindo casas onde moram os palestinos? Até quando vamos permitir a construção de outros “muros da vergonha” como o que Israel está construindo dentro do território da palestina ocupada, transformando-a num verdadeiro campo de concentração, vigiado sistematicamente, usurpando terras e destruindo a teia social palestina?

O que é terrorismo para você? Pois para mim terrorismo é matar crianças com bombas e mísseis disparados de helicópteros e aviões nos bairros onde vive a população civil palestina. Terrorismo é barrar uma mãe grávida num posto policial ou do exército, impedindo que a mesma tenha a atenção necessária na hora do nascimento de seu filho.


isso me faz lembrar da música do mato seco, "resistência"

Eu sou,
A resistência
Tudo que se move
Contra o sistema
A mãe que sobrevive sem comida na mesa
O solo do sertão
Que resiste a seca

Mato seco, seco
Mato seco, seco, a resistência.

O estudante que protesta
Trabalhador desempregado
Trabalhador, sem terra
O índio pedindo um trocado
O estudante que protesta
Trabalhador desempregado
Trabalhador sem terra
O índio que era dono hoje foi despejado

Um negro na África do sul
Um asiático na Europa
Um palestino em Israel
Um pacifista na Bósnia
Um negro na áfrica do sul
Um asiático na Europa
Um palestino em Israel
Um pacifista na Bósnia

Mato seco, seco
Mato seco, seco, a resistência.

viva a resistência do povo palestino!

viva a resistência ao imperialismo!

viva a resistência a toda opressão!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cannabis e sociedade

Extra, Extra! Estudantes de psicologia são presos plantando maconha em vasos. Os meliantes possuiam ainda sementes que seriam usadas para outros plantios.

Hipocrisias a parte, diante do caos e da guerra civil que reina no estado do Rio de Janeiro, é preciso, antes de mais nada, debater seriamente a política de combate às drogas, tomando decisões estratégicas com eficiência e pragmatismo.

Diversos pesquisadores de renome no Brasil e no exterior já salientaram que o uso de Cannabis sativa, conhecida vulgarmente como maconha, não causa prejuízos severos à saúde humana, tanto do ponto de vista fisiológico, quanto do ponto de vista da saúde social (coesão e patologias sociais). Entretanto, a sociedade recrimina o uso da cannabis com um juízo moral instalado, difícil de ser superado, devido ao tratamento dado pelos meios de comunicação e pela legislação vigente.

Não existe argumento que se sustente a cinco minutos de debate, que permita justificar a legalização do consumo de cigarro e de álcool e a criminalização do uso da planta Cannabis sp. Milhões morrem diariamente pelo consumo de cigarro, além de diversas doenças demente atribuídas ao seu consumo, bem como os problemas de saúde relacionados ao consumo do álcool, desagregação familiar, agressividade, acidentes de trânsito, cirrose, e a lista prossegue indefinidamente...

O potencial efeito de trampolim sugerido por alguns, que consiste na passagem de uma droga leve, a cannabis, para uma droga pesada como o crack ou mesmo a cocaína, só é possível uma vez que os usuários se deparam com a possibilidade de compra de todas estas drogas na boca. Não existe estudo que corrobore o efeito trampolim. Por outro lado, muitos estudos mostram a eficiência da Cannabis para o tratamento de usuários de crack, droga realmente demolidora do ponto de vista de saúde.

Qualquer criança de 8 anos consegue comprar a quantidade que quiser de qualquer droga, com a venda sendo des-regulamentada da maneira que está. Estrategicamente, a descriminalização da maconha e sua regulamentação e venda em postos controlados, deixaria de fornecer milhões por ano em dinheiro e armamento para a perpetuação do tráfico. Assim, o sistema de tráfico não se sustentaria com a mesma facilidade que está em nossa sociedade, apenas com a venda de crack e da cocaína.

O que se nota na sociedade, na verdade, é uma ignorância acerca do tema, um medo injustificado, uma puta mentira afinal. E resolvi contestar a ignorância e as mentiras do mundo, na tentativa de melhorar a vida dos que estão ao meu redor e consequentemente a minha.

O que seria do passado musical do mundo se não fosse a criatividade experimentada por vários artistas para produzir canções pro nosso consumo e aliviar nossos anseios subjetivos? O que seria da teoria da personalidade de Freud, se este não tivesse mergulhado na sua consciência, e na dos seus pacientes, elaborando modelos de compreensão da psique e do self, permitindo uma sobrevida para que nossa colônia funcione “normalmente”?

Creio que nosso medo primitivo está relacionado ao questionamento de nossos valores. Esses medos queimaram diversos cientistas e artistas em períodos obscuros de nossa história, atrasando em algumas centenas de anos a evolução da espécie humana na compreensão do mundo e de si mesma.

Temos medo de nossa própria consciência? Temos medo de nos depararmos com seres mesquinhos e medíocres que só tem valor enquanto um objeto consumidor e de consumo, fazendo compras em datas programadas, sendo vitrines ambulantes, parte de uma cultura homogênea e monótona? Disto eu tenho medo. É preciso combater.

Prendam todos os criminosos consumistas que degradam o meio ambiente, que buscam ter algum valor dirigindo seus possantes V8, na tentativa de conseguir, no fim das contas, status e sexo; Os mesmos que guardam as portas do céu, administram os cartéis. Prendam todos!

Sim, é preciso enfrentar nossos medos. Ou estamos satisfeitos com o rumo das coisas? Será que tudo vai dar quase certo? Não precisamos ter pressa, mas não podemos perder mais tempo, disse uma vez Saramago, ensaiando lucidez sobre todo o delírio coletivo.

Gabriel Ferreira de Azevedo Clemente

Biólogo pela USP Ribeirão, humanista e libertário.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cidadão Quem - Noites de Outros Dias

Cidadão Quem - A força do silêncio - Porto Alegre/RS

Se a moda pega....

26/11/2010 - 13h49
Pirate Bay perde julgamento sobre download ilegal em tribunal de apelação na Suécia

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Atualizado às 14h04.

Uma corte de apelação sueca reafirmou o veredicto contrário aos três homens por trás do site de compartilhamento Pirate Bay, a partir da diminuição das sentenças de prisão e do aumento da multa aplicada aos réus (de US$ 4,57 milhões para US$ 6,57 milhões).

O novo julgamento sentenciou Fredrik Nej, Peter Sunde e Carl Lundstrom a dez, oito e quatro meses de prisão, respectivamente. No ano passado, todos haviam sido condenados a um ano de prisão.

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Bob Strong -3.mar.09/Reuters
Da esq. para dir., fundadores do site sueco Pirate Bay, em guerra com gravadoras: Fredrik Neij, Gottfrid Svartholm e Peter Sunde
Da esq. para dir., fundadores do site sueco Pirate Bay, em guerra com gravadoras: Fredrik Neij, Gottfrid Svartholm e Peter Sunde

O nome de Gottfrid Svartholm Warg, o quarto condenado no ano passado, não figura na solicitação de apelação.

"A corte de apelação, como o tribunal distrital, entende que o serviço Pirate Bay facilitou o compartilhamento ilegal por uma maneira passível de punição devido a todos que usufruíram do serviço", disse a corte, em comunicado.

Mesmo com a decisão, o site se mantém no ar --seus servidores estão hospedados nas ilhas Seychelles.

O Partido Pirata, que tem um assento no Parlamento Europeu, criticou a decisão da corte sueca.

"Esse caso foi politicamente motivado desde o começo e [o problema] deve ser resolvido politicamente", disse o líder do Partido Pirata, Rick Falkvinge.

Fundado em 2003, o Pirate Bay viabiliza a troca de material protegido por direitos autorais ou não, usando a tecnologia de torrent (em que partes do arquivo podem ser acessadas por outros internautas assim que são baixadas para o computador de cada usuário).

Entretanto, nenhum dos materiais é encontrado nos servidores do site, que tem 22 milhões de usuários no mundo, segundo seus administradores.

ENTENDA O CASO

Fredrik Neij, Peter Sunde, Gottfrid Svartholm Warg e Carl Lundström tinham sido condenados em abril de 2009 a um ano de prisão e a pagar uma indenização de 30 milhões de coroas suecas (US$ 4,7 milhões) por violar a lei de direitos autorais.

A sentença os considerou cúmplices de um delito por proporcionar a tecnologia necessária (conhecida como bit torrent) para promover downloads que são "transferências ilegais ao público de produtos protegidos por direitos autorais".

Os juízes rejeitaram então a tese da defesa, de que os acusados tinham se limitado a fornecer uma ferramenta legal e que a decisão de baixar material protegido era exclusivamente dos usuários, destacando que eram conscientes do delito e que dirigiam o portal de forma organizada e com fins comerciais.

No primeiro julgamento, a acusação particular, que agrupa multinacionais como Warner Bros, MGM, Sony BMG e Universal, tinha solicitado 100 milhões de coroas suecas (11 milhões de euros).

A Corte de Svea suspendeu nesta terça-feira, durante meia hora, a primeira sessão devido à ausência de um dos acusados, Warg, residente no Camboja, que supostamente está doente.

Os juízes decidiram seguir a audiência com os outros acusados, que se apresentaram apesar viver fora da Suécia, e permitir a Warg que se apresente mais tarde, desde que possua atestado médico.

O segundo julgamento contra o The Pirate Bay, adiado durante meses por uma recusa da defesa contra dois juízes, volta atualizar um processo iniciado em 2005, quando a Promotoria sueca abriu um caso contra o portal, criado um ano antes em Estocolmo.

A polícia sueca deteve, em maio de 2006, três dos acusados, em uma batida na qual foram confiscados todos os servidores.

Os quatro responsáveis foram acusados formalmente em janeiro de 2008, embora o julgamento não tenha começado até um ano depois.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Viva a cultura da Guerra


O homem auto-destrutivo vive totalmente alienado. ele se pergunta "-eu devo estar louco?"
A função da mídia é fazer com que nos acostumemos com os males do mundo e os aceite.
Os novos tanques anfíbios são os mesmos utilizados no Iraque, propagandea a jornalista durante o espetáculo do Rio.
E a cultura da guerra aplaude orgulhosamente às novas aquisições de Defesa do Brazil.
deixo minha própria falta de voz ser ouvida.

rio em chamas... fogo no rio... ou "peidando no rio pra fazer bolhinhas"

minha curisidade foi despertada ao chegar, pela manhâ, ao terminal de transporte urbano TIRIO, e reparei que motoristas e cobradores se apinhavam ao balcão da banca de café e tira-gostos (só assim pra vencer a amargura de esperar pa-ci-en-te-men-te a porrta do onibus, sendo feito de otário, e não poder demonstra desgosto). na televisão pendurada em meio à multicolorida parede forrada de guloseimas e cigarros, era transmitida ao vivo imagem de um onibus em plena combustão numa rua qualquer e um lugar indeterminado...
se a moda pega...

Segue seleção de parágrafos da mateia  do "e-news G1":

"O Rio de Janeiro teve mais uma madrugada violenta nesta quinta (25). Pelo menos quatro ataques  assustaram moradores em diferentes pontos do Rio e Grande Rio e deixaram uma pessoa ferida. Segundo a Polícia Militar, os ataques foram registrados na Penha, no subúrbio; em Mesquita, na Baixada Fluminense; em Laranjeiras, Zona Sul; e na Barra da Tijuca, Zona Oeste.

A Polícia Militar informou que dois homens foram presos por suspeita de incendiar veículos nesta quarta, em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Segundo o comandante do 25º BPM (Cabo Frio), tenente-coronel Hugo Freire, no momento da prisão eles estavam em um carro que também teria sido roubado nesta quarta.
Ainda de acordo com o comandante, a dupla confessou que recebeu do chefe do tráfico na comunidade do Lixo, em Cabo Frio, a ordem para atear fogo nos veículos. Segundo Freire, um dos criminosos seria da favela Barreira do Vasco, em São Cristóvão, na Zona Norte.
Com os presos foi apreendido um galão cheio de gasolina. Os suspeitos foram encaminhados para a 25ª DP (Cabo Frio), onde prestarão depoimento.
 
A Polícia Militar informou que 23 pessoas morreram em três dias (segunda, terça e quarta)   na Região Metropolitana do Rio. O balanço foi divulgado na noite desta quarta-feira (24) no site da corporação, mas não especifica o número de criminosos e inocentes. Só nesta quarta, segundo a PM, foram 15 mortos, 31 presos, 2 policiais feridos, além de várias armas e drogas apreendidas.

Um pacote com seis bananas de dinamite foi encontrado na madrugada desta quinta-feira (25), perto de uma lixeira na Rua Sanatório, em Madureira, no subúrbio do Rio. De acordo com a Polícia Militar, a dinamite estava enrolada em fios com um relógio, mas só não explodiu porque estava sem pavio.

Pelo menos dois ônibus pegaram fogo na manhã desta quinta-feira (25), no subúrbio do Rio. Bombeiros foram acionados para conter as chamas de um coletivo na Rua Caxambu, perto da estação do metrô de Irajá, e de outro na Rua Guiraréia, ambas no bairro de Rocha Miranda.

Um carro foi incendiado por volta de 1h42, na Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas já foram controladas. Apesar do incêndio, o trânsito seguiu normalmente. Ninguém ficou ferido. Ainda na Zona Oeste, quatro suspeitos foram detidos com garrafas pet e isqueiros, na Cidade de Deus. O caso foi registrado na 32ª DP (Taquara)."



texto extraido de:
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/11/mais-um-onibus-e-incendiado-em-mesquita-na-baixada-fluminense.html

Colômbia abaixo e à esquerda

seg, 2010-11-22 14:52 — Especial


Raúl Zibechi

Os importantes acontecimentos de outubro no cenário político sulamericano, os dois turnos das eleições brasileiras e a morte do ex-presidente Néstor Kirchner, além das repercussões dos acontecimentos no Equador em 30 de setembro, tiraram a atenção de um dos mais importantes feitos que envolveu os movimentos sociais: a realização da primeira sessão do Congresso dos Povos, em Bogotá, Colômbia, entre 8 e 12 de outubro.

Alguns números dão conta da importância do acontecimento. Até a Universidad Nacional, sede do congresso, chegaram 17 mil integrantes de 212 organizações, 8 mil de Bogotá e arredores e outros 9 mil do resto do país. O primeiro dia de debates esteve organizado em torno de setores sociais e se formaram 34 comissões. No segundo trabalhou-se por regiões e se formaram 56 comissões. No terceiro dia houve debates em dois grandes grupos em torno de estratégia, mobilização e proteção, e realizou-se depois uma plenária. No dia 12 de outubro, finalizando o congresso, uma enorme marcha foi realizada até a praça Bolívar, a mesma que foi cenário das primeiras ações contra a dominação espanhola há 200 anos.

“Eu diria que é uma coordenação desde baixo”, assinala um integrante dos Hijos (Filhos e Filhas pela Memória e contra a Impunidade), recordando que trata-se de um longo processo nascido com a mobilização do povo Nasa (indígenas que vivem ao norte do departamento) de Cauca, que realizou sua primeira marcha de protesto em outubro de 2004 até a cidade de Cali. Nessa data foi realizado o Primeiro Congresso Indígena e Popular, que não foi uma disputa de oratória senão, como dizem os nasa, o início do longo processo de “caminhar a palavra”. De algum modo, o Congresso dos Povos foi possível graças à determinação nasa, algo que foi visível na Universidad Nacional, local protegido pelas centenas de integrantes da guarda indígena.

Indígenas, afrodescendentes, camponeses, mulheres e jovens – além de centenas de meninos e meninas que fizeram seu próprio congresso – abandonaram “o costume inveterado da representação do povo e da delegação de sua vontade em partidos ou vanguardas autoproclamadas”, segundo a leitura do economista e militante Héctor León Moncayo no jornal Desde Abajo. Também compareceram grupos de migrantes – 4 milhões como consequência da guerra -, de desempregados e sem teto, junto a grupos de gays, lésbicas e transexuais.

A grande ausência foi do movimento sindical, que segue ancorado na cultura da representação e da demanda ao Estado. Pelo contrário, o Congresso dos Povos foi construído com base em decisões levantadas desde as bases. “Ninguém falava como líder nem como indivíduo. Falavam como região, como organização, como camponeses ou como jovens”, disse a integrante dos Hijos. As delegações tinham responsáveis para as diferentes comissões do enorme acampamento que se montou na Universidad Nacional: limpeza, alojamento, comida, logística, comunicações, entre outras. A convivência fez do congresso algo diferente aos clássicos encontros das esquerdas e das organizações institucionalizadas.

O encontro foi, de algum modo, uma avaliação geral do “caminho escolhido desde os anos 90, o da representação, o eleitoral, que deu como seu principal fruto a formação do Polo Democrático Alternativo”, aponta León Moncayo. Não ficou somente nos debates. O encontro apontou para além da denúncia e da submissão aos governantes, e proclamou seu desejo de começar a construir um mundo novo, algo que os participantes denominaram “legislar a partir de baixo”. Nas comissões trabalhou-se com base em três perguntas: quais são os problemas, o que vamos fazer com eles e como o vamos fazer. Uma nova cultura política na construção que não demanda, mas constrói, não delega, mas articula, como acontece nas comunidades indígenas de todo o mundo.

O congresso foi realizado em um momento político decisivo para o país. O presidente Juan Manuel Santos está começando a implementar sua política de “unidade nacional” que busca superar a polarização interna e o isolamento internacional herdados da gestão de Uribe, enquanto se mantém a mesma política econômica e a agenda neoliberal. Um dos propósitos centrais para sustentar a governabilidade do modelo consiste em superar o estilo próprio de fazer politica integrando o conjunto da burguesia ao novo governo e, sobretudo, em institucionalizar as organizações e movimentos sociais por meio de uma estratégia de cooptação. O vice-presidente de Santos, o ex-esquerdista e ex-membro da Unión Popular Angelino Garzón, é uma peça-chave. O Congresso dos Povos saiu contra esta nova estratégia dos de cima ao começar a reverter a dispersão dos de baixo.

Nos próximos dias 20 e 21 de novembro se reunirão representantes das 212 organizações que compareceram ao congresso para desenhar planos de trabalho com base nos relatórios das comissões. Em meados de 2011 começarão a ser realizados encontros regionais e temáticos para expandir e aprofundar o processo iniciado. Um processo que nasceu em centenas de assembleias e redes comunitárias e regionais retorna para baixo para unir e enraizar a “autonomia popular” e a “deliberação e ação conjunta em todos os rincões do país”, para “trazê-las de volta à Colômbia”, como reza a declaração final.

No calor das cozinhas e nas festas noturnas começou a tornar-se realidade o objetivo deste congresso: “Que o país de baixo legisle. Que os povos mandem. Que a população ordene o território, a economia e a forma de governar. Que caminhe a palavra”. “Não esperamos grande coisa dos congressistas e governantes”, pode se ler na declaração Palavra do Congresso dos Povos. Seis anos depois daquela colorida e tumultuosa marcha para Cali, a palavra indígena está tecendo corações com outras palavras no que provavelmente seja o começo de outra história dos de baixo na Colômbia.

Raúl Zibechi é jornalista uruguaio editor do semanário Brecha, uma das publicações de esquerda mais tradicionais da América Latina.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

se revisar perco meu tempo..!!!

nao vomitei, tambem pelo jeito nao saía nada daqui...fui dar uma volta, precisava nao precisar de nada mais que levar as roupas sujas a lavanderia...meses depois sem lavar, ja era hora de colocar na maquina...pagar a conta, deixe pra hora de pega-las limpas...

a auto-estima ti vá superava meus anseios...escrevi depois de olhar pelas janelas, colocando palavras que nao saiam mais da boca, por algo uns momentos...distantes momentos...pensava... refletia...se passaram anos e minha sonolencia continuava sendo combatida....

insonia...queria mesmo explodir...minha cabeça fervia....espamos..minhocas de la saiam correndo...perdia a calma..silencio...prestava mais atençao em nao prestar pra nada...deprimente como as coisas passavam, voltavam, retornavam..e nada...saia nada...de mais ...era só um dia...

diz - conexoes..brasilitis, canos, perfuraçcoes nas paredes...bate-bate..com a cabeça no volante...virava a esquerda, depois dava ré ..voltava.. pela mesma porta..que deixou fechada...baliza..!!!
derrubei-as...o instrutor ..me dissera...estaix ..re provado...
volte mais tarde..

sem chances ...nao da..
meu pneu está furado...
a bicicleta..precisava descansar...
sai andando...
n olhava para traz...
..passado!!!

Brasil, patria armada

Frei Betto
Hubo gritería general en los medios de comunicación cuando, hace poco, Rusia le vendió a Venezuela casi US$ 4 mil millones en armas. Y sápido saltaron interrogantes llenos de desconfianza: ¿qué pretende Cháves?, ¿declararle la guerra a Colombia?, ¿dar un golpe de estado y gobernar como dictador?

En setiembre del 2010 el Congreso de los EE.UU. divulgó un informe sobre los países en desarrollo que, en el 2009, habían comprado más armas. El Brasil encabeza dicha lista. Gastó US$ 7.200 millones en armamento. Ponga atención: el presupuesto del programa Bolsa Familia fue, este año 2010, de 5 mil millones.

En gastos bélicos siguen por detrás del Brasil Venezuela (US$ 6.400 millones), Arabia Saudita (4.200 millones) y Taiwan (3.800 millones). En el período entre el 2002 y 2009 Brasil y Venezuela aparecen entre los 10 primeros compradores de armas en el mundo en desarrollo.

Entre el 2006 y el 2009 América Latina cuadriplicó sus gastos en armamento, pasando de US$ 5.763 millones a 23.726 millones.

Otra novedad es que Rusia suplantó a los EE.UU. como principal vendedor de armas a América Latina. Entre el 2002 y 2005 Moscú vendió solamente US$ 600 millones, en tanto que el Tío Sam facturó US$ 1.362 millones. Pero entre el 2006 y 2009 Rusia vendió US$ 11.100 millones -casi el 50% del mercado latinoamericano- y los EE.UU. apenas 2.426 millones, o sea poco más del 10% del mercado continental.

El segundo lugar pertenece ahora a Francia. Hasta el 2005 este país surtía apenas al 5% del mercado latinoamericano, con ventas que no superaban los US$ 300 millones. Pero entre el 2006 y 2009 pasó a vender US$ 6.300 millones, o sea cerca del 25% total, superando incluso a los EE.UU.

Según el Ministerio de Defensa de Francia, el Brasil es hoy el mayor importador de armas fabricadas en aquel país. Los contratos firmados entre los gobiernos de Lula y de Sarkozy, entre el 2005 y 2009, suman unos US$ 10.000 millones. Las importaciones brasileñas de armas de Francia pasaron de US$ 101 millones en el 2005 hasta US$ 3.800 millones en el 2009, o sea un salto del 3.700%.

El informe francés revela que el predominio brasileño se dio gracias, sobre todo, a la adquisición de submarinos del tipo Scopèrne. En Brasilia el Ministerio de Desarrollo no divulga los valores de importación de armas estratégicas. Las compras de armas corrientes (fusiles, bombas y artillería) hechas por el Brasil a distintos proveedores subieron de US$ 3.000 millones en el 2005 hasta los 19.000 millones en el 2009, o sea un aumento del 440%. La cuenta excluye equipamientos pesados, así como submarinos y aviones.

En diciembre del 2002, cuando Bush le pidió a Lula el apoyo del Brasil para la invasión de Iraq, el presidente elegido respondió: “Nuestra guerra no es para segar vidas sino para salvarlas. ¡Vamos a combatir el hambre!” ¿Por qué, en lugar de volver al CPMF, no se destina igual cantidad que el presupuesto militar para mejorar la salud, la educación, el cuidado ambiental y la calidad de vida de nuestra población?

El informe también muestra que Francia exportó en el 2009 un 7.2% de las armas del mundo. Quedó por detrás de los EE.UU., responsables del 52% de las exportaciones mundiales; del Reino Unido, con el 13.4%; y de Rusia, con el 8.4%.

El lobby bélico es mundialmente poderoso, pues la industria de la muerte asegura la vida confortable de quienes obtienen, gracias a ella, abundantes ganancias. Sin embargo ya no multiplica los empleos, tal como lo comprueba la actual coyuntura de los EE.UU. Las nuevas tecnologías prescinden de una mano de obra numerosa.

Lamento que los obispos se indignen con la propuesta de discriminalización del aborto y no digan una palabra cuando se trata de la producción y del comercio de armas.

Según el Tribunal Supremo Electoral, en el Brasil los fabricantes de armas destinaron, en las últimas elecciones, US$ 600 mil a los candidatos. Es la “bancada de la bala”, empeñada en evitar cualquier restricción legal al sector. Y quienes más lo agradecen son los narcotraficantes que, refugiados en lo alto de las favelas, poseen armas de última generación, con capacidad para derribar los helicópteros de la policía.

Cerca de 40 mil personas mueren asesinadas cada año en el Brasil, víctimas de las armas de fuego.

Nunca vendrá la paz por el equilibrio de fuerzas. Como profetizaba Isaías hace 25 siglos, la paz será resultado de la promoción de la justicia, lo que supone el desarme de los espíritus y el fin de los arsenales. (Traducción de J.L.Burguet)

- Frei Betto es escritor, autor de “El arte de sembrar estrellas”, entre otros libros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

domingo, 21 de novembro de 2010

Grupo de Reflexão Rural - Argentina. Muy bueno.

Modelo Neocolonial: acaparamiento de tierras, monocultivos y exclusión social
adminmodelo de desenvolvimento, monocultura

El modelo de agroexportación de commodities, una agricultura extractivista y minera que actualmente se ha impuesto en la Argentina, suma veinte millones de hectáreas sembradas con soja transgénica, lo cual representa más de la mitad de la superficie agrícola del país.

Esta agricultura de monocultivo industrial, que ya lleva quince años, tuvo como objetivo, en principio, proveer forrajes para las producciones de carnes en encierro tanto en Europa como en China, así como harinas y subproductos industriales de la producción de aceites.

Tras casi dos décadas de padecer este monocultivo, las consecuencias económicas, sociales, culturales, ambientales y sanitarias para la Argentina, son devastadoras. Es un modelo de agricultura, que impone la exclusión o la marginalidad social y la pobreza. El modelo de sojización ha afectado, no solamente los agroecosistemas mas frágiles en el norte, sino que, algunos estudios indican también, importantes pérdidas de fertilidad en la pampa húmeda. Estas tierras que históricamente han caracterizado la riqueza de la Argentina y han construido en el imaginario de nuestro pueblo y del mundo, una idea de opulencia alimentaria, ya están convirtiéndose en un mero mito, gracias a la sobre exigencia a que se encuentran sometidos sus suelos, que ayudados por las recurrentes sequías y vientos, consecuencias de la deforestación, del maltrato productivista y de los cambios climáticos, amenazan convertirse en un nuevo Dust Bowl, tormentas de tierra en sequía y por agriculturización excesiva, con desaparición de la cobertura vegetal autóctona protectora del suelo, uno de los desastres ecológicos más importantes del siglo XX.[1]

Este modelo es responsable de la desaparición de la agricultura familiar y de los trabajadores rurales. Miles de ellos son expulsados violentamente de sus tierras y de sus fuentes de trabajo para imponer el paquete tecnológico de la siembra directa y las semillas GM, y son criminalizados por resistir los desalojos y el avance de la soja. Considerando la expulsión de trabajadores rurales y campesinos de los territorios donde se cultiva, el promedio de trabajadores que quedan, sumado a los del brevísimo trabajo temporario de los de los contratistas de maquinaria agrícola, no es más de un trabajador cada 500 Has. Condenados al éxodo rural, las poblaciones pasan a engrosar los cordones de pobreza de las grandes ciudades.

La soja no es un mero cultivo, la soja es un sistema global que condiciona e impone políticas de Estado. Lo que en un momento se denominó como agricultura sin agricultores, en realidad fue el comienzo de un arrebato masivo del territorio por parte de las corporaciones y que actualmente culmina en la desolación de un pueblo privado de sus suelos y del arraigo a la tierra, de su seguridad alimentaria y en consecuencia, de su Soberanía Alimentaria.

La tierra en América Latina: el talismán de las corporaciones

La crisis alimentaria mundial y la crisis financiera de 2008, reconfiguraron el mapa mundial de los más poderosos. Los negociantes de los mercados globales salen a buscar nuevos objetos de especulación, especialmente tierras fértiles, agua y alimentos, además del oro, metales estratégicos y cuencas hidrocarburíferas. Son capitales corporativos que no sólo buscan dar respaldo tangible a sus divisas vacías de valor, sino que, adictos a las fábulas del “crecimiento”, descubren ahora que no pueden alimentar a su propia población y buscan enclaves en propiedad o arriendo. Es el caso de China. Sus tierras agrícolas están desapareciendo ante el avance industrial y sus suministros de agua se encuentran en estado crítico.

La provincia de Río Negro en la Patagonia argentina, le asegurará de esa manera a China la provisión de comida durante 20 años, según lo acordó el gobernador rionegrino, Miguel Saiz, en su reciente visita a ese país, con una de las mayores empresas de alimentos, la estatal Heilongjiang Beidahuangn State Farms Bussiness Trade Group Co Ltd. El convenio consiste en que Río Negro alquile a productores de su provincia campos para que allí Beida Yuang instale sistemas de riego que permitan la plantación de soja, trigo y colza, entre otros cultivos que la empresa se encargará de comercializar en la provincia china de Heilongjiang. En una primera etapa experimental, que comenzará de inmediato, Beidahuangn State Farms invertirá 20 millones de dólares para irrigar y producir en 3000 hectáreas de campos alquilados. Pero el proyecto consiste en llegar a una inversión de 1.450 millones en 20 años y sobre 320.000 hectáreas. Beidahuangn State Farms quiere asegurarse alimentos e insumos para producción de carnes en China por 20 años, donde sólo el 10 por ciento de las tierras son productivas y en el que cada año millones de personas se van del campo a la ciudad.

Las semillas de Monsanto y los pooles de siembra: una nueva agricultura

La expansión sobre el Cono Sur de los grandes grupos sojeros argentinos ligados a las empresas qgroexportadoras como Cargill y Bunge, se produce durante la llamada Crisis del Campo, en el transcurso del segundo semestre del año 2008[2].

El argentino Gustavo Grobocopatel, fundador y presidente de la compañía Los Grobo, considerado el empresario número uno y referente indiscutido a nivel mundial en el terreno de la soja, hace dos años pasó a formar parte de Sollus Capital, un grupo de inversión que tiene por finalidad adquirir tierras cultivables en el Cono Sur. Grobocopatel conocido como “el rey de la soja”, cultiva más de 280.000 hectáreas, de las que unas 120.000 son en la Argentina y el resto en Brasil, Uruguay y Paraguay.

Asimismo el Grupo los Grobo ha generado una empresa líder en el área de Biotecnología y clonación de animales que se denomina Bioceres, una sociedad inversora en la que agrupa y lidera a más de doscientos emprendedores agropecuarios. Asimismo, mediante Bioceres y más precisamente mediante INDEAR, un instituto de agrobiotecnología dependiente de Bioceres, ha concertado importantes acuerdos con las instituciones científicas del Estado Argentino para determinar las políticas oficiales en el área de investigación y desarrollo, a la vez que capitalizar esos avances científicos para el sistema de agronegocios biotecnológicos que lidera.

Hoy Los Grobo se han posicionado como el cuarto grupo molinero del país detrás de Cargill, Navilli y Lagomarsino y el tercer grupo exportador a Brasil. A partir del año 2008, con la incorporación de socios extranjeros, se transformó en una verdadera transnacional. En Febrero del 2008 el holding de Los Grobo incorporó, a través de un aumento de capital por 100 millones de dólares, al fondo de inversión Fundo de Investimento em Participações PCP, ex propiedad del banco suizo UBS, y actualmente perteneciente al grupo financiero brasileño Pactual Capital Partners, ahora denominado Vinci Partners. En mayo del 2008 el Grupo Los Grobo, junto a PCP y a Touradji Capital Management se unieron para formar parte del grupo de inversión Sollus Capital. Touradji Capital Management es una administradora de hedge funds (Fondos de Cobertura, fondos de inversión especulativos de algo riesgo que buscan elevadas rentabilidades) con sede en Nueva York y especialista en investigación fundamental e inversiones activas en commodities y valores vinculados a ellos. Actualmente, la empresa administra activos de más de US$ 3,5 mil millones. La página web oficial de Sollus Capital define así esta sociedad: “La alianza entre PCP, Touradji y el Grupo Los Grobo es una combinación poderosa con una posición única para capitalizar la atractiva dinámica de tierras agrícolas en América del Sur”. [3]

Especulación con los alimentos y avalancha del acaparamiento de tierras

Con el acaparamiento de tierras por parte de las corporaciones, los agricultores y las comunidades locales inevitablemente perderán el acceso a la tierra para la producción local de alimentos. Se está entregando la base misma sobre la cual construir la Soberanía Alimentaria.

Este proceso que hemos descripto amenaza convertirse en una verdadera catástrofe para nuestros pueblos, en la medida en que las corporaciones transnacionales redireccionan el flujo de capitales financieros errantes desde la crisis de los mercados inmobiliarios, hacia las zonas de agricultura en América del Sur y en África. La consecuencia será la devastación de los ecosistemas naturales sometidos a procesos productivos que agotan rápidamente los frágiles equilibrios en zonas como la Patagonia y el Norte argentino. Otra consecuencia importante será la pérdida de la soberanía nacional sobre vastos espacios que funcionarán como enclaves extra territoriales a la vez que, como bolsones de producción sometidos a las demandas de intereses externos, en detrimento de los Estados nacionales y de sus responsabilidades de mantener la integridad y la soberanía de sus propios espacios. La decisión sobre la vida y los bienes comunes quedarán en ese caso, en manos de quienes concentran el manejo de las producciones, constituyéndose gobiernos paralelos, a la vez que mutilándose el cuerpo de la Nación.

Este sombrío panorama constituye una realidad en marcha. Los mega emprendimientos agroindustriales se unen y consolidan avanzando sobre nuestras vidas, mientras las burguesías y los gobiernos operan como meros facilitadores del despojo, obnubilados por las ganancias inmediatas y sin considerar las graves consecuencias que soportarán las generaciones aún no nacidas. El acaparamiento de tierras es en definitiva, la nueva etapa de un proceso de neocolonización que en su momento nos obligó a producir forrajes y aceites de soja, más tarde agrocombustibles para los automotores de Europa, y que ahora se manifiesta y profundiza sobre los amplios territorios despoblados por el modelo anterior, con la constitución de enclaves agroproductivos, por parte de ciertos países necesitados de solucionar su crisis alimentaria, en este caso a costa del hambre, del desarraigo de nuestras propias poblaciones y en detrimento de nuestras Soberanías nacionales.

GRR Grupo de Reflexión Rural

Octubre Noviembre de 2010

Imprensa, liberdade e democracia

fonte:http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4877

Conselho de Comunicação Social: quatro anos de ilegalidade
O funcionamento regular de um órgão auxiliar do Congresso Nacional, composto por representantes dos empresários, de categorias profissionais de comunicação e da sociedade civil, com a atribuição de debater normas constitucionais e questões centrais do setor, não interessaria à democracia?
Venício Lima
Publicado originalmente no Observatório da Imprensa

No sábado, dia 20 de novembro, serão quatro anos que o Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso Nacional, criado pela Constituição de 1988, se reuniu pela última vez. Um ano atrás, neste Observatório, publiquei artigo intitulado "CCS: Três anos de ilegalidade".

Matéria da Folha de S.Paulo sob o título "Congresso vai reativar conselho de comunicação", publicada no último dia 31 de outubro, informa que "no recesso de julho, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), despachou cartas a dezenas de entidades anunciando a medida [reativação do CCS], e 21 delas já indicaram nomes para compor o órgão".

A se confirmar a informação, o senador do Amapá, exemplo emblemático do coronel eletrônico, terá esperado os últimos dias de seu terceiro mandato como presidente do Congresso Nacional para cumprir a lei. Todavia, até este momento, apesar da ilegalidade flagrante, a situação não se alterou.

Desta forma, tomo a liberdade de repetir aqui praticamente os mesmos argumentos do artigo publicado um ano atrás na expectativa de que, em novembro de 2011, talvez a Constituição e a lei estejam sendo cumpridas.

Responsabilidade do Congresso Nacional

Criado pela Constituição de 1988 (artigo 224) e regulamentado pela Lei 8.389 de 1991, os integrantes do CCS são eleitos em sessão conjunta do Congresso Nacional. Acontece que a Mesa Diretora, vencidos os mandatos dos conselheiros ao final de 2006, jamais promoveu a eleição dos novos membros. O § 2º do artigo 4º da Lei é claro:

Art. 4° O Conselho de Comunicação Social compõe-se de:

(...)

§ 2° Os membros do conselho e seus respectivos suplentes serão eleitos em sessão conjunta do Congresso Nacional, podendo as entidades representativas dos setores mencionados nos incisos I a IX deste artigo sugerir nomes à mesa do Congresso Nacional.

Trata-se, portanto, de evidente descumprimento de uma lei exatamente por parte do poder que tem o dever constitucional maior de criá-las e, espera-se, deveria cumpri-las.

A situação chegou a tal ponto, que um integrante do próprio Congresso Nacional, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), em agosto de 2009, entrou com uma representação na Procuradoria Geral da República para que o Ministério Público investigue os motivos pelos quais não se promove a eleição dos novos membros do Conselho de Comunicação Social.

Triste história

Ao longo de 2009, em pelo menos duas ocasiões, tratei da questão neste Observatório ("Por que o CCS não será reinstalado" e "CCS: o Senado descumpre a lei"). O tema, paradoxalmente, não merece a atenção da grande imprensa, apesar de os donos da mídia terem, pelo menos, a metade dos membros do CCS.

Como se sabe, o CCS, apesar de regulamentado em 1991, só logrou ser instalado onze anos depois como parte de um polêmico acordo para aprovação de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que, naquele momento, constituía interesse prioritário dos empresários de comunicação. A Emenda Constitucional nº 36 (Artigo 222), de maio de 2002, permitiu a propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão por pessoas jurídicas e a participação de capital estrangeiro em até 30% do seu capital.

O fato é que, mesmo sendo apenas um órgão auxiliar, o CCS instalado demonstrou ser um espaço relativamente plural de debate de questões importantes do setor – concentração da propriedade, outorga e renovação de concessões, regionalização da programação, TV digital, radiodifusão comunitária, entre outros.

Vencidos os mandatos de seus primeiros integrantes, houve um atraso na confirmação dos membros para o novo período de dois anos, o que ocorreu apenas em fevereiro de 2005. Ao final de 2006, no entanto, totalmente esvaziado, o CCS fez sua última reunião e os novos membros nunca mais foram eleitos.

Atribuições

Nunca será demais relembrar quais são as atribuições que o CCS deveria estar exercendo se o Congresso Nacional cumprisse a Constituição e a Lei. O artigo 2º da Lei 8.389/91 reza:

O Conselho de Comunicação Social terá como atribuição a realização de estudos, pareceres, recomendações e outras solicitações que lhe forem encaminhadas pelo Congresso Nacional a respeito do Título VIII, Capítulo V, da Constituição Federal, em especial sobre:

a) liberdade de manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da informação;

b) propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias nos meios de comunicação social;

c) diversões e espetáculos públicos;

d) produção e programação das emissoras de rádio e televisão;

e) monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação social;

f) finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas da programação das emissoras de rádio e televisão;

g) promoção da cultura nacional e regional, e estímulo à produção independente e à regionalização da produção cultural, artística e jornalística;

h) complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de radiodifusão;

i) defesa da pessoa e da família de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto na Constituição Federal;

j) propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

l) outorga e renovação de concessão, permissão e autorização de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

m) legislação complementar quanto aos dispositivos constitucionais que se referem à comunicação social.

Além disso, dois outros diplomas legais atribuem competências específicas ao CCS:

1. A Lei 8.977 de 6 de janeiro de 1995 (Lei do Cabo) diz em seu artigo 44 que ele deve ser ouvido em relação a todos os atos, regulamentos e normas necessários à sua implementação; e

2. A Lei 11.652 de 7 de abril de 2008 (Lei da EBC) diz em seu artigo 17 que o Conselho Curador da empresa de radiodifusão pública deve encaminhar a ele as deliberações tomadas em cada reunião.

Por que o CCS não funciona?

O Congresso Nacional e, sobretudo, o Senado Federal, abriga um grande número de parlamentares com vínculos diretos com as concessões de rádio e televisão. O CCS é um órgão que – insisto, mesmo sendo apenas auxiliar – discute questões que ameaçam os interesses particulares desses parlamentares e dos empresários de comunicação, seus aliados. Essa é a razão – de fato – pela qual o Congresso Nacional descumpre a Constituição e a lei.

Indefensável é a cumplicidade gritantemente silenciosa da grande mídia e daqueles que nos lembram quase diariamente dos supostos riscos e ameaças que a liberdade de expressão enfrenta no Brasil e em países vizinhos da América Latina.

O funcionamento regular de um órgão auxiliar do Congresso Nacional, composto por representantes dos empresários, de categorias profissionais de comunicação e da sociedade civil, com a atribuição de debater normas constitucionais e questões centrais do setor, não interessaria à democracia?

Por que, afinal, o Conselho de Comunicação Social não funciona?

Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

sábado, 20 de novembro de 2010

Terras sim, barragens não!

Movimento dos Atingidos por Barragens

Democracia Militar - SC

Democracia Militar from Vinicius Possebon (Moscão) on Vimeo.



Democracia Militar from Vinicius Possebon (Moscão) on Vimeo.
(Brasil, 2006, 20 min. - Direção: Vinicius Possebon "Moscão")
A Constituição Brasileira garante a livre manifestação. Mas parece que, para alguns governos estaduais, isso só está no papel... Conheça Santa Catarina, e sua repressão.

Comentários do autor: Em 2006 a então relatora do tema “Defensores de Direitos Humanos” na Organização das Nações Unidas (ONU), Hina Jilani, realizou uma série de audiências no Brasil para ouvir as denuncias dos Movimentos Sociais sobre casos de violações dos direitos humanos no país. Este vídeo foi produzido para a ocasião de sua passagem por Santa Catarina.

O filme aborda três episódios recentes da história de Santa Catarina, são eles: a manifestação de repúdio ao “Relógio dos 500 anos” instalado pela Rede Globo nas capitais do país em 2000; a luta do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no ano de 2005 e as manifestações de resistência ao aumento das tar¬ifas do transporte público em Florianópolis, episódio que ficou conhecido como “Revolta da Catraca”.

Nestes três casos, a violência da repressão e criminalização dos movimentos sociais, marcou o papel da Policia Militar catarinense na violação dos Direitos Humanos e dos Direitos civis básicos da livre manifestação e expressão, nos quais se sustenta o “Estado democrático de Direito”. A partir da denuncia, “Democracia Militar” busca fomentar o debate sobre a qualidade e, no limite, sobre a possibilidade de um regime democrático no qual a ação dos aparelhos repressivos pauta-se pelo total desrespeito aos direitos básicos dos cidadãos.
Fonte: docverdade.blogspot.com

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eike Batista desiste de construir estaleiro em Santa Catarina

Em comunicado oficial, Grupo EBX anunciou decisão de instalar empreendimento no Rio
Simone Kafruni | simone.kafruni@diario.com.br


Os golfinhos venceram, e os moradores das praias do Norte da Ilha, em Florianópolis, não precisam mais se preocupar. O Estaleiro OSX, um empreendimento de mais de R$ 2,5 bilhões e geração de 14 mil empregos, não vai ficar em Santa Catarina. O bilionário Eike Batista desistiu de instalar o projeto no Estado e anunciou que a sede será o Rio de Janeiro.


A terça-feira teve dois episódios em torno do estaleiro. Um pode ter sido consequência do outro. No final da tarde, o Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) anunciou que decidiu adiar para 15 de dezembro a divulgação do parecer do órgão sobre a implantação do projeto em Biguaçu, na Grande Florianópolis. Em seguida, Eike mostrou que não está mais disposto a esperar.

Às 19h27min, a OSX, empresa do Grupo EBX dedicada ao setor de equipamentos e serviços para a indústria de petróleo e gás natural, divulgou fato relevante ao mercado, rito obrigatório para empresas com capital negociado na Bolsa, anunciando que vai instalar sua subsidiária no Porto do Açu. A decisão considerou o estágio avançado de análise técnica pelo órgão ambiental do Rio de Janeiro.

Segundo a secretária do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Marilene Ramos, na próxima terça-feira será marcada uma única audiência pública, que deve ocorrer em janeiro. A partir da audiência, Marilene calcula que entre 30 ou 45 dias o órgão possa dar a Licença Ambiental Prévia (LAP).

— A área é um complexo portuário e industrial, com baixa densidade demográfica. É possível dizer que existe uma pré-viabilidade — garante.

A empresa espera a licença até abril de 2011 no Rio. Em Santa Catarina, a Fatma teria que aguardar o parecer do ICMBio para negociar com outro órgão federal, o Ibama, e só então chegar a um veredicto. E, depois disso, o caso ainda poderia virar uma batalha judicial interminável.

A OSX garante que levou em conta as vantagens competitivas da Unidade de Construção Naval (UCN) Açu. No Rio, o estaleiro terá um cais de 2,4 mil metros, 70% maior do que o previsto inicialmente para Biguaçu. Além disso, o projeto no Rio prevê as mesmas capacidades produtivas originalmente anunciadas no plano de negócios da companhia.

Mas tudo indica que não foram só aspectos técnicos que pesaram. Eike Batista parece ter levado em conta o posicionamento contrário de segmentos da sociedade catarinense. Na última segunda-feira, numa conversa descontraída com o procurador-geral do município de Biguaçu, Anderson Nazário, que havia pedido o estaleiro em Biguaçu pelo Twitter, o bilionário escreveu: "Não é o que os catarinenses querem".

A promessa dos líderes dos movimentos contrários, de que se o ICMBio desse parecer favorável e a licença fosse concedida, muitas ações judiciais impediriam a instalação do estaleiro em Biguaçu, também pesou na decisão. No Rio de Janeiro, o empresário sabe que não terá problemas no futuro. É amigo do governador Sérgio Cabral e já tem muitos investimentos no Estado.

Depois de perder R$ 2,5 bilhões e 14 mil empregos, Santa Catarina ainda pode ter alguma "herança". O Jardim Botânico, para o qual o grupo de Eike já investiu R$ 650 mil em projetos, deve sair. O também anunciado Instituto Tecnológico Naval (ITN) dificilmente ficará tão distante do empreendimento, mas as parcerias em desenvolvimento tecnológico devem ser mantidas com a Fundação Certi e com a UFSC, até pelo relativo grau de qualificação da mão de obra catarinense no setor da indústria naval.

Cronologia
Setembro de 2009
O bilionário Eike Batista apresenta o projeto de construção do estaleiro a empresários e políticos catarinenses em almoço na Fiesc
Dezembro de 2010
A consultoria Caruso Jr. conclui o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/Rima)
Março de 2010
A OSX promove uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bovespa
Abril
O ICMBio, órgão responsável pelas unidades de conservação federais, apresenta parecer contrário à instalação em Biguaçu. Devido ao IPO, a OSX respeita um período de silêncio e não se manifesta
Maio
A OSX protocola na Fatma um novo relatório, com alternativas para os problemas apontados
Junho
O ICMBio mantém o parecer contrário à construção em Biguaçu
Julho
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anuncia a criação de um grupo de trabalho para estudar os impactos do projeto e vai enviar ao Estado um grupo de técnicos do ICMBio nacional. Três audiências públicas são feitas. Dia 20 em Governador Celso Ramos. Dia 21 em Biguaçu e dia 22 na Capital
Setembro
ICMBio nacional assume o processo e grupo de trabalho tem prazo de 30 dias para entregar o parecer
Outubro
ICMBio nacional prorroga o prazo por mais 30 dias
Novembro
Data final para o grupo de trabalho entregar o parecer é fixada em 12 de novembro. O parecer é entregue no prazo ao presidente do ICMBio, Rômulo Mello
Terça-feira, 16
Mello diz que só vai divulgar a decisão dia 15 de dezembro. Eike Batista desiste do projeto em Santa Catarina

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PLINIO,PSOL..comunistas e libertários!!!!!!!!!!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=NmtcofE8UzA&feature=player_embedded




...................................ASSISTAM..............

o ku (se) pá!!! pum

Marco regulatório X liberdade da imprensa

Regular a mídia é ampliar a liberdade de expressão, a liberdade da imprensa, a pluralidade e a diversidade. Regular a mídia é garantir mais – e não menos – democracia. É caminhar no sentido do pleno reconhecimento do direito à comunicação como um direito fundamental da cidadania.

por Venício Lima, em Carta Maior

Em entrevista concedida ao Jornal da Band, no último dia 2/11, a presidente eleita Dilma Rousseff tentou esclarecer, pela undécima vez, uma diferença que a grande mídia e seus aliados têm ignorado e, arriscaria a dizer, deliberadamente confundido: marco regulatório da mídia não tem nada a ver com qualquer restrição à liberdade da imprensa.

Diante da inescapável pauta sobre as “ameaças à democracia e à liberdade de expressão e de imprensa” que o país estaria enfrentando, o apresentador, Fábio Pannunzio, pergunta:

Apresentador – Esse é um assunto que, apesar de a senhora ter falado mil vezes disso, ainda não ficou claro o suficiente para que as pessoas possam entender. Então, vou insistir na pergunta. A senhora disse no seu discurso de anteontem [31/10] que prefere o barulho de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras, não é? A senhora estava se referindo a isso que se atribuí ao PT, que há uma tentativa de controlar a liberdade de imprensa no Brasil? (…)

Presidente eleita – Veja bem, você tem de distinguir duas coisas: marco regulatório de um controle do conteúdo na mídia. O controle social da mídia, se for de conteúdo, ele é um absurdo! É, de fato, um acinte à liberdade de imprensa, com esse acinte eu não compactuo. Jamais compactuarei.

Apresentador – A senhora vetaria se chegasse à sua mesa?

Presidente eleita – Se chegar na minha mesa qualquer tentativa de coibir a imprensa, no que se refere a divulgação de ideias, posições, propostas, opiniões, enfim, tudo que for conteúdo, eu acho que é isso que eu falei mesmo, o barulho da imprensa , seja que crítica for, ele é construtivo. Mesmo quando você discorda dele. Agora, isso não é um milhão de vezes, é infinitas vezes melhor que o silêncio das ditaduras. Isso é uma coisa.

Outra coisa diferente é a questão do marco regulatório. Porque o marco regulatório é outra questão. Vou tentar explicar, com alguns exemplos.

Apresentador – Para que a gente consiga entender, exatamente, a questão.

Presidente eleita – Com exemplos. Por exemplo: a participação do capital estrangeiro. Você tem todo o país regulamenta a participação do capital estrangeiro nas suas diferentes mídias. Outra questão, que é importantíssima, é o fato de que o mundo está mudando em uma velocidade enorme. Então, você vai ter de regular, de alguma forma, a interação entre as mídias, porque, hoje, quem faz isso não pode fazer aquilo, que não pode fazer aquele outro. O problema do cabo, o problema do sinal aberto, como é que junta tudo isso com internet; mesmo assim eu acho que a gente tem de ter muito cuidado.

Você tem de fazer um marco regulatório que permita que haja adaptações ao longo do tempo. Por quê? Porque, eu não sei se você lembra, em 80, nos anos 80, 90, a telefonia fixa era uma potência. Cada vez mais, com a base da internet, você tem a possibilidade, em cima da internet, de ter TV, telefonia, celular, enfim. O mundo está mudando, então até isso você vai ter de considerar. Você não pode ter, também, um marco regulatório que desconheça a existência da banda larga. E se você vai poder, ou não vai poder, fazer televisão, em que condições você vai fazer televisão. Isso o Brasil vai ter de regular minimamente, até porque tem casos que, se você não fizer isso, você deixa que haja uma concorrência meio desproporcional entre diferentes organismos.

Apresentador – Ok, muito obrigado pela resposta.

[Curiosamente essa parte da entrevista não consta do vídeo disponibilizado no site do Jornal da Band]

Confusão deliberada

Um marco regulatório se refere à regulação do mercado de mídia e à garantia de direitos humanos fundamentais. A regulação é necessária para impedir a propriedade cruzada e a concentração do controle nas mãos de umas poucas famílias e oligarquias políticas; garantir competição, pluralidade e diversidade. Para impedir a continuidade do “coronelismo eletrônico”; garantir o direito de resposta, inclusive o direito difuso, e o direito de antena. Em particular, marco regulatório se refere à radiodifusão (como se sabe, mas é sempre bom relembrar, uma concessão pública) e às novas tecnologias (internet, banda larga, telefonia móvel etc.).

Como diz a célebre frase do juiz Byron White da Suprema Corte dos Estados Unidos, “é o direito dos telespectadores e ouvintes, não o direito dos controladores da radiodifusão, que é soberano”.

É disso que se trata.

Pergunto ao eventual leitor(a) se ele acredita que em democracias como os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Alemanha, Portugal, Espanha – para citar apenas alguns –, a liberdade da imprensa vive sob permanente ameaça? A comparação faz sentido no atual contexto brasileiro porque esses são países onde existe, há décadas, marco regulatório para o campo das comunicações, vale dizer, regulação da mídia.

A legislação ignorada

No Brasil, tanto a lei quanto a Constituição são cristalinas sobre a necessidade de fiscalização e regulação das concessões de radiodifusão. Ademais, os avanços tecnológicos das últimas décadas, que têm como marco a revolução digital e provocaram a chamada “convergência de mídias” pela diluição das fronteiras entre as telecomunicações e a radiodifusão, tornaram inevitável a regulação do setor.

Mais uma vez: é disso que se trata.

O Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962) prevê no seu artigo 10:

Art. 10. Compete privativamente à União:

II – fiscalizar os Serviços de telecomunicações por ela concedidos, autorizados ou permitidos.

Além disso, o código admite a punição para o caso de abusos de concessionários. Está escrito na lei:

Art. 52. A liberdade de radiodifusão não exclui a punição dos que praticarem abusos no seu exercício.

Art. 53. Constitui abuso, no exercício de liberdade da radiodifusão, o emprêgo dêsse meio de comunicação para a prática de crime ou contravenção previstos na legislação em vigor no País, inclusive: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968)

Alguns exemplos de abusos citados na Lei:

e) promover campanha discriminatória de classe, côr, raça ou religião; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968)

(…)

g) comprometer as relações internacionais do País; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968)

Por outro lado, o Decreto n. 52.795 de 1963, que regulamenta os serviços de radiodifusão, antecipa normas e princípios que seriam, mais tarde, incorporados à Constituição de 1988. Está lá:

Art. 28 – As concessionárias e permissionárias de serviços de radiodifusão, além de outros que o Governo julgue convenientes aos interesses nacionais, estão sujeitas aos seguintes preceitos e obrigações: (Redação dada pelo Decreto nº 88067, de 26.1.1983)

11- subordinar os programas de informação, divertimento, propaganda e publicidade às finalidades educativas e culturais inerentes à radiodifusão;

12 – na organização da programação:

a) manter um elevado sentido moral e cívico, não permitindo a transmissão de espetáculos, trechos musicais cantados, quadros, anedotas ou palavras contrárias à moral familiar e aos bons costumes;

b) não transmitir programas que atentem contra o sentimento público, expondo pessoas a situações que, de alguma forma, redundem em constrangimento, ainda que seu objetivo seja jornalístico;

c) destinar um mínimo de 5% (cinco por cento) do horário de sua programação diária à transmissão de serviço noticioso;

d) limitar ao máximo de 25% (vinte e cinco por cento) do horário da sua programação diária o tempo destinado à publicidade comercial;

e) reservar 5 (cinco) horas semanais para a transmissão de programas educacionais.

Por fim, a Constituição de 1988, prevê, especificamente, leis federais para a regulação de diferentes aspectos das comunicações, assim como a instalação de um Conselho para auxiliar o Congresso Nacional em qualquer assunto relativo ao capítulo “Da Comunicação Social”.

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

(…)

§ 3º – Compete à lei federal:

I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;

II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.

§ 4º – A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

§ 5º – Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

(…)

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 222. (…)

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução de produções nacionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

(…)

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

(…)

Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

Direito à comunicação

Como disse a presidente eleita, há que se distinguir “marco regulatório de um controle do conteúdo na mídia”. Quem os confunde está, de fato, querendo evitar a regulação do mercado e a perda de privilégios históricos.

Insisto: regular a mídia é ampliar a liberdade de expressão, a liberdade da imprensa, a pluralidade e a diversidade. Regular a mídia é garantir mais – e não menos – democracia. É caminhar no sentido do pleno reconhecimento do direito à comunicação como um direito fundamental da cidadania.

É disso que se trata.

Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

domingo, 7 de novembro de 2010

Divulgação: Antonio Gramsci

Palestra: O Pensamento de Gramsci nas Políticas Educacionais do Pós Segunda Guerra

A Fondazione Istituto Gramsci de Roma: história, objetivos, estrutura, contatos

Palestrante: Prof. Dr. Giancarlo Schirru

Data: 29/11/2010
(segunda feira)
Horário: 14 h
Local: Auditório do CECH - Área Sul - UFSCar

Serra vai à guerra

O discurso do tucano indica que ele não aceitou o resultado da eleição e anuncia oposição radical a Dilma

Na noite de domingo 31 de outubro, se o rosto tenso de José Serra, emoldurado pelo ar da tristeza, era um retrato natural após o resultado oficial da vitória de Dilma Rousseff, as palavras que disparou surpreenderam e quebraram a cordialidade protocolar normalmente seguida pelo candidato derrotado.
É um caso raro, único talvez, em que o perdedor de uma eleição democrática declarou guerra ao vencedor. Oposição é oposição. Guerra é guerra.
“E para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade (…) em defesa da pátria, da liberdade, da democracia”, disse com voz amargurada incapaz de sustentar a confiança das palavras.
Nós quem? Ele fez uma lista de agradecimentos da qual excluiu o ex-governador de Minas Aécio Neves, senador eleito, esperança de uma oposição capaz de vencer e não de derrubar o governo antes da eleição presidencial de 2014.
Embora tenha agradecido a Aloysio Nunes Ferreira, senador eleito, não fez referência a Paulo Preto, braço direito de Aloysio na Casa Civil do governo paulista. Deu um abraço comovido em Geraldo Alckmin, governador eleito por São Paulo que, posteriormente, em gesto político moderado e republicano, telefonou para a presidente eleita, Dilma Rousseff, para parabenizá-la pela vitória.

Alckmin ainda é uma incógnita nesse processo. Mas Serra invocou a eleição de governadores tucanos e, mais ainda, os 43 milhões de votos que obteve, com a certeza de que ao grito de avante ele seria seguido por todos.
Respeito e humildade, palavras usadas por Serra, se diluem diante da exegese do discurso da derrota, com duração de dez minutos, proferido por ele no QG da oposição montado no Edifício Joelma, no centro de São Paulo.
Serra deixou claro que a campanha eleitoral foi calculadamente transformada em batalha pela oposição, na qual, como se sabe, o candidato tucano foi atingido na cabeça por uma bolinha de papel. Um petardo disparado pelos adversários, as “forças terríveis” às quais se referiu, repetindo frase extraída do discurso de renúncia do ex-presidente Jânio Quadros. Uma referência de mau augúrio.

Há suspeita, porém, de que pode ter sido uma “bolinha perdida”, uma ocorrência comum, como se sabe, na violenta cidade do Rio de Janeiro. O ferimento deixou sequelas profundas que não foram percebidas pela tomografia feita após o conflito, mas que estão visíveis na mensagem de Serra a seguidores e aliados.
“Vocês alcançaram uma vitória estratégica no Brasil. Cavaram uma grande trincheira, construíram um campo político de defesa da liberdade e da democracia no Brasil”, afirmou Serra terçando armas contra moinhos de vento.

Serra fez um discurso ao mesmo tempo tão próximo e tão distante daqueles que compõem a figura imortal de Dom Quixote, nascido do talento imenso de Cervantes.

Próximo porque tresloucado. Distante porque o “cavaleiro da triste figura” era uma alma ensandecida pela esperança e Serra, ao contrário, é apenas um político ambicioso atordoado pela mágoa e pela frustração pessoal. Perdeu sem grandeza.

http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/serra-vai-a-guerra

sábado, 6 de novembro de 2010

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Mediática...

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Mediática...


Avram Noam Chomsky

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Mediática

O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das "10 estratégias de manipulação" através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')" .

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado "problema-reaçã o-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranqüilas")" .

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos. ..

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')" .

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto...

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Divulgando evento na Universidade Federal de Santa Catarina:

MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA

11, 12, 13 e 14 de abril de 2011

Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis - Brasil



O EBEM é um encontro de âmbito nacional que tem por objetivo possibilitar a discussão entre investigadores, professores, estudantes, militantes dos movimentos sociais e os diversos núcleos de pesquisa que abordam o tema da educação na perspectiva teórico-metodológica do materialismo histórico.

Envio de resumos para apresentação de trabalhos: até 25 de novembro de 2010

Para mais informações, acesse: http://www.5ebem.ufsc.br


Programação

Segunda-feira - 11 de Abril de 2011
17h – Credenciamento
19h – Conferência de Abertura -

Terça-feira - 12 de Abril de 2011
8h – Mesa Temática 1
ESTADO E EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CLASSE TRABALHADORA
•Beatriz Rajland (UBA/AR)
•Roberto Leher - UFRJ
•Fernando Ponte de Souza - UFSC
12h30 – Almoço
14h – Apresentação de trabalhos
19h – Encontro com Sindicatos e outros Movimentos Sociais

Quarta-feira - 13 de Abril de 2011
8h – Mesa Temática 2
EDUCAÇÃO, CONSCIÊNCIA DE CLASSE E ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA
•Celi Taffarel - UFBA
•Mauro Luis Iasi - UFRJ
•Edmundo Fernandes Dias – UNICAMP
•José Paulo Netto - UFRJ
12h30 – Almoço
14h a 18h30 – Apresentação de Trabalhos

Quinta-feira - 14 de Abril de 2011
8h30 – Mesa Temática 3
EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO HUMANA E ONTOLOGIA
•Ivo Tonet -UFAL
•Dermeval Saviani - UNICAMP
•Alejandro Gonzalez (UBA/AR)
15h - Plenária

Dilma e a agenda dos trabalhadores

por Pedro Pomar

A vitória da candidata Dilma Roussef confere ao Partido dos Trabalhadores seu terceiro mandato presidencial consecutivo. Diferentemente, porém, das eleições de 2002 e 2006, desta vez a candidatura petista contou com respaldo não apenas da CUT, mas de quase todas as centrais e correntes sindicais importantes, inclusive a Força Sindical e outras historicamente vistas como pelegas (por sua adesão a propostas patronais ou de governos conservadores). No segundo turno, é certo que Dilma recebeu apoio crítico até de parte da militância identificada com a Intersindical, bastante crítica em relação ao governo Lula, ficando de fora do arco de apoio, tão só, a CSP-Conlutas.
Esse apoio sem precedentes, que também se refletiu no conjunto dos movimentos sociais combativos, deve-se à percepção de que havia nesta eleição algo muito importante em jogo: a possibilidade de avançar no caminho de mudanças substantivas em nosso país, com forte impacto positivo na qualidade de vida e nas aspirações futuras dos trabalhadores e das camadas mais numerosas da população; ou seu inverso, com a eventual chegada ao poder da coligação conservadora, demo-tucana, encabeçada por José Serra e apoiada pela mídia hegemônica e por outros setores oligárquicos.
Pois muito bem. Dilma elegeu-se, e agora? Qual é a agenda do movimento sindical? Os conservadores e neoliberais, como fazem sempre que perdem uma eleição, já saem ditando “reformas” a torto e a direito. Reforma da Previdência, porque é preciso “conter o déficit”… Ajuste fiscal, porque “o governo está gastando demais”, e por aí vai. Por enquanto, são meras peças de propaganda. Não há, por exemplo, indicação alguma de que Dilma deseje reformar a Previdência, e não podemos nos esquecer de que a desastrosa reforma das leis previdenciárias do setor público, em 2003, foi o estopim do divórcio entre o governo Lula e boa parte do sindicalismo combativo. Mesmo assim, o movimento sindical deve permanecer atento para evitar que aliados de direita, presentes na coalizão que governará o país nos próximos quatro anos, comecem a manobrar na direção destas e de outras “reformas”.

Por outro lado, a agenda não pode ser exclusivamente defensiva. As conquistas  dos últimos anos — geração de milhões de empregos com carteira assinada, combate ao trabalho escravo, legalização das centrais, fortalecimento do poder público, recomposição dos salários do funcionalismo federal — são importantes, mas não bastam, quando confrontadas com a pauta histórica de reivindicações das classes trabalhadoras brasileiras. O governo Lula ficou devendo, para ficarmos em alguns exemplos mais gritantes, uma reforma agrária digna desse nome, bem como a extinção do fator previdenciário e a recomposição do poder aquisitivo das aposentadorias e pensões superiores ao salário-mínimo.
Outras pautas centrais do movimento sindical: redução da jornada sem redução de salário; fim das demissões imotivadas (aprovação, pelo Congresso, da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, conforme projeto enviado por Lula); respeito à atuação dos sindicatos no interior das empresas, o que inclui livre movimentação dos sindicalistas e liberdade para criação e funcionamento de comissões internas (organização no local de trabalho, conhecida pela sigla OLT).
Mas há, também, aquelas bandeiras e reivindicações que, mesmo quando defendidas por categorias específicas, pertencem ao conjunto dos movimentos sociais. É o caso do investimento em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS), para que a saúde pública torne-se efetivamente digna, universal e de qualidade. É também o caso do investimento anual de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no sistema público de ensino, em todos os níveis, sem esquecer de conferir prioridade máxima à erradicação do analfabetismo e ao combate ao analfabetismo funcional.
O atendimento dessas reivindicações acarreta (e exige, simultaneamente) uma ampliação das liberdades democráticas em nosso país, pois políticas públicas desse teor se chocam contra poderosos interesses econômicos. Assim, para atendê-las será preciso avançar na luta política e ideológica contra os porta-vozes e representantes do capital, o que coloca na ordem do dia a pauta de democratização da comunicação.
Salvo engano, o governo Lula tornou-se o primeiro da história do Brasil a conceder canais de TV para uma entidade sindical, no caso o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A tendência é que a mídia hegemônica, comercial, continue a tratar o movimento sindical e os assuntos de interesse direto das classes trabalhadoras de modo enviesado, distorcido ou omisso. Porém, os trabalhadores tendem a construir suas próprias mídias e apostar na comunicação contra-hegemônica.

Pedro Pomar é jornalista, editor da Revista Adusp e doutor em ciências da comunicação.


fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/colunas/mundos-do-trabalho/dilma-e-a-agenda-dos-trabalhadores.html#more-4906

Os danos cerebrais do uso da maconha


Por Cassia Andrade
Do UOL
Danos no cérebro são expressivos também para usuário leve de maconha, diz estudo

Você já deve ter ouvido algum defensor da maconha dizer que fumar um ou dois baseados por dia não faz mal a ninguém. Porém, um estudo realizado na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostra que mesmo usuários leves da droga podem ter danos em funções do cérebro, especialmente se tiverem começado a fumar cedo. E o pior: os prejuízos permanecem mesmo depois que a pessoa abandona o hábito.
A pesquisa avaliou 173 usuários crônicos de maconha e comparou com um grupo de 55 não usuários como controle. Dos consumidores de maconha, 49 tinham iniciado precocemente (antes dos 15 anos). A idade dos participantes variou entre 18 e 55 anos e o grupo fumava, em média, 1,8 baseado por dia.

O objetivo foi avaliar os danos gerados pela maconha na chamada "função executiva" do cérebro, aquela que permite processar e organizar novas informações que necessitam de planejamento, iniciativa, memória operacional, atenção sustentada, inibição dos impulsos, fluência verbal e pensamento abstrato. Para avaliar os efeitos da droga, foi aplicada uma série de testes cognitivos. Um deles, por exemplo, envolvia citar palavras começadas em "s" em um minuto.
Quanto mais cedo, pior
Segundo a autora da pesquisa, a neuropsicóloga Maria Alice Fontes, os prejuízos no grupo que consumia maconha foram expressivos em relação ao controle. E ficou claro que os danos são ainda maiores entre os usuários que começaram a fumar precocemente. "O processo de maturação do cérebro vai até os 18, 19 anos, por isso começar antes dos 15 é muito prejudicial", explica.
Outro fato constatado pelo estudo é que os déficits produzidos pela maconha são acumulativos e permanentes – os participantes do estudo também foram avaliados após um período de abstinência. Segundo a pesquisadora, o próprio prejuízo da droga sobre o controle do impulso faz com que os usuários acabem sofrendo recaídas ao tentar abandonar o hábito.
Fontes explica que todas as pessoas possuem um sistema endocanabinoide, ou seja, produzem uma espécie de "maconha" natural do organismo, chamada anandamida. Ao consumir a droga, esses receptores são preenchidos, o que causa uma espécie de conflito nas células. Com o tempo de uso, esse desequilíbrio torna-se permanente e o corpo deixa de produzir seu próprio canabinoide.
A pesquisa, apresentada como tese de doutorado pelo Laboratório de Neurociências Clínicas da Unifesp, deve ser publicada na revista "British Medical Journal", segundo a autora. E o próximo passo da equipe do laboratório será realizar um estudo com neuroimagem para avaliar a ação da maconha. 

fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-danos-cerebrais-do-uso-da-maconha

mapa do 2 turno





POLÍTICA E ECONOMIA
Quinta-feira, 04 de Novembro de 2010 - 18:01
Dividir eleitoralmente o Brasil entre Norte e Sul é não entender o recado das urnas

Criei esse mapa sob demanda da jornalista e blogueira Conceição de Oliveira (@maria_fro), para mostrar como são falsas as interpretações de que o Brasil estaria dividido entre pobres e ricos, Sul e Norte. Esse falso contencioso tem gerado uma série de manifestações xenófobas, principalmente difundidas nas redes sociais. Criei com uma graduação de cores baseado nas diferenças de votos em cada estado. Vermelho e azul mais fortes, representam grandes diferenças, as cores mais suaves, ao contrário, pequenas diferenças.

Já foi bastante comentado pela imprensa o fato de que mesmo na absurda hipótese de não se computar os votos das regiões Norte Nordeste, Dilma venceria, mesmo que por pequena margem.
Repare que as duas maiores vitórias de Serra foram exatamente em estados da região Norte, Acre e Roraima. Estados com pequena população e que têm uma forte pressão entre o setor agrícola e ambiental. No Sul, sudeste e Centro-Oeste, ele vence sempre por pequena margem de votos. Em quatro deles, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Espírito Santo por diferenças menores que 3% dos votos válidos. Uma margem ligeiramente maior, Serra obteve em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Sua maior vitória, pasmem, foi em Santa Catarina – local de recente polêmica a cerca de mudanças no Código Florestal, onde o tucano conquistou pouco mais de 56% dos votos válidos.

As vitórias de Serra, incluindo aí toda a região centro-sul do Pará, o chamado "Arco de Fogo", foram em regiões com predomínio da economia agrária. Podemos avaliar que foi em parte pelo conservadorismo dos produtores rurais e o "fantasma do MST", mas também pela forte campanha realizada nessas regiões e sobre o fator câmbio, que de fato tem prejudicado a economia desses estados, nos últimos dois anos. A verdadeira revolução no crédito rural, levada a cabo por Lula, não foi ainda capaz de vencer essa resistência contra uma candidatura de esquerda.

Ao contrário, Dilma além de ter vencido em mais estados (16 a 11), obteve vitórias bem mais contundentes, em praticamente toda a região Nordeste e no estado do Amazonas. Em três deles, Pernambuco, Maranhão e Amazonas, Dilma venceu em todos os municípios. No Ceará perdeu em apenas um; Na Bahia em 8, sendo que apenas um de médio porte, Vitória da Conquista.

Mas mesmo com todas as dificuldades, a candidata petista praticamente obteve "empate técnico" em várias regiões. Incluindo aí o já citado Pará, onde ela venceu por apenas 53,2% dos votos, sua vitória mais apertada.

O Brasil não está dividido entre norte e Sul. E o que teve de atrito, se deve mais ao nível da campanha eleitoral que às diferenças econômico e sociais. Dilma terá que governar para todos. Precisa melhorar a infraestrutura da produção agrícola, que já vai levar um choque com a inauguração de algumas obras importantes, como as ferrovias Norte-Sul e Transnordestina, a Integração das Bacias do São Francisco e mesmo as hidrelétricas do rio Madeira. São obras, acima de tudo, de integração nacional.

Para além das prioridades na saúde, educação e diminuir o abismo social, governar um país continental, com tantas realidades regionais diferentes, é sempre um exercício de acomodação política e coragem para avançar sobre os desafios, que são gigantescos. O Brasil está ao seu lado Dilma.



fonte: http://www.aleporto.com.br/